Vasco, o improvável turiferário

Se VGM era um príncipe da escrita e na cultura, era também, num assumido contraste, um ferrabraz na política, embora, falado pessoalmente, estivesse sempre muito distante da ferocidade adjectivada dos seus artigos. O homem que esteve com Sá Carneiro e dele se afastou (e que dele se mantinha bem crítico) era, contudo, o mais improvável turiferário de uma figura como Cavaco Silva, depois de ter arrastado a asa a esse ridículo projeto de moralismo político que deu pelo nome de PRD.

Francisco Seixas da Costa

__

A questão aqui tocada no texto citado pode ser alargada a toda a elite intelectual da direita, sejam eles quem forem. O ódio alucinado que Vasco Graça Moura derramava nas suas intervenções de teor político são uma característica apenas do período de Governos socráticos. Acontece que ele não era a excepção quanto ao estilo e conteúdo das suas catilinárias, antes apenas mais uma voz no meio de um imenso berreiro na comunicação social. Mas, mesmo assim, surpreendia, ou até espantava, ver um homem de alta cultura a esboroar o seu prestígio em exercícios de uma violência patética, se não fosse doentia. E podemos deixar sem comentário o favor que VGM concedia a uma figura moral e intelectualmente nula como Cavaco, pois para andar na política, de facto, não é preciso saber quantos cantos têm os Lusíadas.

À interrogação de Seixas da Costa temos de juntar a memória do que Cavaco fez aquando do funeral de Saramago. Não só se recusou a estar presente como deu como desculpa estar de férias. Ter continuado a defender politicamente um fulano que ofendia o sentido mais essencial da função de Presidente da República, isso de representar o Soberano, na ocasião em que o Povo prestava homenagem a um dos seus melhores no campo das artes e do prestígio nacional, leva-nos para um corolário fatal: ninguém que se assuma como amante da cultura, ou como patriota, pode aceitar ser vexado por quem exerce a função de chefe de Estado de forma sectária, rancorosa e vil.

Pelo que há uma grande diferença entre ser e parecer. VGM foi uma pessoa que passou a sua vida no circuito mui apelativo e confortável da alta cultura portuguesa, e aí deixou obra de mérito e aplauso. Mas só isso não chega para ser um exemplo de cultura ou de patriotismo. É preciso juntar-lhe a grandeza e a coragem. Aquilo, precisamente, por que Cavaco não ficará conhecido na História.

25 thoughts on “Vasco, o improvável turiferário”

  1. Grande Ignatz! Certeiro e letal como uma bala.
    Gajo que admire e apoie o pulha de Boliqueime não pode ser boa rês, seja ele culto ou inculto.

  2. Vasco Graça Moura foi um intelectual com obra de grande merecimento, e só ignorantes o podem apoucar no contributo que deu á cultura portuguesa.

    Já como politico e cidadão a coisa fia mais fino.

    A sua defesa da pena de morte, e a defesa de outras causas mais que reprováveis, merecem toda a repulsa.

    Celine, Paul Morand, Mircea de Eliade, Erza Pound , Axel Munthe, e por cá o Alfredo Pimenta, provam que não é por se ser um intelectual de elite , se é boa pessoa.

  3. oh augusto! já tinhamos percebido que o gajo era um intelectual do caralho, mas teve que se afirmar como grande caceteiro para ser admirado pela direita e viver à custa do orçamento. se leres as “odes de rio maior” verificas que cada cacetada corresponde à nomeação seguinte.

  4. Vasco, foi um mago da cultura.Borges,um mago da economia.Ambos,predadores ao serviço das máfias do dinheiro,contra os valores da Solidariedade,Fraternidade,Liberdade e Igualdade.

    Este País, já sofreu demais com os moralismos de sacristia!(…)

  5. Ó Val anormal,

    “O ódio alucinado que Vasco Graça Moura derramava nas suas intervenções de teor político são uma característica APENAS do período de Governos socráticos”?

    e o teu ódio alucinado que te leva a que nunca antes tenhas lido o ódio alucinado que VGM sempre derramou em barda contra qualquer aversário político quando bem longe vinham os tempos de Sócrates ter sequer atingido a idade para se punhetear na tua boquinha como tanto desejas.

    Tens um glaucoma selectivo comó caralho, fosca-se.

  6. Se VGM é grande ou pequeno intelectual não posso julgar pelos escritos pois, não li nem penso ler algo de tal intolerante personagem. Das sus traduções tenho a Divina Comédia e os Sonetos de Shakespeare e acho que tal tradução de rimas forçadas é próprio de um indivíduo pomposo-exibicionista que, aclamado e bajulado pelos pares ideológicos, nos quer convencer-vender uma grandeza intelectual balofa, uma grandeza intelectual para parolos embasbacados. Se traduzir palavras, significados e conceitos de uma língua-linguagem de há 500 anos para o nosso tempo já é uma dificuldade gigantesca fazê-lo obrigado a rima é, necessariamente, não-traduzir mas sim escrever novo livro com base no original; o caso típico do talento parasitário.

    E, efectivamente, a vida corrente, existencial, de VGM não foi mais que uma parasitagem permanente. O texto “Aleluia” que ignatz nos faz relembrar, tal como muitos outros desse período, não é mais que um produto nascido da raiva e ódio intelectual sentido pelo facto de ninguém, nesse tempo, lhe ligar patavina ou lhe dar um cargo de alto relevo e ocupação à sua auto-considerada “persona incomparável”.
    Um alto cargo, de tipo formal, que desejava oportunisticamente, para ter estadão e poder ocupar-se de si próprio e do seu trabalho pessoal; em todo o seu tempo de UE apenas trabalhou em proveito de sua própria carreira de poeta, escritor, tradutor, cronista e conferencista em favor do seu partido tendo em vista a futura retribuição de novo cadeirão dourado.
    Veja-se os caminhos dos dois amigos deputados europeus VGM e PP. Ambos do mesmo partido e, sendo intelectuais de gabarito, submetidos-rendidos à nulidade intelectual de cavaco e seus 40 ajudantes; um caso de estudo psicológico do ego ou de necessidade humana. Hoje, contudo, enquanto um se libertou da canga passista e até tenta enjeitar a velha canga cavaquista, o morto nunca se desviou um mm da nulidade de pensamento dos seus chefes partidários. Ao PP, hoje, basta-lhe o seu valor intelectual que lhe chega como ganha-pão e independência política enquanto ao morto necessitava sempre bajular um mecenas poderoso para se fazer valer e chegar ao reconhecimento e notoriedade que não conseguia por conta própria.
    À boa maneira portuguesa, depois de morto, o moralismo reinante vende sempre a ideia de que enfim…, afinal, no fundo era boa pessoa.
    Agora sim, é boa pessoa, já não faz mal a ninguém.

  7. VGM foi um intelectual? Foi!
    VGM foi poeta? Foi!
    VGM foi escritor? Foi!
    VGM foi ensaísta? Foi!
    VGM foi narciso? Foi!
    VGM foi malcriado? Foi!
    VGM foi pretensioso? Foi!
    VGM foi um aldrabão? Foi!
    VGM foi um oportunista? Foi!
    VGM serviu e foi servido, comeu mas não foi comido, morreu por ter vivido.

  8. O VGM nas suas crónicas semanais no DN quando
    escrevia sobre a política actual, usava um critério
    duplo que, consistia em elevar o Pilatos de Belém,
    engraxando até à náusea e, usando a mais rasca
    das línguagens contra o Governo do PS e, um tom
    pior do que o trauliteiro diria, pesporrente!
    Esteve dez anos na “manjedoura” do Parlamento
    Europeu, quais os projectos que apresentou? Qual
    foi a intervenção feita que tenha ficado registada?
    Testemunhou o seu colega de bancada P.Pereira
    que, era um verdadeiro poliglota a fazer versos até
    nos corredores, em alemão, francês, italiano ou em
    inglês … prontos, foi um poeta com alta bolsa na
    Europa e outras prebendas como o CCB e comendas!!!

  9. não sei de nada disso que ele fazia – nem me interessa, até porque vivemos em democracia. mas sei da verdade disso de ser preciso grandeza e coragem para se existir com voz.

  10. anonimozinho,quem se expressa como tu,só pode ser um ordinario,porco e para terminar um grande bandalho! não entres em panico,o teu partido vai ter a votaçao que os portugueses já conheçem há 40 anos!

  11. Josê Neves à Presidência!
    Obrigado, poupaste-me trabalho nesta manhã atarefada.
    Subscrevo na íntegra.

  12. A si, nuno correio manhoso, também o órgão lhe devia pulsar na boquita, é, não é fofinho?

    Aprendam história e aprendam que antes de aí andar o vosso muso entesante, já VGM atentatava contra socialistas, comunistas e tudo que não cheirasse a Cavaco.

    Ordinária, porca e bandalha é a linguagem com que atentam aqui contra quem tem a inteligência de recusar o sol na terra de meia dúzia de tolos.

  13. A polémica sobre os quadros de Miró diz alguma coisa sobre Portugal?

    São a coisa mais estapafúrdia que aconteceu na política portuguesa, nos últimos meses.
    Miró nunca foi um grande pintor e estes quadros são de segunda ou terceira categoria.
    São refugos de uma coleção. Os mostrados deviam ser os melhores e nenhum deles era bom. Disso pode ter a certeza.

    http://visao.sapo.pt/vasco-graca-moura-a-portugal-esta-a-faltar-muita-poesia=f778411#ixzz30H4TOYkA

  14. O falecido estava convencido que tinha melhorado a Divina Comédia.

    E que Miró era um pintor de refugo.

    E que Cavaco era o máximo.

    Que descanse em paz. Bem fundo.

  15. Já me esquecia.

    O falecido chegou a “a estudar russo por um manual árabe, impresso em gótico. Era uma trapalhada.”

    Mas diz que depois teve 16 no teste de russo.

    Génio dum cabrão.

  16. Ah, e a guerra fria ainda não acabou.

    Mas esse gajo disse alguma coisa váilda na vida toda?

  17. os graças mouras são gente mal formada.há mais de 20 anos,o musico,sai de carro que estava estacionado na rua julio dinis no porto,sem verificar se vinha algum carro a percorrer a rua. resultado: o senhor que vinha a conduzir bate no seu carro.o senhor sai do carro e indignado: graça moura musico com grande lata diz-lhe: peço desculpa,vamos tirar daqui os carros para resolver isto pois estamos a atrapalhar o transito.o senhor aceitou,quando chegam à rotunda da boavista,começa a dar o dito por não dito.perante esta falta de seriedade, só me restou dizer ao senhor que era sua testemunha.veio a policia e o graça moura musico queria que o policia decidisse ali.o agente disse-lhe que não podia fazer tal e convidou-nos a ir ao posto, onde lhe foi dito que perante os factos relatados e testemunhados por terceiros o culpado era ele. na presença da policia,foi assumida a responsabilidade por escrito para posterior participaçao ao seguro.recordo isto, para mostrar o caracter desta gente,que andou a viver à conta do orçamento durante muitos anos.de intelectuais deste calibre,está o inferno cheio.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *