MEP decide extinguir-se devido a resultados eleitorais mas mantém-se como movimento cívico
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Máquinas montadas e afinadas para eleger os representantes das maiorias em sociedades verticalizadas, os partidos funcionam deficientemente em sociedades reticulares.
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Tal como existem, os partidos deixaram de fazer sentido. Não falo das causas e da ideologia, apenas da estrutura. A desilusão das pessoas com os partidos e “os políticos” não tem a ver com as causas e as ideologias, que abundam na sociedade reticular. Tem a ver com práticas e rigidez de processos.
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Como se inicia um projecto político? Sou completamente leiga na matéria, mas alinho. By the way, é possível projecto político sem líder político?
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O que é a política? 12 anos seguidos de ensino de acordo com um programa estatal deviam chegar para que se iniciasse a vida adulta na posse de uma definição universal. Contudo, esse mínimo denominador comum ou não existe ou, a existir, é decadente. A política não é aquilo que fazem os políticos que ganham a vida na política. Antes, é a realidade da política que permite a sua profissionalização por um fragmento dos seres políticos. Saber o que é a política para os restantes, os amadores, é uma das presentes urgências cívicas.
O nosso actual regime político, europeu e ocidental como ele é, tem as suas raízes numa geografia, numa cultura e numa época precisas. A facilidade com que os fenícios estabeleciam acordos comerciais com diferentes povos ao longo das margens do Mediterrâneo levou ao aparecimento das primeiras experiências de comunitarismo político, as quais viriam a consolidar-se na fórmula grega das cidades-Estado: a polis. O poder político, ao deixar de se fundamentar na arma e na terra, foi tomado pelos que estavam a criar riqueza. Os mercadores e os artesãos iam engrossando a sua importância como geradores de cidades, e o espaço urbano atraia populações e recursos em quantidades imparavelmente crescentes. Até que os latifundiários e a nobreza perderam o braço-de-ferro com uma nova tipologia de povo: os cidadãos. O que viriam a ser as sociedades modernas, com o triunfo das formas republicana e democrata, nasceu há 2 700 anos numa cultura que, em simultâneo, inventava a filosofia e a ciência. Não se trata de uma coincidência.
Podemos ler a história da filosofia, desde Tales, como a prática da autonomia. O filósofo, partindo de uma consciência de perda, de falta, mas também de excesso e de deslumbramento, assume a responsabilidade de preencher esse vazio e dar sentido a essa presença. E a linguagem torna-se o instrumento da refundação do mundo. Por isso, os blocos textuais que o cercam passam a ser objecto de transformação. Os mitos revelam-se alegorias naturalistas ou morais, os deuses são metáforas, os costumes são escolhas. A confusão entre filósofos e sofistas – que a fortuna conservou intacta nas obras que nos chegaram de Platão, em especial – ilustrava a nova paisagem política: havia um espaço onde o saber, ou a sua aparência, ou a sua manipulação, dava acesso ao topo da hierarquia social, o poder pelo poder, ou à mais alta realização do potencial humano, o saber para poder. Esses dois caminhos eram ambos políticos, estando o primeiro omnipresente na concepção actual do que seja a actividade política e o segundo completamente esquecido – aliás, mais do que esquecido, é perseguido pelos cínicos, hoje como ontem e amanhã.
A política que podemos ser, porque é do que somos que se trata, nascerá da recuperação deste radical compromisso: sermos autónomos. A capacidade para exercer as nossas faculdades intelectuais e volitivas no seio de um grupo que partilha um problema em comum é a essência mesma da acção política. O cinismo, o tribalismo e o egoísmo são incompatíveis com este exercício do poder máximo que nos habita, essa experiência de nos sabermos reis de nós próprios.
Como seria uma organização com este princípio fundador? Seria algo ainda nunca visto.
acho que já se vê..os movimentos iniciados na net são isso. e pouco a pouco ( que a missa ainda vai no adro ) farão morrer os partidos de massas que deram cabo da autonomia do cidadão.
uma organização com poder pelo saber dos saberes: um verdadeiro reino sem reis e rainhas a chibatar poder no povo e onde o saber é, em conjunto, absolutamente relativo e partilhado. tão lindo, tão interessante. estou-me capaz de inventar um conto sem ter de acrescentar pontos pelo tamanho desejo de verdade. que delícia de texto e de visão. :-)
“Butterflies And Hurricanes”
Change everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights and battles have begun
Revenge will surely come
Your hard times are ahead
Best,
You’ve got to be the best
You’ve got to change the world
And use this chance to be heard
Your time is now
Change everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights and battles have begun
Revenge will surely come
Your hard times are ahead
Best,
You’ve got to be the best
You’ve got to change the world
And use this chance to be heard
Your time is now
Don’t let yourself down
Don’t let yourself go
Your last chance has arrived
Best,
You’ve got to be the best
You’ve got to change the world
And use this chance to be heard
Your time is now
MUSE
ainda bem que apareces, tinha aqui esta pra ti
http://www.youtube.com/watch?v=xaL3kuPymY8&feature=related
Valupi,
A política é e trata do contraditório permanente que é a vida pessoal dum indivíduo e a vida social na polis.
A filosofia e concomitantemente a política nasceu da preposição atribuída a Tales “conhece-te a ti próprio”. E até esta preposição encerra o contraditório: foi colocada em Delfos para que o deus desse a conhecer ao homem, contudo tal preposição que nasceu como sujeição ao deus, foi o fundamento que levou o homem a interrogar-se a sí próprio, e descobrir o logos e sua capacidade de interrogação e dedução. Isto é, Tales virando-se para o auxílio do deus foi determinante para o homem vir a pensar pela sua própria cabeça e mais tarde põr em causa os deuses.
Desde sempre, tal como a filosofia foi um permanente questionar a nossa natureza e a natureza do mundo, a política é o permanente questionar sobre como viver a nossa vida pessoal e em sociedade.
A boa política é resolver pela discussão e razão prática uma via e modo de vida, a má política é a imposição à força de uma via e modo de vida idealista e pré-definida.
Não sei se é por causa da espectacular qualidade do meu comentario, mas estou com dificuldades para edita-lo. Vamos tentar outra vez :
“Podemos ler a história da filosofia, desde Tales, como a prática da autonomia”.
Pois podemos, infelizmente. Podemos e fazemo-lo muito frequentemente. Existem mesmo cursos universitarios, ditos de “filosofia”, onde, ao lado de raros amadores que se dedicam a esta antiga arte grega, pululam lentes de teologia que vendem semelhante confusão de conceitos. E, por admiravel que seja, eles continuam a ter sucesso…
Ora, na verdade, trata-se de um erro crasso, porque erro sobre o proprio conceito de filosofia, sobre o seu sentido e sobre o seu valor. A historia (invenção biblica) é o petroleo inesgotavel, utilizado ainda hoje quotidianamente, da industria da falsificação de valores.
Partindo de um pressuposto tão completamente errado, como seria possivel, ou sequer imaginavel, produzir uma ideia de jeito sobre a politica ?
Radicalmente impossivel, como tratas alias de demonstrar no teu post.
Boas
Depois da leitura deste post não posso deixar de concluir que todo ele é feito de alusões a coisas que eu fui dizendo nos meus últimos comentários. Tanto o seu título, como a noticia «linkada», assim como a citação que se segue a esta, e mesmo a questão do que é (ou deve ser) a politica desenvolvida no post, são tudo pontos que remetem para os meus últimos comentários.
O título é uma alusão a uma expressão que eu utilizei para classificar o Valupetas e que causou a histeria e raiva dos socretinos mais idiotas. Disse eu que o Valupetas era a rainha da noite, a prostituta intelectual que ia (foi) com todos (os partidos) e que não era de ninguém. Ou seja, ela é rainha porque é (foi) escrava de todos, mas o Valupetas inverteu o sentido da minha frase para se afirmar como «rainha de si própria» (coisa por acaso de que eu já estava à espera).
A noticia remete para o facto de eu ter lembrado, a uma tal de «Virgem Maria», que o Valupetas, apesar de andar a cultivar a adoração pelo Pinto de Sousa, tinha votado no MEP, não depositando assim a sua confiança naquele que os socretinos divinizaram, fazendo o contrário daquilo que a catequese e a teologia com que lhes faz a cabeça daria a entender (-lhes).
A citação que se segue à notícia aborda a questão do funcionamento dos partidos e das ideologias, e remete, portanto, para o ponto que eu me farto de lembrar: o facto do partido socretino se ter divorciado dos ideais de esquerda e ter optado por seguir os principios neoliberais dominantes. Claro que na citação, podendo parecer que não, se pôem as coisas ao contrário, e encontra-se o «mal» não na ideologia que determinado partido segue, mas antes nas suas práticas, que não estariam adaptadas aos tempos modernos ou «pós-modernos» do mundo tecnológico ou do marketing. Pois… Já vimos tais ideias serem postas em prática com o resultado que se sabe: a governação de um aldrabão especialista em publicidade, em anúncios e na venda de computadores; um tipo deslumbrado com o mundo tecnológico, mediático e capitalista e «sem quaisquer convicções socialistas» (como disse o outro).
O conteúdo do post é uma explanação do que o Valupetas entende que é a politica, considerando ele que esta consiste no compromisso em sermos autónomos. Este seu texto remete para um dos meus últimos comentários onde eu afirmei que o Valupetas era um super-prostituta nietzscheana barata, pois acusava a esquerda de ser niilista, e porque pretende dar uma imagem de si próprio como sendo alguém que está para além das ideologias, acabando no entanto por ser um carneiro (ou servo) do neoliberalismo dominante.
Mas há alguns pontos no seu texto que interessa destacar. Diz ele que o poder politico se deixou de fundamentar nas armas e na terra à medida que aqueles que criavam riqueza (mercadores e artesãos) ganhavam importância social. Ou seja, o poder político começou a alterar-se com a ascensão de uma classe social que estava em confronto crescente com nobres e latifundiários. Então? É preciso dizer mais alguma coisa? Alguém está a reconhecer esta tese «arcaica» e o seu autor? Quem disse Marx e falou em luta de classes, acertou. Pois é, Valupetas é, afinal, «um amigo do Estaline»! Porque a coisa não fica por aqui! Quando o Valupetas afirma que não é uma coincidência a filosofia ter nascido neste novo ambiente social e económico está a subscrever aquela outra tese «arcaica» marxista que diz que a super-estrutura ideológica está determinada pela infra-estrutura económica, ou por outras palavras que «é a existência social o que determina a consciência», e não o contrário. Mais: a sua defesa da autonomia como aquilo que deve ser a essência da política é também um princípio marxista, na medida em que Marx defendeu que a finalidade dos homens é a sua emancipação; algo que só será possivel com a libertação da servidão social e económica que caracteriza o capitalismo, pois a existência social dos homens não se reduz ao âmbito da politica ou da polis. Ora, se nestas últimas ser-se autónomo é não estar sujeito à vontade de senhores, o mesmo se passa no dominio das relações económicas. Se só somos politicamente livres ou autónomos se formos os reis ou senhores de nós mesmos, também se pode dizer que só somos economicamente e socialmente livres e autónomos se formos os patrões ou senhores de nós mesmos, isto é do nosso trabalho.
Enfim, este post não tem nada que ver com os meus últimos comentários, e as alusões àquilo que eu fui dizendo não passam de uma coincidência? Acho que não, porque apesar de tudo ainda considero que a «prostituta intelectual» não é tão idiota como determinados socretinos que por aqui andam, e por isso entendeu o sentido das minhas «caralhadas» e decidiu responder-me e dar-me umas «migalhas de atenção». É caso para dizer que se fartou das caricias entre as pernas, que, pelos vistos, já lhe causam tédio e aborrecimento, e desesperado e em conflito consigo mesmo decidiu-se pela minha companhia e por experiências menos monótonas e mais excitantes do que as lambidelas que lhe vão fazendo. Não sou eu que o digo: desde os anos 90 que há uma vasta literatura técnica que aborda e explica este tipo de comportamentos.
ehehehehehehehehehheheh
oh comuna com trauma d’infância! esse fardo de palha e a dimensão da gargalhada final lembram-me o desespero dos orfãos do muro de berlin. acorda pá! essa merda já não existe, só pra museu e mesmo assim não há instalações pra todos.
Esteja descansado caro DS, os postes a que v. alude, assim como o proprio blogue Aspirina B, e alias o Universo Inteiro, tratam, exclusivamente, de si, dirigem-se unicamente à sua pessoa, espelham apenas os deslumbrantes reflexos do seu Ego.
Eis alias uma das mais obvias consequências da frase que critiquei aqui em cima.
A filosofia, coitada, é que não tem rigorosamente nada a ver com o assunto. So por distracção é que foi aqui chamada, como sera forçoso reconhecer para qualquer pessoa que a cultive ou que a tenha cultivado, nem que seja um bocadinho (o que até acredito seja o caso do Valupi).
Boas
Eh pá, ò Viegas, também não é razão para tanto! Escusas de me idolatrar!
Mas se em vez de quereres dar um ar de intelectual, ao vires para aqui defender a filosofia, pensasses um bocadinho, repararias que este post não surgiu por acaso.
O título diz tudo…
Que maravilha de resumo histórico-politico! Obrigado VAL. Assim é de facto o pensar a politica…E como é encorajador fazê-lo, quando aparecem comentários espantosos como o deixado aqui por “lego”. Lindo!
Eh pá, nem tinha reparado no aborto intelectual que nem a um nome teve direito…
Se o meu comentário é um fardo de palha, então estás cheio de sorte, pois é mesmo disso que os burros se alimentam, ou já te esqueceste?
pois, que tu não és puto aborto intelectual “que nem a um nome teve direito”…enxerga-te. (eu sei, peço o impossível)
M.G.P. MENDES, :)
“Uprising”
Paranoia is in bloom,
The PR, transmissions will resume
They’ll try to, push drugs that keep us all dumbed down
And hope that, we will never see the truth around
(So come on)
Another promise, another seed
Another, packaged lie to keep us trapped in greed
And all the, green belts wrapped around our minds
And endless red tape to keep the truth confined
(So come on)
They will not force us
They will stop degrading us
They will not control us
We will be victorious
So come on
Interchanging mind control
Come let the, revolution takes its toll
If you could, flick the switch and open your third eye
You’d see that, we should never be afraid to die
(So come on)
Rise up and take the power back
It’s time the, fat cats had a heart attack
You know that, their time’s coming to an end
We have to, unify and watch our flag ascend
(So come on)
They will not force us
They will stop degrading us
They will not control us
We will be victorious
So come on
Hey, hey, hey, hey
Hey, hey, hey, hey
Hey, hey, hey, hey
They will not force us
They will stop degrading us
They will not control us
We will be victorious
So come on
MUSE
(songwriters BELLAMY e MATT)
O que, pelos vistos, é impossivel é esta ediota ignorar-me, como a tinham aconselhado a fazer!
Chama-se o Valupetas ao blogue para um novo «dar à língua» com a ediota, pois teme-se que o descontrolo da tipa ainda não seja um problema resolvido.