Trata lá disso também, ó Chico

Francisco Teixeira da Mota veio dizer aos seus leitores que o Correio da Manhã e a Sábado cumpriram com o seu direito de informar o público ao noticiarem, em Julho de 2014, que Sócrates estava a ser investigado por causa das casas da mãe e dinheiros na Suíça – O direito ao erro dos jornalistas é a certeza de termos direito à informação. O texto compraz-se em gozar com Sócrates, tratado como criminoso a que só falta colocar o carimbo e mandar para o calabouço. Erros dos jornalistas? Que nada, informação para o povo. Honra de Sócrates? Que nada, informação para o povo.

Francisco Teixeira da Mota não quer saber como é que, em Julho de 2014, foram parar à Cofina essas informações, não era Sócrates sequer arguido fosse do que fosse. Igualmente não está preocupado com o calendário e dinâmica dessas boas novas. E opta por terminar o artigo repetindo a argumentação do Tribunal da Relação de Lisboa onde este considera que as tais notícias eram bacanas porque depois o gajo foi mesmo apanhado e engaiolado.

Pois, sim. Mas porquê pararmos no linchamento desse cidadão que aguarda o fim de um inquérito judicial para saber se vai a tribunal e à pala do quê? Creio que o magnífico defensor do direito/dever de informar está a mostrar falta de fôlego. É que o povinho igualmente iria gostar de saber como é que essas notícias tão fixes chegam aos jornais, a troco do quê, por quem, e se esses criminosos que pertencem à Justiça só cometem crimes nos casos em que leiam Sócrates nos autos ou se é assim a modos que uma prática corrente e generalizada.

.

5 thoughts on “Trata lá disso também, ó Chico”

  1. O Zé Povinho só se interessa por aquilo que é escandaloso. E o Sócrates pôs-se a jeito, ou porque é ingénuo, ou porque é muito vaidoso, ou porque aceitou desempenhar também o papel de bode expiatório dos Salgado & Cia.
    Com tantos arguidos no processo é paradoxal mas são os que não estão lá (e deviam estar) que estão a encanar a perna à rã…

  2. Mas e como é que chegou ao pedido de quinhentos mil euros? Como?
    Quais os prejuízos, quais foram?

  3. Como é que se computa a honra de um cidadão? Quais os critérios?
    Ah…é tão fácil escrevinhar sem se atentar no que conduz a certas decisões…ainda que estas possam ser atacadas de outra forma…

  4. Queixam-se… 4, 5, 6 anos
    Queixam-se pelo tempo que o caso demora, demora… num caso que é muito mais complexo do que vou apresentar e passou-se comigo e em Potugal em 2006 e dentro de um Estado dito de direito e com direito à expressão…aparências nestes estado de direitos.
    O caso é simples e os Tribunais demoraram a resolver
    6 anos…
    Foi um mail que escrevi, relatando factos concretos, no local de trabalho. Foi o mail de revolta composto por uma página a relatar o passado entre duas pessoas. Uma devidamente protegida com trinta anos de serviço e outra, o eu que tinha acabado de aterrar na intituição. O Tribunal considerou ofensivo, e contra a honra do ofendido, valeu-me honradamente a pena de 150 dias de multa…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *