O Sol tem escolhido o tema Sócrates para tentar vender jornais não se sabe a quem. É o tema favorito da direita desde 2007, levamos 10 anos consecutivos e intensivos disto, no que é um caso a merecer todo o tipo de estudos nas áreas da política, sociologia, comunicação social, antropologia, psicologia e até psiquiatria – mas, onde estão eles? Em duas semanas saíram na capa O plano de Vara para calar os media e “A conversa fatal”. Talvez ainda estejamos só no início e o tema fique como parangona neste pasquim até ao Natal.
Trata-se de supostas conversas tidas entre Armando Vara e Joaquim Oliveira. Não sabemos como foram obtidas nem temos forma de aferir da sua veracidade e exactidão. Na última até se chega ao preciosismo de explicar que “o diálogo que se segue foi reconstituído pelo SOL a partir da informação recolhida em várias fontes“. Ora, que situação poderá estar na origem da “reconstituição” de uma conversa privada a partir de “várias fontes”? Aceitam-se hipóteses, sendo que o cheiro a crime é intenso.
Primeira constatação: não há qualquer matéria do foro legal que surja nos diálogos publicados. Em vez disso, temos suposto voyeurismo, suposta devassa e intencional assassinato de carácter. A terem realmente existido aquelas conversas tal como aparecem escritas, elas não foram pensadas para serem objecto de avaliação pública – e isto diz respeito à essência do Estado de direito pois é uma prerrogativa da liberdade individual, o direito à privacidade. Não é justo nem decente que sejam publicadas. Donde, por que razão foram registadas, foram conservadas e são agora exploradas mediaticamente? A resposta é só uma: porque são politicamente valiosas. Politicamente valiosas não para algum assunto que remeta para o bem comum e a governação dos cidadãos e da República, mas politicamente valiosas para uma estratégia de baixa política, de calúnia e de perseguição a certas personalidades e a um certo partido.
Vejamos dois exemplos da estupenda distorção e pura pulhice do que o Sol está a fazer:
"Enquanto isto, novos jornais, como o diário i, eram criados à sombra dos mesmos grupos para fazerem a defesa das políticas socráticas antes das legislativas. E tentava-se ressuscitar a revista Grande Reportagem."
"A discussão alonga-se, com Joaquim Oliveira a atirar a responsabilidade para o então diretor do DN, João Marcelino: «O que é que eu vou fazer, bater-lhe, despedi-lo?». Vara não tem dúvidas sobre o destino do jornalista: «Sim, vai acabar por fazê-lo, é uma questão de tempo!». Oliveira pensa na indemnização que terá de pagar a Marcelino (que, segundo o contrato, é da ordem dos milhões), e comenta: «Mas vai ficar caro desta vez se o mandar embora»."
O jornal i foi lançado em Maio de 2009 e o genial plano de “defesa das políticas socráticas” foi confiado ao Martim Avillez Figueiredo, um socrático retinto. Este passarão era tão socrático, mas tão socrático, que até conseguiu fazer uma primeira página com o blogue “O Jumento”, recorrendo para a façanha a outro famoso socrático, o enorme Paulo Pinto Mascarenhas. O i foi um ensaio do que viria a ser o Observador, só que numa versão chunga. Mas no Sol drogam-se tanto, ou tão pouco, que conseguem escarrapachar com grotescos delírios deste calibre pois o público a quem se dirigem está igualmente todo queimadinho dos fusíveis.
Quanto ao João Marcelino, cromo com a escola do Correio da Manhã, ele é uma figura incontornável no percurso e ascensão de Passos. No DN, existia sob a sua batuta uma brigada laranja, de que fazia parte o David Dinis. O DN marcelista esteve bem quando denunciou a Inventona de Belém, também porque tal prejudicaria Ferreira Leite e estava ao serviço da estratégia de levar Passos para a liderança do PSD, mas o brilharete não elude a sua agenda. E que podemos então descobrir graças ao jornalismo de excelência do Sol? Que o patrão do Marcelino nada podia fazer para impedir ou sequer condicionar a autonomia directiva de quem punha e dispunha no DN. Tão blindado estava o poder do João Marcelino que, de acordo com a calúnia que subjaz à peça, nem perante o tal credor dos 300 milhões nós temos qualquer indício de que Joaquim Oliveira vá ceder a pretensas manobras censórias e manipulativas. É ao contrário, de acordo com o suposto diálogo reproduzido, ele avança com razões para manter a integridade das opções do Marcelino, inclusive aquelas que calhem não lhe agradar politicamente.
O que está aqui em causa, para quem se preocupar com a salubridade da comunidade e com a defesa das instituições políticas, remete para as condições em que foi possível escutar um primeiro-ministro em funções e alguém do seu círculo de intimidade política e pessoal. Nunca tal tinha sido feito antes, que se saiba, e não foi feito com políticos de outras áreas políticas depois. Acresce que foi feito no contexto de uma crise sem precedentes em democracia que fez desabar partes consideradas intocáveis da oligarquia nacional. Não existe um Sol, um Correio da Manhã, um Expresso, uma SIC, um Público à esquerda. Nunca tivemos algo comparável à TVI do casal Moniz à esquerda, a tal TVI que também foi anunciada como um veículo para o PS por ter como dona a Prisa e que foi palco das maiores campanhas negras contra os socialistas de que há memória em televisão. Donde, só se as conversas privadas de Passos Coelho, Portas, Miguel Relvas, Marques Mendes, Ângelo Correia, Pinto Balsemão fossem capturadas nesses momentos em que estão a divagar e a dizer caralhadas a respeito de políticos e governantes, negócios feitos e sonhados, é que um estado de equilíbrio seria restabelecido. Mas seria viável governar o País, ou qualquer país, caso se decrete a proibição da privacidade para políticos e todos quantos tenham relações com eles?
Ferreira Leite, e logo em Aveiro em 2009 para que não haja qualquer dúvida sobre a origem da bacorada, e Paula Teixeira da Cruz, enquanto ministra, disseram publicamente que consideravam muito provável terem os seus telemóveis sob escuta. Esta obscenidade não se explica só por um estado paranóide mais ou menos natural. O que seguramente terá acontecido foi o trânsito imediato das escutas que se faziam a Vara e a Sócrates – e sabe-se lá mais a quem com importância política – para os responsáveis políticos da direita portuguesa, Cavaco incluído. As senhoras estariam apenas a constatar o óbvio, essa merda acontecia mesmo e perante os seus olhos. Só isso explica a súbita virulência e constantes insinuações, em registo de aberta bazófia e incontrolada agressividade, a que pudemos assistir por parte de políticos e jornalistas laranjas assim que a operação Face Oculta foi lançada. Se as escutas eram pasto livre para jornalistas amigos, então pelas mesmas razões seriam um néctar para políticos amigalhaços. A própria Inventona das Escutas encontra aqui a sua lógica, posto que a tentativa de envolver Sócrates num processo judicial por “atentado ao Estado de direito” não iria ter sucesso. Não iria ter sucesso porque Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento defenderam as suas instituições, o processo democrático e o Estado de direito. Prova? É ler o Sol.
Excelente.
bem que gostavas de apagar as escutas e tudo o mais que provam que o vosso herói era e é um corrupto e trafulha como nunca existiu outro em Portugal. Temos pena. Corruptos, aldrabões e ordinários eis o que define os socialistas.
Parabéns Valupi.
Na mouche.
Poizé, é o equívoco genético do ps do inveterado burguês Soares, do aristocrático advogado defensor do grande capitalista, Zenha, do anão Vitorino que redigiu o acordo que retirava ” a caminho do socialismo “, da Constituição ( e com isso ganhou uma cadeira no Constitucional e mais tarde altos cargos na Europa, bons negócios com o Estado e amenas cavaqueiras na TV com Santanás ) do provinciano Coelho que teve um gesto de grande dignidade política, ao demitir-se perante o desastre de Entre-os-Rios ( Constança Cunha e Sá também teve um gesto de grande dignidade política, mas foi ao não demitir-se perante o desastre de Pedrógão, – são assim elásticas, as amplas liberdades chuchas, que tanto dão para os dois lados ) do estouvado, incompetente e pródigo Sócrates, que espatifou um país, e do competentíssimo Vara, que ajudou a escaqueirar dois bancos, e que só não fez um fundação escandalosa, porque um outro, esse sim, um socialista honesto, Sampaio, forçou o inócuo e beato Guterres, a demiti-lo … and so on .
mesmo quando é explicadinho como o val faz, aparecem sempre uns ceguinhos a malhar na tecla de que os maus são todos socialistas.
Passaste a vida a ler contos de fadas. A realidade passou-te ao lado.
oh pá , tendo em conta isto :: https://www.sciencedaily.com/releases/2010/08/100802165441.htm , que tirei da rvolution lá de baixo , na sê que pensar deste post e da , um milhão de vezes escrita aqui no aspi , palavra calúnia , caluniadores , bla bla ,mauzoes.
não são as sanitas o lugar mais privado, verdadeiro deleite de liberdade individual, do mundo? é meter lá escutas, carago. :-)
Ó “Farto deles” na sua sanha intempestiva de investir contra tudo o que meche que se relacione com o Sócrates, que trocou o nome à ministra. A jornalista Constança Cunha e Sá é que não deve ter ficar muito satisfeita. Tenha calma que no laranjal também há muita fruta podre ou já se esqueceu??????????
Pois é sicários chuchas, o tacho é muito bom e a verdade dói muito, né ?
faz lembrar umas outras escutas, não valupi? mas nessas outras já não ficaste preso a pormenores que estragavam a narrativa. tu gostavas da narrativa e ainda agora a repetes, apesar de ter sido desmontada por todos os tribunais desportivos e civis. pode ser que tenhas aprendido alguma coisa
… «supostas conversas», …?
Valupi, esta jóia supostamente é que é linda.
fcporto, a que te referes? Desconfio que estás mergulhado numa piscina cheia de alhos e bugalhos.
é simples valupi, escusas de trazer os alhos pra conversa.
diz-me só onde é que nas escutas ouves “fcp” a oferecer prostitutas a um árbitro?
desde já obrigado
A quem possa interessar, esse parvalhão que se identifica com “Farto deles” e com
“Farto, fartinho” não passa de um plagiador e de um rouba “nicks”. Ou julgas que não te topo, meu cagãozito?
fcporto, se teclares sem estares sob a influência do tintol talvez consiga perceber a que te referes.
Não te acanhes, vai lá buscar o que quer que seja que esteja na origem do que estás para aí a dizer. Se te referes a algo que tenha escrito, traz o “link” para te poder responder.