Ventura é o mercado da calúnia a funcionar

Os básicos da direita decadente estão em pânico por causa dos broncos da direita fascistóide. O império Balsemão entrou em modo de guerra total a Ventura, depois de olhar para sondagens onde se desenha um cenário em que o Chega pode ficar próximo do PSD em votos. Seria desopilante se não fosse o segundo acto da tragédia. O que Ventura faz na sua técnica retórica onde apela ao medo e à alucinação está suportado na estratégia de degradação do regime que a direita política e mediática tem praticado contra o PS desde 2004. Não há novidade. Há continuação, evolução.

A campanha para tratar o PS como um partido corrupto, onde qualquer decisão governativa ou autárquica socialista deveria ser considerada legalmente suspeita, não foi uma invenção do chegano-mor. Começou com Santana Lopes e teve desbragado seguimento com Ferreira Leite, e depois sucesso eleitoral com Passos Coelho. Uma ministra do Pedro anunciou o “fim da impunidade” ao comentar a notícia sobre buscas a ex-ministros do Governo anterior. Cavaco Silva, a partir de Belém, alimentou e amplificou essa campanha. Golpadas judiciais, em conluio com um domínio mediático totalitário que as explorou para criar o maior dano possível nos alvos, apelaram ao fanatismo e ao ódio contra os socialistas. Uma vedeta da indústria da calúnia, cuja obra como “jornalista” consiste em repetir que o “sistema político é corrupto” e que não é preciso provar a culpa de Sócrates para o aviltar e achincalhar obsessivamente, foi escolhido como representante e exemplo vivo dos mais altos valores da identidade cultural da Grei. Agentes da justiça cometem crimes, juízes abrem a boca a queixar-se do “excesso de garantias” dadas a arguidos e acusados, sindicalistas dos órgãos de Justiça vocalizam o seu desprezo pela classe política. Jornalistas usam o seu estatuto para violar o Estado de direito e disparar contra quem apareça a querer defendê-lo.

O efeito que 20 anos desta pulhice irracionalizante tem na sociedade deu-se a ver em 2017, quando Passos Coelho inventou um populista racista e xenófobo de seu nome André Ventura, fulano acabadinho de sair de um programa de paineleiros da bola. A intuição passista era a de que já havia condições para o PSD começar a agregar os alienados e miseráveis disponíveis para ouvir a cassete da extrema-direita. Tinha razão, só que antes do tempo. Incrivelmente, Rui Rio veio confirmar-lhe a aposta ao ceder à normalização do Chega via Açores. Uma normalização que mereceu declarações de apoio de Ferreira Leite e de Cavaco ao tempo, assim como de figuras do aparelho laranja, todos felizes da vida com a associação do PSD à chungaria.

A esquerda pura e verdadeira acaba a contribuir para a credibilização de Ventura sempre que repete alucinações equivalentes, diabolizando o PS e chafurdando num primarismo de permanente suspeita moral e de delírio conspiracionista. Para o bronco a assistir à retórica sectária de BE e PCP contra o PS, a conclusão é a de que o voto no Chega se justifica para “limpar” essa cambada de malfeitores.

Portanto, foi muita gente, durante muitos anos, a fazer a cama onde o traste do Ventura se veio deitar radiante e ufano. Agora, lidem com a concorrência.

10 thoughts on “Ventura é o mercado da calúnia a funcionar”

  1. Verdade o lambe-beiços está em todo o lado!

    Por essas e por outras que os a classe de jornalistas (?), precisa de uma bela vassourada!

  2. Ai o PS, ai o regime! E os outros é que estão em pânico! Vocês estão borrados. Borrados e a fingir que não querem insuflar o Chega para fragilizar o PSD, ou que não se tocarão na intimidade com a esquerda totalitária (e esta a fazer igual) quando for necessário. Talvez vos saia pela culatra.

    Mas o pior, ainda assim, é você ter a desfaçatez de fazer um post que tenta limpar do PS a responsabilidade que lhe cabe do ponto nefasto onde chegámos, e do qual é o maior artífice.

  3. em vez da conversa batida ” coitadinho do ps , tão inocente e tão acusado” , sei lá , desde o rui mateus e o soares ? , podiam reflectir porque os jovens , que na sua maioria cresceram com o ps no governo , querem votar no chega…. conheço alguns , de estratos variados , desde empregados de café a arquictetos.

  4. e a percepção do eleitorado de que ps e psd são partidos corruptos é falsa ? ou é só a parte de que o ps é um partido corrupto , sendo a percepção de que o psd é um partido corrupto desde o cavaco verdadeira?

  5. Muito bem, Valupi. O actual PSD anda à nora por não saber se há-de ser diferente do Ventura (mas mesmo que tente, a sua forçada seriedade não consegue ser convincente, pois todos eles são da trupe do Passos) ou se o há-de igualar ou suplantar nas calúnias, mentiras e populismo. Um dilema de que nos rimos, mas pouca graça tem, quando vemos forças da ordem a apoiarem o traste por lhes cheirar a maiores poderes. Esse é o grande sobressalto.
    Portanto, sim, assistimos a uma evolução lógica e previsível. A criatura que promoveram vai acabar por “comê-los”.

  6. O Aldrabão Ventura está a colher o que BE ,PCP , e PSD semearam ao longo dos anos a descrença e a mentira agora ponham as barbas de molho os fascistas chegaram e querem poleiro nos 50 anos do 25 de Abril ,espero que não mas a luta para abrir os olhos das mentiras do Aldrabão
    Ventura ,o que ele promete é tudo fácil de desmontar por ser impossível , o que é possível é
    a destruição do SNS e da educação pública assim como da segurança social .

  7. Muito bom!
    A prova de como escrevendo ou desvrevendo apenas o óbvio se pode fazer uma boa postada.
    Apenas uma coisa… dependendo dos resultados eleitorais de Março e da sua evolução futura, a seu tempo veremos a quase totalidade dos sobreviventes do CDS, a maioria dos Ilusionistas Liberais e muita da tralha do PSD de Cavaco/Ferreira Leite/Passos/Montelegro, por os pés a caminho do partido do trafulha. Certo, certinho. À direita portuguesa faltam referências democráticas.

  8. A extrema-direita infiltrou-se nos sindicatos. A pergunta por fazer: 7 sindicatos + 4 associações de uma só polícia justifica-se? Há uma tão grande diversidade de propostas ? São muitos dias de dispensas de trabalho. Mas os “zeros” não querem saber, comandam.
    Não é só na PSP. Noutras áreas, o sindicalismo foi a porta de entrada do Chega, para radicalizar, para sabotar.
    Não há democracia sem sindicatos. Quando estes servem de instrumento de combate às instituições democráticas temos um problema.

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