O DN foi palco de uma operação política tão surpreendente que até terá deixado os caluniadores profissionais que o perseguem completamente baralhados. Começou com esta peça – Marques Mendes sabe tudo? Como o político passou a guru do comentário – um típico exercício de relações públicas para promover alguém que actua no campo da política-espectáculo. Misturado no serviço publicitário onde Marques Mendes aparecia pintado como um sucesso de audiências, ficávamos a saber que vinha a caminho mais um comício a favor da santa Joana. O DN ensinava, pelo teclado de Paula Sá, que “a grande polémica da rentrée política” dizia respeito ao final do mandato de outro indivíduo também denominado Marques. Atente-se na fórmula: a questão é política, é polémica, é a questão política mais polémica dos próximos meses. Pois bem, e onde está a polémica? Ou donde virá? Sobre esses pormenores, moita-carrasco.
No mesmo dia, o DN lançou a continuação da operação – A procuradora-geral deve ser reconduzida? Marques Mendes não tem dúvidas – onde se repetiu ipsis verbis o discurso televisivo sem qualquer enquadramento, análise ou crítica do escriba. Esta câmara de eco das mensagens que o militante do PSD quis espalhar no espaço público teve a assinatura de João Pedro Henriques, o mesmo que viria no dia seguinte a concluir a operação com esta serventia – Destino da procuradora-geral nas mãos de Marcelo – um texto que é do princípio ao fim uma exposição apologética da agenda da direita para o controlo e uso da Procuradoria-Geral da República.
Não faço a mínima ideia de qual seja a origem desta campanha no DN para a renovação do mandato de Joana Marques Vidal. Sei é que não estamos no campo do jornalismo nem no da opinião, posto que as peças são apresentadas como sendo o fruto do labor profissional da Redacção na produção de “notícias”. Pelo que só resta a categoria do “editorial” para explicar o fenómeno – ou então a da “anarquia”, em que cada jornalista se sentiria com liberdade para usar a sua carteira profissional como arma das disputas partidárias e mesmo da subversão do Regime. Mais fácil de explicar será esse outro fenómeno de vermos um conselheiro de Estado armado em vedeta mediática da baixa-política a encher a boca com calúnias e ofensas.
Ao bolçar que “o PS, em matéria de independência da justiça, não tem grande curriculum”, o grande Mendes não só nada justifica como depende dessa desonestidade para se dedicar à táctica favorita da direita decadente, a diabolização. Há método nesta insídia, pois a diabolização não só aponta ao carácter do alvo como atiça a pulsão persecutória até ao grau máximo de violência que for possível atingir. Se o PS, sem sabermos quando nem como, manipulou a Justiça, então temos de impedir que repita dano tão grave. Como? Ora, fazendo com que a Justiça seja manipulada, mas desta vez pelos bons, pela gente séria. É este o sofisma da direita, logo desde que Passos e Cavaco escolheram a santa Joana para conseguir meter no chilindró o maior inimigo que a oligarquia conheceu após o 25 de Abril, o tal fulano que conseguiu despertar a ira das maiores fortunas do País. Paula Teixeira da Cruz canonizou essa homérica vingança com a expressão “fim da impunidade”. Tendo em conta os ritmos do Ministério Público, dos tribunais e o volume de novos processos que se poderão abrir só a partir das certidões já retiradas na “Operação Marquês”, vamos ter 20 ou mais anos disto. Disto: a sistemática difamação contra o PS, explorando mediática e politicamente a judicialização da política por todos os meios e em todas as ocasiões.
As declarações mais perversas da sessão foram dedicadamente recolhidas pelo seu amigo João Pedro e são um monumento ao desprezo pelo Estado de direito, ao desprezo pelas instituições da República, ao desprezo pela comunidade, ao desprezo por Portugal:
«Por isso, "atirar borda fora" a atual procuradora seria suspeito, cheiraria a esturro. "Embora seja certo que essa suspeita não se aplica a António Costa, é, ainda hoje, a suspeita que recai sobre o PS" e uma eventual substituição da atual PGR "agrava essa suspeita em vez de a afastar".
Além do mais, quem substituir a PGR irá "ficar logo com um estigma": "Foi escolhido porquê? Foi escolhido para defender quem?" Isto - concluindo - "é fatal". "Será que o poder político - Governo e Presidente - quer assumir todos estes riscos?"»
Marques Mendes, conselheiro de Estado, ex-governante, ex-líder partidário, ex-deputado, usa o seu espaço de comentário numa TV para chantagear o primeiro-ministro e o Presidente da República. Caso eles ousem substituir a procuradora-geral da República que a direita considera (e por óbvias razões) como sua comissária política, será lançada uma campanha para caluniar o seu sucessor e os responsáveis pela sua nomeação. Aquilo que Joana Marques Vidal está a fazer não pode ser feito por mais ninguém, berra a direita, e sem ela os socialistas corruptos voltarão a corromper tudo e todos. É isto e só isto que está a ser dito. Em nome de uma hipócrita e absurda defesa da integridade da Justiça, a degradante personagem reclama a posse desse cargo para o manter politicamente alinhado com interesses sectários e criminosos.
No DN garante-se que Mendes é o papagaio de Marcelo. Se é isto o “jornalismo de referência”, e se tal coisa nos ajuda a entender a realidade, acho que podemos já saltar para a mesma conclusão a que chegou D. Sebastião em 4 de Agosto de 1578: “Foda-se, se é para isto vou mas é desaparecer daqui.”
«Além do mais, quem substituir a PGR irá “ficar logo com um estigma”: “Foi escolhido porquê? Foi escolhido para defender quem?” Isto – concluindo – “é fatal”. “Será que o poder político – Governo e Presidente – quer assumir todos estes riscos?”»
É a típica argumentação da vulgata sofística que se auto-denuncia a si mesma.
Assim, diz o palerma, que aqueles que ousarem substituir a Vidal não só são apontados como querendo fazer uma escolha para uma defesa política como, caso se atrevam a fazê-lo correm graves riscos que são “todos estes riscos” que embora indefinidos serão “fatais”.
Claro que todas as questões que o palerma coloca acerca da substituição se colocam igualmente acerca da manutenção da persona. E com mais desconfiança ainda porque a substituição é a condição da normalidade legítima em regime democrático ao contrário da condução.
O medo, de que surja um magistrado corajoso e digno respeitador da Leia e a faça cumprir, face à grandeza da corrupção encoberta sob prescrições e outros artifícios jurídicos é de tal monta que vão ao ponto de, não só de chantagear o governo e o Presidente como ameaçá-los de correrem graves riscos.
É fácil perceber que a exacerbada defesa da Vidal corresponde, essa sim, aos grossos e graves riscos que correm os milhentos corruptos da escola cavaquista incluindo o assustado marquito mendinho.
A direita passista e mendista está, há muito, em campanha para segurar Vidal no seu posto. Sabem que a vida ficará difícil se for nomeado um Procurador a aplicar-lhe os mesmos métodos que esta utilizou com os seus inimigos: investigar alvos políticos em vez de crimes concretos, atirando o barro à parede, vezes sem conta, e escutas telefónicas em bica corrida para os jornais, antes de haver julgamento, entre outros. A substituição ou não da Procuradora será mais uma oportunidade para aferir a idoneidade e coragem do actual Primeiro Ministro.
O ganda nóia não comenta, limita-se a fazer campanha a favor da direita e dos
trafulhas, subvertendo as situações ele mesmo, foi apanhado nas escutas dos
vistos gold a meter uma cunha para alguém amigo, justificada como uma sim-
ples pergunta … safou-se devido ao estatuto de conselheiro de Estado talvez,
seja a razão porque se sente agradecido a PGR e, como sabe que na Tecnoforma
não se mexe, a Quinta da Coelha não é para investigar no roubo do BPN, etc.
etc. etc., nunca se soube o resultado dos inquéritos abertos pela quebra do
segredo de justiça a partir da Procuradoria … que, muito incómodo causaram à
PGR nunca se encontrou a “garganta funda”! O mais importante não é procurar
fazer ou alcançar a Justiça mas, antes, atingir o PS e trabalhar para a flor que, como
se sabe, é efémera, esta tem sido a agitação criada para dar a ilusão de eficiência
que não se vislumbra!!!
Há dias, nos USA, parece ter havido um movimento dos média apoiado no slogan “não somos o inimigo”. Pois. Mas com “amigos” destes como é que a Democracia ainda precisa de inimigos ?
O Ganda Noia anda a defender o indefensável a continuidade da Vidal não e possível devido a instrumentalização da justiça em todos os aspectos políticos e desportivos com a corrupção que grassa nos orgasmos judiciais e criminais em todas as instâncias .
Pois parece que o Costa não vai propor a Santa Joana.
Três nomes e o Celinho que escolha mas nenhum se chama Joana.