Falta de informação, ou excesso da mesma, pode contribuir para o catastrofismo. Tendências paranóicas, estados depressivos e crises de ansiedade também. Se juntarmos tudo isto, temos o PSD de Ferreira Leite, Pacheco e Rangel, mais a legião dos cavaquistas apocalípticos.
Em abono dos catastrofistas, dizer que têm razão. Catástrofes acontecem com monótona regularidade. Estas pitonisas só precisam de esperar o tempo suficiente para reclamarem a presciência. Entretanto, os catastrofistas empatam e pervertem. Não dispõem de soluções que interessem a quem decide, e tentam boicotar as soluções dos decisores interessados. Pior ainda, são tóxicos. Aumentam o número de afectados pela maleita dissolvente que espalham com sanha.
Na campanha para as Legislativas, o PSD falava do problema do endividamento de forma retórica, projectado a longo prazo, no confronto com a política de investimento público defendida pelo PS. Em nenhum momento se falou desta crise com epicentro na Grécia, pois tal cenário era completamente desconhecido, antes o debate se fazia num plano teórico onde os dois caminhos esgrimiam argumentos adentro de um contexto volátil e incerto na economia internacional.
Como o PSD não tinha qualquer ideia para apresentar ao eleitorado, a estratégia foi a de tentar vencer pela conspurcação do adversário, a lama, o assassinato de carácter. O PS iria perder porque era um partido de ladrões e o PSD, quando recebesse o Governo que era seu por direito divino, logo decidiria o que fazer com o País. Os iluminados que gizaram esta pulhice perderam clamorosamente, mas não estão prontos para admitirem a estupidez que o eleitorado rejeitou.
Um dos fãs desta maralha é o Filipe Nunes Vicente, que está a desenvolver uma bizarra fixação com um humilde texto escrito em Novembro. Já é a segunda vez que o oferece aos seus leitores; a primeira foi em Fevereiro, também numa altura de excitação catastrofista. Ora, a repetição convenceu-me do que suspeitei anteriormente: os catastrofistas atrofiam cognitivamente, mas um catastrofista apoiante da Manela atrofia muito mais. Um dos sintomas desta intelectualmente catastrófica condição é, ironicamente, a incapacidade de entender a ironia.
Acontece que a ironia não se explica, Filipe. Podes apontar mais esta catástrofe no local onde me eleges como fetiche.
Bom dia Valupi. Apareci richards num sítio e promete, mas não me importo nada, acho piada a heterónimos reprodutivos, por outro lado se quiseres apagar estás à vontade, são smiths. Será que apagar vem de negar pagar ou terá outra raiz? Isto da árvore etimológica nunca me dará descanso.
É verdade que é demasiado fácil ser catastrofista, é só apregoar, e esperar e às tantas acontece alguma. Mas também é verdade que não avisar do horizonte de uma catástrofe é cobardia ou pusilanimidade. Para mim era inevitável que na sequência de uma guerra fundada numa mentira institucional internacional aconteceria uma crise fiduciária com repercussões imensas na política e na economia – então a economia não se baseia na confiança?
Faz todo o sentido que na sequência de uma bem sucedida mentira (a existência de armas de destruição maciça no Iraque que ameaçavam o Ocidente) viessem as mentiras subprime e sei lá que mais…
Quanto aos bancos: estão a pedir aos Estados que suspendam os pagamentos? Dir-se-ia.
Σ (ou: the commenter formerly know as Prince ;) ), por muito que deteste a guerra no Iraque, não me parece que seja esta que esteja na origem da crise financeira. A bolha especulativa imobiliária nos EUA, em conjunto com a desregulação dos mercados financeiros nesse país e a imensa especulação que se seguiu (o “Casino capitalism”), é que a provocou.
Viva, companheiro. Mas, explica lá: acaso os sistemas não estão sempre em tensão e à procura do impossível equilíbrio?
podes ver como um impossível equilíbrio absoluto e ideal ou como uma variedade de equilíbrios real. Se essa variedade, agora no sentido matemático do termo (equilibrium manifold) tem dobras, pode saltar-se de um equilíbrio numa face para outro noutra, gerando uma transição abrupta, catastrófica. Tanto dá para a libertação de tensões nas falhas geológicas como para a economia, enquanto modelo. Mas no âmbito da teoria as catástrofes são reversíveis, pode haver catástrofes felizes.
Sim, tensão e significação.
lembrei-me de ti noutro dia a passear num livro, estava lá escrito: amar por amor ao Amor,
Vega: os pacotes subprime foram feitos também para financiar a guerra do Iraque. Mas podes achar o que quiseres como é óbvio.
Estou mas é a ouvir Paco de Lucia, yo solo quiero camiñar, e tenho que voltar a escrever duro, que porra!
curta,
E como é que estão os teus projectos de investigação e publicação? De vez em quando partilhas umas novidades, e o sonho de grandes planos, mas também aí a homeostasia mantém-te sem catástrofes. Ou não?
bem, mas é que eu ainda estou assim, ainda por cima deu-me multilateral que até emagreci!
(quanto às publicações para não ficares preocupado com o silêncio: dos artigos científicos dois estão aceites, três andam em bolandas em referees e ainda submeto mais dois até Junho; quanto aos sonhos, estão por aí, mas os planos são pequeninos, e não faço idéia como junto tudo mas logo se vê; agora ando num mergulho histórico do camandro, até ando tonto :)
Essa produção é de louvar, atípica para a imagem de um Portugal cuja academia estava parada a ver crescer a relva.
Quer dizer que o salto para o Brasil foi adiado “sine die”? E as pontes romanas, continuas a persegui-las?
Isto é uma merda, Val. Este sistema, que tem como objectivo único o enriquecimento rápido dos espertos e, de caminho, vai deixando umas migalhas para os tótós dá nisto. Montaram uma rede de ganancia que passava por atribuir prémios nobeis a uns javardos que inventaram esta merda dos produtos estruturados; que passava por uma indústria de formação nestes produtos impingida pelos gajos de Wal Street e City de Londres, com a conivência dos hoteleiros e agências de rating, culminando na venda desta porcaria nos Bancos, convenientemente desregulados…Ficçao que alimentou este apetide dissoluto durante uns anos. Depois, como sempre, quando isto estoira, pagam sempre os mesmos…Isto que estamos a viver, é mais um episódio de transferência gigantesca, desavergonhada, fraudulenta, de riqueza de muitos para poucos…Os governos querem acabar com isto? É muito simples, proibam-se estes passes de magia financeira, ajude-se a economia produtiva, a única que pode sustentar o bem-estar das pessoas e reconduza-se o sistema financeiro à sua condição primordial: receber depósitos dos aforradores e conceder crédito às empresas produtivas…
Σ, o mercado subprime, iniciado em 1993 na Presidência Clinton, foi feito também para financiar a guerra do Iraque de Bush, em 2003? Prescientes, estes Americanos…
E eu a pensar que a guerra tinha sido financiada por emissão de treasury bonds. Mas obviamente, como bem dizes, cada um acredita no que quer.
Bem visto, FV.
ah Vega não me importo nada que me corrijas o arco, no entanto uma coisa é a criação do ‘produto’ a outra a sua generalização como substância.
Valupi: que nada, apenas deu-me para publicar o máximo no ano do centenário da Republica, pode ser que passe a outra dimensão; ando entre o fumo dos templos de Jupiter e Minerva a ver o aparelho das muralhas, à procura de uma capela que se foi. Mas o mais engraçado é que fui parar a Gil Vicente, era parecido então as desgraças do reino, *tatis *tandis.
o salto foi adiado para não sei quando, o Espirito Santo saberá, eu não.
É isso, FV.
E ao contrario de outros tempos esta crise dá-se num momento não muito virtuoso para o poder politico que se deixou miseravelmente submeter pelo poder mediático e financeiro apesar de nos venderem ilusóriamente todos os dias a sensação que estamos ao volante e que o nosso voto é que manda.Por todo o lado vemos politicos fragilizados e assustados pelo poder mediático manipulador.O episódio de Gordon Brown é triste e revelador e até mesmo Merkel (cuja relutância no rapido apoio à grécia tem mais a ver com as eleições regionais do que outra coisa) não foge à regra. Desolation Row .
& porque mudas os nomes a Zeus e Athena, por serem gregos? :)))
No ponto
No
No ponto.
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1555687&seccao=Manuel Maria Carrilho&tag=Opini