Saltos lógicos, afiança o mano Costa


in O século do BES e do Marquês

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Mesmo entre aqueles que ficaram radiantes com o aparecimento da Operação Marquês, e com a sucessão de castigos e humilhações para Sócrates e terceiros a ele ligados, há um limite de consciência caso não tenham entrado já num buraco negro de fanatismo e de ódio sem regresso possível. Surge quando reconhecem que a transformação da acusação num megaprocesso colado ao universo BES e à PT, e ainda com a CGD à mistura, só pode vir a gerar um oceano de cocó ao bater na cachimónia de juízes que não tenham medo da pulharia – pois, após se ter amontoado 13.500.000 ficheiros informáticos (sim, treze milhões e quinhentos mil ficheiros informáticos), 53 mil páginas de papel, 35.000 escutas, recolhidos dados bancários sobre 500 contas, ouvidas mais de duas centenas de testemunhas, e vamos deixar de fora a papelada dos anexos, não se encontrou uma singela prova de corrupção. Toda a acusação está sustentada numa única e pícara testemunha chamada Hélder Bataglia, a qual relaciona Ricardo Salgado com Carlos Santos Silva contra a palavra de ambos, e a qual é considerada comprada de forma ilícita pelo Ministério Público com um análogo da delação premiada.

Ricardo Costa é um desses que se vai reposicionando caso a decisão de Ivo Rosa deixe cair a corrupção (o que, por inerência, fará cair o branqueamento) e se limite à valoração da acusação no domínio fiscal. Não é preciso ser bruxo nem especialmente dotado de sinapses para antecipar esse desfecho como o mais provável dada a demora do juiz alvo de campanhas negras incessantes na Cofina e no Observador. Se fosse com o Calex, os 10 dias previstos teriam sobrado pois ele, muito antes da acusação ter sido formulada, já tinha condenado o arguido à sua guarda constitucional através desse instituto jurídico chamado “entrevista na TV”, tendo de seguida acusado todo o sistema judicial de conspirar contra si por causa de um sorteio; assim voltando a mostrar com exuberância os predicados que lhe dão o estatuto de herói na indústria da calúnia. Pelo que, muito provavelmente, Ivo Rosa não tem parado de teclar ao longo destes longos meses do seu silêncio, tamanha a logística de engenharia reversa em causa para desmontar a montanha de nada. Se, no entanto, e contra as expectativas, a acusação de corrupção se mantiver, então, e à mesma, a demora para decidir terá ficado absolutamente justificada e terá sido feita boa Justiça. É esperar, qualquer resultado será legítimo e valioso posto que Ivo Rosa ainda não deu qualquer motivo para se duvidar da sua integridade, tem sido exactamente ao contrário.

Aqueles que montaram a Operação Marquês enganaram-se, cometeram algum tipo de erro que os levou, por descuido, para este megaprocesso considerado um monstro impossível de julgar? Nem as pedras da calçada papam essa carambolice. Rosário Teixeira e Joana Marques Vidal, algures no tempo, tiveram de tomar a seguinte decisão: continuavam a investigar na sombra com o que já tinham recolhido, na esperança de encontrar provas de corrupção que blindassem a acusação, ou avançavam para a prisão de Sócrates e consequente terramoto político e social sem elas, na fezada de que iriam aparecer quando abarbatassem os telefones e computadores dos bandidos ou quando apertassem mauzões com a escumalha nos interrogatórios? Repare-se que o calendário da Operação Marquês não foi justificado por ninguém com autoridade no mesmo. Isto é, não sabemos por que razão Sócrates foi detido no final de Novembro de 2014 e não em Outubro ou Dezembro, por exemplo. Todavia, sabemos outras coisas, factuais. Sabemos que alguém no Ministério Público – em Julho do mesmo ano – resolveu publicitar que existia uma investigação em curso a Sócrates. Qual terá sido a lógica dessa violação ao segredo de justiça? Foi para ajudar o suspeito, permitindo-lhe apagar ficheiros, destruir telemóveis e combinar versões com os seus cúmplices durante 4 meses? Ou a única explicação terá de ser encontrada num outro calendário a correr paralelo ao da investigação, o da política? À Procuradoria-Geral da República, desconfio, chegam notícias do exterior. Dava para ver que Seguro precisava de uma ajuda, tal como deu para ver que Costa, na véspera de ser entronizado secretário-geral do PS, tal coincidindo com a entrada num ano eleitoral de legislativas, precisava de uma bomba debaixo do palco donde iria começar o ataque ao passismo. Essa bomba chamou-se Operação Marquês.

A acusação que saiu em 2017 é a concretização das campanhas negras que decorriam desde 2008, altura em que ao rancor de Jardim Gonçalves e Belmiro de Azevedo, entre outros oligarcas, se juntou o de Pacheco Pereira conselheiro de Ferreira Leite e o da Casa Civil de Cavaco Silva, para onde toda a direita corria exigindo que o Presidente derrubasse o monstro, salvasse os anéis. E foi o que ele tentou fazer. Falar da Operação Marquês sem falar do Face Oculta e da Inventona de Belém não se deve à amnésia ou estupidez, é necessário para ocultar os protagonistas e suas ligações, o modus operandi e o modus faciendi, os contextos, os pretextos e os subtextos. Resumindo, como já foi dito por tantos, na Operação Marquês quis-se julgar o “regime” – ou o “sistema”, para adaptar à retórica mais recente. Mas trata-se de um “regime” e de um “sistema” reduzidos ao período entre 2005 e 2011, e que, milagre dos milagres, deve a sua corrupção à sobre-humana capacidade de um solitário gigante: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

Altura de perguntar ao Ricardo Costa: se em Novembro de 2014, sendo ainda muito mais gritante do que agora, não havia prova directa e era preciso dar saltos lógicos para construir uma acusação com as consequências políticas, sociais, financeiras e humanas que esta tem, uma acusação que irá provocar abalos na democracia caia para que lado cair, valeu a pena? Estás a curtir, mano?

23 thoughts on “Saltos lógicos, afiança o mano Costa”

  1. «Mas o maior embate não será o dos recursos ou das naturais manobras dilatorias. O maior será o das visões diferentes do caso, que radicam na natureza original do processo – que foi administrativa- nos saltos lógicos e sem recurso a prova direta que juntam as várias pontas do processo, magnitude de frentes que tornam o caso especialmente complexo.»

    Qual o alcance deste texto do Costa mano? Que sabe já o mano Costa acerca das intenções de Ivo Rosa? Haverá alguma interligação entre este texto do Costamano e a bufaria expelida há dias pelo seu cãozinho de luxo DO?
    Ou apenas estão, calculisticamente, a precaver-se para uma eventual derrocada da montanha de papel empilhada pelo Calex contendo tantos “saltos lógicos” que faz da própria lógica um faz de conta?
    O duvidoso é que haja sequer “saltos lógicos” e não apenas análises e deduções ilógicas, metidas a martelo, efeitos sem causa, montagem e colagem de cacos de peças diferentes, de falsidades; isto é, de construir uma fita de remendos falsos ou falsificados à maneira das “escutas de Belém” inventadas pelo neandertal Cavaco.
    Andar anos a fio às apalpadelas no escuro à procura, ora aqui ora além ora acolá até por fim descortinarem uma possível salvação inventado uma ligação amiga a Salgado (caído em desgraça apunhalado pelos velhos amigos) quando todos sabem pelos media quem lhe frequentava a casa e lhe pedia esmola e conselhos para as suas políticas de derrubar o governo Sócrates, é, no mínimo uma má ideia e no todo uma ideia reveladora de que não tinham nada em mão para além da vontade vingativa de abater o homem.
    Claro, o processo está intencionalmente arranjado e falsificado por Calex para ser julgado, aprovado e condenado pelo próprio à maneira mafiosa como fez o Moro com Lula; mas se as montanhas de resmas de papel foram acumuladas para dar a ilusão de estudo e “complexidade” também dão origem a demoras e que novos tempos originem novos olhares, novas perspectivas e até a possíveis mudanças de paradigma o que pode pôr em cheque toda a elucubração obscurantista do pedante Calex justiceiro vingador.
    Mesmo que o vírus nos poupe será que cá estaremos para ver e conhecer o final desta ópera bufa?

  2. o sócras foi preso porque tinha tempo de antena ao domingo na rtp que fazia concorrência ao marcelo e comichão ao cavacoiso, tentaram tudo e todos os supostos jornaleiros que conduziam a emissão para correr com ele sem sucesso. entretanto aperceberam-se que havia eleições presidências dentro de pouco tempo e se entretanto o sócras apresentasse a sua candidatura seria praticamente impossível afastá-lo. a consequência lógica foi prendê-lo de imediato e construir a tese de acusação depois, com o barulho gerado ninguém deu por nada e garantiu a vitória ao marcelo. com o lula foi o mesmo filme, agora a justiça deve estar à espera do que acontece no brasil para fazer o mesmo em portugal.

  3. Esse porquinho não vale nada mas, falando do irmão:
    Confesso que, na altura, nåo percebi a descolagem do António Costa.
    No entanto, após algum distanciamento temporal, dá-me a sensação que o atual PM acabou por contribuir indiretamente para uma certa reabilitação da imagem de Sócrates através da prossecução de políticas semelhantes (se não as mesmas) às do seu governo. Mal ou bem, provaram que o rumo preconizado pelo suspeito mais vilipendiado de sempre podia ter recuperado o país há mais tempo, se não tivessem permitido que os PAFiosos assaltassem o pote para se lambuzarem que nem uns porcos.
    Talvez até pudessemos ter evitado um empréstimo de 78.000.000.000€. É verdade, onde é que eles foram parar?

    Claro que o pessoal preferiu saltar para o camião da borregada do que pensar nos interesses que estavam por detrás de tamanha campanha de assassinato de carácter. Esta foi bastante básica no enredo, mas extremamente eficaz graças à logística, principalmente na coordenação entre o polvo do sistema judicial e os mérdia. Dir-se-ia uma coisa feita ao estilo Americano.

    Também percebo que Sócrates tenha ficado fodido com a falta de apoio. Mas, talvez não houvesse outra hipótese, na altura, de evitar um golpe ireversível no PS.
    Será que o ex PM acabou por ser sacrificado em prol de uma causa maior?
    Não foi a coisa mais nobre que vi, mas acho que todos nos lembramos da porrada que os Xuxas levaram dos mérdia quando se atreveram a apoiar efusivamente o Paulo Pedroso, aquando da sua libertação.

    Tirando o A. Costa e a sua estratégia (?), o resto da Esquerda defensora dos direitos humanos ficou estranhamente calada face a todos o atropelos que assistimos. Alguns até molharam na sopa.
    Terá sido por medo de represálias ou acharam que conseguiam facturar com a miséria do homem?

    Desta vez estou maioritariamente de acordo com o Trolha, salvo a parte final.
    Acho que devem estar à espera de ver o que acontece no Brasil para poderem tomar medidas que evitem um desfecho positivo no caso Sócrates.

  4. Valupi, embora a Internet esteja cheia da designação “engenharia reversa” como tradução para português de “reverse enginneering”, julgo tratar-se de uma modernice parola que deturpa o “espírito” do original em inglês, uma tradução apressada de gente que de português sabe pouco e que, vaidosa da sua “formação” no patuá de eleição da estranja, inventa apressada e superficialmente “traduções” formalmente parecidas com o original mas que na prática não traduzem nada, deitando para o caixote do lixo, com a soberba dos ignorantes, formulações mais antigas e correctas. O léxico tuga vem sendo “enriquecido”, nas últimas décadas, com dezenas, talvez centenas, de marteladas destas. Creio que o mais correcto será “engenharia inversa”, que foi, aliás, a tradução inicialmente adoptada, há uma carrada de anos, para fazer corresponder a designação em português com a essência do método e que, felizmente, a Estralinética também ainda regista abundantemente. Ainda que uma das traduções de “reverse” para português seja realmente “reverso”, no caso da “reverse engineering” o que se pretende é entender como um mecanismo ou um fenómeno funciona tentando entender, ou refazer, de forma inversa (ou seja, invertendo), os passos, as etapas, as peças que foram sendo justapostas para o objecto (a “construção”) final. Além das acepções estritas, no sentido físico, “reverso” é mais usado no sentido de reverso da medalha, por exemplo, a desvantagem de qualquer coisa que aparentemente só teria aspectos positivos.

  5. Neves, parece-me pouco rigorosa a classificação “neandertal Cavaco”. Sugiro “orc Cavaco”, designação mais adequada e que te poupa ao incómodo de um protesto formal do sindicato dos neandertais.

  6. Na terceira linha do meu comentário das 5:23, obviamente “engineering” e não “enginneering”. As minhas escurpas.

  7. “Desta vez estou com o Trolha, salvo a parte final.”

    eu tamém pratico essa modalidade de salto ao eixo, “maioritariamente de acordo… salvo” o fundamental, que é o mesmo com adereços imponderáveis. faço um encontre-as-diferenças para melhor compreensão:

    boneco 1
    “Acho que devem estar à espera de ver o que acontece no Brasil para poderem tomar medidas que evitem um desfecho positivo no caso Sócrates.”

    boneco 2
    “agora a justiça deve estar à espera do que acontece no brasil para fazer o mesmo em portugal.”

    tá bom de ver que escreveram 53 mil páginas de ficção só para retirar o guiness ao zé rodrigues òrelhas e andam há 10 anos a procurar para achar nada, agora estão em fase de ruminação para saber o que é que vão fazer àkéla merda e ninguém quer tomar a responsabilidade da decisão, a joana já não atende o telefone e o cavaco “tá velho” e “amordaçado”. enquanto não houver quem assuma a responsabilidade do destino do processo marquês vamos vivendo no empurra com a barriga e o mais certo será a sua prescrição.

  8. “… 13.500.000 ficheiros informáticos (sim, treze milhões e quinhentos mil ficheiros informáticos), 53 mil páginas de papel, 35.000 escutas, recolhidos dados bancários sobre 500 contas, ouvidas mais de duas centenas de testemunhas, e vamos deixar de fora a papelada dos anexos, não se encontrou uma singela prova de corrupção. Toda a acusação está sustentada numa única e pícara testemunha chamada Hélder Bataglia, a qual relaciona Ricardo Salgado com Carlos Santos Silva contra a palavra de ambos, e a qual é considerada comprada de forma ilícita pelo Ministério Público com um análogo da delação premiada.”

    quanto é que isto custou ao estado português em salários, horas extraordinárias, despesas de deslocação com e sem motorista, subsídios de almoço & digestivos, telefones, compras de material & testemunhas, pagamentos a terceiros, quartos & putas da comunicação social que investigaram por conta em paris, brasil e arredores. seria interessante mostarem a folha d’obra aos portugueses para compararmos com o valor da acção e resultados obtidos.

  9. Trolha, nem sei porque te dou troco, mas enfim:

    Não te faças de mais estúpido do que já és. Nem queiras pôr os outros ao teu nível.

    Se parares 2 segundos para pensar , vais chegar à conclusão que são diferentes.

    Enquanto no 1º caso a ideia é: Qualquer se seja o desfecho no Brasil ( principalmente se fôr bom para Lula), proceder de forma a que o Sócras não se safe, a forma que referes apenas replica o que acontece no Brasil mesmo que resulte em absolvição.

    Pode ter sido um preciosismo da minha parte e até te estava a dar razão, mas tu não perdes uma oportunidade de armar porrada. Tavez tenhas sido violado em pequenino.

    Não admira que tenham receio de te convidar p’ros copos. Também deves ter mau beber.

  10. a) ninguém te pediu para concordares comigo
    b) afinal concordas comigo em tudo e acrescentas preciosismos
    c) mas ficas ofendido quando chamo “adereços imponderáveis” aos teus preciosismos
    d) a direita brasileira é burra e a portuguesa é inteligente, só copia o que dá resultado
    e) talvez tenha sido violado em pequenino, mas não é relevante para o caso
    f) eu não perco oportunidade de armar porrada, tenho mau beber, mau hálito e mau feitio, mas até agora ainda não te chamei estúpido, teci considerações sobre a tua infância ou convites para copos organizados por admiradores da extrema direita internacional e sobre os quais manifesto a minha discordância quase diária. se gostas dos gajos, vai ao combíbio. problema teu, eu cá não confraternizo com fachos.
    g) só te dou troco para veres a quantidade de asneiras e imprecisões que escreves em tão poucas linhas.
    h) escusas de agradecer. fico ao dispor para esclarecimentos adicionais.

  11. o texto ( fantasioso ) enferma dos mesmos defeitos que critica ( construção fantasiosa da acusação, como dizem ) .
    Valupi, o jornalista que citas não sabe de Direito, nem tu sabes, nem todos os comentadores que até agora compareceram . Acrescento que também eu, que não sou da área . No entanto, cá vai :

    Escrevestes : e “se limite à valoração da acusação no domínio fiscal”
    se conseguires encontrar no labirinto da net o preâmbulo do código da contribuição industrial, lê o o preâmbulo e medita em, – transcrição não verbatim, – “ antes da reforma fiscal que consagra este código, o apuramento do lucro era feito com base no lucro normal que o contribuinte obteria em condições normais, ( acrescento eu, e não o real ), porque, a Fazenda Pública não tem culpa dos prejuízos das empresas mal administradas .

    depois e com relação a prova directa e à prova indirecta, lê o texto abaixo indicado, da pagina 32 em diante : vais de certeza concluir que, a racionalidade vai neste sentido ( com relação à transformação de indícios em presunções e destas em certezas ) : à falta de prova directa, aplica-se o mesmissimo raciocínio acima descrito, mutatis mutandis, porque o julgador nao tem culpa que não existam outras formas de prova – entrando agora no domínio da ironia – é o mesmo que dizer, a justiça não tem culpa que as partes envolvidas corrupto e corruptor não tenham contabilidade devidamente organizada que reflita os atos de corrupção nem estejam devidamente inscritos na conservatória do registo corrupcional ( isto último seria a tal inabalável prova directa ) .

    Em termos práticos e mutatis mutandis, é a mesmissima velha racionalidade, orientada para a obtenção de objectivos .

    Fonte :
    https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/25587/1/Tese%20-%20Mestrado%20Forense%20-%20Margarida%20Barahona%20-%2003.04.2018.pdf

    Escreveste em termos : o processo Marquês dantes não andava e agora também não anda .

    será injusto, atrevido, descabido, infamante e caluniador, cogitar que, com relação a termos salariais, regalias e mordomias anexas, a corporação, se comporte, de um modo amplo, como querendo sempre algo mais e não abrindo mão de tudo aquilo que já tem ( a que muitas vezes chama direitos adquiridos ) ?
    e a partir daí, e dado que Costa entendeu desbloquear uma situação que impedia os juizes jubilados de auferir mais que o próprio ordenado do PM, imaginar que, seria, por motivo óbvio, imprudente, no mínimo, acelerar agora o andamento do processo ?
    e que assim sendo, e estando dantes o processo e a justiça em stand by passivo ( dito de outro modo, habemos processo, esperemos ) e agora em, digamos, stand by activo ( habemos mais quinhão, esperemos mais um pouco ) seria repugnante alguém pensar que, num certo sentido, a justiça ( a corporação, expurgados os magistrados honestos, integros e não ávidos de mais dinheiros e regalias, que são a esmagadora maioria) se encontra, em termos monetários, numa situação de espécie de OPA, aberta a quem der mais ?
    espero não ter ofendido ninguém, não é minha intenção .
    PS : o combate à corrupção é um oceano para o qual não temos nem barca, nem vela .

  12. ó moço aí de cima , o seu latim é bonito , e mais que tudo, acertado , mas gasta-o em vão no valete Valupi , que nem pensar em usar a razão no que ao seu amado cavaleiro se refere . é pura emoção , cegueira total , no que ao mafarrico concerne.

  13. Trolha:
    Assim não dá, meu.
    De repente, tornaste-te sensível e parece que o Vieira mau veio dizer coisas feias ao menino para o traumatizar.
    Quero lá saber se os outros meninos te convidaram ou não pr’a festa d’anos, ou da tua relaçāo com o padre Amaro, era tão só uma forma de te responder na mesma moeda (não sei porquê, mas esta palavra já me soa mal).
    Escusado será dizer que apontar “asneiras e imprecisões” também é uma forma velada de se chamar estúpido a alguém. Quanto mais não seja, nem percebeste que, ao discordar até estava a reforçar irónicamente a ideia, que me pareceu subjacente à tua prosa, de que apenas interessa condenar o homem, dê lá por onde der.

    Porque, no fundo, ninguém percebe nada do que aqui se anda a falar, como o Enapá 2021 acima afirmou. Digo eu que estamos apenas a bitaitar do alto da nossa ignorância segundo (ou seguindo) os nossos ódios e paixões.

    Agora, após te ver sair de cena garbosamente montado na nova e rosada bicicleta com franjas nos punhos, deixa-me defender a minha dama (no pun inteded, claro, que isso foi coisa do Santana Lopes) perante o Enapá.

    Já continuo. Agora estou a comer.

  14. Ok Enapá,
    a ideia, então, é:
    Calar a boca e deixar falar apenas aqueles que são versados no tema, mesmo que essas opiniões mais informadas não passem, também, de conjecturas orientadas por tendências políticas. E depois ficas sózinho no blogue a desmanchar (?) as postas do Valupi, certo?

    Desculpa o atrevimento mas, mesmo não dominando as artes em questão, permito-me explicar que o que a maioria dos analfabrutos (como eu) fazem no Aspirina é dissertar sobre as jogadas dos vários agentes do espectro político nacional, incluindo os judiciais.
    Sim, porque a Justiça também é política. Dãã!
    Fazêmo-lo de uma forma apaixonada, mais ou menos vernacular, uns mais coerentemente do que outros, mas estou certo que é um dos poucos espaços que me permitem extravazar as frustrações de viver num contexto em que a informação é escassa, enviesada e concertadamente prejudicial à nossa democracia. No meu caso, até estou a tentar adquirir, através da prática, algumas competências literárias.

    Isto para levar ao problema Sócrates versus “a cambada de filhos da puta PSD/CDS que nos roubaram e prejudicaram, mas nunca foram condenados (a maioria, nem acusados)”.
    Acho que é evidente que a sanha com que este personagem é perseguido não tem nada que ver com Justiça, punição dos prevaricadores, defesa do dinheiro dos contribuintes ou algum tipo de combate à corrupção.
    Basta ver que se pretende com a “delação premiada”, inclusive, chegar ao ponto de reduzir a nada a pena do cúmplice “arrependido”. Claro está,que tive a paciência de lêr boa parte da tese de mestrado que linkaste a ver se aprendia algo.
    São, no mínimo, interessantes estas passagens:
    “A meu ver, a colaboração do próprio agente do crime com a justiça é uma demonstração considerável do arrependimento do mesmo, pelo que a eventual degradação da imagem da justiça que se possa, hipoteticamente, verificar – por se entender que a colaboração não foi encetada com o intento de cumprir o correspondente dever cívico (como se prevê), mas sim tendo por fim um benefício ao nível da determinação da medida da pena a aplicar – é um mal menor a considerar, tendo em conta finalidade que se pretende alcançar e que respeita à reposição ou, pelo menos, à reparação do bem jurídico violado, objeto da tutela penal.”
    “Verifica -se, pois, que quanto mais informação for dada por aquele que denuncia, maior será o benefício que ao mesmo poderá ser proporcionado, porquanto o que se tem em vista é possibilitar a desarticulação de associações e organizações criminosas, facilitando a investigação criminal e evitando a prática de novos crimes por tais grupos.
    Espero ter entendido bem que, por exemplo, se o Sócrates decidir fornecer provas inéditas da culpabilidade de Ricardo Salgado (e respectiva seita) em actos ilícitos, incluindo “corrupção activa”, pode vir a sair deste processo imaculado que nem o coração de Maria e o Ministério Público vira alegremente as baterias para “La Famiglia”?
    Hummm, não me cheira.
    Já seguem mais postas de pescada. Foi só para isto não cair na pasta de SPAM. I hope.

  15. agora passou a “reforço irónico da ideia” do “ciclista da bicicleta rosa”, gostei.
    um fartote de rir para quem dá “troco sem saber porquê”.

  16. Continuação da verborreia (desculpem mas não tenho muita coisa para fazer):

    Aliás, basta pegar em alguns factos passados com indivíduos de outra côr política e enquadrá-los em alguns dos pressupostos plasmados nessa iluminada tese para nos questionarmos sobre a bondade desta “luta contra a corrupção”. Vou poupá-los a mais citações, mas vale a pena ler para verificar se tenho razão ou sou só estúpido.
    Experimentem apenas analizar alguns exemplos como:
    A passagem do Arnault (é assim que se escreve?) para quadro da Goldman Sachs após participar na privatização dos CTT, o tacho do Catroga na EDP depois de venderem até as “Golden shares”, o lento Gaspar no FMI ou o Passos professor catedrático,etc. Não há indícios de nada?
    Já para não falar dos Mega processos que passaram pelas unhas do Calex ( que, por acaso, até recebeu 10.000€ “emprestados” por um procurador que foi acusado de corrupção) e que não deram em nada.
    E os juizes (ou o jornalistas) não podem ser corruptos? A tese é omissa a esse respeito.
    Vamos pôr a hipótese altamente fantasiosa (wink, wink) de que um procurador e Juiz corruptos estariam interessados em queimar para sempre um político por razões várias, que até podem ter que ver com pressões externas de entidades que pretendem punir o senhor por ter mijado fora do penico, geo estrategicamente falando, por exemplo…, sei lá.
    Os mérdia impolutos vão criando uma espécie de “opinião publicada” para intoxicar a verdadeira opinião pública e até se chega a encarcerar efectivamente o indivíduo durante 9 meses preventivamente. Possivelmente a fim de condicionar eleições, como já foi dito.
    Isto tudo no início de um processo que dura há mais de 6 anos, creio.
    Claro que isto é uma “teoria da constipação”maluca e nunca se passou nada assim na história política da Humanidade (wink, wink).
    Mas imaginem que uma coisa destas acontece? Em que pé fica a a “Luta contra a corrupção”?
    Depois, o político suicida-se (ou é suicidado)na prisão e vivemos felizes para todo o sempre.

    Por isso peço-te Enapá2021, deixa-nos discutir ignorantemente o caso, já que nunca me apercebi de alguma queixa tua acerca do comentariado merdiático que o faz há anos.
    Porque da discussão nasce o “fogo que arde” e se vê nestas propostas de encontros petisqueiros que por aqui se lançam.
    Embora eu continue a pensar que vai dar merda.

  17. não sou o Enapa 21 nem o trolha – do modo como reages a quem te comenta, dá a ideia que imaginas que existe aqui uma empresa de construção civil, – para não continuares a dar tiros no escuro pede ao Valupi que te forneça lista detalhada, – tens que pedir previamente levantamento do estatuto do anonimato, por mim, autorizo, – se ele anuir, pede também certidão autenticada .
    Por mim , não vou pedir a Valupi que me forneça certidão confirmativa de que não fui eu quem tu julgas que sou, e que te respondeu no dia tal à hora qual, na viela incidental .
    não pedí a ninguem para estar calado e para não abrir a boca, apenas tentei alertar para que as figuras de urso não surjam em manadas, o “jogo político” como lhe chamas, – a tua preferência e especialidade, – é cena que não me interessa para nada . Passo .

    “ Sim, porque a Justiça também é política.”
    se te referes aos intervenientes no sistema de justiça, sim, a começar pelo TC, que tem juizes nomeados pelos partidos ( e depois considerados próximos dos partidos que os nomearam, heheh ) e que proferem acórdãos com barbaridades implícitas, como inconstucionalidades temporárias ( implícita no texto ) e outras pérolas .
    se te referes aos intervenientes, isoladamente, a resposta também é afirmativa. Terá começado por um juíz que foi recrutado por cavaco para assessor jurídico. Depois transitou para uma empresa que negociou a bosta do Siresp com o Estado, assunto remendado pelo Costa conforme pode, a merda já vinha de trás, de momento não sei por onde ele anda .
    Se te referes aos intervenientes, enquanto integrantes activos no funcionamento do sistema de justiça, isto é, com os deveres de dedicação exclusiva, imparcialidade, submissão rigorosa apenas e só à lei vigente, etc., tal eventual afastamento do dever de ofício, não deveria acontecer .
    Tens suspeitas ou certezas ? Se tens certezas, é uma coisa, se tens suspeitas, é outra .

    de resto, quando se diz, “ à justiça o que é da justiça, à política o que é da política “, está a dizer-se uma de três coisas :

    – não me quero envolver, nao tomo partido . Eventualmente, também, “ lavo daí as mãos como Pilatos “
    – a justiça e a política devem cuidar exclusivamente dos seus assuntos próprios e não se imiscuirem em assuntos alheios, não interferindo uma com a outra .
    – a actividade política deve derimir-se nos locais próprios, politicamente, e não e nunca por recurso à justiça, judicialmente, por exemplo, não caindo no ridículo de um partido qualquer apresentar queixa em tribunal de instância inferior ao TC, por discordar de uma proposta de lei ou mesmo de uma lei apresentada e aprovada por outro partido, ou pelo governo .

    O Direito, não é, nem uma ciência exacta, nem uma arte, nem um fim, apenas e só um meio, necessário para que as pessoas possam viver em Comunidade .

  18. e já estás a dar mais trabalho .
    o que eu linquei para ler era para ser no que concerne à prova directa e à prova indirecta, foste longe de mais e paraste na travessa da delação premiada, ela já existe, muito mitigada e com prazo certo e alcance muito reduzido, não conheço a lei em pormenor mas pelo que lí por alto, creio que não permite anulação de acusação, inexistência de pena e cadastro limpo .

  19. Não percebeste nada, Pá ( sem o “Ena”).
    Por acaso nem me lembrei que andou por aqui um Enapa, mas a culpa é desta nova moda de não usarem nome, ou nick e depois tenho que tentar sacar algo da frase que usaram para me poder dirigir aos ilustres.
    Pode não ter sido feliz a alusão aos “Frank Zappa and the mothers of invention” portugueses, mas foi o que saiu no momento. Escusavas era de sacar das pistolas porque nem é isso que interessa na discussão e já perdeste muito do teu precioso tempo com essa merda.
    Também não me apercebi que és o tal que vem ao estaminé defender certos juizes e atacar certos políticos. Neste caso, me too. Mas, se bem me lembro, já te ofereci 2 bicicletas e a última que eu tinha- a mais bonita- foi pr’o Trolha. Por isso não posso (nem quero) brincar contigo na Alameda.

  20. já agora e visto que dizes que tens tempo porque tens mais nada que fazer, com relação a isto, que presumo te deve interessar, e transcrevo :

    “Espero ter entendido bem que, por exemplo, se o Sócrates decidir fornecer provas inéditas da culpabilidade de Ricardo Salgado (e respectiva seita) em actos ilícitos, incluindo “corrupção activa”, pode vir a sair deste processo imaculado que nem o coração de Maria e o Ministério Público vira alegremente as baterias para “La Famiglia”?
    Hummm, não me cheira.”

    A mim também nao .

    dá uma vista de olhos a este link abaixo ( em especial da página 14 em diante ) e pondera sobre o alcance do contributo do arrependido e do momento temporal em que essa colaboração é feita . É factor decisivo o fornecimento de dados ( num prazo muito curto ) por parte do arrependidio, na fase de investigação, e já não em fases mais adiantadas, e o contributo para a condenação ( um factor indeterminado, a preencher pelo juiz de julgamento, em tribunal ) se o juiz decidir que o arrependido deu dados mas que nao contribuiram decisivamente para a condenação, pode afastar a diminuição e ou a dispensa da pena ; o MP parece que não pode, à partida, e na fase de investigação, negociar ou prometer que quer que seja . A menos, claro, que seja batoteiro .

    Tomar café antes de ler para não adormecer, va lá que são só 21 ecrans
    https://www.stj.pt/wp-content/uploads/2018/01/direito_premial_contexto_revistajulgar_santoscabral.pdf

  21. eu pensava que a falência do bes era para arranjar provas da corrupção do sócras, mas afinal só encontraram provas do financiamento das campanhas do cavaco. porra que é preciso ter azar. se não fizessem batota não havia nada para escrever no processo, além da capa.

  22. podiam não ter encontrado provas de nada, nem sequer do apoio público de salgado a marcelo, depois iam encapar com um novo processo, com o costa na capa, por causa do hidrógenio & do litrio, tudo por causa da cobertura de amianto, a verdadeira razão da debacle. e já nem falo no comissaire-au-contes, a mãezinha por trás do robusto .
    mas não contes a ninguém, fica só entre nós.
    as más linguas dizem que encontraram na penthouse umas das maiores pinacotecas do país mas não estava lá ninguém a pinacotar, domage, uma cama tão grande …

  23. concordo com o comentarista de cima quanto ao papel do commisaire-au-comptes ( em português, comissário Pontes ) no desenlace do BES .
    nao sei qual a situação dele no processo, aliás, é até provável que tenha já sido encontrado a boiar, no rio cena, em paris .
    foi ele, na realidade, a mãezinha por trás do arbusto.

    no demais e no que toca ao essencial, segundo o filme que vai no batalha, foi por salgado transferido dinheiro para o primo de socrates, dito, o gordo . portanto, salgado jogou na lotaria espanhola e foi premiado com el gordo . é a conclusão lógica . seja por ter lapsos frequentes de declarar ao fisco incrementos patrimoniais, na declaração de irs, seja por já ter dinheiro que chegue, transferiu o dinheiro para o gordo . o primo magro não consta nos autos.
    questionado quanto ao assunto, salgado disse ao magistrado que não encontrava outra explicação para o ocorrido, a não ser ter sido obra do mafarrico . é o que consta e está pasmado na imprensa escrita e falada, não temos outra . tudo estampado em obediencia ao serviço público de violação do segredo de justiça, mediante publicação de transcrições de escutas, e inquirições em ambiente fechado jurisdicional .
    ora, a assistente yo já identificou o mafarrico referido por salgado, como sendo o socrates, himself .
    portanto teremos socrates a transferir para socrates .
    acresce que atenta a supra mencionada imprensazinha da silva, conforme Valupi, a única fonte de informação que temos, a mãe de socrates, ora dá-lhe dinheiro porque ele não não tem, ora pede-lhe dinheiro porque ele tem, e ela não tem .
    chegados a este ponto, eu mesmo, já começo a ficar confuso e a questionar-me quanto à acusação do mp, e a ponderar se não seria mais acertado deixar cair a acusação por corrupção e limitada, e, ao invés, enrolar a familia toda, conduzi-la para a esquadra, e acusar mas é por crime de disfuncionalidade familiar .
    e, note-se, só não digo, mandar a acusação por corrupção, à fava, porque os arruaceiros e mal-intencionados do costume, viriam logo acusar-me de trumponaro para cima, por alegadamente estar a sugerir que se transferisse o ónus do processo, para a ex mulher .

    para finalizar, e quanto àquilo que está escrito lá mais para cima, do papel do mp na delação de latada/arrependimento súbito, não tenho a certeza absoluta quanto ao papel do mp .
    mas se non é vero, é ben trovato .
    e assim sendo e como, com relação àquele assunto, a doutrina se divide, eu também tenho direito a dividir-me e a vir aqui agora teclar .

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