NOTA
Quando se compara o que está aprovado pela classe no Código Deontológico do Jornalista, nos Estatutos do Sindicato dos Jornalistas, no Estatuto do Jornalista e no Regulamento da Carteira Profissional de Jornalista com o que a Cofina pratica no seu modelo de negócio só podemos tirar uma conclusão se só uma conclusão for o que nos importa tirar para começo de conversa: há uma aldeia habitada por irredutíveis caluniadores profissionais que resiste ainda e sempre ao Estado de direito.
Rapidamente se percebe que não estamos apenas perante uma aldeia, antes se trata de uma província densamente povoada. Há nela muitas aldeias e até cidades, com as suas vias de comunicação rápida onde os caluniadores e as respectivas mercadorias transitam de dia e, especialmente, de noite – até porque as mais valiosas saem directamente dos cofres do Ministério Público e dos tribunais. Faz-se a veniaga de noite para as indecências e as perseguições estarem frescas pela matina nos mercados onde o bom povo as vai buscar para a sua alimentação diária. Os vendilhões gritam alto, debochados e furiosos. Sabem-se blindados, impunes. É que aquilo que eles vendem, como não se cansam de repetir à gargalhada, é que é o verdadeiro “jornalismo”, o autêntico respeito pelo “interesse público”: dar ao seu público o que lhe interessa. Ai de quem se queixe que será logo corrido à pedrada ou acordará mergulhado no esgoto a céu aberto. A “liberdade” para estes “jornalistas” é o equivalente a ter uma licença de porte de arma e muita facilidade em descobrir inimigos prontos a abater em “legítima defesa”.
O regime não só convive passivo com esta gente (que é a nossa, claro) como a protege e apoia. O actual Presidente da República, o actual primeiro-ministro, o actual presidente da Câmara de Lisboa, para dar três exemplos à prova de estúpidos, já colaboraram ou ainda colaboram com os donos e as vedetas da indústria da calúnia, a qual é bem maior do que apenas o empório cofiniano. A última coisa que estes ilustres (e pelas melhores razões) representantes da República quereriam ter nos seus currículos e carreiras era a leve suspeita de terem beliscado o privilégio desta gente (que é a nossa, que somos nós) de emporcalhar e violentar o Estado e os nossos direitos.
não sei , o estado democrático há-de subsidiar em termos de número de leitores , como se fossem votos , ( os partidos tb não recebem por voto? ) logo , está certo a cena do crime da manhã. e depois , quer quer consumir jornalismo gourmet terá de pagar por ele e dar assim de comer aos jornalistas chef , a malta pobre , que gosta de bife com batatas fritas, não tem de estar a dispensar cacau para finórios cultos que devem poder dar 5 euros ou mais por um jornal , não é ?
Um bom texto! Curioso é haver organizações internacionais de jornalismo ( repórteres sem fronteiras ) que olham aqui para o pagode e classificam isto no topo do respeito pela liberdade de imprensa. Deve ser por obra e graça da tolerância institucional e colectiva que manifestamos para com a existência de excrementos sociológicos como o correio da manha. Ou pelo facto de haver diplomatas de renome ( Seixas da Costa ) que, sentados no CGI da RTP, até podem achar que há algo de errado com a linha editorial da informação da tv pública, mas não dizem nada porque…não podem fazer nada…nem sequer levantar-se da cadeira e bater com a porta, presumo.
Perante esta frase: “(…) os reguladores – a ERC e a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista – nunca usaram o poder que lhes é conferido pela Lei para efetuar essa distinção, tornando claro que estes meios violam sistematicamente os deveres a que estão obrigados (…)”, não é preciso dizer mais nada. Está tudo dito!
Seja numa praça pública, seja no elétrico 28, ou até numa qualquer sala de aula, a culpa do delito nunca reside apenas no prevaricador, está também na ineficácia da autoridade preventiva, ou punitiva. Todos o sabemos.
Resta saber é quem deveria urgentemente chamar à pedra esta pomposa Entidade “Reguladora” (??!) da Comunicassão Çussial e esses inúteis da CCPJ.