Presidente da Assembleia da República lança ataque à PGR
É com este título que na RTP — repito: na empresa pública Rádio e Televisão de Portugal, S.A. — se faz uma notícia a respeito de declarações de Augusto Santos Silva num programa de rádio cuja temática foi “sobre o direito a discordar e o dever de escutar quem está em desacordo“. A meio do programa, o presidente da Assembleia da República ilustrou a sua opinião referindo-se a um dos casos mais polémicos da actualidade política: o comportamento e atitude da procuradora-geral da República face às críticas que choveram sobre o Ministério Público após terem lançado a golpada que derrubou um Governo de maioria absoluta por motivos enigmáticos, e isso no meio de crimes de violação do segredo de justiça e erros crassos e inacreditáveis na investigação. A tese do Augusto é simples, numa democracia a Justiça também pode e deve ser criticada. Tal não é um ataque, como Lucília Gago agitou para não ter de responder às questões nascidas do processo “Influencer”. Tal não é um ataque, pois e portanto, porque a discórdia é a razão mesma de se preferir um regime democrático a uma tirania. Sendo o Parlamento o mais nobre e consequente palco da discórdia democrática.
Ora, quem escreveu a notícia, e quem a aprovou antes de ser publicada (se alguém), tomou a decisão de transformar o exemplo dado por Santos Silva num ataque político. Não numa divergência, não numa crítica, não numa advertência devidamente contextualizada. Com isso assumiu a estratégia de vitimização da própria PGR que precisamente fazia parte da situação ilustrada, a manha de se tomar qualquer discórdia a respeito de si ou do MP como um “ataque”. Sem surpresa, as duas únicas forças políticas a reproduzirem esta lógica foram o sindicato do MP e o Ventura.
O que seria isso de vermos um presidente da Assembleia da República a realmente “atacar” um procurador-geral da República? Não fazemos ideia, pois nunca aconteceu nem acontecerá neste milénio. Era suposto que os jornalistas da RTP respeitassem a mínima deontologia de não querer alimentar as agendas dos inimigos da democracia. Mas eles alimentam porque querem e podem.
Mas se me atacam, não tenho o mesmo direito de atacar?
Ai, o Augusto, o Grande Augusto. Apenas disse…
Faço apenas um voto: que Pedro Nuno Santos o devolva de vez ao Porto, às aulas de sociologia e que não se lembre do licenciado em História para candidaturas presidenciais.
De Condes de Gouvarinho já estamos pelo pescoço. Mais uns anos e temos uma escola ou avenida com o nome do Grande Augusto. Para já estamos saciados e enjoados.
tenho andado atenta, ainda mais atenta, às pessoas em geral. de facto, grande parte o mundo é uma lixeira de demónios por dentro de demónios, há um abstracto por fora da realidade – da realidade que é concreta – e por dentro de abstracções demoníacas. depois aqueles que não deixam que demónios entrem dentro de si, porque choram, porque só têm amor para dar, são excluídos e ostracizados, desprezados e maltratados. os portadores de demónios, pois e portanto demónios, são os que precisam de exorcizá-los, de se exorcizarem, através de outros congéneres. em redor largam bombas de ódio e mentiras e destruição. são os que se fodem uns aos outros com demónios obcecados por demónios que descem para a gaitas e para as conichas. na política, e arredores, fodem a democracia e lançam os demónios na Cidade. badalhocos em jactos de veneno – mal comum, concreto de pormenores que se perde -, em vez de seiva.
O erro de “Olinda” é achar que há excepções.
Só ‘O QUE HÁ-DE VIR’ – o impronunciável – poderá curar o que houver para curar.
A propósito disso, hoje mesmo, dia 28 de dezembro de 2023, no ‘Museu do Ser-Humano’ (em colaboração com a “Cambridge University Social Anthropology Society” e com a “Lista Museum” da Universidade de Coimbra), ocorrerá uma Exposição e Debate sobre «o que a espécie humana consegue ser, dizer, pensar e sentir».
Cujo desafio é conseguir responder às seguintes interrogações (passo a citar):
– «Poderá o Tudo ser feito de Nada? O imaterial sem qualquer matéria? A coisa sem uma coisa? O real sem uma forma? A pátria sem uma nação? O ser sem um corpo? Uma língua sem Pessoa? A identidade sem um território? O nome sem a coisa nomeada? Qualquer crença sem o pó de uma partícula? A consciência sem uma energia? O inventário dos conceitos de Real pode ser objeto de musealização?».
[Can Everything be made of Nothing? The immaterial without any matter? The thing without a thing? The real without a form? The homeland without a nation? The being without a body? A language without a person? Identity without a territory? The name without the named thing? Any belief without the dust of a particle? Consciousness without an energy? Can the inventory of the concepts of Real be the object of musealization?]
Ou seja, é o mesmo por outras palavras.
Para além do espírito canino que se nota no modo como, no espaço noticioso, a RTP vai seguindo a agenda política dos canais privados de TV, há também um problema com os jornalistas, os da RTP e os outros: são, além de geralmente incultos, fraquíssimos no manejo da língua portuguesa, que é o meio de que se servem para comunicar com milhões de cidadãos. Em lugar de contribuírem para elevar o nível de literacia da população, promovem o analfabetismo funcional. Usam um vocabulário restritíssimo, que tem de dar para tudo. Os títulos, sobretudo, simplificam até ao absurdo. A hipérbole é ingrediente obrigatório, como se na paleta das cores só existissem o preto e o branco. Sai tudo em alto contraste, porque julgam que de outro modo não se compreende a mensagem. Assim, qualquer nota discordante ou observação crítica é um “ataque” ou uma “denúncia”. Ultimamente, pulula o verbo “arrasar” em títulos, aludindo a uma crítica qualquer ou até a um comentário levemente irónico. Não me espantava nada se o título aqui em causa tivesse sido “Presidente da AR arrasa PGR”.
“Não me espantava nada se o título aqui em causa tivesse sido “Presidente da AR arrasa PGR”.”
não se atreveriam a tanto, aquilo tem uma comissão de trabalhadores que fiscaliza o que pode ser dito e o que é censurado ou censurável.
A Democracia não é para vacas e bois sagrados.
Nos últimos seis meses verificou-se de facto uma forte guinada à direita na informação da RTP. O início dessa deriva ocorreu sensivelmente a meio do ano, pouco após o chamado “caso Galamba”.
Não sei se o José Teixeira assumiu como seus os padecimentos do PR ou se o sonso de Belém ativou as suas correia de transmissão na empresa, o certo é que a abordagem dos temas e até o léxico utilizado teve, logo aí, uma vincada alteração.
A segunda e igualmente profunda inflexão à direita ocorreu na altura em que surgiu o chamado caso das “gémeas brasileiras”. Mais uma vez o sonso PR na berlinda e nova ativação das correias de transmissão de Belém na RTP.
O forte desvio direitola que tomou conta da informação da RTP tem algo de curioso. Ao contrário de outros canais de TV, ele não se manifesta tanto nos comentadores convidados ou avençados, que em boa parte permanecem os mesmos, mas sim através da forma como a redação passou a abordar os temas e no léxico agora utilizado, tanto no tratamento das notícias como na introdução das mesmas pelos pivots.
Ou seja, não houve necessidade de rescindir contratos com comentadores ou de recrutar novos, as alterações vieram “de dentro”, da redação e da direção de informação.
É como se agora todas as notícias fossem tratadas pelos lamentáveis Rodrigues dos Santos ou Adelino Faria.
«Poderá o Tudo ser feito de Nada?»
Mais um jogo de palavras indefinidas colocado à maneira de paradoxo verbal pelo Impronuncialismo.
Ora, o “tudo” é uma indefinição que representa a totalidade, o “Infinito”.
O “nada” é uma indefinição que representa outra totalidade, o “finito”.
São duas totalidades opostas que se equivalem. Na prática, podemos dizer, que “Tudo=Nada”.
Por tal, qualquer operação matemática na qual entre um destes operadores, zero ou infinito, ou dá infinito ou dá zero.
Até, sob o ponto de vista da realidade objetiva da natureza com vida pode dizer-se que Tudo = Nada.
Basta pensar que, tudo o que hoje existe vivo, daqui a uns milhares de anos transformou-se e desapareceu; será nada para os viventes desse tempo.
A não ser para o esoterismo dos poetas como Pessoa para quem o sal do mar são lágrimas de Portugal derramadas há 500 anos.
«após terem lançado a golpada que derrubou um Governo de maioria absoluta por motivos enigmáticos,»
Enigmáticos?
Talvez a Exposição e Debate sobre «o que a espécie humana consegue ser, dizer, pensar e sentir» que a “Cambridge University Social Anthropology Society” e com a “Lista Museum” da Universidade de Coimbra)», dado ser uma especialidade do ocultismo, consiga desvendar o enigmatismo daquilo que já, alguns, disseram ser um golpe de estado e quem foram os golpistas que o perpetraram e cometeram.
Também, provavelmente, a maioria dos portugueses já percebeu qual a origem e disseminação deste enigmatismo; historicamente os enigmas são provenientes dos deuses, curandeiros, reis e imperadores-deuses, isto é, de detentores do poder absoluto, ora, quem detém o poder absoluto, hoje, em Portugal?
“Talvez … consiga desvendar o enigmatismo… historicamente os enigmas são provenientes” (José Neves)
1. “Tudo=Nada”? Exactamente. No sentido sinalizar o limite. Pois ambos os termos não conseguem definir nem descrever o que de facto ocorre na Existência. No sentido de que todos os conceitos de Real, queiramos ou não, são forjados-criados por seres da espécie humana. Logo, limitados historicamente à mentalidade e à lógica desta etapa da evolução da Vida (que os naturalistas e a atual ciência designam por “homo sapiens sapiens”).
2. É por essa razão lógica (inerente ao limite humano) que, L. Wittgenstein em 1916, no “Tractatus Logico-Philosophicus”, escreve: “O enigma não existe (6.5) … “Os factos só pertencem ao problema, não à solução” (6.4321) … A solução do problema da Vida nota-se no evanescimento do problema (6.521) …
3. Aquelas interrogações que a Exposição e Debate escolheram não foram escolhidas ao acaso. Elas correspondem, cada uma delas, à história dos conceitos de Real que, desde o início da invenção da escrita (desde que há documentos onde as podemos consultar), foram discutidos e debatidos. E, propositadamente, incluem esses conceitos de Real que foram debatidos, quer na área das ciências exactas e naturais (matemática, física, biologia, etc.), quer na área das ciências sociais (antropologia, sociologia, psicologia, etc.), quer na área das humanidades (história, filosofia, cultura, etc.).
EM SUMA,
Neste Post de VALUPI, não há nenhum “enigma” no derrube do Governo pelo MP.
É a mesma luta de sempre, entre o «Poder dos representantes das Pessoas» e o «Poder dos não escrutinados pelo voto, que não se representam senão apenas a si mesmos». É uma luta que ocorre deste o início da Humanidade. Logo, não é um “enigma”. É aquilo que constitui a natureza do limite humano. Ou seja, não é possível de definir pelas categorias de ‘Tudo’ ou ‘Nada’. É, apenas no ser de si mesmo.
A demissão do Primeiro Ministro António Costa exaltou valores éticos e morais que, por serem raros, caíram bem fundo no coração dos portugueses.
Se a dinâmica entre o comportamento ético do Primeiro Ministro e o comportamento duvidoso de outras instituições, como a PGR, se tornar um ponto central de debate, é possível que os eleitores, para além das propostas materiais, expressem as suas opiniões com base em princípios de justiça, transparência e respeito pela Democracia.