Este blog tinha, à data deste texto, 6865 posts publicados. 6866 a contar com este. Esta produção só é possível por uma razão simples: tudo isto é fácil, gratuito e de existência passageira. Ao carregarem esta página, um disco rígido num servidor algures no mundo moveu-se ligeiramente, transmitiu a informação por fibra óptica, informação essa que passou por uns quantos routers até chegar ao processador que a traduziu para o ecrã que está à vossa frente. Com um custo que é, para efeitos práticos, zero. Não se paga nada para escrever, muito menos para ler, e o único custo associado é, ao que sei, a manutenção do blog que o Valupi assume – presumo que uma quantia irrisória (desconheço porque nunca me pediu um cêntimo).
Um dia, inevitavelmente, vai deixar de pagar, e o blog desaparece. Passará para o formato arquivo, numa primeira fase, e depois para o erro 404. E com ele, toda a produção – textos, comentários, polémicas – laboriosamente construída pelos seus vários autores ao longo de anos. O disco rígido escreve umas coisas por cima, e está feito. Esta é a essência da produção digital e online. Easy come, easy go, é assim e não há grande volta a dar.
É engraçado comparar com o que se passava há apenas uma ou duas dezenas de anos. Tudo o que era escrito vinha num suporte físico, sobretudo papel, cuja obtenção era bastante mais cara, a divulgação muito mais difícil, apenas ao alcance de alguns privilegiados, logo a produção muito menor. Tinha no entanto a vantagem da resiliência. O bloco de notas com uns poemas nunca publicados da tia-avó ficou esquecido na gaveta durante décadas, mas transmitiu-te a péssima poesia logo que o abriste, sem esforço. E como achaste graça, lá está no meio dos armários, pronto a passar para a próxima geração. Já o teu blog com poemas igualmente péssimos está, para todos os efeitos, publicado e aberto ao mundo, com milhares de milhões de leitores potenciais. Foste mais longe que a tua tia-avó, graças à tecnologia. Tirando que ninguém o lê, ninguém o vai preservar quando te fartares ou morreres, e ninguém o vai descobrir numa gaveta, porque quando desaparecer, é como se nunca tivesse existido. E o mesmo se passa com este, com os seus 1250 leitores diários. E com muitos outros, quase todos, desde blogs politicos a literários, passando pelas artes, pelos híbridos – como é que se preserva o f-world? – pelos pessoais, pelos diários, reportagens, notas e relatos de autores conhecidos e desconhecidos. Nunca tivemos uma produção intelectual tão grande, e ao mesmo tempo tão efémera.
Outro exemplo, para sair da esfera pública: em conversa com a minha avó no outro dia, referiu-me que tinha guardada a correspondência trocada com o meu avô durante anos. Isso vai ser um dia descoberto e preservado, nem que seja numa caixa na garagem, como parte da história da família. Já os e-mails que troco com a minha mulher, muitos mais, vão perder-se para sempre. As conversas, as fotos trocadas, os convites, as combinações, os desabafos, as alegrias e as zangas, toda a nossa vida num detalhe muito maior que eles alguma vez sonharam serão irrelevantes, porque não vão estar lá. Não os temos, estão num servidor algures nas instalações da Google. E eventualmente desaparecerão, tal como já desapareceram os que foram enviados para o teuendereco@ip.pt. Não há maneira de os preservar, simplesmente, sem uma intervenção activa que ninguém faz. Porque é um trabalho que, apesar de fácil, é na realidade gigantesco e repetitivo.
O que me deixa bastante curioso quanto aos recursos que as gerações futuras vão ter à sua disposição quando nos quiserem estudar. Muitos partem do princípio que haverá vastos mares de informação disponível, que a dificuldade vai residir na escolha. Eu não tenho tanta certeza, porque grande parte – aliás, uma enorme parte – está neste momento a ser produzida em suportes que não duram mais que uns meros anos, e requerem grande esforço para os impedir de desaparecer. Já para não falar na obsolescência rápida dos sistemas digitais, que significa que se a pen, cartão SD ou disco externo com os teus textos, videos e fotografias por acaso ficar no fundo da gaveta, já não haverá nada que os consiga ler daqui a 10 anos, quanto mais 50 – mesmo se ainda funcionarem, o que não vai acontecer. Tal como já não consegues aceder às tuas disquetes. E em vez dos albuns de fotografias completos e mais ou menos organizados que herdaste dos teus avós, os teus netos herdam a meia-dúzia que decidiste imprimir. As restantes 90.000, entre máquina digital e telemóvel, desaparecem simplesmente. E no final, feitas as contas, produziste uma quantidade gigantesca de bits, bytes, jpegs e html mas deixas para trás menos, e se calhar bastante menos, do que os teus antepassados. Para sociedade da informação, não está mal.
Vega9000: fala sobre coisas que conheces. Concelho de amigo. Acabaste de produzir um texto que, este sim, não merece a persistência de armazenamento.
Aviso à navegação: o que acontece na Internet, fica na Internet. Para sempre. Alguém, algures, tem um backup. Pelo menos, um; provavelmente, mais.
Marco: chapéu. Raramente li um texto que fosse tão pertinente em relação à verborreia internética en que vivemos. Se até um assessor qualquer do passos coelho lhe chamou alforreca num blog e foi chamado para o tacho depois… :-) chapéu. Toda esta merda é efémera e na realidade, irrelevante. E ainda bem :-)
Não são só os conteúdos da Internet que poderão desaparecer sem deixar rasto, em parte ou no todo, é o próprio suporte digital que é muito mais perecível do que o papel ou o celulóide, entre tantos outros suportes, tal como o Vega9000 ilustra e detalha. Essa questão preocupa vários quadrantes científicos, de historiadores e físicos. Por outro lado, e pegando no remoque do Marco, mesmo que exista o tal backup de não sei o quê, ele também está sujeito à degradação do tempo e carece de uma estrutura onde se possa replicar para sobreviver. E há variadíssimos cenários onde tal estrutura pode desaparecer ou ficar comprometida.
eu também acho que há uma imortalidade indefinida na internet, volátil e perene. Contradição ou oxímoro? Não sei.
Marco, “para sempre” no caso da internet é mais ou menos 10-20 anos. Uma eternidade numa indústria que muda de paradigma a cada 5.
Dito isto, vai lá buscar a minha página no Hi5. Aquela que lá estava “para sempre”. E de caminho, vê se recuperas aquelas fotos que tiraste no teu primeiro telemóvel com câmara. Ainda as tens?
Muito bom este texto. A realidade que não nos agrada encarar. A verdade sobre a autêntica literatura virtual. As fotos, mensagens, pensamentos, a cumplicidade entre pessoas que apenas se conhecem através da NET, tudo isso não passa de pura ilusão. É temporário. Prolongar-se no tempo, resistir aos anos, à voragem dos dias, ser eterno, ou quase, nada tem a ver com estas tecnologias avançadas. O efémero, tenhamos a certeza, é o que nos reserva o futuro. Tenhamos consciência de que o presente irá projectar-se na vida de quem vier depois de nós, tão-só, como os círculos de uma pedra quando atirada às águas do rio que passa.
A questão é quem quer saber. Tudo é efémero, como a vida. Para a posteridade ficam apenas as grandes obras e poemas, mas esses são impressos e não se perderão, também, nos ebooks.
Existe alguma dúvida que as fotografias que a sua avó lhe deixar não vão interessar aos seus filhos, e quanto mais aos seu netos? Pessoas que simplesmente não conheceram ou mal conheceram? Mais uma vez tudo efémero. Sempre foi e continuará.
As fotos digitais (principalmente as mais importantes) podem ser impressas. Na blogosfera se os poemas não forem assim tão péssimos, existe a hipótese de compilá-los e tentar publicá-los (possível com sorte, qualidade, dinheiro ou três juntos).
http://blogdosdesassossegos.blogspot.com/
1997 foi há 14 anos. Nessa altura, fui fundado o Serviço de Apontadores Portugueses. Alguém ainda se lembra como era a página original?
A Internet lembra-se: http://web.archive.org/web/19971008182708/http://www.sapo.pt/
Há vários sites como este, que se “lembram”. Além disso, todos os datacenters com que já trabalhei têm um sistema de backups diário, com normalização temporal.
Nada. Desaparece. Na. Internet.
(e, sim, para mal dos meus pecados, ainda tenho fotografias do meu primeiro telemóvel com câmara; até digo mais, tenho aqui um ficheiro que descobri na semana passada que é uma melodia – monofónica – do meu primeiro Siemens).
Bom exemplo, Marco. Vais lá e acedes às “páginas pessoais”. Selecciona uma letra, e carrega num nome. Qualquer um. See my point?
Quanto ao telemóvel, também tenho, como tu, algumas. Não todas, nem pouco mais ou menos, muito menos SMS e MMS dessa época. A grande maioria, umas centenas, já se foi. As que restam, estão num disco externo. Daqueles que um dia deixa de funcionar.
(E ainda só passaram 14 anos.)
desassossego, não concordo. As grandes obras ficam, claro, porque há interesse em reproduzi-las continuamente. Mas ao longo dos tempos, a humanidade foi também produzindo uma enorme quantidade de informação que não se enquadra nesses parâmetros, que não tinha grande interesse na altura, mas que passado uns séculos é de grande importância para historiadores – falo dos escritos de pessoas comuns, das cartas trocadas, dos registos profissionais e industriais, tudo o que nos ajuda a aprender como era a vida nessa época, desde os antigos egípcios, aos romanos, etc. Nem só da “Ilíada” vivem os historiadores.
E esses registos são hoje produzidos, na cada vez mais esmagadora maioria, em suportes digitais altamente voláteis.
Vega9000, privilegiado não mudou de grafia com o tão vilipendiado acordo ortográfico…
Marco, aconselhar o Vega aceitar conCelhos, quer dizer o quê?
a net é mais tipo conversa informal . as conversas tb não ficam registadas a não ser na memória e só algumas. quem quer que as suas palavras fiquem registadas passa-as para papel.ou quem quer difundir a curto prazo cenas que fez netiza-as..e com sorte , se forem boas , passam do virtual ao real.
e os historiadores têm muitas outras fontes . que eu saiba ainda não acabaram com os jornais e revistas e livros e tal.
Off topic to L.G.:
Aí está os tão chamados ‘trols’. Os revisores. Aqueles que não suportam que a língua de Camões seja proferida com algumas gralhas! Aqueles que não têm mais nada que fazer da vida que só sabem criticar…
Vega9000 é que não podias estar mais correcto. O tempo de vida actual dos dispositivos de armazenamento de dados digital é tão efémero comparado com o armazenamento de antigamente. É certo que existem backups do que é considerado importante, mas pequenas coisas como mensagens de texto ou aquela fotografia com a primeira namorada sem dúvida que irão deZaparecer (L.G. ; ) ). For sure !! É óbvio !
Aviso:
Este pequeno texto foi escrito ao abrigo do terceiro acordo ortográfico. Qualquer parecença de erro ortográfico é apenas uma forma de arte do autor.
E Vega , até parece que a net é tipo uma biblioteca de alexandria para este post tão trágico.
confundir concelho com conselho é erro grosseiro. gralha… a tua tia! :)
Confundir concelho com conselho é uma coisa só ao alcance do Swype…
Já trollar comentários sem nada a contribuir à discussão só está mesmo ao alcance da estupidez humana – e eu dou o peito às balas pelo direito a botar faladura estúpida.
Vega9000, os suportes digitais não são “altamente voláteis”. Sobretudo os que não têm peças móveis (tipo flash drives e SSD), se estiverem quietinhos, duram eternidades. Uma tape (ainda mais usada do que possa parecer), fora de fontes magnéticas (EMP, anyone?), também dura para cima duma vida.
Agora…
Se te referes a conversa da treta (como esta), será conservada uma parte substancial, mas não toda, como é lógico. Os dispositivos de backup actuais duram o suficiente para que uma conversa da treta que se revele de interesse histórico possa ser recuperada futuramente (quanto tempo é preciso para se dar conta que algo, afinal, era importante?).
Neste momento é muito mais difícil eliminares os dados que queres da ‘Net do que a informação perder-se. O Facebook, por exemplo, têm a mesma informação replicada, pelo menos, em 12 servidores diferentes, num dado momento. Um comentário que coloques agora, amanhã por esta hora já estará em cerca de 100 servidores memcache. Valerá a pena guardar o “hoje dei uma mija amarela”? Talvez, se o mijão for um futuro presidente dos Estados Federados da Europa…
L.G. agradecido.
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:)), parece trágico? Não era a intenção. E é bastante mais do que a biblioteca de Alexandria.
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Marco, voláteis não se refere só ao funcionamento – embora ainda me recorde de quando os CDs apareceram e diziam que duravam, mais uma vez, para sempre. E eu tenho uma data de fotos em CD-ROM, por exemplo, e repara como os Macs mais recentes já não incluem um leitor. Ou seja, em 5 ou 10 anos provavelmente já não há nada à venda que os leia, porque estão obsoletos. O mesmo para as flash drives com USB. Ou achas que daqui a 20 anos ainda existe USB? Isso também é volatilidade.
O facto de ser difícil eliminares a informação refere-se apenas ao momento presente, não à persistência dessa informação no futuro, 50 anos ou tal. Não estamos a falar da mesma coisa. Claro que para a informação presente, existem inúmeros backups e uma redundância que é inerente à própria arquitectura da web. A questão é o que acontece à informação antiga e aparentemente inútil ou sem interesse, quando ninguém cuida dela, daí o exemplo do bloco de notas, ou mesmo deste blog, que usa um endereço que é meramente alugado. Gostava de acreditar que o Facebook, que torna extremamente difícil apagar o meu perfil e conta, ainda retivesse tudo daqui a 30 anos partindo do principio que deixo de lá ir hoje. Não me parece que isso aconteça.
Marco:
“Concelho de amigo”?? Tenho pena de si!
Vega9000: há dois anos atrás partilhava a tua preocupação, mas hoje em dia concordo plenamente com o Marco. Deixa-me recomendar-te dois belos livros sobre o assunto: Total Recall de Gordon Bell e Jim Gemell (Dutton, 2006) e sobretudo Delete de Viktor Mayer-Schonberger (Princeton Univerty Press, 2009). Actualmente, de resto, a preocupação dos teóricos é exactamente o contrário: como conseguir apagar algo que é colocado na rede e não o contrário.
Quando falas de informação inútil e sem interesse ou de que ninguém cuida, estás a ignorar a configuração e a dinâmica rizomática da rede que incorpora na “sua estrutura” (a palavra é aqui infeliz porque o rizoma não é uma estrutura) e sistematiza toda e qualquer informação que é lá colocada.
Há um caso de estudo famoso que indicia isso: o iTunes. Todos os dias, centenas de temas são colocados à venda nessa loja virtual. Sabes quantos temas jamais foram comprados por ninguém? Zero. Basta esperar um máximo de 30 dias para que qualquer tema (por mais inócuo e desinteressante que seja) acabe por ser adquirido por um utilizador.
Se todas as discussões ociosas sobre coisas que se desconhecem (excepto Marco) tivessem ficado registadas desde a invenção da escrita, o nosso mundo estaria atulhado em papel. E como vêem, não está.
Digitalmente a persistência da informação segue um padrão de relevância. Pois a própria mensagem replica-se geometricamente cada vez que é acedida, dependendo assim a sua conservação, da importância que lhe é atribuída.
A “hardcopy” (papel, papiro pedra) dura o tempo que a combinação entre a mensagem e o meio se encontre em fase. A partir daí não passa de mais um jornal ratado, um desenho bonito para emoldurar ou um pedaço de telha riscada que se vai esboroando com a humidade.
Consigo mais facilmente saber o que um tipo qualquer escreveu há seis anos numa qualquer página, do que encontrar um apontamento que anotei há duas semanas num papel amarelo que brilha no escuro.
Toda a informação é (relativamente) efémera. E a maior parte dela, com o passar do tempo torna-se obsoleta e totalmente irrelevante. Já a arte é diferente.
Há algum artista na assistência?
Vega9000 não tenho duvidas que o desinteressante da net se perderá seja seja no suporte físico ou pelo esquecimento que as pessoas lhe prestarão.
Não me parece que faltarão dados para que daqui a 100 anos se estude a nossa época, que será muito mais fácil de estudar do que a era românica, egípcia…
JP da Costa: o Total Recall é, efectivamente, muito bom. Comprei a edição de capa mole no final do ano passado (tem outro nome: Your Life, Uploaded) e tem algumas boas ideias e outras assustadoras.
Se a maior capacidade do ser humano é esquecer, a mudança desse paradigma far-nos-á enlouquecer?
@Vega9000: a obsolescência é muito, mas mesmo muito mais lenta do que a evolução. A venda de drives de disquetes, zip e tapes é ainda extremamente comum. Com um bocadinho de esforço, até ainda se encontram drives para disquetes de 5¼: http://1.9p.k3.sl.pt
Falar do USB, então, é ridículo; a obsolescência entra sempre em conflito directo com a ubiquidade. A norma USB 3.0 foi publicada cerca de 10 anos depois da norma USB 1.1 e, adivinha: continua a ser retro-compatível. Simplesmente, existem demasiados dispositivos em circulação para que se tire o tapete. E a coisa não dá sinais de diminuir.
Ainda: tinha-me escapado o teu comentário sobre os sites pessoais na página do SAPO. Isso que verificaste acontece pela forma como a Wayback Machine guarda os conteúdos – essas páginas pessoais estavam noutros sites; se entrares neles da mesma forma, talvez ainda os encontres. Mas essa não é a única forma de manutenção da informação, é só um exemplo entre muitos.
Marco: a leitura do Delete complementa muito bem a do Total Recall, pois desenvolve as tais ideias que consideras (e eu também) assustadoras. Outra prova de que osbsolescência é lenta é o facto de um objecto tão anacrónico como a cassete áudio (tem quê? 60 anos?) continuar a ser utilizada e até já haver edições caríssimas nesse formato. Um exemplo super-recente: http://www.joyfulnoiserecordings.com/catalog/jnr69
Mas para além de todos estes factores tecnológicos há ainda a ter em conta um importantíssimo: o cultural. Vivemos actualmente uma era, potencializada pelas potencialidades de “total recall” tecnológicas da Web, absolutamente marcada pelo revivalismo onde se procura através de diversas práticas artísticas ou de mera fruição resgatar do suposto esquecimento tudo o que é anacrónico e obsoleto. A obra Retromania de Simon Reynolds (Faber & Faber, 2011) explora esse conceito de forma brilhante no domínio da cultura popular e, em especial, da música.
Para concluir: ironicamente a inquietação sentida pelo meu caro Vega9000 também pode ser vista como um factor importante para este status quo – não há nada como o medo de nos esquecermos de algo para (re)agirmos contra o seu esquecimento.
A mim interessa-me a preservação de textos que só no Blog existem depois do assalto ao meu computador em 17-7-2011. Todos os poemas podem ser recuperados tal como as notas de leitura. No meio do azar é uma maravilha…
L.G., Ricardo Teixeira, Manuel Gonçalves:
para mim, cualquer Marco, por maiz que çaiba da poda, dextroi a ceriadade de cualquer discução se a comessa com a dezonestidade de dar ao intrelucotor um conCelho que é dos munícipes e não dele.
burrice não é gralha, é burrice – e só provoca pena, raiva e/ou vontade de rir: e lá cai tudo no ridículo “sem nada contribuir À discussão” (parabéns, Marco, pela persistência no mau purtoguês!). chamar estúpido a quem chama a atenção para o erro – com humor, aliás – é bi-burrice e má-criação.
podem chamar ‘trolice’ à intervenção de L.G., mas como eu o/a compreendo.
Vega, os meus cumprimentos pelo normal e civilizado ‘fair-play’.
Vega9000: os suportes materiais é que são voláteis não os digitais. O caso da literatura que mencionas é flagrante: todo o que é preservado na memória colectiva resulta de um processo de legitimação construído ao longo de várias gerações que foi afunilando um corpus sob a forma de um cânone. Hoje em dia, não imaginas a quantidade de escritores quase esquecidos e marginalizados que começam a ser relegitimados devido ao facto de a sua obra ter-se tornado infinitamente mais acessível a uma nova geração de leitores.
Na música, por exemplo, verifica-se actualmente um processo semelhante de relegitimação de obras que na época da sua edição foram descartadas por uma pequena elite de jornalistas. Tudo isto porque hoje em dia a Web permite a qualquer puto obter sem grande dificuldade uma visão panorâmica de tudo o que foi produzido. Hoje em dia, todos nós somos curadores. E qual é a principal função de um curador? A de resgatar objectos do esquecimento.
Boa, oh brrr. À discussão. Sim, à discussão. Não é “há” de haver, é mesmo “à”, como na contracção de “a a”.
Um grammar-nazi a dar calinadas é do melhor que há (sim, “há”, de haver). O “concelho”, como já disse, foi uma gralha dada pelo corrector automático do Swype.
Agora, arranjem uma vida.
http://lifestyle.publico.pt/bemestar/295008_vai-uma-maca
típico dos idiotas , Marco : quando não conseguem rebater argumentos atiram-se à gramática para esconder a ignorância. e já aprendi qualquer coisa consigo , obrigado.
(hum:)
Porque não ir um pouco mais longe ?
– Ponto de partida ΔS universo > 0, que é precisamente o ponto de chegada. E tanto explica o facto de um CD durar apenas 20 anos como uma estrela durar “apenas” uns milhões de anos.
– Pelo meio a história vai apagar vegas, cavacos e VM’s, da mesma forma que já apagou milhares de pedras/livros/pessoas/estrelas/planetas, e isto não é mau nem é bom. É a vida.
o que é mesmo, mesmo, importante no texto, que gostei muito de ler, é que aquilo que se passa por aqui é apenas um meio relativamente importante para aquilo que tem absolutamente a importância toda. viva a materialização, e manutenção, da importância!
João Pedro da Costa e Marco, continuamos a falar de informação que tem, no máximo, 15 anos. Essa não tenho dúvidas que ainda lá está, facilmente acessível. Mas reparem como se vai lentamente degradando. Primeiro, a fase do “arquivo” a que me refiro – aí já se perdeu uma parte da informação, como por exemplo o arranjo gráfico, ou os links, ou os media.
João Pedro da Costa, pegando no teu exemplo, por ser mais fácil, vou ao teu antigo blog e abro este post . Em 2 anos, o vídeo já não existe, pelo que uma parte importante do contexto – a tua escolha – já se perdeu. Claro que há registos teus bastante mais antigos (“antigos” entre aspas), nomeadamente no weblog, mas que estão dependentes da manutenção desse domínio. Quando alguém deixar de pagar o weblog.com.pt, e um dia isso vai acontecer, o que é que lhes acontece? E às Ruínas circulares?
Agora, admito perfeitamente que possa estar enganado, mas mesmo os exemplos referidos nos livros – de que li excertos – é informação relativamente recente – estamos a falar de 10-15 anos na maioria dos casos, o que é antedeluviano no contexto online, mas muito pouco na realidade.
Marco, no que diz respeito ao USB, estamos outra vez a falar em contextos de 10 anos. Agora, não tenho dúvidas que daqui a 30 o padrão USB já não existe, nem existe equipamento à venda que o leia, embora possa haver ainda equipamento especializado para lhes aceder. É perfeitamente possível que haja serviços especializados em recuperar informação guardada em suportes antigos, se ainda funcionarem. E a palavra “funcionar” é que me parece essencial.
Não está em causa o “facilmente acessível”, mas apenas o “acessível”. Os historiadores futuros terão a garantia que alguém, algures, tem a capacidade de aceder aos dados digitais actuais; o que não é diferente do que se passa actualmente, diga-se de passagem: se *eu* quiser aceder a certas coisas na Torre do Tombo, tenho de marcar com uma antecedência maluca, arranjar uma acreditação duma universidade ou algo do género, quando lá chegar tenho de calçar umas luvas e manusear os documentos com umas pinças próprias, e por aí fora.
Ainda sobre a obsolescência, era gajo para apostar que, daqui a 30 anos, ainda teremos USB. É só olhar para o CD, introduzido em 1982, ou o seu irmão de dados, o CD-ROM, introduzido em 1985; A tecnologia de disco duro (à excepção dos muito recentes SSD) é a mesma desde 1957 – ainda aí andam. Para uma comparação directa com o USB (que é um protocolo de transmissão, e não uma forma de armazenamento), um dos primeiros protocolos de discos duros foi o SCSI, padronizado em 1986 – ainda é possível comprar controladoras SCSI para se ligar um destes velhinhos discos.
Para não falar, sequer, da velhinha K7, ou dos discos de vinil…
A tralha anda aí, e alguém, algures, tem acesso a ela. E terá, durante muitos, muitos anos.
Vega9000, não se perdeu nada – aparece lá o nome do artista e do tema pelo que basta ir ao YouTube pesquisar os mesmos e…
http://www.youtube.com/watch?v=uRpkB_BHuBU
;-)
?
Claro que basta pesquisar, mas o ponto não era propriamente esse ;)
@Vega9000: mas o nosso ponto é precisamente esse. :D
O formatos digitais para além de resiliência têm também um outro problema que parece não preocupar ninguém.
Chama-se obsolescência tecnológica!
porra que esse Marco é mesmo BURRO. não se contribui A, contribui-se PARA – qualquer pessoa minimamente letrada o sabe. nada a ver com o verbo haver. que raio de idiotice!
e ‘graMMar-nazi’, que merda é essa? outra gralha do Swipe?
burrice, bi-burrice, tri-burrice – e má-criação! esse gajo Marco não se enxerga.
Oh brrr, não tiveste direito a festa hoje, foi? Coitadinho…
Grammar Nazi (em inglês): http://www.urbandictionary.com/define.php?term=Grammar%20Nazi
“Para”, se for um fim, “a” se for um local. No caso em concreto, estou-me a referir a esta discussão em concreto, que decorre neste local; logo “à”. Certíssimo.
Agora vai lamber sabão.
Gosto muito de Professores (assim mesmo, com “P” grande); já professorzecos frustrados, que não têm mais nada que fazer senão trolar caixas de comentários para colmatar as vidinhas vazias, dão-me pena.
Vega9000: as características da acessibilidade da informação variam com os media utilizados (analógicos ou digitais). Como é óbvio, o papel ou os suportes electromagnéticos têm características que se perdem com a sua digitalização. Mas o suporte digital possui igualmente características que superam em muito as capacidades de armazenamento do analógico com a sua velocidade de reprodução, a sua maior capacidade de partilha, etc. Ainda a semana passada precisei de ir buscar umas fotocópias do meu tempo de aluno de licenciatura e, para grande espanto meu, a tinta tinha simplesmente desaparecido em muitas páginas tornando a sua leitura impossível.
Marco:
O meu ego está exultante!
Nunca imaginei que um irónico comentário suscitasse um tal estendal demonstrativo de má educação ignorante. Errar é humano mas continuar nas argoladas sucessivas e estúpidas (retribuo o cumprimento) só mostra mau carácter.
Não tenho razão nem sabedoria para duvidar da sapiência do Marco no tema (aliás interessante) que o Vega postou, pelo que me limito a ler para aprender. Mas os erros de de português perturbam-me a leitura, distraem-me do conteúdo. Talvez fruto de um tempo em que erro ortográfico na universidade correspondia a ‘chumbo’: o ‘cozinhado’ podia merecer 5 estrelas ou 20 valores, mas o prato estava sujo…
Marco, porque não se fica pelo que sabe? Porque se atreve a insultar pessoas àcerca de assuntos em que é um verdadeiro nabo, como já ficou largamente demonstrado?
L.G., se o teu ego exulta com isto, bem, vidinhas vazias, Q.E.D.
http://www.theatlantic.com/magazine/archive/2011/11/hacked/8673/?single_page=true
Bom tema, já discutido e falado inúmeras vezes nos últimos anos, não deixa de ser actual e irá ser sempre actual. A própria humanidade terá um fim e com ela tudo sumirá, a busca do perpetuo é ela própria uma característica muito humana.
Numa recente workshop de paisagem de fotografia analógica, o fotografo formador argumentava justamente a longevidade do formato analógico, que está num sótão algures num baú há 200 anos, é certo que só há fotografia digital há 20 anos, há 10 anos para o grande o publico, e que a outra já existe há muito mais tempo, e computadores e Internet, nem 100 anos têm, quanto mais os milhares e milhares de anos de suportes bem mais físicos, que vão desde as rochas das pinturas rupestres aos papiros egípcios.
Uma coisa já se percebeu no digital, é preciso fazer duas coisas: backups e migrações . Backups dos posts, das fotos, das musicas, dos documentos, etc e migra-los para a nova tecnologia que aparece, seja ela o ipad, o iphone, a internet, a supernet, whatever…de tão volátil que é as coisas são migradas outras nem por isso, provavelmente essa triagem já acontecia também antes, só as melhores fotos duraram, só os melhores rolos, as melhores pinturas…. no fundo a cultura de uma geração passa através do ensino.
Este tema faz-me lembrar aquela história do: Neste momento somos 7 biliões de seres humanos vivos na Terra e dentro de 100 anos, provavelmente nenhum deles estará vivo para contar seja o que for, no entanto já existimos há milhares de anos e toda uma cultura passou, desde a língua, costumes, filosofias, matemáticas, ciências, etc. é suberba a existência das coisas.
Isto é um não assunto. O que interessa preservar, imprime-se e tem a duração que tem o papel. O resto é conversa. Literalmente, como sempre foi. A fotografia é outra coisa. Querem fotografias que durem mais do que meia dúzia de anos, não escolham o digital, nem imprimam em papel de fotografia. Montem um laboratório em casa e comprem uma máquina decente com rolos. Daqui a cem anos ainda estão disponíveis para os bisnetinhos de cabeças grandes.