Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
muito bom. eu ainda estou a mamar a imagem de velocidade que deixa um rasto de opacidade e de desfocagem que o texto, por ser o oposto, me sugere. :-)
O timing destas caldeiradas é maravilhoso.
Primeiro, isolada, a «notícia» de que existem negócios obscuros — envolvendo um lugar, durante uma futebolada, no camarote presidencial do Benfica para um ministro (que por acaso é sócio com lugar cativo grátis) em troca de benesses, que por acaso não são benesses, nem passam por ele, nem pelo seu ministério, para fazer cabeçalhos e pôr a estranja que não conhece este país em polvorosa pelo facto de haver «investigações e suspeitas» à volta do detentor de um alto-cargo na UE, nem percebe bem de quê ou porquê. Tudo isto com convocação prévia de televisões e tudo o mais habitual e ilegal…
Logo a seguir, para evitar o eventual impacto dos desmentidos e gargalhadas, e minimizar a exposição do ridículo, o despejo da caldeirada confusionista, com a mega-operação BENFICA — e olá, se o futebol garante audiências! — à volta de juízes que não alinharam a 100% com o Marquês e dirigentes do dito clube, tudo isso em simultâneo com a súbita — repito: súbita! — descoberta, numa gaveta esquecida aberta por acaso por uma mulher a dias, dos resultados das velhas investigações aos cartões de crédito inerentes a cargos oficiais de figuras do PS que parece que, em tempos, compraram indevidamente livros com eles — só do PS, porque se calhar mais nenhuns deputados tinham cartões desses ou se tinham nunca os usavam, como se está mesmo a ver, não está?…
Quem queira observar a confusão que tudo isto gera e a forma como, perante a opinião pública, se consegue mergulhar o ministro Centeno no cozinhado global, preste atenção às baralhadas que faz o pessoal que telefona para aqueles programas das TVs que ouvem os espectadores…
O mais espantoso de tudo é a impotência a que os políticos — mesmo que tenham a faca e o queijo na mão para reformar a justiça deste país — se encontram, sob a ameaça permanente das organizações terroristas e mafias corporativas do sector.
Manobras políticas escabrosas por parte do Ministério Público?! Não pode ser! Quem, nós?! — dizem eles — que imaginação! que disparate medonho! que maldade execranda!
«Por causa disto, há agora quem tenha na sua posse todas as comunicações eletrónicas do ministro das Finanças? […] Se nós, justiça e jornalismo em Portugal, levamos a sério o que sabemos não ter importância nenhuma, é normal que os outros possam pensar que o presidente do Eurogrupo está metido em sarilhos sérios. Tem muitos séculos: há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar…»
E aí está a mensagem da direita retorcida, de cabeça perdida perante as sondagens: depressa! depressa! um Salazar qualquer p’ra tomar conta das crianças, que largar fogo aos pinhais já não chega! Envenenem os poços! Degolem o Sócrates! O Costa para a roda! Façam qualquer coisa! Olha, prendam o Centeno antes que ele fuja. Boa ideia.
Não esquecer que a tão elogiada Joana Marques Vidal é a PGR em cujo mandato estas coisas sucedem (e se normalizaram). Excelente mandato.
Atenção, Pedro, a Marques Vidal demitida passa ser o último reduto — para a eternidade — da Operação Marquês. Se a malta do costume não conseguir que NÃO seja renovada — enquanto proclama os seus desejos contrários, é claro — lá se vai a grande desculpa que se está a preparar, as «20 Perguntas Que Não Nos Deixaram Fazer — 2ª Edição». Espero bem que seja renovada entre vivas e hossanas, para que não haja desculpas, nem capachinhos a tapar as carecas à mostra.
os populistas da política têm o equivalente perfeito nos populistas da justiça. .. ambos destroem as instituições democráticas. mas ao menos os populistas da política não são hipócritas , reconhecem ao que vão :) os da justiça , minam um dos pilares fundamentais , mas gritam aos 4 ventos , despudoradamente , que é para salvar a democracia
( leia-se os políticos amigos, em tradução livre) . ai jasus , que tema tão maquiavelicamente interessante.
Porque me censuras, Valupi?
(se foi provavelmente o cheiro a vinho do teu ilustre estabelecimento que fez o Meirelles ter uma recidiva após um longa ausência do mundo dos vivos, internamento?)
______
Eric
31 DE JANEIRO DE 2018 ÀS 13:38
O seu comentário aguarda moderação.
Valupi, isso é uma cena de stand-up e do mau.
Onde escrevi «deputados» , leia-se «membros do governo» . Seria interessante saber se cartões de crédito específicos para despesas inerentes aos cargos foi um exclusivo dos governos Sócrates ou não.
Onde escrevi «deputados» , leia-se «membros do governo», são efeitos do néctar Meirelles.
(que acontece nos dias festivos, glup!)
[Nota. A propósito, festejam o quê?]
Gungunhana Meireles, mais 6 anos da senhora e qualquer magistrado que se preze acaba no Telhal já que o Júlio de Matos fechou
No texto do jornalista, temos a falácia da redução ao absurdo .
Algumas notas :
O ministro não devia ter pedido bilhetes .
Deve prevalecer a separação entre política e futebol e entre aquela e a Igreja .
Não é impossível que a “ cortesia feita ao ministro “ não tenha intenções desinteressadas . Assim, criam-se laços de bom ambiente entre as partes, e mais tarde, uma palavrinha ( a famosa e antiga cunha, e um acto de generosidade retribui-se com generosidade ) e um assessor ( estas coisas nunca são tratadas a nível de ministro, tem mais que fazer, e o assessor está lá para essas coisas ) telefona ao Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que por seu turno telefona ao Director Geral da Autoridade Tributária, que por sua vez entra em contacto com o Director de Finanças da área do Chefe da Repartição de Finanças competente para o assunto, este manda chamar o funcionário que tem o processo em mãos, e dá a indicação do que ele tem a fazer .
Tudo isso acima, pode não configurar corrupção ( até porque o caso poderia ser passível de ser decidido a favor do interessado, podendo estar atrasado ) por não existirem os contornos que preenchem a moldura do crime, porém, pode ser feio, no caso de por via da cunha o assunto do interessado passar à frente de outros contribuintes, seja como fôr, o chefe da Repartição, não gosta . Mas, para um político ou para quem gravita à volta da política, um Chefe de Repartição, é um monte de merda, que está ali para ser utilizado, pelos “eleitos do povo”.
Portanto, não se diga que é impossível porque o chefe é que manda ( coitado dele, no dia que ousasse enfrentar a hierarquia, e isto é válido para todos até ao topo da administração, tinha a vida negra até ser afastado para outra freguesia ) nem que seria um absurdo. Não ponho em causa a integridade do Ministro das Centenas, apenas acho que foi imprudente, ponto final ! Se tem problemas assim e assado, que não vá ao futebol ! É mais salutar, haja em vista que muitos expectadores, às vezes saem de padiola, por causa do coração.
Valupi, isso é uma cena de stand-up e do mau.
muito bom. eu ainda estou a mamar a imagem de velocidade que deixa um rasto de opacidade e de desfocagem que o texto, por ser o oposto, me sugere. :-)
O timing destas caldeiradas é maravilhoso.
Primeiro, isolada, a «notícia» de que existem negócios obscuros — envolvendo um lugar, durante uma futebolada, no camarote presidencial do Benfica para um ministro (que por acaso é sócio com lugar cativo grátis) em troca de benesses, que por acaso não são benesses, nem passam por ele, nem pelo seu ministério, para fazer cabeçalhos e pôr a estranja que não conhece este país em polvorosa pelo facto de haver «investigações e suspeitas» à volta do detentor de um alto-cargo na UE, nem percebe bem de quê ou porquê. Tudo isto com convocação prévia de televisões e tudo o mais habitual e ilegal…
Logo a seguir, para evitar o eventual impacto dos desmentidos e gargalhadas, e minimizar a exposição do ridículo, o despejo da caldeirada confusionista, com a mega-operação BENFICA — e olá, se o futebol garante audiências! — à volta de juízes que não alinharam a 100% com o Marquês e dirigentes do dito clube, tudo isso em simultâneo com a súbita — repito: súbita! — descoberta, numa gaveta esquecida aberta por acaso por uma mulher a dias, dos resultados das velhas investigações aos cartões de crédito inerentes a cargos oficiais de figuras do PS que parece que, em tempos, compraram indevidamente livros com eles — só do PS, porque se calhar mais nenhuns deputados tinham cartões desses ou se tinham nunca os usavam, como se está mesmo a ver, não está?…
Quem queira observar a confusão que tudo isto gera e a forma como, perante a opinião pública, se consegue mergulhar o ministro Centeno no cozinhado global, preste atenção às baralhadas que faz o pessoal que telefona para aqueles programas das TVs que ouvem os espectadores…
O mais espantoso de tudo é a impotência a que os políticos — mesmo que tenham a faca e o queijo na mão para reformar a justiça deste país — se encontram, sob a ameaça permanente das organizações terroristas e mafias corporativas do sector.
Manobras políticas escabrosas por parte do Ministério Público?! Não pode ser! Quem, nós?! — dizem eles — que imaginação! que disparate medonho! que maldade execranda!
Recomenda-se a quem ainda não perdeu a noção do ridículo da vida politico-jurídica portuguesa:
https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-da-direcao/interior/centeno-o-benfica-e-os-romanos-9083408.html
«Por causa disto, há agora quem tenha na sua posse todas as comunicações eletrónicas do ministro das Finanças? […] Se nós, justiça e jornalismo em Portugal, levamos a sério o que sabemos não ter importância nenhuma, é normal que os outros possam pensar que o presidente do Eurogrupo está metido em sarilhos sérios. Tem muitos séculos: há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar…»
E aí está a mensagem da direita retorcida, de cabeça perdida perante as sondagens: depressa! depressa! um Salazar qualquer p’ra tomar conta das crianças, que largar fogo aos pinhais já não chega! Envenenem os poços! Degolem o Sócrates! O Costa para a roda! Façam qualquer coisa! Olha, prendam o Centeno antes que ele fuja. Boa ideia.
Não esquecer que a tão elogiada Joana Marques Vidal é a PGR em cujo mandato estas coisas sucedem (e se normalizaram). Excelente mandato.
Atenção, Pedro, a Marques Vidal demitida passa ser o último reduto — para a eternidade — da Operação Marquês. Se a malta do costume não conseguir que NÃO seja renovada — enquanto proclama os seus desejos contrários, é claro — lá se vai a grande desculpa que se está a preparar, as «20 Perguntas Que Não Nos Deixaram Fazer — 2ª Edição». Espero bem que seja renovada entre vivas e hossanas, para que não haja desculpas, nem capachinhos a tapar as carecas à mostra.
os populistas da política têm o equivalente perfeito nos populistas da justiça. .. ambos destroem as instituições democráticas. mas ao menos os populistas da política não são hipócritas , reconhecem ao que vão :) os da justiça , minam um dos pilares fundamentais , mas gritam aos 4 ventos , despudoradamente , que é para salvar a democracia
( leia-se os políticos amigos, em tradução livre) . ai jasus , que tema tão maquiavelicamente interessante.
Porque me censuras, Valupi?
(se foi provavelmente o cheiro a vinho do teu ilustre estabelecimento que fez o Meirelles ter uma recidiva após um longa ausência do mundo dos vivos, internamento?)
______
Eric
31 DE JANEIRO DE 2018 ÀS 13:38
O seu comentário aguarda moderação.
Valupi, isso é uma cena de stand-up e do mau.
Onde escrevi «deputados» , leia-se «membros do governo» . Seria interessante saber se cartões de crédito específicos para despesas inerentes aos cargos foi um exclusivo dos governos Sócrates ou não.
Onde escrevi «deputados» , leia-se «membros do governo», são efeitos do néctar Meirelles.
(que acontece nos dias festivos, glup!)
[Nota. A propósito, festejam o quê?]
Gungunhana Meireles, mais 6 anos da senhora e qualquer magistrado que se preze acaba no Telhal já que o Júlio de Matos fechou
No texto do jornalista, temos a falácia da redução ao absurdo .
Algumas notas :
O ministro não devia ter pedido bilhetes .
Deve prevalecer a separação entre política e futebol e entre aquela e a Igreja .
Não é impossível que a “ cortesia feita ao ministro “ não tenha intenções desinteressadas . Assim, criam-se laços de bom ambiente entre as partes, e mais tarde, uma palavrinha ( a famosa e antiga cunha, e um acto de generosidade retribui-se com generosidade ) e um assessor ( estas coisas nunca são tratadas a nível de ministro, tem mais que fazer, e o assessor está lá para essas coisas ) telefona ao Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que por seu turno telefona ao Director Geral da Autoridade Tributária, que por sua vez entra em contacto com o Director de Finanças da área do Chefe da Repartição de Finanças competente para o assunto, este manda chamar o funcionário que tem o processo em mãos, e dá a indicação do que ele tem a fazer .
Tudo isso acima, pode não configurar corrupção ( até porque o caso poderia ser passível de ser decidido a favor do interessado, podendo estar atrasado ) por não existirem os contornos que preenchem a moldura do crime, porém, pode ser feio, no caso de por via da cunha o assunto do interessado passar à frente de outros contribuintes, seja como fôr, o chefe da Repartição, não gosta . Mas, para um político ou para quem gravita à volta da política, um Chefe de Repartição, é um monte de merda, que está ali para ser utilizado, pelos “eleitos do povo”.
Portanto, não se diga que é impossível porque o chefe é que manda ( coitado dele, no dia que ousasse enfrentar a hierarquia, e isto é válido para todos até ao topo da administração, tinha a vida negra até ser afastado para outra freguesia ) nem que seria um absurdo. Não ponho em causa a integridade do Ministro das Centenas, apenas acho que foi imprudente, ponto final ! Se tem problemas assim e assado, que não vá ao futebol ! É mais salutar, haja em vista que muitos expectadores, às vezes saem de padiola, por causa do coração.