Brancos sul-africanos na miséria. Muitos e cada vez mais.
Grande ideia de reportagem. Magníficas fotografias. Excelente jornalismo.
Brancos sul-africanos na miséria. Muitos e cada vez mais.
Grande ideia de reportagem. Magníficas fotografias. Excelente jornalismo.
estranho é que num país que tinha (e tem) uma pobreza imensa isto nunca tivesse acontecido. só mostra que a linha racial era absolutamente estanque…
não vejo por que razão se trata de “excelente jornalismo”. mas vindo de um “retorna” como tu, também não me causa espanto por aí além… Nedless to say, que a ênfase que tu colocas na excelência do jornalismo é mais do que suficiente para ver qual a tua posição.
Por muito boas que as fotos sejam, desconfio dos motivos desta reportagem. Há tanta pobreza no mundo, inclusive nos EUA, onde bastaria ir ao “trailer-park” mais próximo para obter fotos semelhantes, que me pergunto se isto não se insere numa “avaliação” do que se tem tornado a África do Sul após o fim do Apartheid (leia-se após os negros tomarem o poder). Mesmo que seja inconscientemente, há muita gente que presta muita atenção a este pais para confirmar os seus preconceitos – verificar a evolução ou o declínio do pais mais desenvolvido de África sem os descendentes dos europeus ao leme.
nunocastro, que queres dizer com “«retorna» como tu”? Estás a falar do quê?
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Vega9000, uma reportagem acerca dos pobres da África do Sul não impede milhentas reportagens acerca dos pobres de qualquer canto da Terra. Para mais, mostrar brancos na miséria num país que até há pouco tempo vivia no Apartheid não é necessariamente uma declaração política contra alguém, pode ser apenas uma constatação sociológica e humana. Do que não há dúvida é do interesse jornalístico desta matéria, pois permite-nos conhecer melhor a complexidade da actual sociedade sul-africana.
Creio-te vítima de preconceitos, ironicamente.
Dirá o bom, sábio e velho Pilatos que há em nós, quid est Veritas? Cada um de nós é um juiz romano, corrompido até a medula, a fazer de conta que não sabe aquilo que sabe perfeitamente bem: que sim, uma sociedade tão profundamente alterada à tão pouco tempo gera desvios, não havendo aí nada de extraordinariamente acintoso; que sim, ainda é uma sociedade profundamente injusta onde os negros são maioritariamente pobres, analfabetos e ocupam a um tempo: os trabalhos servis e os bairros mais pobres das periferias; que sim, as fotografias em causa reflectem não a pobreza em que caíram uns quantos branco, mas, outrossim, uns quantos brancos caídos na marginalidade, alguns com aspecto claro de toxicodependência, e destes, há-os de todas as tonalidades e credos. Graças a Deus o mundo é grande e nele cabemos todos, e quando não cabemos…
Val, lamento mas não concordo. Esta reportagem não se insere em nenhum contexto de pobreza especial, aliás a situação deles não me parece especialmente chocante quando comparada com o resto da pobreza nos países desenvolvidos. Como disse, podiam ser fotos tiradas noutro pais qualquer, a começar pela zona dos Apalaches nos EUA. São pobres com carros velhos e uniformes de escola usados, não são propriamente os miseráveis do resto de África. Daí que a meu ver, só há dois ângulos para se considerar a história digna de registo num jornal americano:
– São brancos pobres num pais onde não é suposto haver brancos pobres, e é considerado “newsworthy”.
– São brancos pobres porque a nova situação do país os empurra para aí, idem.
De qualquer maneira, não me agrada especialmente o registo. Mas talvez tenhas razão, e sejam os meus preconceitos a falar mais alto. Por vezes surpreendem-nos.
Vega9000, não entendo a tua necessidade de dar outros exemplos de pobreza. Isso não faz qualquer sentido, posto que cada país, região, sociedade é um centro de interesse jornalístico por si mesmo. Também desconfio que não leste as explicações do fotojornalista para ter escolhido este tema. Finalmente, é o contexto africano, e num país marcado pelo Apartheid, que confere extrema relevância à matéria pelo que altera das nossas percepções e lugares-comuns – acaso sabias que este fenómeno de crescimento da pobreza na população branca sul-africana está a ocorrer? Tal, porém, não significa que a culpa seja do novo Poder, pode apenas querer dizer que estas pessoas não se adaptaram a viver numa sociedade muito mais democrática e competitiva.
Quem está a fazer extrapolações políticas enviesadas és tu, não as fotografias.
Lamento Val mas estás enganado.
Isto se é jornalismo é encomendado.
Tem como objectivo, declarado no texto, de incompatibilizar o leitor branco com o regime democrático da AS.
Para mais, sublinha estranhamente que se trata de “novos pobres”.
Eu conheci relativamente bem a velha sociedade racista, embora nunca lá tenha vivido, e posso garantir que o regime do apartheid sempre segregou todos os que não se “adaptavam” aos seus ditames. Não posso dizer que havia há 25 ou 30 anos, esses pobres brancos. Todavia havia-os de todas as cores e de forma organizada e metódica.
Aligeirar, por quaisquer razões, aquele regime de horror, só pode servir as piores causas.
Foste enganado Val. Acontece a todos.
Um dia também me quiseram levar ao Sweto para ver o que eles mostravam aos turistas como exemplo da separação das raças. Em Israel fazem o mesmo…
Nesta surrealista “reportagem” também nos levam de visita a outro apartheid, o dos brancos pobres. Fica assim justificado e branqueado o velho apartheid?
Nunca ficará!
Nem o regime interno, nem os seus crimes externos.
Val, correndo o risco de abusar da tua paciência, deixa-me pelo menos explicar de onde é que me vêm as reservas. Eu li as explicações dos fotojornalista, e foram precisamente alguns pormenores que me chamaram a atenção. Por exemplo:
Formerly comfortable Afrikaners recently forced to live on the fringes of society see themselves as victims of ‘reverse-apartheid’ that they say puts them at an even greater disadvantage than the millions of poor black South Africans.
Não gosto da palavra “forçados”. Implica que alguém os forçou. Não gosto da expressão “reverse-apartheid” juntamente com a palavra “vitimas” e após o tal “forçados”. Não gosto da vitimização implícita no ultimo sublinhado. Tudo isto implica que são novos pobres graças aos “outros”, e não vítimas da situação “mais democrática e competitiva” que usas, e que não está em lado nenhum do texto, nem sequer implícita. Muito pelo contrário. Quando se vai ler o artigo completo (que não tinha ainda lido), a “culpa” do novo poder está lá bem explícita. Alguns excertos que acho relevantes:
She is one of a growing number of whites living below the poverty line in South Africa who blame affirmative action and the ANC-led elected government for their plight.
Le Roux had to sell her house after her husband died and she lost her job as a secretary at the city planning council — where she had worked for 26 years — after she took time off work to recover from the loss of her husband.
“They wouldn’t take me back because of the political situation,” she says, looking down at the fading photo.
“Our color here is not the right color now in South Africa,” Le Roux says, echoing the complaint of many impoverished whites, mostly Afrikaners who are descendants of early Dutch and French settlers.
(…)
Seeking to reverse decades of racial inequality, the ruling ANC government introduced affirmative action laws that promote employment for blacks and aim to give black South Africans a bigger slice of the economy. This shift in racial hiring practices coupled with the fallout from the global financial crisis means many poor white South Africans have fallen on hard times.
(…)
Van Niekerk, who solicits donations and helps community members find odd jobs, successfully fought an eviction order last year from the local municipality but he expects little help from the council or government on housing.
“We won’t get houses from this government. If we were black maybe yes, but we are white.”
Agora, se o tom da reportagem fosse o de uma minoria que é forçada a lutar em pé de igualdade após o fim dos privilégios, como dizes, era uma coisa. Mas não me parece que o tom do artigo, que dá contexto às fotos, seja esse. É o de uma minoria passar de opressora a oprimida. Não conheço em profundidade as politicas e a situação na África do Sul, mas parece-me um ponto de vista alarmista, sobretudo após o que se passou no Zimbabwé. E sem esse contexto, estas imagens podiam ser noutro sítio qualquer. É daí que vêm as minhas reservas.
A reportagem, e muito bem, dá voz aos que vivem a situação. Eles têm todo o direito a justificar os acontecimentos da forma que lhes der na tola, mesmo que ela seja factualmente errada ou pareça distorcida a muitos. Eles têm todo o direito, ao limite, a pedirem o regresso do Apartheid. O jornalista não deve ser um político, de acordo com as boas práticas.
E é por isso que ele escreve exactamente o que vê, deixando para o leitor as conclusões ideológicas:
“This feeling of victimisation and abandonment by the state has forged at the camp a collective sense of fatalism, isolation and firm reliance on their Calvinist religion. Each of the camp’s ramshackle huts and tents is adorned with religious paraphernalia and an Afrikaans language bible.
Many poor white communities also struggle with alcoholism, violence and abuse […]”
Isto é a descrição de um estado de alienação, impotência enquanto indivíduos e enquanto comunidade. É o olhar de um antropólogo, não de um activista do BE a acertar contas com os racistas que culpam os pretos pela sua miséria. Aliás, considerar que o fotojornalista tenta fazer propaganda a favor de brancos só é possível se nada soubermos da sua obra…
Val,
Isto é sério, e isto, lamento ter de o dizer, não é nada sério!:
“Eles têm todo o direito, ao limite, a pedirem o regresso do Apartheid. O jornalista não deve ser um político, de acordo com as boas práticas”
Que diacho se passa Val?
Ele há coisas que um homem de bem, não pensa, não diz nem escreve.
mesmo que estja encurralado por um erro de análise.
Nada, nem ninguém tem o direito de comparar os erros da democracia sul-africana aos crimes do apartheid.
Aliás, branquear o nazismo ou o apartheid é um crime contra a Humanidade…
A menos que eu esteja enganado sobre a tua pessoa, aqui lanço um apelo.
Reconhece que estás enganado e que esse “caminho” sobre o “jornalismo” apolítico é como o whisky sem alcool: não existe.
Felizmente!
Val, este tipo de fotoreportagens tem sempre como pano de fundo a denúncia de uma situação existente, e uma denúncia tem, por definição, um ângulo pelo qual é feita. Ou estaríamos a falar de puro voyeurismo da miséria humana, o que ainda é pior, por muito boas que as imagens sejam (Tenho sempre algum pudor em comentar a beleza de imagens que mostram o sofrimento humano. Há, aliás, uma muito famosa que não consigo ainda hoje olhar para ela. Deves saber qual é). Mas não são nunca neutras, como pareces implicar. E eu não concordo com o ângulo desta, porque a reportagem por um lado, e muito bem, dá voz aos retratados e às suas opiniões, mas não se limita a isso. Há lá várias afirmações, sem atribuição e tratadas como factos, que dão razão às queixas destes, e isso é o ângulo desta reportagem – alguns brancos, habituados a uma rede de segurança baseada na sua raça, estão a ser descriminados pelo novo poder através das politicas de “affirmative action”. O tal “reverse-apartheid”. Até podem ter razão. Desconheço como te disse, a situação na África do Sul, e talvez estejamos perante um erro da jovem democracia Sul-Africana. As politicas de “affirmative-action” dão pano para mangas. Mas passar esta mensagem, num país ainda sob uma fortíssima tensão racial, sem mais contexto parece-me dúbio, embora nunca a tenha chamado de propaganda, que é algo muito diferente. Será no máximo preconceituosa e incendiária.
«Eles têm todo o direito, ao limite, a pedirem o regresso do Apartheid»
Informam-se todos todos os comentadores deste blogue que o Valupetas, a partir de agora, deixa de responder pelo que escreve. Porque não respondendo ele a «quem desrespeita a Humanidade» por comparar o Goebbels ao Pinto de Sousa, também não pode responder por si quando desrespeita essa mesma «Humanidade» ao comparar o apartheid com o regime sul-africano actual.
Val, explicar a leveza e fineza de espírito que é preciso ter em certas situações a materialistas extremos, é como explicar a um tipo que se atirou do 10.º andar e vai para aí no 6.º ou no 5.º , o sentido da vida. Simplesmente não dá!
MFerrer, concordo que a perspectiva de termos whisky sem álcool é grave, e merece frontal combate, mas donde vem essa alucinação que se está a comparar supostos erros da democracia sul-africana (e quais erros? onde está isso dito? por quem? em que contexto?) aos crimes do apartheid?!…
Quem pergunta que diacho se passa sou eu. Então, não queres conhecer o que pensam os outros? Se calhar pensarem de forma que te desagrade, queres calá-los? Como é óbvio, qualquer pessoa pode dizer o que lhe der na gana, e fica sujeita a responsabilizar-se por isso. O que eu escrevi foi uma caricatura que nem sequer aparece na reportagem, precisamente para realçar a lógica da mesma. Se aquelas pessoas se acham vítimas de algo ou de alguém, e verbalizam a sua narrativa, compete ao jornalista registar o que elas dizem. O leitor, a menos que seja desmiolado, não precisa que lhe mastiguem as palavras. Ou dás por ti a defender a xenofobia se leres um folheto do PNR?
Quanto ao jornalismo apolítico, estamos a brincar com as palavras. Obviamente, nenhum jornalismo é apolítico nesse sentido em que condiciona, seja de que forma for, a opinião pública. Contudo, o jornalismo que seja político de forma sectária – isto é, com uma agenda ou ao serviço de uma organização ou ideologia – deixa de ser jornalismo e passa a ser propaganda. No caso desta reportagem, desconfio que não leste o texto que a acompanha nem conheces a obra do fotojornalista.
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Vega9000, creio que estás a seleccionar a informação de forma a confirmares uma reacção emocional, um preconceito. Concluo isso porque não fazes referência às passagens e contextos que desmentem a tua tese. Seja como for, é inegável que este tema é polémico. Aliás, é por isso mesmo que o considero uma grande ideia de reportagem. Talvez muitos outros jornalistas não quisessem pegar nele precisamente por pensarem como tu ou por anteciparem serem atacados com esses mesmos argumentos de cumplicidade com estes brancos agora na maior pobreza (numa das fotos, estão a receber comida distribuída por um camião).
Para mim, este retrato de uma parte cada vez maior de pobres com esta tipologia – brancos na África do Sul, reduzidos à miséria financeira, social e identitária – é complemente legítimo, relevante e de espírito humanista.
Do Ferrenho Ferrer:
“Ele há coisas que um homem de bem, não pensa, não diz nem escreve.
mesmo que estja encurralado por um erro de análise.
Nada, nem ninguém tem o direito de comparar os erros da democracia sul-africana aos crimes do apartheid.
Aliás, branquear o nazismo ou o apartheid é um crime contra a Humanidade…”
Abençoado o célebre desconhecido que inventou o papel higiénico.
Para arrumar o fanaticão do Ferrer bastam três oitavos de Valupi, talvez menos – mais que isso é não usar de misericórdia quando se bate em ceguinhos e aqui não se fazem coisas dessas, como madam os estatudos.
E esta confissão, cuja assinatura não foi reconhecida por notário, encontrei a boiar num charco à porta do casebre dum preto velho com queixas similares às dos velhos brancos:
“The Afrikaner Broederbond (Afrikaner Brotherhood) was formed in 1918 at the end of world war one. The aim was to empower the White Afrikaans speaking public, by influencing affairs in the government, public sector, and business. The name of the organisation was changed in 1994 to simply “Afrikanerbond”, but it is still exactly the same organisation. We operate on a similar system as the Freemasons, but do not have fixed buildings as lodges. Lodge meetings are never held in the same place too often and is randomly selected. We only let the members know two hours before the time where the venue will be. The CIA ranks us on a scale of secrecy from 1-10 at position 2 and the Freemasons at 8 ( …10 being not very secretive).
I can reveal to you that the current ANC (African National Congress) government of South Africa was put in place by us and is being closely monitored by us. We have monthly meetings with both National and Provincial governments. Nothing happens without consent from the Broederbond. We have done this in the old South African homelands aswell. Maybe he can ask Credo Mutwa about the deposition of Kaizer Matanzima… orchestrated by us!!! The Broederbond controls most of the stock exchange in South Africa. Financial institutions such as SANLAM (life insurance), SANTAM (Short term insurance), and ABSA (the biggest bank) were all created by the Broederbond and is still in our control. ABSA was a result of the amalgamation of four of the biggest banks in South Africa that were already under our control. ABSA stands for “Amalgamated Banks of South Africa” , or so the public is told. It actually stands for “Afrikaner Broederbond of South Africa”. Compare the logo’s and judge for yourself. Although most people know about the Broederbond no one knows this. Currently ABSA is owned by Barclays Bank, and you know who is in control at the top of that pyramid”.
A couple of Beers, anybody?
Continuo a dizer que o leva o Val a defender tão encarniçadamente a sua posição é a sua matriz de “retornado”. é ela que não permite ver o que está escarrapachado diante dos olhos de qualquer leitor informado…
Paulo Nobre, a que te referes, exactamente?
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nunocastro, larga o vinho.
Ao amigo do peito nunocastro,
A conversa vinha interessante e, eis senão quando, alguém (vexa), de forma viva e actuante vem e lembra: -“eh pá!, podia levar mais toucinho!”. Assim, sem apelo nem agravo. Acontece, que para não ficar tudo assim no ar, como se o amigo tivesse a comentar lá na fraternidade dos incríveis de onde vem, impõem-se a pergunta: mas, afinal, de que forma uma eventual, em todo o caso putativa, condição de “retornado” com que Vexa apoda o Valupi, ó nunocastro (assim tudo condensado minusculamente), constitui (para ele e a ser verdade) uma Capitis diminutio para postar sobre estas fotos?
Hum…, nunocastro, se és assim um leitor “qualquer” tão bem informado, diz-me lá em que ano um carro atingiu pela primeira vez os 100 km à hora? Por esta é que tu não esperavas meu malandreco! Não vale foguete no rabo, nem propulsão a pólvora. Esta condição tem de ser respeitada.
Caro Val,
Estás tão atoardo com os ataques que nem vês quem se posta do teu lado, ainda que, por razões que a tua razão não reconhece. Adiante.
Agora a tua questão. Não sou um materialista, graças a Deus, logo, não coloco limites ou entraves à priori a uma qualquer compreensão da realidade de certas experiências que despertam a ânsia do belo, do bem e do verdadeiro. Para os materialistas tudo se deve (a ordem é aleatória): ou à ordem económica, ou social, ou étnica, ou biológica. De facto, Kant insuflou no mundo um daqueles males humanos que, como o cancro e as brigas conjugais, se distribuem de maneira mais ou menos justa e equitativa entre classes, raças e sexos: a catalogação. Repara que é o único tipo de imperfeição que pode, com a devida vénia, ser invocado como fundamento de uma selecção elitista, mas que de facto não precisa sê-lo, pois opera essa selecção por si, de maneira tão natural e espontânea que os excluídos não só não dão pela falta do que perderam e chegam mesmo a sentir-se bastante satisfeitos com o seu estado, reinando assim, entre os poucos felizes e os muitos infelizes uma perfeita harmonia, salvaguardada pela distância intransponível que os separa e que de vez em quando vem à tona nestas situações. Graças a Deus sou um espiritualista.
Paulo Nobre, pode ser que esteja atordoado, mas a que te referes ao dizer que não vejo quem posta a meu lado? Just curious.
Quanto à tua explicação, e estando em sintonia com as pinceladas largas a respeito do materialismo e da espiritualidade, continuo sem saber a que te referes na ligação com esta discussão acerca da interpretação da reportagem. Quem é que consideras um materialista extremo, por exemplo? E porquê? Just curious, again.
Para ajudar o ilustre Valupi a superar essa aparente dificuldade, esclareço, a título de exemplo pedagógico: que no primeiro comentário fazia uma mera graçola, no segundo referia-me à estreiteza de vistas de alguns comentadores que querem ver à força gigantes onde só existem meros moinhos, no terceiro respondia a um asnático, e, o quarto destes comentários, é um desmembramento analítico dos comentários anteriores; mas não só apenas, é também, ou pretende ser, uma subida síntese dos defeitos que encontrei na argumentação dos teus críticos – e até na tua –, os quais, para maior clareza, não passo a analisar criticamente, pois isso, levaria tempo sem fim e arte que não possuo (quem sou eu para escrever sobre séculos de formação das mentes eivadas de erros sobre erros, old chap?).
Val, foi uma boa discussão, que agradeço. Possivelmente estarei a ler demais na reportagem, admito. Como bem dizes, a pobreza é um tema difícil, e mais ainda neste contexto de tensão racial, e reconheço bastante coragem ao repórter para fazer esta abordagem, mesmo não concordando totalmente com as conclusões a que chega. Mas enfim, a África do Sul é um país riquíssimo onde isto não devia existir a esta escala. Só lhes desejo discernimento suficiente para usar essa riqueza para dar oportunidades a todos, independentemente da raça.
Paulo Nobre, eu percebi o sentido das tuas intervenções. Mas estava com dúvidas em relação ao teor das tuas referências, daí ter feito perguntas directas. Por exemplo, não me ocorreria explicar a diferença de interpretações com o Vega9000 e MFerrer recorrendo ao conceito de materialismo. Para mim, a discussão remete antes para o melindre e complexidade do tema, o qual dá azo, muito facilmente, à polémica emocional.
Era só isso, curiosidade acerca do teu pensamento.
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Vega9000, para além do fotojornalista ser um especialista em temas africanos – e trabalhar para a Reuters! – lê outra vez o parágrafo inicial:
“When stories are told about African poverty, race often seems to play a large part. Based in Senegal, Reuters photographer Finbarr O’Reilly (previously featured here for his work in DR Congo) traveled to South Africa earlier this year and visited one of a growing number of squatter camps populated mostly by Afrikaners – white South Africans – to document their stories and help show that, despite the fact that impoverished blacks in the region far outnumber whites, poverty is a human issue, not necessarily racial.”
Onde é que está aqui a parcialidade a favor dos brancos?
Afinal, o Nunocastro tinha razão, esta merda podia ter levado muitissimo mais toicinho de Durban e Cidade do Cabo. Ainda hei-de ver esta cambada da filosofia a comer torresmos como medida profilática contra o cancro. No entretanto o meu computador crashou como uma doida assim que escrevi as primeiras linhas. Ó Brother, They never sleep, do They!
Val, como te disse, apenas agora, graças à reportagem, tomei conhecimento do trabalho deste fotojornalista, e não ponho em dúvida o seu profundo conhecimento de África, dos seus conflitos, e dos seus dramas. Aliás pelo que vi, tem uma dose bastante grande de coragem.
Também não ponho em causa a sua honestidade, não o acuso de propaganda, longe disso. Agora o que detecto neste trabalho, e sobretudo no contexto da reportagem escrita, é um bias favorável aos brancos pobres retratados, por muito boas intenções que acredito que tivesse, e estão expressas na introdução que citas. Podes discordar, mas eu acho que está lá implícito. Repara, as comparações que faço com pobrezas semelhantes noutros países servem para ilustrar um ponto: há muitas razões para estas bolsas de pobreza – crises, desemprego, alcoolismo, toxicodependência, jogo, doença mental, má sorte, etc, etc – que são comuns a todas as sociedades desenvolvidas. Os americanos chamam a este tipo de pessoas, com a elegância que os caracteriza, “White trash”. Mas esse tipo de razões estão em grande parte ausentes do texto. Antes, esta pobreza é apresentada como sendo uma consequência das alterações nas relações de poder na sociedade sul-africana. Agora é evidente que em parte isso é verdade – uma franja mais vulnerável da população que tinha uma rede de segurança baseada exclusivamente na sua raça “superior” deixou de a ter, e caíram na pobreza. Até aí tudo bem, será um fenómeno a combater como todas as sociedades decentes combatem. Mas o que eu noto no texto, daí as citações, é mais do que isso: é uma justificação para essa pobreza baseada numa descriminação negativa. Estas pessoas são pobres não só porque perderam os privilégios que antes dispunham, mas também porque o novo governo os descrimina activamente através de programas de afirmative action. Ou seja, a reportagem acusa o governo da África do Sul de não acudir às necessidades duma população mais carenciada, e de lhes impedir o acesso a empregos públicos e ajudas, baseado na cor da sua pele e etnia, neste caso branca, porque essas ajudas estão agora reservadas aos negros. É aí que as minhas luzinhas de alarme disparam.
Porque o texto não se limita a transcrever as queixas destes brancos. Pegando na minha primeira citação:
Formerly comfortable Afrikaners recently forced to live on the fringes of society see themselves as victims of ‘reverse-apartheid’ that they say puts them at an even greater disadvantage than the millions of poor black South Africans.
Aqui, apesar de não gostar da palavra “forced”, porque exprime já uma convicção pessoal, há o cuidado de enquadrar com as expressões “see themselves” e “they say”, portanto estamos a falar da opinião destas pessoas. Até aqui, tudo bem, será uma questão para o leitor julgar, como dizes.
Acontece que, no mesmo texto, essas queixas e acusações são também tratadas como factos, não como opiniões ou queixas. Assim, o repórter informa-nos que:
Seeking to reverse decades of racial inequality, the ruling ANC government introduced affirmative action laws that promote employment for blacks and aim to give black South Africans a bigger slice of the economy. This shift in racial hiring practices coupled with the fallout from the global financial crisis means many poor white South Africans have fallen on hard times.
Isto já não é uma opinião dos retratados. Isto é uma afirmação. “shift in racial hiring” é uma acusação de que na África do Sul o racismo continua, mas com os papeis invertidos. Como digo, até pode ser verdade, mas dá uma ideia de continuidade com as práticas do anterior regime que não acho legítima. Affirmative action não é comparável à repressão racial do Apartheid. Eu por exemplo não sei, nem o texto informa, se essa alteração às leis significa que os lugares e ajudas disponíveis são agora abertos a todos, introduzindo por isso mais competição, ou se significam que quem é branco não tem agora hipóteses. E o ênfase constante que é dado às queixas destes enfatiza que será a segunda hipótese. É isso que acho incendiário.
A juntar a isto, e ao que vejo como bias, tens outras informações que pintam estas pessoas sob uma luz favorável. São bêbados e drogados? Não, esses foram expulsos do campo, não há disso aqui. Agarram-se aos valores religiosos Calvinistas, implicando então que serão pessoas que valorizam o trabalho. Logo, preguiçosos não são. Os miúdos vão de uniforme à escola, portanto não são analfabetos, ao contrário de muitos negros durante o Apartheid e, acredito, ainda agora. Então são pobres porquê? Porque, para além da crise mundial e da falta de qualificações, está implícito em toda a reportagem: “o ambiente não lhes é favorável”. Como é que se chega a esta ideia, se existem essas bolsas de pobreza em todo o lado? É aí que as minhas comparações com o resto do mundo se justificam. Estes brancos pobres são de algum modo diferentes dos brancos pobres do sul dos EUA, que não estão sujeitos a esta pressão racial? Se não são, e se a pobreza é “uma questão humana”, porquê esta ênfase da reportagem na descriminação a que supostamente estão sujeitos?
Vega9000, o que estranho nos teus raciocínios é o apagamento da premissa: a reportagem é sobre estes pobres, neste país, naquela comunidade. Não se tratou de um estudo comparativo das bolsas de pobreza branca pelo Mundo afora, pretendendo obter padrões e correlações. Claro que haverá inúmeras causas para este fenómeno de pobreza sul-africana passíveis de serem chamadas à colação por inúmeros outros jornalistas e investigadores. Isso é inerente aos temas sociais, políticos, culturais, históricos, antropológicos, psicológicos, e o mais que nos ocorrer do domínio das ciências sociais e humanas, até da arte e da filosofia.
Também acho irónico que o evidente esforço de objectividade do relato seja por ti desvalorizado. Por exemplo, na abertura da reportagem começa-se por dizer que os pobres negros são em número muito superior aos dos brancos. Contudo, também se diz que, em termos relativos às populações respectivas, a pobreza branca já é muito grande. O mesmo para todas as outras referências, algumas das quais aproveitas para só realçar o que confirma a tua tese. Por exemplo, ao se dizer que naquela comunidade específica se conseguiu reduzir a incidência do alcoolismo e da droga, o que fica é a informação de tal ser a excepção. E, acrescentamos nós, talvez uma excepção duvidosa, para repórter ver ou relatar. O mesmo para a referência ao calvinismo, o qual não tem relação directa com qualquer tipo de sucesso material. No caso, o que vejo é uma informação que remete para um estado de desamparo social, condição em que os referenciais religiosos aparecem naturalmente para conferir identidade e proteger contra o desespero absoluto. É uma ocorrência universal.
O ponto mais controverso para ti, aparentemente, é a informação de que o Governo sul-africano implementou políticas de favorecimento da parte da população vítima do Apartheid. Ora, sendo tal notícia factual, e aparecendo nos testemunhos dos sujeitos da reportagem, tanto directa como indirectamente, é preciso fazer uso de um preconceito para lhe dar uma interpretação negativa. É que a reportagem limita-se a constatar a realidade – e essa é a realidade: os recursos nacionais passaram a ser partilhados com muitos cidadãos mais, o que é parte da explicação para esta nova pobreza. Para mim, descrever esta situação não implica qualquer tipo de juízo sectário, até pode ser uma referência elogiosa. Pode querer dizer que o actual Governo está no caminho certo.
A reportagem começa por explicitar que a pobreza vai ser tratada como um problema humano, não meramente racial apesar de se estar em África. E o retrato que dá é precisamente esse, expondo o drama humano para além da epiderme. A tua atenção ao léxico, esticando-o para uma semântica negativa ou ambígua, também me confirma que estás um bocado como a Comissão de Inquérito ao caso PT/TVI…
com ou sem foguetes no cu (e registo a metáfora homoerótica do mui subido Giroflé) a minha questão não tem a ver com a reportagem, tem a ver com a ESCOLHA desta reportagem pelo Val.
e afinal, cada vez me convenço mais que o que presidiu à escolha foi, para sermos politicamente correctos, uma qualquer experiência africana anterior (já que o apodo retornado ainda arde como carvão encandescente neste belo rectângulo) que ele, saliente-se, não desmentiu!
agora, o vinho, esse, é queu não largo!!!
incandescente, porra – bruto, analfabeto…
nunocastro, se pensas que vou andar a desmentir as tuas bacoradas, podes ir tirando o cavalinho do chuveiro. Perguntei-te a que te referias e nada disseste. Concluí que não estavas em condições de falar.
Pois eu acho que esta ideia dos Monty Python poderia ser a solução para muitas pseudo-discussões ou argumentações…Um ramo a explorar. E ainda rendia uns trocos.
http://www.youtube.com/watch?v=kQFKtI6gn9Y&NR=1
Val, acho que fui claro num comentário anterior: se esta nova pobreza se deve, em parte, à partilha dos recursos por um número muito maior de pessoas, é uma coisa. No entanto, se essa partilha é feita apenas para um grupo, excluindo outro, é outra. A primeira é da mais elementar justiça. A segunda é descriminação, mesmo que essa descriminação tenha como objectivo corrigir descriminações anteriores. Ora a premissa da nova África do Sul surgida após o Apartheid é a de um pais para todos, negros, brancos e restantes variantes da melanina, por igual. Claro que isto é uma simplificação absurda, porque há um desequilibro brutal a corrigir, provocado por determinado grupo étnico em detrimento de outro. É aí que se justificam as politicas de Affirmative action, que procuram que raças anteriormente descriminadas tenham acesso a empregos e recursos em condições de igualdade, recorrendo-se muitas vezes a quotas, necessárias para evitar a continuação de práticas discriminatórias encapotadas, ou para corrigir diferenças de qualificação e educação resultantes da anterior descriminação. Esta é a teoria, e eu concordo no geral com ela. E é pelos vistos a posição oficial do governo Sul-africano. Não vejo, no link, nenhuma intenção de contratar apenas negros e mais ninguém. Agora correndo o risco de me repetir, o que leio no artigo vai para além disso. É uma acusação, feita pelos habitantes com a anuência do repórter, de que o governo da África do Sul abusa destas práticas para beneficiar apenas um grupo, mais uma vez em detrimento de outro. De que as portas estão fechadas para eles devido à sua raça e anterior condição de dominantes.
Dirás, como disseste, que ele se limita a retratar com a máxima objectividade o que vê, uma realidade específica daquelas pessoas. Pode ser,admito perfeitamente isso. Mas acontece que este artigo é feito para uma audiência internacional, não familiarizada com as realidades da África do Sul, e que por isso vai apelar ao texto para entender o que se passa nas fotos. E o texto, apesar das evidentes cautelas, aponta para “reverse-discrimination”. Agora podes acusar-me de pachequismo, como fizeste, ao prestar atenção à maneira como as coisas surgem escritas, a palavras e expressões específicas, e à forma do texto. Pois acontece que para mim, as palavras importam. É nelas que se vai basear toda a interpretação das imagens, são elas que transmitem as várias nuances, independentemente de serem boas fotos ou não. Elas têm um contexto que apenas se percebe com uma explicação, ou, como te disse, podiam ser em qualquer país do mundo. Por isso, deverá haver em aspectos melindrosos como este muito mais cuidado do que o repórter teve, ou a objectividade fica em questão.
Agora quanto à frase inicial e à premissa do artigo, a que te agarras para demonstrar que é tudo feito com a melhor das intenções: não sei se reparaste que essa frase não é do reporter Finbarr O’Reilly, mas sim de Alan Taylor, do site Boston.com. O artigo original, da Reuters, não tem essa introdução, e inicia precisamente com a história da Sra. Ann le Roux, que se viu condenada à pobreza por já não ter emprego após a morte do marido, apenas pela sua condição de branca. Achas mesmo que é uma forma objectiva de começar um artigo sobre este assunto para uma audiência maioritariamente anglo-saxónica, sobretudo uma (que o repórter, experiente em África, certamente não ignora) já horrorizada com o que se passou no Zimbabwé? Eu não acho, acho que servirá para dar uma noção alarmista da realidade, em que a opinião pública se baseará para julgar o andamento da experiência da nova África do Sul, e as inevitáveis comparações. Por isso é que é necessário ter cuidado, e por isso é que protestei.
edie, tu é que tens razão. :)
edie, temos de pensar nisso, os trocos são sempre bem-vindos.
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Vega9000, e ainda bem que protestaste. A reportagem é polémica, porque o tema é polémico. Contudo, não se pode pôr o que não lá está. Tanto na introdução do Boston Globe, como no texto do fotojornalista, o enfoque é contextualizador e objectivo. E dá-se ao leitor todas os elementos e pistas para compreender a intenção da reportagem. Como neste exemplo:
“South African President Jacob Zuma visited a white squatter camp near the capital Pretoria last year ahead of his election, saying he was “shocked and surprised”.
“The vast number in black poverty does not mean we must ignore white poverty, which is becoming an embarrassment to talk about,” Zuma said at the time.”
É precisamente isto que está em causa: a surpresa. Até para o presidente da África do Sul o assunto é chocante e novo, quanto mais para uma audiência internacional. O tema não é, pois, relativo à ocorrência da pobreza no mundo ocidental, mas o confronto com a pobreza destas pessoas neste país.
Outro ponto essencial à compreensão da situação descrita é este:
“But with that economic safety net now gone, South Africa’s unskilled whites find themselves on the wrong side of history, gaining little sympathy from those who perceive them as having profited unfairly during the brutal apartheid years.”
Estes brancos são aqueles que já eram pobres no Apartheid, embora tivessem protecção do Estado. Agora, com essa protecção perdida e com a crise económica internacional também a fazer-se sentir, estão completamente desamparados. Para piorar, são vistos como opressores a quem todos os males nunca serão de mais.
No blogue do New York Times dedicado à imagem, que lá aparece linkado, temos uma declaração de O’Reilly que se confirma na reportagem:
“I was less interested in what they were saying than why they were saying it,” Mr. O’Reilly said. “All of it was aimed at not coming into a place like that with any preconceived judgment, and to try and portray the people for how they are in a dignified way.”
O sucesso do seu trabalho é uma evidência: aqui estamos nós em Portugal, dois maduros a bater bolas, subitamente a caminho de uma especialização em pobreza branca sul-africana.
Essa é que é uma grande verdade. Os grandes trabalhos jornalísticos são os que estimulam o debate, e a grande vantagem dos debates (para mim) é que me obrigam a preparar e consequentemente a aprender, já para não falar da abertura de espírito que decorre de ser exposto a pontos de vista contrários, desde que bem fundamentados. E o dia em que aprendes algo é um bom dia.
Dito isto, também te digo que provavelmente tens razão, e eu estou a ler demais no texto. Mas neste tipo de assuntos melindrosos, não tenho receio dos que têm uma opinião bruta – tipo “os pretos vão dar cabo disto tudo” – mas das opiniões mais subtis, que sob uma capa de isenção e erudição vão passando os seus preconceitos para a opinião pública, um pormenor de cada vez, muitas vezes inconscientemente. Esse fenómeno existe, e é real, e é o que chamo bias. Por isso gosto de estar atento, mesmo correndo o risco de exagerar. Como se calhar fiz aqui.
a espantação atolambada do Val perante tão inusitada reportagem resume-se a isto, velha frase do velho Oracy Nogueira:
“A miséria é menos surpreendente em negros do que em brancos”
e nela, assim como o relevo que o val dá ao assunto, e bem assim, o sentido da reportagem e de como esta é apresentada, esconde-se toda uma Weltanschauung.
de resto, val tem razão, é de facto indiferente se tem matriz “retornada” ou não…
A miséria não surpreende se for de negros! Muito bem nunocastro.
Branco quando corre é atleta. Negro, é ladrão!
Quero eu lá saber de retornados.
Para ser racista e não entender nada da vida, tal coisa não é necessária!