Prazeres da língua – 3 (com a devida vénia ao canal, o Odisseia)

Hoje será às 17, repetindo às 22 horas. No sábado, às 11. No santo domingo, já não se toca nele. E depois voltará a ficar escondido. Falamos de um documentário científico acerca do clítoris. Ou do clitóris, como se grafa no livro A História Íntima do Orgasmo, de Jonathan Margolis, em tradução de Fernando Dias Antunes. Constata-se haver aqui uma questão de vulva, perdão, de vulto: onde fazer a acentuação?; onde e como pressionar? Há milénios que as mulheres se queixam do mesmo problema aos homens, sugerindo até uma falta de tónica na sílaba. Felizmente, sempre aparecem uns linguistas mais corajosos ou atrevidos, mais generosos ou requintados, no fundo, mais aplicados, os quais puxam pela língua natural e a levam a percorrer os meandros desses terrenos tão feericamente estruturados.

A história do clítoris é uma fonte inesgotável de prazer (creio que esta asserção é absolutamente incontestável; e se por mais nenhum feito na minha insignificante vida, gostaria de passar a ser conhecido como aquele que elaborou, no campo das ciências humanas, um raciocínio que rivaliza em perfeição com os cálculos matemáticos; mas adiante). Ninguém ignora que Colombo descobriu a América e inventou os índios. E que tal se vos dissesse que Colombo descobriu o clítoris? Diriam que estava a gozar?

O clítoris concorre para o título de entidade mais enigmática no universo conhecido. Biologicamente, aparenta não servir para nada de útil. Então, após 3500 milhões de anos de evolução, que raio está cá a fazer? Também não faço ideia, mas não me queixo. De uma coisinha, assim pequenina na aparência e muito sensível, tenho eu a certeza: quão melhor se conheça o clítoris, melhor se penetra no mistério de tudo.

Professores, explicadores e curiosos, mãos à obra.

17 thoughts on “Prazeres da língua – 3 (com a devida vénia ao canal, o Odisseia)”

  1. SINTOMAS E PATOLOGIAS

    Já se tem notado, desde há algum tempo, a falta de assunto no “Aspirina”.

    Quando assim é, é compreensível que apareçam patetices destas escritas com a pretensão de se ter humor.

    Recarreguem as baterias ou estejam calados até melhor inspiração para a escrita.

  2. Alex, obrigado por nos leres ainda. Que tormento não terá sido até hoje, meu!

    Mesmo assim, levaste com o Teorema de Valupi (já não podemos chamar-lhe Hipótese, ele tê-la-á demonstrado, exaustivamente, como compete à Ciência), e isso em primeira mão. De que te queixas, desta vez?

  3. valupi, os homens que falam com as mulheres, que perguntam e que assistem aos gestos delas, já levam um certo avanço. isto porque as mulheres sabem bem onde e como pressionar. enfim, quase todas.
    obrigada pela preocupação, coninha verbosa. a sociedade anónima cuida muito bem de si mesma.

  4. Quer-se dizer, já toda a gente sabia que o clítoris foi descoberto pelo Colombo?!…

    Fónix, sabichões do camandro…

  5. Valupi,

    Linda viagem pelas regiões mal-cheirosas de Camembert.E, tal como a Coninha Verbosa, considero este teu post bastante espirituoso, fanny(oso), se quizeres, naturalmente encorajador de continuação das lições de gramática com que o Fernando e o JPC nos têm enfarinhado. E não tenho medo de dizê-lo: é de mais material deste que a malta anda à espera, para animarmos o salão de festas do Aspirina e arranjarmos freguesia para os telegramas de propaganda descaradamente anti-sionista do nosso Gibel.

    O único reparo sobre a realidade fisiológica do dito órgão (clitóride, se quizeres fugir ao grande barbicacho gramatical que levantaste) é o de que não há nada de pequenino nele. Isso queríamos nós, para provarmos a nossa superioridade masculina, muito reaccionária e machona! O tamanho do adorável bicharoco já foi determinado há alguns anos, com tremendas repercussões e protestos de autores das várias teorias sobre o assunto (a malta do G-spot) por uma senhora muito dedicada a estas coisas, e é grande, e tem raizes bem fincadas na região pélvico-erótica. Bem me parecia que o sistema matriarcal trazia água no bico. Preciso renovar o meu grelo académico. E notei o teu orgasmo multiplo: canal, fonte, linguistas, penetrar. Um fartote. Ias-me carregando a pilha, mesmo sem te ver.

    Infelizmente não posso participar no corrida que propões: problemas de carburador, deficiências de zinco e selénio, e a experiência pessoal na actividade lingual exploratória que considero inestética, claustrofóbica e sufocante, também não é das melhores e mesmo se fosse não te revelaria os detalhes, que isto aqui não é bordel nenhum.

    E grato por teres ensinado mais uma coisa a este senhor. Falopio foi às compras mas só viu as trompas. E esse culongo de que falas não descobriu a América, meu filho. A América foi descoberta por um português, muito antes disso, não me lembro é do nome. Aprende e vai armar aos cucos para outro lado!

    TT

  6. É um deleite saber que te interessas por temas tão íntimos e femininos.
    Mãos à obra, Valupi. Aprofunda a questão que vais ter… frutos ma…duros

    Alex, para uma mulher, o humor, o amor e o sexo estão clitóricamente ligados.

    A Cecília tem razão. Convém no entanto salientar que, para além da prática, o sucesso está no empenho com que se pratica

    TT, pelo cheiro, andas mal acompanhado. Se calhar não se pode ser perfeito mas cá vai uma sugestão: tenta imaginar que o teclado do teu computador é um clítoris gigante e talvez resolvas os teus problemas de carburador.

    Amanhã vou ver se não falho o tal documentário.

  7. Apita,

    Que pseudónimo sem sorte escolheste para esta tua intervenção de rescaldo. Para começar, se de trocadilho usaste, o que não me admirará, folgo, porque nos contemplas com pelo menos duas escolhas em “a-pita”. Ou és galinha ou maricas – é assim que está no dicionário, longe vá a intenção de ofender alguém. Mas fiquei sem saber se estarias a pensar em cérebros com certas limitações ou no sexo doce duma minoria. Mas como desconfio que já aqui te vi envergando outras fatiotas ou soprando outros assobios, nem tu nem eu sofreremos com isso e serás sempre benvindo nos retornos.

    Quanto à imagem do teclado-clitóris está escapatória, mas garanto-te que nunca me verás a escrever comentários entre a uma e as duas da manhã como tu, porque as minhas brincadeiras sexuais se desenrolam quase sempre (a excepção é quando o carburador quebra a rotina depois de almoço num sofá da sala, maldito piripiri!) entre as dez e as onze da noite. Viveres num fuso diferente salva-te. O que não te salva é a opinião parola de que o tema do Valupi é “tão” feminino. É o mesmo que olhares para uma nota de 50 euros e dizeres: és tão dinheirosa, minha querida. Ainda gostaria de saber o que é que consideras realmente 100 por cento feminino. O calcanhar, o cotovelo? Sim, discutível, claro, mas, pois bem, vamos lá a ver…

    PS – E se o Fernando ou o JPC repararem no teu “clítoris” e “clitóricamente”, amanhã tens a polícia à porta, ou fita.

    TT

  8. TT?
    Tricéfalo do Teclado ou Tira-Teimas?

    Buzinei suave. Mas o som, Tec-Tec, do teu teclado disparou.
    Caíste que nem um patinho, confessa.

    Sim, hoje, tiveste sorte. Acabaste mesmo a tempo de ver o documentário.
    Desculpa se mudo de fatiota mas gosto de lavar a roupa. Sabes, é “tão” feminino.

    “AVISO!
    Alguns especialistas acreditam que a utilização de qualquer teclado pode provocar lesões graves.
    Consulte a declaração na traseira deste teclado” – não me digas que tens um autocolante destes no teu teclado!?
    Insert, Delete ou Enter, TT?

    Achas que o Fernando e o JPC vão atacar ou será que eles vão sorrir da gralha tónica?
    (Não, não podes ser Tó Tó…)

  9. Valupi,

    Depois dessa mensagem criptica do 100%, estou em felgas à espera que me contes a história do Realdo, ou outras. E não sou só eu, há uma donzela que vive nos arrabaldes de Paris, a braços com um incomodativo quisto de Bartholin, que também está muito interessada em saber.

    TT

  10. Caro TT

    O quisto de Bartholin tem cura em apenas 90% dos casos.

    Será que o “movediço” começa a ser sinónimo de “provocatório”? ou vice-versa?

    Já estamos a perder o barco do Colombo e tu continuas agarrado ao mastro. Vá, atira-te ao doce mar

  11. Pois é…
    E agora já sabes se estou a pensar em cérebros com certas limitações ou no sexo doce duma minoria?
    Valupi, deste-lhe alguma pista?

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