Este podia ser um texto jurídico. Um texto a explicar que a Constituição rejeita o racismo, que a República quer dizer alguma coisa, que somos mesmo todos e todas iguais perante a lei.
Esqueçam o Direito. Por um instante.
O que temos visto por estes dias por parte de André Ventura é o regresso à essência mais radical do racismo.
André Ventura usa das palavras - e as palavras têm muita força - para nos devolver ao horror da separação de identidades entre brancos e não brancos. Quem diz identidades diz pertenças. O não branco não pertence, o branco pertence. Daí que lhe saia sem pudor a proposta de deportar a Deputada portuguesa Joacine Katar Moreira, uma não branca que ele faz por identificar como estrangeira, ela que vá para a “terra dela”, eis o apelo aos instintos primários do racismo.
Não consegue o racista André Ventura dizer de mim o mesmo, não consegue sugerir que eu vá para o Brasil, onde nasci, porque não surte efeito. No lodo racista ninguém ousa não identificar-me como portuguesa de origem, natural de gema da terra lusa, enquanto que a pele negra tresanda a estrangeiro.
O regresso de André Ventura à essência do racismo faz dos corpos fronteiras, lugares, este e aquele corpo são ou não daqui consoante a pigmentação, não há cá cidadania no seu discurso fora da lei.
Evidentemente esta jogada monstruosa conta com o racismo presente na sociedade, racismo tão evidente que quando se fala nele salta a indignação em vez de saltar a reflexão.
Portugal é dos poucos países que conheço onde o racismo não é unanimemente reconhecido como um problema sério, estrutural, sendo antes visto como uma “causa” de alguns ativistas que vieram atrapalhar a calma lusa.
Assim sendo, neste caldo, André Ventura avança e adianta que se Joacine Katar Moreira pensa o que pensa é caso para perguntar porque não se vai embora.
La está. Mais uma vez faz de uma deputada portuguesa uma visitante. E faz do racismo um problema das pessoas racializadas. Como se não devesse ser um desconforto ético e moral para qualquer pessoa a existência de racismo, de sexismo, de homofobia ou de qualquer tipo de fenómeno discriminatório, independentemente de se pertencer a uma categoria discriminada. Seria caso para eu fugir do mundo, sendo mulher, por causa do sexismo? Não, mas a resposta é a mesma em relação ao racismo não sendo eu uma pessoa racializada.
A pergunta de Ventura é estúpida mas carregada de intenção. A intenção é a de sempre: gerar divisão, ódio, para crescer nessa onda.
Não é preciso explicar que não se concorda com a proposta x ou y de Joacine Katar Moreira para depois se dizer que estes dias foram alucinantes. As propostas devem ser debatidas com argumentos racionais, em sede própria.
O que não podemos admitir, o que deve merecer a nossa luta feroz, a luta de todas e de todos os democratas, é o racismo primário de Ventura, um cobarde cheio de vergonhas.
Pertencemos todos.
Tudo bem , somos todos muito racistas , bora lá fazer leis a obrigar a termos em casa uma palete de humanos às cores e a dar-lhes muitos mimos , mas a deputada Katar não está ao serviço de África , foi eleita para representar os interesses de Portugal e dos portugueses , logo não percebo porque razão quer ela devolver não sei o quê aos africanos: está no parlamento a representar africanos ? e ele sabe que não é suposto isso ? já lhe deram uma acção de formação a explicar qual é o seu suposto papel ?
por exemplo , porque não pediu a devolução de obras para a Índia ou China também ? o PM Costa era capaz de votar a favor e tudo…. só para África por quê ?
Yo, depreendo então que para ti seria na boa que uns africanos tivessem vindo ca, escravizado a malta, exlorado a terra desta e no fim antes de irem embora roubado uns quantos “nao sei o que” e os expusessem nas suas salas de trofeus, so pa mostrar como houve um dia em que eles mandaram nos coitados, tudo na maior Yo?!
mas roubaram o quê , pá ? esculturas em paus ? uns panos pintados ?
e jarrões Ming já podemos ter , é ?
esqueci-me do mais importante : os parlamentos desses países devem então dirigir esse pedido , de devolução de galos de barcelos africanos , ao governo português , não é uma deputada portuguesa que o tem de fazer , como é óbvio.
Os meus caixotes que me desapareceram no porto de Lisboa traziam vários objectos de Arte Indígena, passados mais de 40 anos se alguém os encontrar, agradeço que os devolva.
Ficaria com a consciência mais leve.
É como YO diz, então a sujeita é deputada do parlamento português e parece estar a defender interesses estrangeiros! Que os países, antigas províncias ultramarinas, solicitem a devolução eu até posso perceber (ainda que não concorde), agora uma deputada portuguesa?
O que é grave é que a meu ver a Joacine não deve sentir-se como portuguesa. Então por que razão pediu a nacionalidade portuguesa? Para beneficiar do nosso sistema de ensino público e de outras regalias que, apesar de tudo, ainda beneficiamos
Quanto às palavras do André Ventura eu creio que elas seriam ditas ainda que a Joacine fosse branca. Portanto, quanto muito podiam dizer que ele é xenófobo. Mas se calhar ele tem razão pois se a Joacine está em Portugal a defender os interesses dos de fora ela que vá para junto daqueles cujos interesses defende.
A Isabel Moreira é tonta quando diz: “Não consegue o racista André Ventura dizer de mim o mesmo, não consegue sugerir que eu vá para o Brasil, onde nasci, porque não surte efeito.”
É que apesar de tudo a Isabel, ainda que tenha nascido no Brasil, é produto inequívoco da portugalidade, coisa que não acontece com a Joacine.
E, dado que temos recebido no nosso solo tantos africanos provenientes das ex-províncias ultramarinas, eles podem apreciar as peças africanas nos nossos museus, coisa que os portugueses não podem apreciar nos países que pertenceram a Portugal quando visitam os museus ali existentes, pois quase toda a produção cultural portuguesa lá existente foi retirada para os armazéns das traseiras e ali abandonada e escondida dos visitantes.
E já agora por que é que a Joacine não pede à França a devolução dos bens que os soldados franceses roubaram em Portugal durante as invasões francesas. Ah! pois ela não se lembra de tal porque não conhece a história de Portugal.
E, já agora, peçam às antigas províncias ultramarinas, agora independentes, que devolvam o que tiraram aos portugueses que lá viviam. Conheço portugueses que transferiram para o ultramar dinheiro de heranças que receberam no continente com o qual lá fizeram as suas casas e que depois ficaram sem elas por expropriação na altura das independências. Nunca foram indemnizados.
Ah! recordo-me agora, Moçambique que devolva os pagamentos de largos milhões de dólares que Portugal pagou pela Barragem de Cabora-Bassa durante muitos anos depois da independência, barragem essa cujos lucros da exploração reverteram para Moçambique.
não creio que a resposta do André ventura seja racista ou xenófoba ,a posição tomada pela deputada do livre essa sim não é digna de um deputado da nação ,que deve defender Portugal já que foi eleita pelo povo português para o representar no parlamento,como tal se está mal com Portugal mude~se para onde se sinta bem e não procure em todas circunstancias catalogar os portugueses como racistas.
Evidências de elefante: o Ventura é um cretino idiota branco, a Joacine uma cretina idiota preta e tempo gasto com eles é tempo perdido (inclusive este que, mea culpa, a mim próprio roubo). Prova cientificamente mais objectiva de que a cretinice e a idiotia não escolhem cores e o racismo é coisa de estúpidos será difícil de encontrar. E o sexismo também de estúpidos é, como a diversidade de género acima implícita ilustra na mesma passada, com o reforço probatório do texto da Isabel Moreira. Confesso até que a princípio me assustei, pois o primarismo pretensioso do escrito e a “assinatura” do post pelo Valupi me levaram por minutos a crer que o nosso amado anfitrião, excelso artífice do patuá da Tugalândia, sofrera um AVC, ou um AIT, ou metera acidentalmente os dedos numa tomada e fritara irremediavelmente a nevróglia.
Foda-se, eu sou “um produto inequivoco de portugalidade” e acho que os tristes comentarios merdosos, xenofobos e racistas que leio acima, a que nem vou perder tempo a tentar responder, dizem sobretudo alguma coisa da evolução deste blogue. E’ pena.
E não estou com isto a defender a Joacine, apenas a denunciar a insuportavel boçalidade.
Ciao
YO YO, se são apenas uns paus pintados como dizes, para que a celeuma? Terá pouco valor aqui para a malta né?
Além disso, não se façam de tao despercebidos como racistas que são, obviamente está-se a falar de peças roubadas aos povos por onde a nossa aventura de promoção da excelencia civilizacional passou e cujo os coitadinhos putativamente as pretendam ter de volta. Sobre material comprado ou oferecido acho que até malta sem inteligencia para perceber que preto e branco é so uma cor percebe que isso obviamente não faz parte da discussão, se até o Retornado ainda agora chora por uns paus que ficaram a arder há 40 anos, porque é que é tao dificil que outros com outra cor possam estar a passar pelo mesmo?
essa senhora só vem reforçar estereótipos , será que ela percebe? não presta serviço nenhum à causa anti racista , pelo contrário .
e tem pouco valor , qualquer senegalês vende a maior parte dessa quinquilharia etnográfica. se falar de cornos de rinoceronte esculpidos , ainda vá lá. vale pelo corno.
Não percebo. Este blogue que é alfobre por excelência do “due process”, da dúvida metódica, do “in dubio pro reo”, agora dá por provado que os portugueses de antanho “roubaram” a arte africana que temos por cá. Então e onde é que estão as provas de que não foi tudo pago? As nossas naus iam carregadas de material para trocar com os nativos por aquilo que traziam (sim, designadamente os escravos, que eram comprados, pois dá muito trabalho apanhá-los). Vamos lá ver, o JM Tavares é um difamador por presumir que o Engenheiro Sócrates andou a roubar o erário público, mas a Katar e os Kataros (como o aqui acima) podem presumir que os nossos antepassados roubaram a tralha toda que está nos museus? Porquê, só porque eram brancos? Isso é tão racista como presumir que um africano na Armani ou é um nacrotraficante ou um membro da elite angolana.
e se os branquelas , amarelos e outros não tivessem passado por parte de África ainda viviam todos em tribos , em cubatas e passavam fome e a mortalidade infantil seria de 50 % e vacina nem vê-las.
o que do meu posto de vista seria bem bom , perfeitamente integrados na natureza , pegada ecológica 0 : estou a falar a sério.
Eis o resultado da liberdade de expressão aceite à letra. Não alinho!
já agora , quanto à foto do defunto passos : se promoves um racista e bla bla bla , casa com uma mulata e tem filhos mulatos .
ainda não percebi como se propõem lutar contra o racismo : é com leis ? com pub ? é que não se percebe como pretendem mudar a natureza humana e a natural preferência pelo semelhante . se for com discriminação positiva à força de leis a coisa vai correr mal.
2000 mil anos de cristianismo e a malta continua má , por isso…
JPT, esse ponto da casuística para se avaliar a legitimidade, e bondade, da devolução política de objectos culturais é válido, daí a questão ser complexa e inevitavelmente polémica. Porém, erras o alvo pois o sentido do texto da Isabel, e do meu endosso para Passos Coelho, não diz respeito a essa problemática, apenas e só ao racismo de um deputado contra uma deputada, ambos da Assembleia da República.
Há angolanos, guineenses e de outras ex-colónias que têm imensa pena e até desgosto dos países que Portugal lhes criou.
Não reconhecem o esforço histórico que Portugal teve que suportar para definir aquelas fronteiras, e o mesmo se passa com imensos brasileiros, que preferiam que fossem outros mais capacitados a “inventá-los”.
Muitos nem querem reconhecer que os portugueses sozinhos sem a ajuda de muitos africanos que se aliaram aos portugueses (luso-tropicalismo), jamais Portugal conseguiria lutar contra africanos, franceses, ingleses, alemães, espanhois e mais tarde russos e cubanos e americanos, durante 500 anos.
Penso que as “Joacines”, que são bastantes, não aceitam de bom grado o passado de Portugal, ou seja não compreendem os seus próprios paises africanos.
É pena, porque não há volta a dar.
uma deputada que solenemente no parlamento propõe que portugal entregue/pague a outros países, não se sabe o quanto nem porquê e com teses sem qualquer fundamento, mas certamente uns quantos biliões, só pode estar a gozar com todos nós.
preta ou branca, trata-se, isso sim, de uma traidora e de uma oportunista que perniciosamente abusa da vitimização racista.
esta vigarista, tem de ser denunciada e visto que mais nenhum deputado levanta a voz para o fazer em melhor tom ou de forma mais sensata que ventura, então este último tem de merecer se não o nosso aplauso, a nossa compreensão.
o pior disto tudo , que vai ter consequências graves , é a “elite” intelectual e politica que tomou a defesa dos “coitadinhos”- porque também fez oficio disso e é o seu ganha pão – insultar constantemente a generalidade dos cidadãos de “racistas ” . e aos berros.
qualquer psi explicará o que vai acontecer.