Tem juizinho

O que é natural num primeiro-ministro que não tem maioria é que antes de o apresentar [o Orçamento de Estado] abra negociações com os partidos para ver quais são as suas propostas, qual é a margem de manobra e qual é o caminho que quer seguir.

Portas

*

Portas recusou qualquer forma de parceria com o Governo antes deste apresentar o Programa para aprovação parlamentar, apesar de ter sido convidado a propor as suas condições para tal. De seguida, o CDS não rejeitou o Programa aquando da sua discussão no Parlamento, pelo que foi parte da investidura formal do Governo. Creio que estes nexos políticos e constitucionais não carecem de especial inteligência para serem entendidos. Agora, Portas diz que o Governo tem de negociar passo a passo, seja o que for que pretenda fazer. Quer-se dizer, o Programa do Governo é, na prática, aquilo que resultar das negociações com a nova maioria. O voto dos portugueses, que escolheu o Programa do PS transportado para o Programa do Governo, não vale nada. Isto porque estas luminárias da República decidiram que o eleitorado prefere ser governado pelo conjunto dos deputados que se sentam à esquerda e à direita do partido que ganhou as eleições.

Repare-se que Portas fulaniza a questão em Sócrates, referindo-do a um primeiro-ministro que não tem maioria, que não dialoga com ninguém , que é queixinhas. Portas quer é lidar com o Primeiro-Ministro, um mano-a-mano de vedetas, fatiando a Nação. O universo político de Portas transformou-se há muito nesta papa subjectivista e de chinelo. O homem que sonhava com jornalismo independente e um PP ambicioso, o homem que prometia liderar a direita reformista, não passa, afinal, de um cortesão assanhado e excitadiço.

26 thoughts on “Tem juizinho”

  1. Se o OE não passar e for o conjunto das propostas dos partidos parlamentares, todos, a quem vai o eleitorado pedir responsabilidades pelos resultados da governação? O povo fica sem alternativa de governo. Melhor dizendo: a alternativa passa a ser a maioria absoluta que se segue. Espero que o PS saiba desmontar convenientemente estes arroubos estúpidos da oposição. Se o ministro dos assuntos parlamentares e até o próprio presidente da AR não puserem os pontos nos ii o eleitorado vai ficar baralhado de vez. É um dever do senhor ministro Lacão não se calar, ainda que tenha de dar uma confrencia de imprensa todos os dias. Não podem permitir que uns estroinas quaisquer rebentem com o resto da credibilidade do Parlamento. Se o não fizerem, são cumplices da anarquia. E fazem o jogo do PR, que entrou em campanha eleitoral e de forma rasca, comparando o TGV e o trabalho dos jovens…
    E já agora: do Jaime Gama não esperem nada, que ele acha bem que mais palhaço menos palhaço fica tudo bem na AR. Autómatos é que não. Foda-se! Ainda querem que os homens da justiça tenham um pouco de respeito pelo segredo de justiça!

  2. O nosso amigo Paulinho está cada vez mais nervosinho. É vê-lo na AR, na bancada parlamentar aos pulinhos, rejubilando cada vez que tem a oportunidade de estar frente-a-frente com o Sócrates, cada vez que fareja um hipótese de protagonismo.
    O nosso Paulinho é assim uma espécie de emplastro, mas com mais pedigree. Desde que seja para estar ao lado do poder, até com o BE fazia uma aliança perpétua.

  3. A oposição não tem de fazer a vontade ao Governo por isso ser oposição, é preciso ser muito idiota para não perceber isso

  4. Novas oportunidades, a maior parte continua no desemprego, nem todos podem supostamente fazer cursos de engenharia duvidosos

  5. Daniel, qual é o problema de querer estar no poder? Não é isso que querem o PSD e o PS?

    Se fosse como, o CDS diz ter-se-ia coligado com o PS.
    Vou revelar-lhe um segredo, com a excepção do PSD, o CDS foi o único partido que estave em condições de de garantir maioria parlamentar juntamente com o PS.

    Se fosse tanta a fome de poder tinha-se coligado, não te parece?

  6. Pois, é que os eleitores que votaram no CDS reforçaram o partido, aumentaram o número de deputados, enfim, mais um pouco e rebentavam com o ego do Paulo Portas. Os que votaram no PS, são eleitores muito complexos, estavam a pôr a cruzinha e, simultaneamente, a rezar para que o PS perdesse as eleições, ou que Sócrates perdesse a maioria, pronto. Não sabiam muito bem o que estavam a fazer e, no fundo, queriam era dar mais poder à oposição. Ainda bem que temos líderes da oposição capazes de interpretar correctamente o verdadeiro sentido de voto destes infelizes…

  7. “Quer-se dizer, o Programa do Governo é, na prática, aquilo que resultar das negociações com a nova maioria”-

    Não é bem , o programa do governo é o que resultar das negociações na AR , e é assim que deve ser em Democracia.
    ( acho que devem frequentar umas quaisquer novas oportunidades de teoria política , ainda vão a tempo de aprender )

  8. Caro, Ibn Erriq

    Parece-me, de facto. Contudo, acho que ao Paulo Portas não lhe interessa o Poder pelo Poder. Interessa-lhe muito mais o protagonismo. E o facto de não se coligar, permite-lhe neste momento, obter também o tal protagonismo. Afinal, muitos quererão saber o que o Paulinho irá fazer.
    Para além disso, quer queiramos quer não, neste momento, enquanto oposição acaba por ter poder na mesma.

  9. Daniel,
    protagonismo não é aquilo que todos os políticos procuram? Protagonismo implica visibilidade, que por sua vez dá ideia de muito trabalho e obra feita, logo mais votos!

    Acho que o momento actual, implica muito mais responsabilidade da oposição e do governo.
    Parece-me que o tempo não é o ideal para desvarios e temo que passemos à fase dos maus pais divorciados. Ou seja, o governo e a oposição vão querer dar a ideia de bonzinhos para ver qual deles conquista o “amor” dos portugueses! No entanto, estão a hipotecar o nosso futuro.

  10. mf, eu, por mim, não troco as suas preciosas lições de teoria política e de democracia por umas quaisquer novas oportunidades. Deixe-me cá ver se percebi a lição de hoje, acho que estou aqui com uma dúvida. O Programa do Governo deve resultar das negociações na AR, então, para quê a necessidade de eleições e a trabalheira de votarmos os programas dos respectivos partidos? Muito mais simples e barato é decidirem lá entre eles o Programa e o Orçamento e deixarem-nos em paz. Ainda nos descuidamos outra vez e damos maioria absoluta a algum partido, o que é profundamente anti-democrático. Isto já tinha aprendido noutra lição.

  11. Penso que não é difícil de perceber : 63 .45 % dos votantes votaram em outros programas eleitorais que não o PS. devem resignar-se à vontade ( relativa ) dos outros 36,55 % ? ou devem exigir aos seus representantes que façam o trabalho para que foram eleitos e zelem pelos seus interesses ? A Assembleia é o centro da Democracia , não o governo. e o ps não se resume ao governo , tem na assembleia um bom número de deputados. façam também o seu trabalho. os bancos não estão lá para eles dormirem a sesta.

  12. mf,

    qual é o projecto comum desses 63.45% que o povo escolheu? Somando muitos bocadinhos obtemos um governo ou um partido ou um projecto? Ou obtemos o direito de não nos “resignarmos” à escolha feita nas urnas no sentido de apontar um partido maioritário para governar? E se esse partido tiver maioria absoluta?

  13. o projecto comum dos 100 % de votantes surgirá das negociações e trabalhos e do possível consenso entre esses bocadinhos que representam os bocadinhos de que é composta a população.
    e para isso que existe Assembleia. se não votávamos logo num governo com uma dezena de ministros e poupávamos o ordenado de 230 deputados e a manutenção do edificio do hemiciclo. é que se estes últimos são para enfeite mais valia uma jarra com flores.

  14. Ibn Erriq,

    Sem dúvida. Contudo, ainda assim uns procuram mais protagonismo do que outros e, o Paulinho está no topo.
    Concordo com a ideia final. Já é isso que está a acontecer e penso que tenderá a piorar. No final de tudo, os intervenientes destas birras políticas terão uma reforma dourada e os restantes mortais estarão a ver navios.

  15. mf

    “A Assembleia é o centro da Democracia , não o governo.”

    Que forma tão original de ver a democracia. Não sabia que a democracia tem um centro e muito menos que há orgãos de soberania mais democráticos do que outros.

  16. Eduardo, no Aspirina pratica-se a imoderação. Nunca se fez moderação dos comentários, a não ser aquela que decorra do óbvio inaceitável: “spam”, racismo, nazismo, demência repetitiva, verdadeiras ofensas, ilegalidades.

  17. mf* então o tremeliques que convide os 63 virgula qualquer coisa por cento a formar governo para sermos todos felizes.

  18. A propósito de tremeliques, o homem está cada vez pior.

    Diz Cavaco: “Não entro nos jogos que possam fazer aumentar a tensão no país, nisso eu não entro”.

    Cavaco a aumentar a tensão no país? Nã…só por motivos de força maioríssima, como manobras de inventonas de espionagem do governo a Belém e caso de computadores que podem não ser totalmente seguros!

    “É um exagero total entrar no domínio da dramatização. Não podemos deixar de confiar no bom senso das forças políticas”, diz ele.

    Lá está, dramatização não faz sentido, a não ser que seja necessário parar o país para comunicações ao mesmo sobre o perigo em que se encontar o regime democrático por causa do estatuto dos Açores…

    “Em declarações aos jornalistas no final da inauguração do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, no Porto, que contou com a presença da ministra da Cultura, Cavaco Silva evitou falar no incidente que ocorreu esta semana na Assembleia da República, na primeira reunião da Comissão Parlamentar de Saúde, entre Maria José Nogueira Pinto (PSD) e Ricardo Gonçalves (PS), mas foi dizendo que nem todos gostam do que se passa no Parlamento. “Podem não gostar, mas a AR é o centro por excelência democracia, às vezes alguns não gostam muito daquilo que lá se passa, mas é bom não esquecer que os deputados são os representantes do povo”, acrescentou o chefe de Estado.

    Pois, a não ser que os deputados ou mesmo os membros do governo sejam do PS e façam gestos feios e nesses casos já merecem manifestações de estupefacção e de preocupação do PR.

    Coerente e totalmente imparcial, este nosso cavaco, este nosso presidente de todos os portugueses. O que nos faz pensar que os portugueses são cada vez menos.

  19. Eddie, atenta bem na frase “Não entro nos jogos que possam fazer aumentar a “tensão” no país, nisso eu não entro”. Agora vê bem o lado pudico e freudiano da mesma :))
    É um castrador nato. A Manuela é um virago.

  20. Para o Val : acho que o ´´obvio inaceitável “é também o uso inapropriado de palavrões, como fez hoje um “comentadeiro” acima…., e não para outros fins como sugeriu o J.

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