«A manifestação que houve no dia 15 de setembro foi maioritariamente e esmagadoramente contra as políticas do Governo, mas há uma parte daquela manifestação que também é contra a forma como se faz política em Portugal. E o Partido Socialista tem que entender isso», declarou.
Por isso, defendeu o líder socialista, é preciso falar verdade e não prometer, como outros, soluções para tudo porque a crise portuguesa não se resolve com «uma varinha mágica».
Seguro, especialista-mor da manifestação de 15 de Setembro
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Qual é a forma como se faz política em Portugal? A resposta será múltipla, obviamente, mas permite constatar as similitudes entre Cavaco, PSD e Seguro. Tanto Cavaco como o PSD, de Ferreira Leite a Passos, reduziram a política à moral e a moral à calúnia. Na ausência de propostas políticas cujo mérito chegasse para conquistar o eleitorado, Cavaco e PSD anunciaram estar na posse da verdade. Vai daí, inevitavelmente, quem não concordasse com eles estaria a mentir. Foi assim que apareceram, concatenadas, as fórmulas “falar verdade aos portugueses”, presidencial, e “política de verdade”, partidária. O propósito, plenamente conseguido, era o de inundar o espaço público com campanhas alarmistas, paranóides e de assassinato de carácter a um ponto de saturação tal que toda e qualquer acção, declaração e posição de governantes, dirigentes, deputados, militantes e simpatizantes socialistas fosse vista como peça de uma diabólica conspiração para mentir aos portugueses. Entretanto, esta bicefalia em que os auto-proclamados proprietários da verdade são os mais mentirosos é um fenómeno já com milhares de anos de observação em todas as partes do Mundo onde habitam humanos. Até Jesus falou eloquentemente do assunto, embora não seja de esperar que Cavaco e PSD sintam alguma inibição à sua praxis à conta de tão esquisitos e vetustos escritos.
Seguro seguiu pelo mesmo caminho. Durante a era Sócrates, consequência de ter sido deixado na prateleira, assumiu-se sem se assumir como o líder da oposição interna, o próximo secretário-geral. Também Seguro não tinha qualquer proposta política para apresentar, pelo que optou por anunciar que ele era um ser moralmente superior a Sócrates e àqueles que estavam com ele. Ergueu alto a bandeira da sua pureza, da sua valentia, do seu altíssimo pundonor e, em coerência e êxtase, assim que foi entronizado chefe anunciou ser o combate à corrupção uma das três prioridades do seu mandato. Faz agora nestes dias 1 ano que Seguro garantiu que o PS iria ser firme e implacável com os corruptos, e logo a começar pelos corruptos seus camaradas, doravante sujeitos à assinatura de um terrível papelinho chamado “Código de Ética” que iria, finalmente, conseguir limpar o PS de tanta sujidade acumulada no socratismo.
Ora, está aqui a faltar um elemento à comparação com Cavaco e PSD. De facto, não temos registo de calúnias que Seguro tenha expelido fosse contra quem fosse. O que temos é uma sucessão de abstenções violentas que, perante inúmeros casos e em especial os de Relvas e Teixeira da Cruz, se transformam em cumplicidades escandalosas. Como pode alguém que se compromete a fazer do combate à corrupção uma das suas prioridades como líder partidário e líder da oposição não ter pedido a demissão de Relvas face a três situações seguidas de factual corrupção, e não ter pedido a demissão de Teixeira da Cruz perante declarações que corrompem a sua obrigação governativa e violam os direitos de cidadãos e correlegionários de Seguro? Ou será que nada disto é passível de entrar dentro da categoria de corrupção e para o actual secretário-geral socialista a única corrupção que lhe interessa mete obras e envelopes castanhos?
Por tudo isto, lermos que Seguro pretende doutrinar o seu rebanho para a nova era em que ele mostrará como se faz a nova política, declarando-se visionariamente inspirado pela manifestação de 15 de Setembro, mas continuando a nada explicar do que quer para Portugal e que raio de plano é esse de apagar o passado socrático e não mexer uma palha para defender os seus protagonistas, permite concluir que o homem tem em Cavaco e no PSD a família política onde naturalmente se sentirá compreendido e acarinhado.
Valupi,
Não deixa de ser enternecedor que os teus textos sobre o Seguro encerrem sempre algum carinho.
É evidente que não te coibes de o denunciar como mão cheia de nada, que é.
Mas é sempre com uma suavidade balsâmica que atenua o ardor.
A verdade, onde já chegaste mas não queres dizer, é que o Seguro é uma desgraça.
Um vazio absoluto igual, ou pior, ao Coelho.
Um incompetente da mesma escola
Um invertebrado da mesjma familia animal.
Não há nada ali dentro. Nada. E se houver alguma coisa é putrefacta e mal cheirosa.
Esperemos que nunca aconteça..mas se ao Governo do Coelho se seguisse um governo do Seguro, seriamos estudados pelo mundo fora como case study de sociedade falhada e suicida.
Em resumo… é pá, começa a chamar o boi pelo nome e que não te doa a pena.
miguel
O tempo das mentiras já era, agora é o tempo das inverdades.
Política de verdade sim, é preciso porque as políticas de mentira é tudo aquilo que assistimos há 38 anos, desde que o Chaimite saíu do largo do Carmo.
Anda à venda um livro com uma foto na capa em Santa Apolónia, que no momento da foto gritava a senhora da foto (e do PS) “E agora, não precisamos emigrar mais”.
Haja memória!
dois submarinos ao fundo
Seguro não mostra qualquer vontade de formular uma finalidade para Portugal, no sentido de encaminhar o país para uma sociedade melhor do que esta sociedade deplorável e em degradação acelerada que hoje temos.
E isso não é ser de direita neoliberal?!
Seguro, parece mais o capitão Vasco Muscoso de Aragão: façam como estavam a fazer, eu não quero interferir, estou aqui provisoriamente.
E entretanto foi festejando com as balzaquianas ( ou baqueanas ???)…
“Retornado
Out 3rd, 2012 at 11:15
Política de verdade sim, é preciso porque as políticas de mentira é tudo aquilo que assistimos há 38 anos, desde que o Chaimite saíu do largo do Carmo.”
Não me digas que há quarenta ou cinquenta anos atrás eram só politicas de verdade.
Bardamerda aos comentários deste calibre.
E sai uma foto em formato 100×65 do saudoso Prof. Oliveira Salazar emoldurada em talha dourada para a mesa do sr. “Retornado”.
Val,
dessa monstruosa vacuidade que é o Seguro já nada há a esperar, mas dada a ausência de alternativas também, por lá, ninguém quer meter os pés ao caminho.
Ah! Se as bases se lembrassem de fazer, também elas, um 15 de setembro, ía ser bonito de ser ver, não achas?
Melhor, além de detentores da verdade eles, são detentores da ónestidade !
Há no PS muita gente séria que comungam do socialismo, seguramente não vieram
da JS aviário de muitos cujo, modo de vida tem sido o carreirismo e defesa dos pe-
quenos ou grandes privilégios obtidos…o Povo está tão longe do seu pensamento!!!