A propósito desta importante notícia, aproveito para contar aquela que se diz ser a história Zen favorita de Herberto Helder:
Um camponês chega a casa e encontra a mulher acocorada ao pé da porta, procurando algo no chão. Que se passa?, pergunta. Perdi o anel do nosso casamento, responde a mulher. Onde o perdeste?, pergunta o homem. Dentro de casa, diz a mulher. Mas, então, porque procuras cá fora?, pergunta o homem. Diz-lhe a mulher, Porque aqui há luz.
Sei que esta história contém uma verdade terrível. E não faço ideia qual seja.
eu conhecia essa história como uma anedota envolvendo um alentejano debaixo de um candeeiro de rua á procura de uma moeda e que é interpelado por um polícia, vê lá tu…
viva! essa é muito velha mas se ler o platão percebe. com os cumprimentos da pastelaria do o’neill
PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
– ele há tanta maneira de compor uma estante!
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny
Susana: isto prova bem o abismo entre a cultura ocidental e a oriental. Não percebemos a história e transformamos essa aparente incongruência narrativa em humor.
Ana Cristina Leonardo: estás a olhar para o texto com os olhos de uma ocidental. É um paralelo giro, mas, como é óbvio, o Platão não entra neste filme.
Valupi: deu-me muito que pensar esta história. E ainda dá. Prometo voltar mais tarde, nem que seja para confirmar que a minha reacção é igual à tua.
ah, sim, joão, concordo: à luz desta luz, a história adquire outra luz.
João Pedro Costa: só entra. Porque a sabedoria está para lá dos pontos cardeais. Por isso, também, a contou Herberto no photomaton e vox. Quanto ao Platão, repare: o que queria ele explicar? o mundo. Mas no mundo (na caverna) está muito escuro. Por isso se procura lá fora, ou no Mundo das Ideias, ou na varanda, na versão do Herberto. Para usar uma palavra sua: é óbvio.
Mao: gosto muito desse poema. Também faz parte do espólio do «Meditação na Pastelaria»
Desculpa-me, Cristina, mas continuo a discordar. Está a cometer um erro muito típico e muito irritante e muito repetitivo e muito estudado pela antropologia que é transportar a sua bagagem cultural para uma realidade que é fruto de uma bagagem distinta. Olé.
É óbvio que a sabedoria não está para lá dos pontos cardeais, porque não estamos a falar de uma sabedoria (ou conhecimento) científica, mas antropológica e cultural (na verdade, na minha opinião, nem o conhecimento científico escapa a esta regra, mas isto é outra conversa que mete espitemologias e outras palavras que não sei escrever, se calhar deveria reescrever este parágrafo, vá lá isso: um gajo pode não fazer o que deve, mas saber que o deve fazer). Aqui, muito mais do que a sabedoria, ou a verdade, ou a moral, é o percurso que se faz para chegar lá (há quem chame a isso filosofia, eu prefiro chamar-lhe estética). É necessário não conhecer um mínimo da história da filosofia para afirmar que os caminhos são todos iguais. De resto, está apenas a referir um grão de areia do que é a cultura filosófica (ocidental (e da antiguidade)). Aristóteles não era chinês e estava muito longe de concordar com as ideias platónicas.
Ao Herberto Helder não lhe interessava nada disso, mas uma coisa muito mais profunda (ai, que o primo vai dar-me na cabeça) que são os peculiares mecanismos textuais, semânticos e sintácticos das linguas oriundas das diferentes culturas. É de resto isto que me também me fascina. Utilizando o título do meu primo, é a «profilaxia» que me seduz, porque ela é, neste caso, obviamente linguística. Se me intriga, é porque é «zen».
Lamento ainda que se tenha irritado com o meu comentário. Mas aí a culpa é toda minha, sou um bruto (a culpa também poderá ser «amputada» à TVI). Desculpe lá qualquer coisita. E agora, se calhar, estou a ser irritantemente paternalista. Acredite que não sou e, de resto, eu sei que sabe que não sou, embora possa compreender alguma irritação sua. Como disse, nada de paternalismos.
ai, joão, esse último parágrafo foi tão irritantemente paternalista, filhote.
Daí a última frase, susana. Onde está o teu sentido de humor?
retribuo-te a pergunta, joão.
Eu compreendo essa tua retribuição, susana, o que só prova que, de facto, não sou paternalista.
aliás: a nova luz sob a qual me surge a história deve-se ao ter ficado a saber que é uma história zen. isso enquadra-a, como referes, no campo de uma filosofia, pelo que se torna um paradoxo filosófico. aí passa a ser passível de cruzamento com outros pensamentos, paralelos, perpendiculares, até oblíquos.
O GUARDADOR DE REBANHOS
…
Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.
XXIX
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De, que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés –
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma…
XXX
Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o.
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.
O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso.
Não sei o que é a Natureza: canto-a.
Vivo no cimo dum outeiro
Numa casa caiada e sozinha,
E essa é a minha definição.
…
Alberto Caeiro
Quanto ao cruzamento, tem prioridade o que vier da direita, isto é, do oriente. A não ser que estejamos de costas para o planisfério, claro. As regras da prioridade sempre me deixaram muito confuso.
bem, mao, nem de propósito. hoje por causa disto pus-me a pensar na poesia haiku. e o caeiro é como se estivesse no outro extremo da diagonal. no entanto a diagonal é a mesma e a simplicidade nunca está onde aparenta.
joão, tens que atentar aos sinais vermelhos. vais ver que te orientas.
e ali em cima queria ter dito: perpendiculares, oblíquos, até paralelos; desorientei-me…
continuando, além do aspecto da luz, em que a “minha” anedota não seria muito diferente, há ainda a parábola do casamento. o anel como símbolo da união, a casa onde já não há luz. a saída dessa casa á procura do que se perdeu, que é, no fim de contas, a própria luz.
People&Arts,
Bem lembrado, pela ana cristina leonardo, da versão original helderiana, a qual se passa numa varanda. Eu estava a citar de cor, e tomei algumas liberdades patéticas.
Quanto à anedota com alentejanos, é como já concluíste, susana: o contexto é um outro texto.
Quanto a Platão, fico aliviado. Se só tenho de ler esse autor, tudo bem, é fazível. Olha se era o Platão, o Hegel e a Escola de Frankfurt?… Um sarilho que a porcaria do anel perdido muito dificilmente justificaria.
Primo, intuo que intuis o que intuo. Não se trata da dicotomia, do dualismo platónico e moderno (erro crasso de interpretação), mas de uma anfibologia. Um paradoxo vivo, que se mente, fazendo sombra no meio da luz.
Caro João Pedro Costa, primeiro não estou, nem estava, nem estarei absolutamente nada irritada por causa desta troca de posts. Apesar de ter nascido a Ocidente, às vezes até eu consigo ser bastante Zen. Ao invés, parece-me que foi a si que a minha “piquena” nota provocou um momento de irritação, aliás, absolutamente desnecessário: «Desculpa-me, Cristina, mas continuo a discordar. Está a cometer um erro muito típico e muito irritante e muito repetitivo e muito estudado pela antropologia que é transportar a sua bagagem cultural para uma realidade que é fruto de uma bagagem distinta. Olé.» O olé denotaria já paternalismo. Mas passemos sobre isso, que também não me incomoda. Afinal, os anos não são só rugas. Tudo começou, porque vim parar ao vosso blogue e dei com uma história que conhecia de outras geografias, e nomeadamente na versão do Herberto Helder. E, por falar em Herberto, reconheço a sua coragem quando afirma: «Ao Herberto Helder não lhe interessava nada disso (…)» Pois, olhe, eu que durante anos conversei com ele no comboio e à mesa do café que havia em frente à Assirio não faço a menor ideia do lhe interessaria, a não ser a força telúrica das palavras e do mundo. Adiante. Lido o post de Valupi, pareceu-me que, como sempre nas histórias Zen, a compreensão está na extrema simplicidade. E vai daí recordei um trabalho de faculdade sobre Platão em já tinha usado esta história como grelha de leitura (felizmente, o meu extrordinário professor de Filosofia Antiga, José Gabriel Trindade Santos, não achou que eu tivesse cometido um «erro crasso de interpretação»). Curiosamente, Nietzsche (esse sim, odiava Platão, ao contrário de Aristóteles que passou a vir a tentar não contrariar o Mestre, mesmo quando o contrariava), também percebera que o grego, desesperado do escuro do mundo, se tinha posto à procura – na varanda – de uma explicação que lá, porventura, não estaria, ou que era inútil procurar porque na escuridão estava exactamente a explicação do mundo (mas Nietzsche acabou louco, como se sabe). Enfim, e para acabar, não vá o João achar novamente que eu estou apenas a querer exibir uma bagagem cultural cheia de roupa interior esburacada, deixo-o com outra história Zen de que também gosto muito. Cito de memória: «Buda chegou às margens de um rio onde um discípulo vivia recolhido. Quando o discípulo viu Buda, o rosto iluminou-se-lhe e gritou: – Mestre! Mestre! Há anos que o aguardava. O seu ensinamento permitiu-me concluir uma coisa extrordinária. – O quê? perguntou Buda. E, então, o discípulo atravessou o rio caminhando sobre as águas. -Quantos anos demoraste para conseguir este feito? – perguntou Buda. O discípulo respondeu: – 30 anos! – E porque perdeste 30 anos da tua vida para fazer uma coisa que, de barco, demoraría cinco minutos?» E agora vou lavar a loiça, como manda o Mestre de uma outra história Zen que está nas minhas preferidas, mas que estou com muita preguiça de ir buscar à estante. Fique bem, João. E não se irrite que não vale a pena. Seja Zen. Abra a sua mente.
Saudações da «Meditação na Pastelaria» e um cumprimento especial à Susana
Querida Ana, para já gostaria apenas de dizer que é muito boa-onda, característica muito rara nas pessoas que escrevem zen com maiúscula. Voltarei aqui com mais tempo. Ouviste, primo?
ana
Invejo as aulas com o Trindade Santos, por razões cuja explicitação seria ofensivo fazer, de tão óbvias. Mas não invejo esse trabalho onde uma história Zen foi grelha de leitura do que quer que seja relativo a Platão. No entanto, que mande por fax o primeiro certificado quem não guarda boas recordações académicas.
Valupi, teria que conversar sobre isso com o Trindade Santos. Mas desde já o aviso que ele é muito rigoroso e analítico. Como os budistas, aliás, também são, apesar da terrível ganga mística que lhes colam os ocidentais.
Ana Cristina: um pequeno off-topic. Andam há vários meses a dar-me cabo da cabeça para fazer meditação e que isso, supostamente, faria baixar os meus níveis de glicemia (sou diabético, tipo 1). Conheces algum caso semelhante? Ai, já te estou a tratar na 2.ª pessoa, caramba.
Ganga mística? Gosto dela ruça e rasgada. Muito usada, percebes?
As histórias zen, com z maiúsculo ou não, são como as grandes paisagens: diante delas, não temos como permanecer indiferentes. A sua beleza nasce precisamente da sua
obscuridade, como se o seu sentido permanecesse secreto mesmo para os seus autores. Parecem um murmúrio que inadvertidamente chegou aos nossos ouvidos e, no embate da surpresa, hesitamos como o acolher. E depois, há a brevidade do conto, que deixa o tempo suspenso, como se soubesse que quanto menos palavras forem ditas, maior a força do silêncio depois delas. Ou como escreveu Herberto Helder: “nunca se pode ver a noite toda de súbito”.
Também conhecia esta história de luz e trevas, numa versão diferente e menos
simbólica. Tratava-se, não de uma aliança de casamento, mas de uma moeda (bem mais fácil de encontrar) perdida. Neste fascinante conto zen, à armadilha da lógica junta-se o humor esotérico perante esta tragédia só nossa, e por isso universal. Nas sombras que habitam a dúvida – e que nesta história assumem o rosto da intimidade – , é mais fácil sair para a rua e procurar a resposta na luz, do que prosseguir na escuridão. Esquecidos de que a verdade pode estar escondida em qualquer parte, e sobretudo dentro de nós, a cegueira nasce de nos reconhecermos numa imagem fora de nós. De olhos bem fechados, talvez ela encontrasse a aliança mais depressa. Uma súbita pálpebra pode revelar a mais
secreta das respostas. Talvez esta história seja para ler de olhos fechados e essa seja a sua verdade mais ofuscante.
Belle
Muito bem. Iluminas a escuridão. Mas não te esqueças das sombras causadas pela luz.
Quanto à história supra, a ana já fez o favor de nos avisar que a versão relativa ao Herberto Helder é diferente; e tu agora apontas outra variação, a moeda em vez da aliança. Ora, cumpre-me esclarecer ainda melhor o que fiz: como não me lembrava dos pormenores da versão original, inventei. Deixou de haver varanda e moeda, passou a haver exterior de casa e aliança. Esta introdução da aliança é particularmente grave, espúria, pois pode estar a perverter a dinâmica do original. Por exemplo, a susana apresentou logo uma interpretação circunscrita pela temática do casamento, da relação amorosa. Esse peso desaparece se o objecto perdido for uma moeda.
Assim, também te agradeço a oportunidade de reforçar o aviso: não acreditem no que escrevi.
Quanto ao cerne da questão, a procura na luz daquilo que está na escuridão, há uma leitura moralista que implica um dualismo, uma fronteira entre dois reinos, um maniqueísmo. Nesse plano interpretativo (o qual explica a leitura anedótica) a procura na luz seria um erro. Porém, esse não é o paradigma Zen, intentando este transcender os dualismos (afinal) psicológicos. E que há para além do mental? Isso – como deveria ser óbvio, e correspondendo à essência do ensinamento Zen – não se explica, não se revela, apenas se aponta, apenas se propõe como eventual experiência (experiência, atenção, que implica a Tradição e seus modos: mestres e disciplina).
O que me liga a esta história é a tensão entre o conhecimento e a consciência. Pelo conhecimento, a busca deveria ocorrer dentro de casa, na escuridão. Mas a consciência procura na luz, superando o conhecimento…
Terrível. Terrível o abandono do que se conhece.
Também me parecia que mais do que os elementos (um anel, uma moeda, um pedra) é na dinâmica da busca que está o cerne desta história. E repara que a consciência supera o conhecimento, pois é esse que é questionado.
Exacto primo, e muito bem apontado. É à consciência que se faz a pergunta, é à consciência que se pede a responsabilidade.
Aliás, e ousando despertar a implacável fúria do excelso Trindade Santos&discípulos, não existe entre este “logos” Zen e o de Platão qualquer paralelo, sequer ponto de contacto. Tanto a Alegoria da Caverna, como a Alegoria da Linha, ou até a teoria da reminiscência (ou seja lá o que for que se encontre nos diálogos platónicos; incluindo a Carta Sétima e a referência à Atlântida!), pressupõem trânsitos gradativos e ontologicamente diferenciadores. Nada dessa ganga (seda?) metafísica faz perder um segundo de pensamento no Zen, antes se denunciando nisso o impedimento da “iluminação”.
Enfim, é a tão conhecida, e tão pedagógica, história da taça cheia de chá.
o Valupi para o Nepal
gostei da história e a luz vê-se em muitos angulos obscuros, para mim Herberto é o poeta maior da nossa poesia. Sou pintor autodidacta, vê o seguinte endereço:www.antonionunes.net, até breve
Na sua essência, as histórias zen são tão simbólicas que até parecem concretas e factuais (ou será ao contrário?). Assim, cada um pode ver nelas aquilo que é, como se estivesse a olhar-se ao espelho. Tal como uma superfície polida, reflectem um rosto, mas dependem do olhar, irremediavelmente subjectivo e indomesticável, de quem vê. E é de uma história oriental com um espelho que me lembro, talvez a preferida de Sophia de Mello Breyner, uma vez que lhe inspirou um conto.
O espelho chinês
Um camponês, de regresso de uma viagem e esquecido do que a sua mulher lhe havia pedido (um pente) compra um espelho e oferece-lho. A sós e ao ver-se ao espelho, a mulher começa a chorar e queixa-se à sua mãe de que o marido tinha trazido da viagem a imagem de uma jovem e bela mulher. Ao pegar no espelho, a sua mãe descansa-a dizendo: Não tens de te inquietar. Ela já é muito velha.
Ainda sobre a temática da procura na luz, ocorreu-me a passagem do louco na Gaia Ciência de Nietzsche, que em pleno dia e percorrendo a praça pública com uma laterna na mão, grita sem cessar: “Procuro Deus”. Talvez ofuscado com tanta luz e cego por um excesso de consciência e decerto desobedecendo a um conselho dado a um amigo da luz pelo próprio autor: se não queres cansar os olhos e os sentidos, corre atrás do sol à sombra.
António
Obrigado pelo teu comentário e convite.
__
Belle
E Diógenes, igualmente louco, igualmente procurando Deus em figura de gente, algum crucificado intempestivo.
As histórias Zen não são simbólicas. Nada. É, precisamente, ao contrário. Mas também não são concretas e factuais. Nadinha. É, precisamente, ao contrário.
A mãe diz à filha a pura da verdade. Essa que o camponês também conhecia, mas não conseguiria dizer.
valupi, que bem que explicas o zen. o problema é que para chegares lá, ainda te falta um bocado, ou o contrário
brigada
Concordo muito (e muito) contigo.
vou guardar este link num mail. Muito bom.