Pulhémica no Público

Manuel Carvalho, um vero homem do Norte que acumula com ser um exemplar homem Sonae, inspirou-se em Pedro Abrunhosa (et pour cause) para entrar em 2020 a fazer o que ainda nunca tinha sido feito no pasquim: beliscar a reputação de João Miguel Tavares. Neste editorial – O vandalismo de Leça não é política: é apenas crime – chama-lhe bronco e grunho (embora não necessariamente por esta ordem) e aproveita a ocasião para promover a autarquia de Matosinhos. Que se terá passado? Foi passar o réveillon a Damasco e tropeçou numa mala à saída do aeroporto, caindo em si com estrondo? Não conteve a ira dado ser um famoso comentador de arte que tem enchido o órgão de comunicação social de que é o actual director com sublimes arrebatamentos estéticos? São hipóteses a ponderar mas os 10 euros que tenho no bolso iriam para a aposta de na origem dos açoites dados à criança estar António Bernardo Aranha da Gama Lobo Xavier, eminência parda do império Azevedo. Não se morde na mão que nos alimenta, nem sequer com mordidelas na reinação porque deixa muita e nojenta baba, explicou editorialmente o Carvalho ao Tavares.

O João Miguel agradeceu o holofote e voltou a mostrar que é uma esponja. Cada pancada que leva em nada o afecta, de imediato está de volta ao formato original. O chouriço que hoje publica – De regresso a Leça, para polemizar mais um pouco – podia ter como sumário executivo: “Hei, Carvalho, olha para este cadáver esquisito feito em 20 minutos a partir da Wikipedia. Que gozação, mano, e pelo preço combinado!”

Apesar do texto da Bárbara Reis, que colocou a adjectivação no radar, o director não carimbou o colunista como demagogo. Isso iria interferir com o gasto sistemático que o director faz do colunista quando é demagogia o que os dois fazem à maneira. À maneira dos pulhas.

7 thoughts on “Pulhémica no Público”

  1. Para além da defesa da honra do sr. dr. António Bernardo Aranha da Gama Lobo Xavier e, por tabela, da SONAE, julgo que o Carvalho também terá aproveitado a ocasião para dar um tabefe ao culunista JM Tavares, em quem talvez veja um candidato a suceder-lhe na direcção do jornal. Mas isto são teorias da conspiração.
    No seu texto inicial, o culunista JMT revelava ter feito aturada investigação, procurando saber que forças tenebrosas se escondiam por detrás da aquisição da obra do Cabrita Reis, na secreta esperança, digo eu, de que a câmara socialista de Matosinhos tivesse gasto uma pipa de massa a pedido de gente socialista, quem sabe se não do próprio José Sócrates. Afinal, tudo bem espremido, só lhe saiu um grupo de gente do CDS e com ligações à SONAE, dona do jornal que lhe dá de comer… Como um azar nunca vem só, JMT meteu ainda magistralmente a pata na poça, com um texto que parecia mostrar compreensão para com os vândalos do partido vergonhista que picharam a obra do Cabrita.
    No artigo de hoje, o desgraçado culunista dá só meia palma à palmatória do Carvalho, porque entretanto deve ter percebido que não devia ter falado do sr. dr. António Bernardo Aranha etc, etc. Mas volta a insistir nos seus argumentos indigentes contra a obra de Cabrita Reis, que ele condena por não evidenciar qualquer “vestígio de virtuosismo”. Volta também a desculpar os vândalos do partido vergonhista, desta vez com o argumento de que com uma lata de tinta se apaga o vandalismo e até se melhora a escultura, que já estava a ser atacada pela ferrugem.
    O culunista agora autopromovido a crítico de arte arrisca-se também a ser pichado na praça pública por algum vândalo que não goste da artigalhada dele. E não terá razão para se queixar muito, porque com um frasco de água-raz apaga o vandalismo e talvez até fique mais asseado.

  2. vá lá que fui ler a polémica , se não ficava com uma ideia completamente errada lendo o post.
    o MT ganha por 10 a 0 ao Carvalho , que parte duma premissa errada , a de que aquela coisa, a imitar um castro celta de arranha céus depenados , é uma obra de arte. não é , é género a tal flatulência do salvador sobral . o cabrita que desculpe , mas é efectivamente o equivalente à banana na parede.
    e o tavares não se calou e bem , o artigo é bom.

  3. é que se há aqui um vândalo , esse vândalo é o pedro cabrita reis , que vandaliza o conceito de Arte. estou a imaginar o Gaudí ressuscitado a olhar para aquilo .

  4. Também podemos imaginar Cabrita Reis a olhar para a mastodôntica e custosa catedral de Gaudi e a pensar;
    Eu fiz uma obra simples dedicada ao mar e pu-la junto da sua realidade e o Gaudi eregiu esta faraónica (faraónica, despesista, etc, etc, como diziam há anos) dedicada à sagrada família que é o quê, foi o quê, fez o quê, existe onde, deu ao mundo o quê, qual a sua realidade ou sacralidade?
    Todas as perguntas pertinentes se podem fazer sobre uma peça de arte mas outra coisa é o jmt que usa, sempre e em qualquer circunstância, o processo da má-língua para estar sempre empoleirado em bico-de-pés.

  5. pode ser que o jmt seja assim, não costumo ler, não gosto dele ao vivo, mas aquilo fazia eu, que de talento artístico tenho abaixo de zero, alias , com legos até já devo ter feito -:)

  6. poizé. já deves ter feito com leigos, mas foi na tua rua porque aqui não te safas.

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