Telebarbaridade

Dua Khalil, 17 anos, foi morta com pedras e pontapés. Foi filmada em telemóveis por aqueles que a matavam. Os mesmos que a viram nascer, que eram da sua família, da sua tribo. O crime era o amor.

Têm razão os que se insurgem contra o suposto conflito de civilizações. Nunca houve um conflito de civilizações, nem tal poderá alguma vez existir. O que há é um conflito pela Civilização. E chegou o tempo de libertarmos as mulheres das garras dos bárbaros .

37 thoughts on “Telebarbaridade”

  1. ainda esta semana vi um triste espectáculo destes em lisboa.

    desculpem lá se o meu termo ‘triste espectáculo’ fere algumas susceptilidades mas acho que se devia criar uma associação para libertar as mulheres das garras dos bárbaros, incluíndo os portugueses.

  2. estas coisas da sharia são de uma obscenidade incrível, pobre moça. Mas não sei o que se pode fazer. O Maomé era fdp que eu tenho ali uma biografia.

  3. No andar debaixo do meu, uma senhora quase todos os dias é violentamente agredida pelo marido. A polícia chega a ser chamada 3 vezes numa noite.
    No andar debaixo da casa da minha namorada, a mesma coisa acontece, com a agravante que têm 4 filhos. Valupi, posso dar-te a morada para ires lá resolver aquilo, equipado com a civilização Ocidental.
    Ah, esqueci-me de um pormenor: elas são as primeiras a defender os agressores, e recusam-se a admitir que são espancadas.

  4. João: repara que apenas estás a dar razão ao Valupi. «Nunca houve um conflito de civilizações, nem tal poderá alguma vez existir. O que há é um conflito pela Civilização» – não percebo, por isso, essa alusão à «civilização ocidental».

  5. Quando na Península Ibérica, que em conjunto tem a 7ª economia do mundo, morre 1 mulher em cada 2 dias vítima de violência doméstica, falar de barbaridade num país que vive na mais extrema pobreza, devastado pela guerra que advogava vir trazer-lhes aquilo que o Valupi pretende (civilização) é hipócrita.

    E, João Pedro Costa, o que o Valupi pretendia, e que se lia nas entrelinhas, toma forma no comentário totalmente desinformado e mesmo néscio do Py: demonizar o Islão.

    Esqueceu-se de mencionar que o assassinato não foi motivado pela Sharia e quem o perpetrou não acreditava em Maomé.
    Pelo contrário, a rapariga foi assassinada por Yazidis por se ter convertido ao Islão.

    Mas o que o Valupi pretendia não era informar, nem sequer motivar uma discussão informada. O seu propósito era ilustrar que para aqueles lados de Maomé há bárbaros (ao contrário de nós, que só matamos as nossas mulheres dia sim dia não).

    Falando em civilização, democracia, capitalismo, lucro. Que tal dar uma olhadela nisto:

    http://www.exile.ru/2007-February-08/mass_indifference.html

    Isto foi na Rússia, que foi civilizada pelos padrões do Valupi.

    (Não era o Valupi que queria que as mulheres fossem presas durante 3 anos por abortarem um embrião ?)

  6. eh pá, tudo bem em dizeres o que pensas, néscio incluído. Eu não demonizo o Islão mas o fundamentalismo islâmico.

    Pensava sinceramente que aquilo era um caso de sharia, a lapidação é tipicamente um modus operandi da sharia, na Nigéria, no Paquistão, etc.

    Na biografia que tenho ali na mesa de cabeceira (fiquei a meio, hei-de voltar a pegar-lhe um dia destes), escrita por um francês rigoroso, maomé mandou matar uma poetisa que dormia entre os 5 filhos, porque tinha escrito uns poemas inconvenientes para a causa. Isto está nos antípodas do gesto de Cristo em relação à Madalena, que sempre gostei muito, embora nem baptizado seja, ainda bem.

    E a posição genérica do islão sobre a homossexualidade causa-me não só nojo, como me chama à luta.

    Luta, portanto.

  7. Mas aproveito para dizer que agora vou nadar, e mais tarde voltarei. Quanto a isso de encomendares a outros que resolvem problemas que ocorrem na tua vizinhança topológica, deixa-me dizer-te que cabe-te a ti resolvê-los, ou pelo menos fazer por isso, por uma questão de proximidade, ou, se preferires, num quadro mais lato, subsidariedade e solidariedade.

  8. Em primeiro lugar, acho que «Conflito de Civilizções» é mais um daqueles conceitos «pós-modernos» tão vagos que, como escreve Francis Wheen é «tão sedutoramente simples que pode ser compreendido e discutido até por políticos idiotas ou apresentadores de programas de televisão». Posto isto, acho que confundir apedrejamentos até à morte com cenas de pancadaria no andar de cima (mesmo que essas cenas, um dia, até possam resultar em morte) é sintoma de miopía perigosa. Se me dessem a escolher, eu preferia ter um marido violento que me cobrisse de nódoas negras a enfrentar um piquete de pedras que ao terceiro lançamento já me tivesse deixado moribunda. Até porque, no primeiro caso, quem sabe um dia eu me decidia a fugir, pelo menos para o andar de baixo?

  9. As paneleiras resolveram espetar mais um ferrão corriqueiro no Islão. Começou pelo homem do “post” que se esqueceu, talvez esperançado que ninguém note, que lapidações eram já há milhentos o prato do dia no Velho Testamento. Valerá a pena mencionar raças ou credos para dar um nome aos entusiastas desse “desporto” nesses tempos?

    O Py é um peixinho do mar. Uma Ludovina que provavelmente nunca ouviu falar nas dozes tribos nem nunca aprendeu a distinguir entre fariseus e filistinos. Este gajo lê a Bertrand ou a Assírio, depois dum trabalho de selecção que o deixa sem fôlego – tal a arte e cuidado em não ser enganado – e toca sempre punheta com a mão favorita. A quem pertencerá o martelo é motivo para congeminações que tenho a certeza não o ofenderão.

    Pois: Fuck this post e passemos ao next.

  10. tens razão, nas dozes nunca ouvi falar, só nas doses. Quanto à mão está certo, quando é a minha. Quanto à paranóia global daqueles sítios, começou quando os sumérios deram cabo do fundo de fertilidade do solo com o sistema de rega e a salinização. Quanto ao mertelo também não me preocupo, ressalta e de la tosca passamos à traviatta. me gusta mas.

  11. Dama de Espadas

    Tens razão. Há bárbaros com BI português.
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    Anonymous

    Espero que sim.
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    py

    O caso não se relaciona com o Islão, sequer com qualquer religião identificável. É apenas relativo à natureza humana e ao destino da Humanidade.
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    João

    Manda aí a morada. Para tua vergonha, há quem não se limite a virar as costas ao sofrimento e miséria dos vizinhos. Aliás, é de grande tontice vangloriares-te da tua impotência. Estarás, com certeza, em pior situação moral do que a das mulheres que chutaste para a derrota do conformismo. Elas poderão ser uns farrapos, vítimas de tudo e de todos. Tu, sentando o cu frente aos blogues, és vítima só de ti próprio. Não tens desculpa.

    Creio também que és um imbecil. Creio até que o sabes, pois és um tipo informado. Para ti, a “civilização” é esse composto de “democracia, capitalismo, lucro”, a qual tenta à força montar barraca no Iraque. Essa peculiar conceptualização explica, lá está, a tua passividade anti-capitalista perante as barbaridades primeiro-mundistas a perseguirem-te em andares de baixo.

    Onde para além de imbecil te revelas bestial é na hermenêutica das entrelinhas. Conseguiste ler que eu pretendia demonizar o Islão e atribuir-lhe o monopólio dos bárbaros. E atingiste esse grau de presciência num texto que traz um facto ocorrido em Abril, abundantemente documentado e comentado, acessível a qualquer pessoa online. Tenho então de concluir que tu imaginas que os blogues são meios de transformação quântica da realidade, substituindo-se às outras fontes informativas e levando ao seu desaparecimento. Felizmente, estavas atento, estavas por perto, e vieste salvar esta desvalida comunidade, na qual eu sonegava decisivos elementos do episódio. Como depois transformas a minha completa ausência de referências ao Islão, ao Iraque, ao Corão (sequer identifico a tribo e o contexto das “mortes de honra”) numa intenção simetricamente oposta, confesso que te acho, pois, bestial; ou seja, bestialmente imbecil.

    Quanto ao aborto, acertas: matar por matar, ou matar por motivos fúteis, deveria levar à prisão.
    __

    Ana Cristina Leonardo

    É isso mesmo. O chocante não é a morte em si (o morrer), sequer o meio (lapidação), antes o júbilo, a turba, a “lei”, a alucinação de reduzir a morte a uma imagem para exibição lúdica.

    No entanto, neste caso fui transportado para a cena evangélica onde Jesus impede uma lapidação. Como se esta morte tivesse contornos de sacrifício, semente de transformações futuras.

    Quanto ao teu snobismo inicial, tem graça.
    __

    La Tosca Nina

    Um ferrão espetaste tu no único neurónio que ainda tinhas a funcionar.

  12. sou nova por aqui (este blog).

    o grau de violência e insulto entre comentadores e postadores que encontro nesta caixa de comentários é o habitual nesta casa?

    agradecia confirmação ou infirmação (será sempre mais rápido do que ter que ler o blog todo para aferir por mim mesma).

  13. De facto desta escorreguei, só tinha visto metade e não tinha ouvido, estava com o som desligado. Ou seja falhou o ‘ouvisto’ e identifiquei levianamente com a sharia islâmica.

  14. sem-se-ver:

    sou novo nisto (esta nossa interacção).

    o grau de desinteresse e vacuidade que encontro na sua pergunta é o habitual na sua pessoa?

    Agradecia confirmação ou informação (será sempre mais rápido do que ter que ler o seu blog todo para aferir por mim mesmo).

  15. …E chegou o tempo de libertarmos as mulheres das garras dos bárbaros…

    —» E aonde é que está a autoridade moral para isso?
    —» Sim! Aonde é que está a autoridade moral para isso?

    ANEXO: Os Incapazes viraram uns Palhaços-Éticos

    —» Várias sociedades europeias possuem muitos méritos…, no entanto, a glorificação dessas sociedades… é um manifesto exagero!!!
    —» De facto, muitas sociedades europeias… são sociedades de INCAPAZES (sim, Incapazes!) de construir uma SOCIEDADE SUSTENTÁVEL(*)… sem ser à custa da Repressão dos Direitos das Mulheres!!!
    { (*) -> como é óbvio, uma sociedade sustentável é uma sociedade dotada da capacidade de renovação demográfica }

    —» Ora, com o fim da Repressão dos Direito das Mulheres… muitas sociedades europeias deixaram cair a sua máscara: a capacidade de renovação demográfica sumiu-se… e os Incapazes viraram uns Palhaços-Éticos! De facto:

    -1- Os Palhaços-Éticos entendem que a resolução do problema demográfico deve ser feita através da importação de imigrantes;

    -2- Os Palhaços-Éticos criticam a Repressão dos Direitos das Mulheres… mas depois (como quem não quer a ‘coisa’)… procuram aproveitar a boa ‘produção demográfica’ que é proveniente de povos aonde existe uma grande Repressão dos Direitos das Mulheres!
    { nota 1: os Palhaços-Éticos querem curtir abundância de mão-de-obra servil imigrante, e querem curtir a existência de alguém que pague as pensões de reforma… apesar de… nem sequer constituírem uma sociedade aonde se procede à renovação demográfica!!!
    nota 2: a MAIORIA dos europeus são uns ‘dignos’ herdeiros das sociedades europeias do passado (sociedades de exploradores de escravos) -> eles (a maioria) adoram realizar negociatas de lucro fácil à custa de alienígenas (leia-se, não-nativos) }

    -3- Para aproveitar resquícios do tempo em que a Repressão dos Direitos das Mulheres garantia uma ‘boa produção demográfica’… os Palhaços-Éticos alteraram a Lei da Nacionalidade…

    -4- Mais, quando se fala na constituição de sociedades sustentáveis (isto é, sociedades dotadas da capacidade de renovação demográfica) sem ser à custa da Repressão dos Direitos das Mulheres, e em sociedades aonde não se realizam negociatas de lucro fácil à custa de alienígenas ( um exemplo: Espaços de Reserva Natural -> ver http://separatismo–50–50.blogspot.com/ )… os Palhaços-Éticos mostram-se altamente indignados!…
    { nota: como a substituição populacional (que está em curso na Europa) deve ser considerada um «processo absolutamente natural»…… consequentemente…… a maioria (vulgo Palhaços-Éticos -> os ‘dignos herdeiros’) é INTOLERANTE para com qualquer povo que defenda a preservação/sobrevivência da sua Identidade }

  16. eh pá, eu só venho à kpk.

    prymos (o y é para não fazer abuso da v. família estrita), já chegou hoje o meu equipamento de visão nocturna, vou brincar agora.

  17. cara sem se ver,

    agradeço a sua ilustrativa e esclarecedora resposta.

    fique em paz (se conseguir, comece consigo mesmo).

    ana cristina leonardo:eu, a irritar-me? Só me divirto com estas coisas. Um verdadeiro exercício zen. :-)

  18. sem-se-ver

    Fazes uma pergunta que tem tudo para suscitar respostas esclarecedoras, mas não de mim. Terás de ser tu a responder a ti própria, pois eu não sei onde está a violência (mesmo o insulto) que afirmas detectar nestes comentários. A mera palavra “violência” pede uma rigorosa aplicação, por respeito para com as suas vítimas – não achas?… E quanto aos insultos, doentes serão os que se declararem insultados por anónimos caracteres – não achas?…

    Dito isto, rogo-te que não mistures os meus excelsos, e educados, colegas nos meus desvarios. É que, se não me voltares a ler, posso garantir que nada terás perdido que valha. O mesmo não diria da rapaziada que me prestigia no convívio.
    __

    pvnamm

    Espero que já tenhas consulta marcada.

  19. Só para os mais ‘distraídos’:

    A origem do TABÚ-SEXO

    Nos tempos mais remotos da existência humana, o ser humano viveria duma forma em tudo semelhante à de outros animais mamíferos do planeta Terra. Consequentemente, podemos dizer que, nesses tempos mais remotos, as fêmeas humanas teriam possuído toda a Liberdade e Independência.

    Depois, mais tarde, pela necessidade de luta pela sobrevivência, ou pela ambição de ocupar e dominar novos territórios, alguém fez uma descoberta extraordinária: A REPRESSÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES!
    A Repressão dos Direitos das Mulheres tinha como objectivo tratar as mulheres como uns meros ‘úteros ambulantes’… para que as sociedades ficassem dotadas duma Vantagem Competitiva Demográfica!!!
    De facto, quando as guerras eram lutas ‘corpo-a-corpo’ o factor numérico (número de combatentes disponíveis) era de uma importância decisiva… visto que esse factor era (frequentemente) determinante na decisão das Batalhas (e das Guerras).

    Depois, pela necessidade de luta pela sobrevivência, ou pela ambição de ocupar e dominar novos territórios, alguém fez uma nova descoberta extraordinária: O TABÚ-SEXO!
    O Tabú-Sexo tinha como objectivo proporcionar uma melhor Rentabilização dos Recursos Humanos da Sociedade!!! De facto, o Ser Humano não é nenhum Extraterrestre: tal como acontece com muitos outros animais mamíferos, duma maneira geral, as fêmeas humanas são ‘particularmente sensíveis’ para com os machos mais fortes…
    Analisemos o Tabú-Sexo:
    – a sociedade dificultava o acesso das mulheres à independência económica;
    – as mulheres que não casassem eram alvo de crítica social;
    [portanto, como é óbvio, as mulheres eram pressionadas no sentido do Casamento];
    – não devia haver sexo antes do Casamento;
    – as mulheres não deviam procurar obter prazer no sexo;
    – as mulheres que se sentissem sexualmente insatisfeitas, não podiam falar nesse assunto a ninguém, pois o desempenho sexual dos machos não podia ser questionado;
    – era proibido o divórcio.
    Conclusão óbvia: o Verdadeiro Objectivo do Tabú-Sexo eram montar uma autêntica armadilha às fêmeas… de forma a que estas fossem conduzidas a aceitar os machos sexualmente mais fracos!!!

  20. o meu equipamento é russo!

    amanhã dou a minha perspectiva sobre esta coisa, o que está em causa, a meu ver, são estratégias de sustentação de populações viáveis em contextos de recursos escassos e competição de estirpes

  21. Ai, ai, as promessas são para cumprir, e vamos lá a isto, não me livro de uma dor de korno seja como for.

    Uma vez estive a falar com uma mulher que tinha estado uns bons anos presa e que sintetizou tudo numa frase: ‘nós somos capazes do melhor e do pior’.

    Falando do melhor, tanta coisa se poderia dizer, fique a homenagem ao rapaz de Famalicão da Serra que o ano passado se meteu às chamas para tentar salvar os colegas chilenos que tinham ficado cercados. Morreu com eles.

    Em termos de movimentos colectivos fique a memória de que Portugal foi pioneiro (ou um dos) na abolição da pena de morte civil, creio que no breve reinado de Pedro V, por petição popular, fartos de ver os corpos estrebuchar nos pelourinhos. A última vitima foi uma mulher, que eu saiba.

    Falar do pior não é necessário, está no vídeo.

    Quando estive no México, acabei por ter uma revelação em Chichen Itza.

    A narrativa da cultura nahuatl é o Popul Vuh, um livrinho onde se contam as histórias da ‘criação’: os deuses andaram lá a fazer experiências e às tantas conseguiram fazer o bicho-homem a partir de milho. O bicho-homem foi feito para os celebrar. O milho, Zea mays, é pois um elemento essencial daquela cultura, venerado nos adornos e nos templos. Para quem viu o Apocalypto lá estavam os campos de milho. O milho é uma planta de grandes crescimento e produtividade, tem uma via metabólica turbo para fazer fotossíntese, através de uma enzima que é a PEP-carboxilase (fosfoenolpiruvato). Em síntese é uma planta muito produtiva, em termos alimentares, mas muito exigente em condições de substracto, nutrientes do solo e água.

    O padrão característico das cidades_estado dos povos meso-americanos é típico: vinham escorraçados de não-sei-onde, no embate com outras tribos, chegavam a um sítio novo, e iam dizimando a floresta tropical e fazendo campos de cultura de milho; nos primeiros anos os solos tropicais são muito produtivos, depois vira o pH e com reacções de oxidação aquilo fica bloqueado. Ou seja: as cidades_estado, da civilização da pedra, cresciam acima da capacidade de sustentação do meio e dava para o torto, funcionavam as dinâmicas malthusianas de retroacção. De entre essas dinâmicas, tinham particular significado os rituais sacrificiais. Em Chichen Itza, que eu saiba foram encontrados restos de 42 pessoas no poço dos sacrifícios. Aí eram donzelas que eram atiradas para apaziguar Tlaloc, o deus das chuvas (Tlaloc é a designação asteca).

    No Apocalypto faz-se uma transposição abusiva da escala sacrificial dos Aztecas para os Mayas. Existem relatos de sacrifícios em barda, aos milhares, em Tenochtitlan (capital dos Aztecas), sobretudo feitos a Huitzilopochtli, o deus da guerra, equiparáveis ao que se via no filme, alimentados pela guerra florida (Xochiyayotl).

    Em qualquer caso, o sacrifício da geração reprodutora, nos modelos matemáticos da Ecologia das Populações, só quer dizer uma forma de reequilibrar a população de acordo com a capacidade de sustentação do ecossistema, que contém o habitat, e que baixou – reajustar a pegada ecológica no sistema para um novo equilíbrio. Ceifam-se vidas no imediato, e também se contraria a reprodução nos tempos mais próximos. Não é por acaso que os sacrifícios exponenciavam quando havia crise alimentar, no enunciado ideológico era para aplacar a ira dos deuses, ou apenas para os alimentar, na prática baixava-se a população porque havia fome e doenças, nomeadamente em período de seca, e dava-se um shift para o futuro imediato.

    Quando a situação descambava de todo, consideravam que o sítio tinha sido maldito e basavam em bando de sobreviventes. Assim nasciam, cresciam, monumentalizavam-se, entravam em crise, decaíam e morriam, as cidades_estado das civilizações daquelas bandas, e os que migravam recomeçavam noutro sítio.

    È claro que as doenças também se propagam com uma incidência proporcional à frequência de encontros que suscitam contágio, e portanto à dimensão da população.

    Ainda hoje persiste o mistério de Teotihuacan, fabulosa, lá também ouvi o som do silêncio.

    Passando para o Médio Oriente.

    Foi na Mesopotamia onde começou a civilização ocidental, entre o Tigre e o Eufrates, e de lá foi-se estendendo em várias direcções. Eram terras férteis, como todos sabem, que propiciavam a sedentarização e a sucedânea civilização de pedra, em surtos sucessivos. Sabe-se que houve uma crise maior quando os sumérios introduziram o sistema de irrigação que salinizou os solos. Estamos a falar do sítio do Iraque e por aí.

    Quando a pegada ecológica transborda a capacidade de sustentação do ecossistema (esta também não é estática), nos modelos matemáticos, a população começa com flutuações, eventualmente caóticas. Ora isso no concreto significa períodos de grande mortandade e formas de regulação da reprodução, que se expressam em guerras, doenças, ou dispositivos restritivos como o casamento e as sanções sobre a infidelidade.

    Em termos culturais as crises ecológicas expressam-se por enunciados que denunciam um estigma territorial, e amplificam a identidade da tribo, ou do povo. Num contexto de confronto as tribos tentam sobreviver aumentando o número de braços saudáveis para a guerra, ao mesmo tempo que contrariam o crescimento das suas antagonistas. Vigora uma lógica de exclusão.

    As religiões do Livro têm toda uma série de dispositivos de sanção no sentido de canalizar a pulsão sexual, basta seguir as indexações do Levítico 20’13 para o Deuteronómio, etc.

    É assim que são contrariadas as relações homo, a zoofilia, o incesto e as relações muito próximas, para evitar a consanguinidade que potencia genes deletérios e as correspondentes disfunções, entre nós designadas por doenças, cingindo no entanto a reprodução dentro da tribo ou das suas aliadas.

    É neste compromisso que se maximiza a reprodução de uma população viável, num quadro agonístico.

    Estes exercícios obscenos de humilhação pública absoluta, como a lapidação até à morte, apenas visam chocar e influenciar as mentes por forma a que não se repitam, ou se repitam muito pouco, e assim controlar a pulsão sexual para o interior da aliança que sustenta a estirpe.

    Hoje em dia penso que é na sharia islâmica que é mais prevalecente, mas pelos vistos ocorre em mais topos.

    Pena que o pesporrente sapiens sapiens ainda não tenha encontrado maneira civilizada de encontrar outras saídas para o equilíbrio dinâmico da população, das comunidades. Sapiens non sapiens. Os budistas dizem que o mal é apenas ignorância.

    Por exemplo, as leoas são uma delícia a matar. Acho que não me importava nada. Aquilo é uma mistura de mordidelas e lambidinhas com brincadeira à mistura, e vão esperando e cheirando até que o ‘corpo astral’ tenha bazado, e depois vem o leãozão dar uma cheiradela final e certificar-se que está tudo ok, e só aí começa o festim.

    Putas são as hienas.

    Puf, vou tomar duche, depois releio…

  22. Aparentemente, as infindas possibilidades abertas pela ciência e a tecnologia modernas poderiam trazer soluções para para problemas tão antigos. Se não servissem apenas objectivos de lucro e domínio. E lá recomeça tudo outra vez, com alguns pormenorzitos novos!
    É que o objectivo último do sistema capitalista nunca foi distribuir a riqueza criada e procurar soluções para as sociedades humanas. Foi sempre, isso sim, distribuir criteriosamente a miséria, por forma a evitar convulsões e revoltas, e greves e revoluções, e levantamentos e motins. Usou sempre, e continua a usar, em qualquer momento, os argumentos possíveis e mais adequados ao silenciamento geral. Sem olhar a meios, nem a éticas, nem a princípios civilizacionais.
    O capitalismo é um logro, e nós deixamo-nos levar pelo brilho metalizado dos automóveis, pela inutilidade dos gadgets tecnológicos, pela ilusão ‘democrática’ do voto, pelas migalhas que caem da mesa e nós lambemos, contentinhos.
    Porque nos deixam ser uns burguesitos inúteis, enquanto lhes convém.

  23. Não entendo que capital
    Tem a desumanidade total

    Não entendo que palavras
    Gastas e cultas e inúteis

    Não entendo pelo amor
    Tão fundo e tão duro

    Tão puro

  24. Ó Mao,

    Por que é que não te associas com o PY para criarem os dois a primeira companhia portuguesa dedicada à comercialização dum único produto: a nêspera!
    Pensa no futuro, enquanto é tempo.

  25. :-), hoje são figos pá!, tenho ali uns bem grandões, de capa rota.

    E um suspeitosíssimo bacalhau com natas…

    E depois de praya e piscina vou mas é xonar que logo tenho uma reunião. Detesto reuniões à noite, mas já consegui livrar-me de quase todas.

  26. Aqui no Reino Unido ja foram assassinadas varias mulheres da comunidade hindu em linchamentos de honra, na maior parte das vezes pela propria familia. Nao e’ so’ a sharia que sustenta a opressao, mas todos os fanatismos.

  27. É lamental ainda haver mentalidades que permitem e incentivam a este tipo de comportamentos. Fazes bem em denunciar esta e outras situaçoes identicas

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