Que diria Jefferson do David Dinis?

[...] na semana passada, quando alguns jornais internacionais publicaram notícias sobre a Zona Franca da Madeira, incluindo o Le Monde (leram?), o Pedro Crisóstomo, jornalista do PÚBLICO, lembrou-se de ir ver se as estatísticas de 2015 já tinham sido publicadas no Portal das Finanças. [...]


David Dinis

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O actual director do Público assina um artigo de opinião no seu próprio jornal onde explica qual a razão por que teve de noticiar algo tão aparentemente negativo para os seus amigos do PSD e do CDS. A razão dá pelo nome de Pedro Crisóstomo, alguém que fez um bom trabalho como jornalista na matéria em causa, e o qual criou uma situação que, enfim. Logo, os amigos do David Dinis podem ficar descansados pois o David Dinis não mudou de gostos, garante o David Dinis. Foi um azar.

Este mesmo David Dinis, na mesma opinião, aproveita para encher de patê os burgessos, ou lá como os franceses dizem, reclamando-se fidedigno discípulo de Jefferson, um fulano que gostava muito, mas mesmo muito, de jornais. Para o provar invoca uma outra matéria tratada abundante e entusiasticamente pelo seu jornal e por si próprio: a embrulhada da CGD no que à relação de António Domingues com o Governo e o Presidente da República diz respeito. A tese é a seguinte: explorar – e apelar à continuação da exploração política e mediática – um caso passado e desaparecido nascido de uma negociação falhada entre administradores bancários com exigências esdrúxulas e governantes displicentes é exactamente o mesmo que apontar dados objectivos que revelam uma objectiva e grave falha nas obrigações do Estado.

Ora, se é óbvio que qualquer órgão de comunicação social tem todo o direito de investigar o que lhe apetecer pelo tempo que quiser, podendo até brincar ao “jornalismo independente” para melhor gozar o prato, não menos óbvia é a constatação de que a estrada da Beira não tem a mesma importância da beira da estrada. Apelar à constituição de nova comissão de inquérito cujo alvo seja a exposição de toda a correspondência possível de exibição entre António Domingues e Centeno só tem um objectivo: manter PSD e CDS ao ataque para lhes dar tempo de antena numa lógica de desgaste de ministros, Governo, PS e restantes partidos que suportam no Parlamento a governação. Foi isso que o David Dinis fez explicitamente e é isso que a peça da Liliana Valente igualmente faz pelo seu contexto editorial – isto é, David Dinis está a usar Liliana Valente para se armar em puro. Logo ele, com um currículo de alto sucesso na politização da profissão de jornalista.

Que diria Jefferson de tamanha lata?

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7 thoughts on “Que diria Jefferson do David Dinis?”

  1. Pois é ! Mas no Observador não tocam os alarmes da “imoralidade” por o Dinis ser pago para escrever estas cenas.

  2. É a mírdia que se espalha, entrelaça, confunde e roda sobre si mesma como cão tentando lamber a cauda.
    São todos um.
    Missão igual.
    Cinzas dum passado que foi jornalismo.

  3. Ah! Esse comentário aí de cima! Retrata o Marquês, o Gold e o Negativo. Mas onde está o cabecilha? Quem é o cabecilha? É um deles, é um deles…

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