Portugal na idade da pedreira

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Várias circunstâncias do destino ligam-me sentimentalmente ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Pois bem, haja alguém que me ajude a entender: a ideia é mesmo terraplanar aquela merda toda?

19 thoughts on “Portugal na idade da pedreira”

  1. Pois, mas sobre estes temas os Verdes não dizem nada, os da Quercus, muito menos. Resta-me a dúvida de saber se uns não saiem da assembleia e se os outros andam a dormir.

  2. A minha ligação a esta serra é sentimental e também física, uma parte do que falta na paisagem pode ser encontrada nos meus pulmões sob a forma de pó, pois vivi uns anos em pleno Parque e agora vivo ao lado duma indústria de transformação de pedra. Esta é uma das principais actividades económicas da região, portanto, por motivos óbvios, as populações não se preocupam muito com as questões ambientais e os políticos muito menos. O que nos vale é que para se preocupar com essas coisas temos o Parque Natural. Ora, durante todo o tempo em que lá vivi nunca me apercebi da mínima actividade desta entidade. Ao contrário de outras instituições, nem nas escolas promoviam qualquer inicitiva. Tirando as placas a demarcá-lo, nada mais fazia lembrar que estávamos num Parque Natural. Estranhei esta inactividade até que ouvi uma entrevista que a directora do Parque deu a uma rádio. Percebi então que de entre as espécies que habitam a serra a que mais os preocupa são os empresários da pedra. Fiquei a saber que não há problema nenhum com a exploração das pedreiras, pelo contrário, dada a sua importância económica e que existem uns projectos muito jeitosos para as recuperar finda a exploração. Fiquei muito mais descansada.
    Com a bênção do Parque Natural, em breve teremos uma enorme cratera no lugar da serra, mas devidamente alindada.

  3. As auto estradas são muito cómodas e eficazes, mas muito malandras porque gastam muita brita. E também ninguém gosta de calçada à portuguesa em fibra. É que está aqui um problema. : )
    Eu também me chateio um bocadito com estes predadores da Serra (o da fotografia é mesmo só uma dentadita comparado com outros) mas estas explorações estão todas legalizadas (dá-me tanto jeito esta ingenuidade! :)) e como tal estão sujeitas a planos de lavra devidamente elaborados por técnicos paisagísticos e ambientais.
    Mas o que me azucrina mesmo os cornos é que conheço uma dúzia delas que terminaram a exploração há anos e anos e não conheço um exemplo de plano de recuperação executado.

    (Ah… e também se pode explorar isto em galeria subterrânea mas custa uma pipa de massa e depois as portagens já não deviam ser rentáveis ;-)

  4. guidinha, tu não vivias virada para uma estação de camionetas e para um laboratório não sei de quê? :-)

    (tem três frentes a tua alegre casinha?):-)

  5. Isto é um mundo aqui à minha volta, Sinhã. E como moro num sítio alto vejo muita coisa, até a serra, por enquanto.:)

    A estação é perto, a estrada onde passam os autocarros é que é em frente.:)

  6. Bolas Valupi afinal o Mundo é mesmo pequeno. Se não erro, muito perto desse espaço passava eu com os meus avós no carro de bois em Setembro para a feira da cebola. Saíamos às 2 da madrugada para chegar a Rio Maior ao fim da tarde desse dia – velocidade dos animais 2km por hora. Perto de Alenquer também estão a fazer o mesmo desenvolvimento…

  7. e eu, agora, ao tentar ouvir uma abelhinha das tuas, imaginei-a com caracóis – uma abemaia.:-)

    (não queres adoptar uma cadelinha bebé, deficiente, e que não gosta de gelatina? a val não gosta dela. ):-(

  8. não acredito nisso de aprender a gostar. ela não gosta nem do cheiro dela.
    (mas está com a veterinária e pode ser que fique com ela).:-)

  9. Como sabes a lei obriga a que se minimize o impacto das pedreiras, pena que ninguém a faça cumprir

    Há casos tão ou mais graves que a Serra de Aires e Candeeiros, começa na Zona da Ota, mais concretamente em Meca, basta ver o Google Earth para ficar horrorizado, isto se ignoramos o que é feito na Arrábida, a Serra do Risco quase já não existe e zona entre Sesimbra e o Espichel está absolutamente esventrada.

    Enfim, temos um país cada vez mais feio. O que aconteceu em pedreiras antigas na exploração de pedras ornamentais, no Alentejo por exemplo, ou em Pêro Pinheiro? para além do impacto visual são também um perigo, porque formam lagoas traiçoeiras.

    Acho que com um pouco de esforço poder-se-ia obrigar as empresas, com uma pequena parte dos lucros a minimizar os impactos e, assim, a cumprir a lei. Fica a pergunta porque é que não se faz?

  10. é a filosofia das piquenas e médias empresas que muitos defendiam que devia ter ganho as eleições legislativas.

    o nosso ordenamento do território é de quintal. é o quintal da agrícola, o da ecológica, o das autarquias, servidões administrativas a gosto e mais a areia da praia dividida por três ou quatro se chegarem. basta ver a palhaçada da localização do aeroporto: nunca ninguém tinha ponderado o campo de tiro porque a área estava sob jurisdição militar. catano!

    não conseguem fazer isso tudo em contos infantis para serem adoptados na escolaridade obrigatória de forma a evitar fábulas muito mais ridículas?

  11. o que é que as piquenas e médias empresas têm a ver com o problema? Muitas das pedreiras são de grandes empresas (Mota Engil, Cimpor, Cecil, etc), e são essas que mais facilmente não cumprem a lei.

  12. Enfim…
    Existem no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros uma mão cheia de grandes explorações de inertes pertencentes a empresas subsidiárias das grandes construtoras. São responsáveis por algumas enormes crateras mas não consigo sequer imaginar que os estudos de impacto ambiental não estejam devidamente aprovados ou que os buracos posam ser simplesmente abandonados no final da exploração. Com essas, suponho que o Parque Natural pouco se deve preocupar e pouco mais lhes resta do que fazer cumprir as condições de licenciamento.

    A maior dificuldade para os responsáveis do Parque Natural é lidar com as dezenas, senão centenas de pequenas explorações que proliferam por concelhos como Porto de Mós, Alcanede, Rio Maior, Mira d’Aire e outros, porque têm alguma consciência da sua importância na economia local, sobretudo depois do colapso de alguma agricultura e pecuária de subsistência resultante da adesão à CEE e das suas famosas politicas agrícolas.

    Existem mesmo algumas povoações onde praticamente não há agregado familiar que não tenha alguém ligado ao sector, ou na exploração ou em pequenas fabriquetas familiares de corte ou trabalho artesanal. Apesar do sector se encontrar em expansão de há alguns anos a esta parte, algumas dessas empresas chegam a ter dificuldades em pagar uma mísera taxa de exploração devida à autarquia, dada à sua reduzida dimensão (pelo menos, é o que alegam).

    Aqui chegados, a questão das pedreiras acrescenta um outro problema para os responsáveis do Parque: a proliferação de pequenos pavilhões industriais (para acolher as ditas oficinas) pelos espaços rurais, desvirtuando as suas características próprias e tradicionais que deviam ser uma das suas imagens de marca, e a incapacidade das entidades para criarem pequenos pólos industriais para os albergar.

    Se calhar não é descabido lembrar que um servicinho como o da fotografia pode perfeitamente ser feito em meia dúzia de anos por um pequena empresa com meia dúzia de trabalhadores e mais uma meia dúzia de maquinetas mais ou menos de ponta. E o mais ridículo é que se alguém plantar três ou quatro palmeiras a bordejar um terreno privado dentro do Parque, pode estar sujeito a autos de contra-ordenação, coimas e árvores arrancadas porque as ditas são espécies não indígenas.
    Enfim…

    Mas não podíamos estar em melhor altura para o debate. Está em 2ª discussão pública a revisão do plano de ordenamento do Parque. Esperemos que o bom senso venha a substituir fundamentalismos inconsequentes e complacências incompreensíveis.

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