Basílio Horta fez também críticas a projetos de promoção da imagem do país no exterior desenvolvidos no primeiro Governo de José Sócrates.
«Não se vende a imagem de Portugal com uma série de personalidades do mundo, como com o [Cristiano] Ronaldo, porque não leva a nada. Vende-se a marca Portugal em conjunto com as marcas portuguesas, porque não há marca Portugal sem marcas portuguesas», defendeu o ex-presidente do AICEP.
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Como saberá quem já participou numa reunião de condóminos, o estado natural da condição humana não é o da unanimidade. Encontrar quem discorde dentro de um partido, dentro de um grupo parlamentar e dentro de um Governo é a mais banal normalidade. Até a discordância dentro de um mesmo indivíduo está de acordo com um padrão de inteligência elevado. Assim, muitos foram os que discordaram das escolhas da governação de Sócrates por excelentes razões, o que, pese a eventual excelência das suas eventuais discordâncias, não chega para considerar que tivessem a razão toda. Retirar aos adversários a posse de alguma razão legítima foi precisamente o que a direita portuguesa fez por ausência de ideias próprias, e é o que a esquerda sectária invariavelmente faz por obsessão com as próprias ideais que tem guardadas num cofre cuja chave está perdida há décadas.
A vitória de Seguro no PS foi também a vitória daqueles que se queixaram publicamente de não haver debate no partido, de estarem a ser impedidos de criticarem a liderança e de espalharem pelo povo as suas brilhantes alternativas. Era uma acusação hilariante, tendo em conta que eles tinham passadeiras vermelhas para virem à comunicação social dizer o que lhes desse na real gana, incluindo, como vários militantes socialistas fizeram, alinhar aberta e desvairadamente nos ataques ao carácter de Sócrates. Logo, era de esperar que agora todo o estendal de queixas viesse a público, finalmente libertos dessa asfixia socrática. Este era o tempo para expor todos os erros dos anteriores dois Governos, demonstrar como foram perniciosos para os pobres, os trabalhadores, as mulheres, as crianças, os velhinhos. Revelar as infames alianças com o grande e imperialista capital, a ubíqua corrupção dos anteriores dirigentes e os vícios ditatoriais do ex-líder. Seria um favor que estariam a fazer a Portugal e ao PS, devolvendo a decência à política nacional e restituindo o bom nome ao partido, escusado será explicar.
É difícil saber o que nos prejudica mais, se a boçal e perversa redução da política ao moralismo, estratégia da direita, se o apagamento do passado e seu desprezo cobarde, escolha de Seguro. Mas um dia saberemos.
Lucidez do Valupi, que nos ajuda a lavar as ideias logo pela manhã. Agradecido.
Os portugueses tinham direito a ser confrontados, politica a politica, desde o inicio desta governaçâo, com a governaçâo anterior, para ajuizar melhor sobre uma e outra. Como Seguro nunca se reviu na governação anterior, está a ser coerente e o que oferece aos portugueses não é a alternativa de um governo socialista nos moldes do anterior, mas algo “novo” que ninguém sabe o que é, pretendendo que os portugueses “vivam da fé” na politica futura. A resposta é o descredito neste homem e o povo agarrrar-se ao que tem, conforme revelam as sondagens.
O que me espanta e desilude quase definitivamente da politica encartada é o facto de os miltantes do PS numa semana serem 95 por cento socráticos e, na semana consecutiva, serem 95 por cento renegados-socráticos. E esta constataçâo faz-me rezar a oraçâo maldita do diabo: puta que os pariu a todos!
nenhum medo e razão toda no que dizes apesar de eu nunca ter participado em reuniões de condomínio por não ter paciência para festas de garagem. só venho comentar uma ilha na declaração do senhor: CR não é mesmo uma marca, até porque é emigrante por gosto e ambição, Portugal tem muita coisa boa que merece ser difundida. o CR que se foda – de mim não leva nem palmas nem orgulho de patriotismo. :-)
Ganda democrata, esta Olinda ! até na relação com o condomínio demite-se da participação democrática.
Depois queixa-se de ter sido enganada se houver um desfalque nas contas…
não: o condomínio é que é fechado e eu sou livre sem, no entanto, exigir liberdades. :-)
(entre o condomínio e uma mulher, Manolo, não se deve meter, muito menos em participação aspirinocrática, a colher) :-)
Assino por baixo do Mário.
Sobre as declarações de Basílio Horta: totalmente de acordo. Nunca gostei das campanhas de intoxicação publicitária acéfala, tipo “Cristiano Ronaldo”, ou “Allgarve”. São patetices, óbvias, mas também não passam de insignificâncias, minudências, minhoquices, em termos de apreciação global de uma dada solução governativa. Saibamos separar o gigantesco do minúsculo – qualquer criança o sabe fazer… Adiante.
Sobre o assunto (do último parágrafo) deste texto: penso que, em Política, muito pior do que as armas do adversário, são sempre os golpes baixos desferidos, quantas vezes à traição, por aqueles que se supunha estarem ao nosso lado. Que é como quem diz, com a Direita podemos nós bem. Livremo-nos é dos que nos minam as hostes por dentro!
Por circunstâncias profissionais, tive oportunidade de contactar de perto com o que foi a política de apoio à exportação e internacionalização do governo Sócrates, através do AiCEP de Basílio Horta. Nunca, mas nunca Portugal teve um alinhamento tão eficaz entre política e operacionalização no terreno. Os projectos com valor eram acompanhados e promovidos além fronteiras por pessoas que sabiam exactamente o que fazer. O boom da exportação e internacionalização no governo Sócrates foi resultado de muita competência, visão e trabalho, infelizmente agora o Aicep está literalmente parado e todo o dinheiro que as empresas investiram em projectos de internacionalização foi pró galheiro,independentemente das declarações absolutamnete falsas do actual presidente do organismo – um fantoche de quem nem me lembra o nome.
Mas lá diz o Faspar em Washington, o expansionaismo tinha de cabar – e acabou. Agora é o encolhimento até à anulação final.