Jorge Coelho foi o alvo preferido dos caluniadores, à esquerda e à direita, durante as campanhas para as Legislativas e Autárquicas. Parece que é ilegal ter vida profissional depois de sair do Governo e alguém esqueceu-se de avisar. Passou automaticamente a corrupto, acusação que espelha o carácter de quem a faz, saindo a sorte grande à oposição com o caso do Terminal de Contentores. Só faltou Louçã ter dado ordens para se formarem piquetes de rua, o PC fornecer camionetes de estivadores e gajos de bigode, o PSD oferecer-se para ficar nas esquinas a vigiar, o CDS aproveitar para vender umas mocas de Rio Maior e, justiceiros, partirem para a caçada ao felpudo mamífero.
Este homem, tão selvaticamente atacado na sua honra, estava condenado a ser achincalhado se abrisse a boca para balbuciar uma tanga qualquer acerca das negociatas da Mota Engil com os malandros do PS e os bandidos do Sócrates. Mas quem, na comunicação social completamente dominada pelas agências de comunicação do Governo, teria cojones para afrontar o grande mafioso? Só existia um; por sinal, personalidade muito querida por Louçã e maltósia. Caberia a Ricardo Araújo Pereira, esse herói da luta pelo aborto e da gozação com o PNR, o papel de confrontar o monstro com as tais perguntas a que este anda a fugir como reles animal de subterfúgios que é. E cumpriu-se o sonho da oposição, não ficou pedra por revirar nos podres que envolvem a sua actividade política e profissional. Don Coelhoni foi implacavelmente esmiuçado.
O resultado foi esmagador. Sabemos que foi esmagador porque nem ranhosos nem imbecis disseram fosse o que fosse da entrevista. É sempre assim com notícias favoráveis a Portugal e aos portugueses que tenham a marca PS, os pulhas enfiam a viola no saco e ficam à espera da próxima oportunidade. Nesta ocasião, o que Jorge Coelho fez revela muito mais do que apenas a sua dignidade, também expõe diferenças culturais profundas entre as sociologias do PS e as do PSD e CDS. O liberalismo, tomado aqui na sua mais nobre acepção, não está numa direita que de tão intelectualmente miserável se reduz à calúnia, está numa esquerda que lida com os golpes mais baixos – e as golpadas mais altas – sem vacilar. E, por isso, sabe rir.
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Três factos se juntam a esta entrevista:
– O Ministério Público não vai desencadear qualquer processo na sequência da auditoria do Tribunal de Contas ao alargamento da concessão do Terminal de Contentores de Alcântara por não se evidenciarem infracções ou irregularidades financeiras ou outras que importe conhecer.
– António Cluny recarrega baterias, remetendo de imediato cópia do processo para as diversas instâncias da Procuradoria Geral da República junto das diferentes jurisdições penais e administrativas.
– Helena Roseta pediu ao Parlamento a “revogação imediata” do prolongamento da concessão do terminal de contentores de Alcântara.
Conclusão: assumir decisões polémicas é preferível aos consensos que atrofiam a política, porque a política deve ser coragem, não cobardia.
Já agora, Helena Roseta e o PS estão de parabéns pela independência respectiva.
Sou de opinião que um ministro quando cessa funções num governo qualquer, tem duas situações a seguir. A primeira é munir-se de uma boa quantia roubada, seja a quem for, para fazer face à sua vida futura, ou dar um tiro na cabeça porque não lhe resta vida para além da sua governação. Estamos num País em que tudo é desleal e duvidoso, só nós é que somos sérios, os nossos adversários são todos corruptos e oportunistas. Se fossemos todos honestos com as nossas obrigações éramos o povo mais feliz à face da terra.
Temos que viver com aquilo que temos e fico admirado por ainda haver alguém que se sujeita a ter que levar com este tipo de comentários. Acho que temos mais olho que barriga.
Muito bem visto, Manuel.
Vida profissional? E qual é a profissão, diz lá?
Que tens a ver com isso, Aristes? És tu que lhe pagas o salário?
Manuel Pacheco é mais ou menos isso, por acaso eu acho mal que um ministro vá trabalhar para uma empresa área que ele tutelou. Lembra-se do Ferreira do Amaral? Fez um contrato leonino com a Lusoponte, agora é seu funcionário, parece-lhe isto bem? A mim não!
valupi,
qual é relevância desta afirmação?
“O Ministério Público não vai desencadear qualquer processo na sequência da auditoria do Tribunal de Contas ao alargamento da concessão do Terminal de Contentores de Alcântara por não se evidenciarem infracções ou irregularidades financeiras ou outras que importe conhecer.”
Nenhuma!, isso nunca esteve em causa, trazer isso para o debate é para fugir ao essencial, o problema sempre fui politico e económico nada mais!
informação previligiada,
“És tu que lhe pagas o salário?”
Achas que se eu estivesse nessa liga, dos que pagam “salários” a
ex-ministros, andava por aqui a mandar bocas?
Porque razão se ataca um homem como o Jorge Coelho ? Terá sido o único a sair do governo e ir trabalhar para a privada ? Ferreira do Amaral , Celeste Cardona,Dias Loureiro,Oliveira Costa, e muitos mais: será que só o Coelhone é culpado, desonesto, e não devia ter aceite a proposta da Mota Engil ? Não tenho o Dr. Jorge Coelho na conta de desonesto. Como tambem não tenho na mesma conta Ferreira do Amaral, Celeste Cardona . Os outros a ver vamos.Mas não os acuso nem lhes chamo nomes , com o valor que isso possa ter, dou-lhes o benefício da dúvida .E quantos atiram pedras , com a consciencia tranquila ? Será que a teem mesmo ? Permitam-me duvidar .O que sei, é que o Dr. Jorge Coelho é um dos bons economistas de empresa que nós temos, e talvez esteja a servir melhor o País a orientar negócios da Mota Engil , negócios esses que resultam em mais valor acrescentàdo para Portugal. Não, eu nunca estive no governo, e nunca fui trabalhar para nenhuma empresa de um amigo , ou da família , ou com cunhas,sempre pude contar só comigo, e não me tenho dàdo mal.A única coisa que tenho do estado é uma reforma da previdencia, mas continuo a ter um bom espírito para não dizer mal dod outros e não desconfiar sistemáticamente de quem tem sucesso.
privilegiada