Foi o PS, com 1.747.685 votos. O segundo mais votado foi o BE, com 550.892 votos. E o terceiro foi o PSD, com 81.054 votos. Porém, nessas eleições uma coligação conseguiu ter mais votos do que o partido mais votado, a PAF com 1.993.921 votos. Os votos numa coligação não são para uma das partes, são para o todo da coligação. A forma como depois cada coligação distribui os lugares nas listas entre as partes é algo sem conexão com o valor dos boletins contados nas urnas. Daí resultou ter o PSD o maior grupo parlamentar, com 89 deputados, mas a coligação que se formou entre o PSD e o CDS desapareceu no acto mesmo de se fechar a contagem dos votos. A sua existência não passava de um artifício para conseguirem mais deputados do que aqueles que obteriam caso concorressem separados. Tudo se jogava, portanto, nesta lógica: PSD e CDS formavam uma coligação para validarem a sua governação obtendo uma maioria parlamentar que lhes permitisse ter o poder na legislatura seguinte – não obterem a maioria, independentemente do número de votos e deputados que cada força com representação no Parlamento registasse, significava que o eleitorado não queria que continuassem a governar. Isto é simples.
É simples e tem importância não só política, tendo dado origem a uma mudança de Executivo, como social, mostrando algo que se foi confirmando nas sondagens ao longo de 2016 e 2017. Apesar do domínio mediático de que Passos e Portas usufruíram, apesar das manipulações patifes (como foram a irresponsabilidade com que se lidou com a crise da banca para garantir a propaganda da “saída limpa” ou a canalhice da tanga a respeito da devolução da sobretaxa do IRS, por exemplo), apesar do lançamento público da “Operação Marquês” em exacta sincronia com a chegada de Costa à liderança do PS e com a entrada num ano eleitoral, aqueles que nos afundaram no resgate de emergência para tomarem o poder custasse o que custasse (ao Zé), e que usaram a invasão estrangeira para uma tentativa de reengenharia económica e social que esconderam do eleitorado em 2011 e que só foi travada pelo Tribunal Constitucional, perderam as condições para governarem mais 4 anos sem eventuais acordos com partidos terceiros. Ou seja, perderam as eleições – e com isso perderam a razão. Isto também é simples.
Também é simples e leva-nos para um exercício mental. Imaginemos que a PAF tinha obtido a maioria parlamentar. Provavelmente, muitas decisões que PSD e CDS tomariam a partir daí seriam semelhantes, se não exactamente as mesmas, das que foram e serão tomadas pelo actual Governo. Teríamos, à mesma, uma qualquer recuperação da economia, dada a conjuntura internacional, o crescimento gigante do turismo e a continuação do renovo no tecido económico com ganhos de produtividade, inovação e exportação. Só que, diferente e fatalmente, seríamos bombardeados com a cassete (ou o MP3) da TINA, da sacralização da austeridade salvífica, da violência fanática sobre a população, os mais pobres, a classe média e as pequenas e médias empresas como resultado da culpa dos socialistas, esses demónios corruptos e estróinas. Seria alucinante, pois não haveria forma de saltar para este universo paralelo e constatar como estamos tão bem ou muito melhor economicamente do que estaríamos com mais 4 anos de Passos e restantes traidores. Quem nos afundou em 2011 chegaria a 2019 no poder e com um discurso feito de sórdidas mentiras impossíveis de desmontar. Isso seria muito complicado – e trágico num grau que até neste palco da imaginação fica como avantesma tenebroso.
Números parecem um pouco confusos ….
F Soares, qual é a confusão que detectas?
Valupi, daqui a bocado chega aqui o Lucas Galuxo com as cenas alucinadas do Lula da Selva, do santificado José Sócrates, o Perseguido, dos bandidos do MP e vai esclarecer tudinho.
[Eu leio depois, ambos.]
mas quem é quer saber isso? que noia move on , gajo.
Assunção Esteves explicou que o que o PAF teve foi uma maioria inconseguida por causa do inconseguimento dos partidos.
pois, seriam rançosos com poder.
Os números estão certos. Confusão minha . Peço desculpa
Valupi, ouvi dizer que houve movimentações estranhas-logo-suspeitas-logo-persecutórias-logo-contra-os-interesses-da-firma-Araújo, Delille & C.ª, Limitada nos gabinetes do Tribunal da Relação de Lisboa… sabes alguma coisa, por acaso?