Tiro ao ministro da Defesa

Desde que veio a público a notícia sobre o assalto ao paiol de Tancos que se lançou uma campanha para abater Azeredo Lopes. Primeiro, os editorais e colunistas da bronquite crónica berravam contra a ausência de bandidos pendurados em árvores nos dias, semanas e meses imediatamente a seguir. A culpa, garantiam, era do ministro da Defesa que não punia ninguém e se limitava a repetir que não era ele quem guardava os paióis nem ele quem investigava crimes no Ministério Público. Inadmissível e a merecer imediata demissão, regurgitavam fulanos que metem no bolso milhares de euros por mês para andarem a brincar aos jornalistas cheios de cagança contra os políticos que não gramam. Depois, o Expresso lembrou-se de inovar e serviu de trampolim para se lançar no espaço público um suposto relatório de supostos serviços de informação militar onde se fazem comentários extraordinariamente coloridos – “ligeireza, quase imprudente”, “arrogância quase cínica”, “declarações arriscadas e de intenções duvidosas” – sobre Azeredo Lopes. O magnífico jornalismo do mano Costa e do Guerreiro-Poeta assegurava que era tudo verdade verdadinha, com 63 páginas (sessenta e três, senhores ouvintes) de bota-abaixo no ministro da Defesa nascidas da inteligência de “militares no activo e também na reserva”. Este pessoal altamente qualificado, e talvez demasiado inteligente para a quantidade de papel desperdiçado, ofereceu ao pagode três cenários “muito prováveis” para o episódio de Tancos, sendo eles: Tráfico de armamento para África (em específico, para a Guiné-Bissau e Cabo Verde)/ Um assalto promovido por mercenários portugueses contratados / Envolvimento de jihadistas a operar na Península Ibérica. A hipótese de termos um maduro que gamou as armas sozinho para as guardar durante umas semanas no quintal da avó e depois ir arrependido entregá-las à PJM com a ajuda da boa e disponível GNR de Loulé terá escapado aos nossos especialistas em segurança militar e contraterrorismo por óbvia interferência maligna de Azeredo Lopes no trânsito eléctrico das suas rarefeitas sinapses. Depois de todos os organismos ligados aos serviços de informação militar terem desmentido existir oficialmente esse relatório, o tiro ao ministro passou para o Parlamento, onde Azeredo foi chamado repetidamente para repetir que não era ele quem tinha de investigar o crime e que talvez fosse assim uma beca erradex estar a inventar responsáveis fechado no seu gabinete antes de as investigações terminarem.

Eis, hoje, que demos um salto quântico no fogo de barragem contra o alvo. O major Vasco Brazão aparenta ter disparado um morteiro que aterrou em cheio na peitaça do ministro. Será mais uma variante daquela cena linda e tão decente de vermos a imprensa a explorar fontes “portadoras de informações que não conheciam na totalidade”? Logo mais para a tardinha ficaremos a saber quais os danos, pois consta que Marcelo reunirá com Costa para tomarem decisões a respeito. Entretanto, temos uma história que vai de rocambolesco em rocambolesco, parecendo só ter uma linha condutora. Afastar alguém que, isso é factual, mostrou ter força para meter o poder militar a respeitar a legalidade civil.

19 thoughts on “Tiro ao ministro da Defesa”

  1. Desde há dias que ando confuso sobre estas noticias de Tancos,. Agora sabe-se tudo o que é dito aos procuradores e até parece que deixou de haver segredo de justiça: será porque a tropa anda metida no assunto e será mais fácil descartar a responsabilidade das fugas ? Ou serão os jornais a querer cobrar as avenças até à última letra e anda tudo de língua de fora porque “pode haver apertos” ( dos jornais/jornaleirois) ????
    Ele há coisas….

  2. Amigos a tropa e a tropa, portanto os civis politicos devem ter muito cuidado inclusive o costa, por menos morreu o chefe do ppd da altura, a mulher e o ministro da defesa. O ministro tem de sair , alias tem de haver uma remodelaçao do governo porque existem ministros , sec estado e outros que nao funcionam. A geringonça acabou e esta a governar com um golpe de estado palaciano patrocinado pela constituiçao e o novo thomaz com upgrade em com social de lisboa marcelo.

  3. Se o ministro sabia também o Costa sabia, toda a gente sabia, ninguem tem tomates para para tomar decisões de coisas mais graves que qualquer política desta geringonça.
    Pouca vergonha!
    E o Marcelo como sempre completamente enrolado, já com os inecêndios e responsabilizações e indemnizações gozaram com o Presidente.
    Faltade respeito desta geringonça!

  4. Afinal, o que é que é mais importante? Não será descobrir como decorreu o roubo, se o confesso, que está preso, agiu sozinho, ou teve informação e colaboração de outros?

  5. O mais importante era que os partidos e a comunicação não fizessem chicana política e tivessem mais respeito pelo público. Investiguem e informem com seriedade e isenção, deixem-se de especulações espúrias.

  6. Porque a legalidade civil tem dado grandes provas de…legalidade. Sobretudo quando organizam conferências no Estoril para se masturbarem mais à vontade uns aos outros. Tal é o ego.

    “Com demonstrações de força, enfraquecimento do Estado democrático e sua captura por um grupo que se assumiu como incorruptíveis e se arroga do monopólio da defesa da lei e da ordem. Super-polícias, super-juízes, justiceiros típicos dos Estados em desagregação.

    https://www.moveramontanha.pt/article/5bb27817e52ec317bab025f2

    Já agora como é que justificarão desta vez medidas de coação diferentes para dois militares que partilharam comportamentos? Outra vez com uma delação premiada à brasileira? Bastou ouvir Sá Fernandes.

    Numa coisa julgo que concordamos todos. Que o único alvo desta inventona toda foi sempre o Ministro da Defesa. Basta ver o envolvimento do estado-maior do Expresso. Já agora as melhores ao Ferrão.

    Já há uma pergunta que não me sai da cabeça desde que começou esta farsa toda em Tancos. Se gastamos todos tantos milhões com a PMJ que raio tinha o MP que cheirar em Tancos? No interior de um Quartel? Se a PJM não serve para investigar um furto nas suas próprias instalações serve para quê? E a tutela também não diz nada?

    Mas a solução para o poder militar é muito simples. Se é obsoleto acaba-se com o obsoleto. Já solução para uma legalidade civil com uma agenda política claríssima, que subverte os fundamentos do Estado democrático para o transformar num estado judicial, apenas formalmente representativo dos cidadãos e dos seus interesses já não se afigura nada fácil.

  7. Ó P, porque é que o ministro e o Costa não resolveram o imbróglio recatadamente, quando já sabiam de tudo o que se passava?

    A geringonça não se dá com estas confusões não é?

  8. Sabiam de tudo o quê? Do memorando que o delator não sabe onde guardou nem se ficou no gabinete do ministro?

  9. Ó P, a história já stá toda escrita e publicada por todas as televisões, nem é preciso o povo saber mais nada, o governo é que agora vai ter que se desembrulhar e a justiça que faça o que tem a fazer.

  10. A história já está toda escrita e publicada, nem é preciso o povo saber mais nada? Olha que o Expresso só sai amanhã e eles bem precisam de vender papel.

  11. “Ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa admitiu que recebeu o coronel Luís Vieira e o major Brazão, mas nunca percebeu qualquer “indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos”.

  12. Meus, faz sentido pra caraças!

    Foram cometidos três crimes.

    Crime 1: roubo do material.

    Crime 2: encobrimento e cumplicidade com o/s autor/es do Crime 1, com pseudo-achamento do material e não denúncia do/s referido/s autor/es.

    Crime 3: cumplicidade na continuação parcial do Crime 1, materializada no beneplácito dos encobridores à não devolução da parte mais facilmente “comercializável” do material roubado, a saber: as munições de 9 mm.

    Todos sabemos que o ministro anda há mais de um ano a arrastar uma matilha de mabecos grudados às canelas, que acusam o malandro de não ter sido capaz de descobrir e meter no chilindró os autores do Crime 1 no dia imediatamente a seguir ao evento.

    Vai daí, o que acontece? Os principais autores dos Crimes 2 e 3 dirigem-se ao gabinete do ministro e entregam-lhe, dois meses depois do seu cometimento, uma confissão completa e pormenorizada, incluindo ainda, como bónus, a confissão de ser do seu conhecimento a identidade do/s autor/es do Crime 1, ou seja, entregam nas mãos do ministro a possibilidade de, de um dia para o outro, fazer exactamente aquilo que os mabecos pendurados nas canelas se esganiçam há bués em acusá-lo de não ser capaz, oferecendo-lhe de mão beijada uma folga que lhe permitiria finalmente mandar lavar as calças esgatanhadas pela canzoada.

    Vai daí again, o que faz o menístrico? Elementar, meu caro Watson: em vez de aproveitar a possibilidade de uma saída magistral, heróica, triunfal para o problema em que se viu metido, para o qual em nada contribuiu e que lhe envenena a vidinha há meses, opta por uma saída absolutamente genial e (eureka!) comete o Crime 4, que, mesmo que reduzido a dois solitários neurónios gripados, não teria dificuldade em entender que só poderia trazer-lhe inevitáveis e gravíssimos problemas no futuro, sem qualquer benefício potencial, por mínimo que pudesse ser. A saber: decide, voluntariamente, sem que alguém a isso o obrigue, tornar-se cúmplice dos Crimes 1, 2 e 3.

    Pois é, meus, faz bué de sentido! Se um dia destes vos sair o Euromilhões, que ninguém duvide: o que faz sentido é chegar lá abaixo ao rio e atirar o talão premiado aos peixinhos! Elementar, meus caros rebeubéu pardais ao ninho!

  13. «Desde que veio a público a notícia sobre o assalto ao paiol de Tancos …»

    Escreves isto como se estivesse provado que houve mesmo assalto, Valupi. Duvidei disso desde o inicio e o meu cepticismo só tem aumentado com os recentes desenvolvimentos. Com o que isto se parece cada vez mais é com uma inventona para derrubar o MD, isso sim.

  14. E há tantos mas tantos indícios que apontam para uma autêntica farsa. Primeiro a abertura e o rápido arquivamento de um processo no MP que só vem provar que meses antes já anteviam um assalto. E nomeadamente a um quartel na zona de Leiria. Através de escutas e sem que nada fosse transmitido às Forças Armadas?! Depois a Santa Joana que decide entregar a investigação à PJ?! De um roubo no interior de um quartel. Com a inventona de terrorismo!!! Tese que a própria Unidade Anti-terrorismo desmentiu em 90′. Segundo a própria Unidade com informações da própria PJ. E depois de ouvidos os dois principais troféus da guerra PJM-PJ eis que surge finalmente a marca de água deste MP. Passados poucos minutos já todos conhecíamos o depoimento mais conveniente. Chama-se agenda política. Já devem estar em campanha para as próximas legislativas.

  15. Aquilo que sempre previ aqui, está a acontecer: O MP da Joana concebeu e pôs em marcha um plano para tentar não só derrubar o ministro da Defesa, como já é óbvio hoje, mas também, se deus quisesse, para atingir o governo de Costa, que é o objectivo final.

    Esgotadas as potencialidades de golpe político-judicial que o ataque a Sócrates proporcionou à direita até 2015, o MP da Joana passou a explorar o caso de Tancos para tentar atingir Costa — o novo homem a abater, como sempre previ aqui.

    O que ultimamente nos tem sido servido na comunicação social sobre Tancos é a papinha que o DCIAP e o MP da Joana prepararam durante um ano. Um ano, exactamente! O Expresso de hoje diz, não nas parangonas, mas em letrinha pequena, simplesmente isto: “há um ano que a PJ [e o MP da Joana, obviamente] tem conhecimento do esquema montado pela PJM e GNR de Loulé”. Há um ano, note-se bem! E o Expresso revela a fonte desse conhecimento da PJ: “Carta anónima denunciou ao pormenor a operação de recuperação das armas na Chamusca.”

    E que fez durante um ano o MP da Joana? Informou o ministro da Defesa ou o governo da denúncia que lhe terá chegado às mãos? Não, tratou os governantes como adversários e como suspeitos, isto é, como gente susceptível de poder vir a ser envolvida na cabala em preparação. Colocou sob vigilância e escuta um número indeterminado de militares e civis, sabe-se lá se também ministros (via escutas a outros), como se o governo não existisse nem devesse ser informado do que a PJ/DCIAP/MP da Joana tinham conhecimento. Se o ministro da Defesa tivesse sido informado, há um ano que ele poderia ter demitido o director da PJM. Mas o MP da Joana não queria isso. Queria, sim, explorar o caso, fazê-lo render, para poder conspirar contra o governo e tentar atingir Costa. Claro como água.

    Se a isto juntarmos o facto (a que a comunicação social parece não ligar importância alguma) de que a PJ/DCIAP/MP da Joana tiveram conhecimento, seis meses antes do roubo de Tancos, de que estava a ser planeado um assalto a instalações militares no distrito de Leiria, e que esta informação não foi comunicada nem à PJM, nem ao ministro da Defesa, então começamos a ter uma imagem mais completa da autêntica conspiração que o MP tem vindo a levar a cabo desde 2016/2017.

  16. É evidente que o objectivo e alvo final a abater será sempre o PM pois é este que interessa desacreditar para depois atacar pelo “carácter” ou outro lado pessoal e por fim “embrulhar” Costa numa outra inventona preparada até à destruição da persona política e consequente perda de individualidade e cidadania como pessoa.
    E é, também, evidente que a Joana não comunicou a nenhuma hierarquia superior do Estado ou mesmo do Exército mas, não por acaso, pois agora topa-se de caras que D. Cristas estava bem informada dado a sua constante insistência no “caso” e sua obstinada chamada insolente e constante do ministro ao Parlamento para depor.
    Ainda hoje, após a cerimónia do 5 de Outubro, ela sorridente pedia a demissão do ministro porque, como dizia, as suas “suspeitas” confirmaram-se que estavam certas.
    Em política já não há acasos, é como no euromilhões, para poder ganhar tenho de jogar e a Joana & Associados vai jogar até ao fim e talvez mesmo depois como “facilitadora”.

  17. “O Ministério Público já tinha em marcha uma investigação a um possível furto de armas de instalações militares quando os paióis de Tancos foram assaltados há uma semana. O processo foi aberto no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) depois de, entre fevereiro e março deste ano, ter sido recolhida informação que dava conta de um plano para chegar ao armamento de guerra de instalações militares na região centro do país.”

    Exactissimamente Julio. Se o DCIAP investigava há meses denúncias que mencionavam a possibilidade de um assalto a instalações das Forças Armadas com o objectivo de furtar armamento militar, como é que foi possível acontecer o assalto a Tancos? Quando até se devem contar pelos dedos de uma mão quem mexe com armamento militar ilegal em Portugal. Com tanta bufaria ao serviço de Amadeu Guerra e dos seus procuradores no limite bastaria reforçar as rondas em Tancos.

    Como é que foi possível assaltar os paiois

  18. Finalmente, companheiros….. Só agora é que estão a ver – a ver realmente o que se passou com o “episódio Tancos”!
    Estamos a ser afogados com a informação sobre o crime da PJM no encobrimento da “descoberta” das armas … !?!…. Então e nada sabemos do encobrimento da PJ e do MP sobre a informação que tiveram da hipótese de roubo….!?!
    Para mim, cada vez é mais claro que “Tancos” foi mais uma campanha montada contra o Governo, uma vez que os sucessos da legislatura, em números, não podiam ser desmentidos…. E a PJM também é um alvo a atingir….

  19. Há gente aqui de grande«sabedura» como por exemplo «a Jogatana» que afirma que «toda a gente sabia» e que pelos vistos «tem tomates» ao contrário de muita gente , para o afirmar. Terá os «ditos cujos» para provar o que afirma. resolvendo assim um imbróglio, que o deixaria, facilmente de o ser?

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