Presidente da República - E mais, digo-lho: o mais espantoso é que falei da matéria numa primeira saída ainda vigorava o estado de emergência, em Maio, e depois, sucessivamente, nunca nenhum jornalista me perguntou sobre a matéria. Podiam ter perguntado. Em Junho, em Julho, em Agosto, em Setembro, em Outubro, até Novembro...
Director-geral de informação do Grupo Impresa + palhaço que saltou de andar de microfone na mão a tentar entalar o Sócrates com inanidades para especialista em política - Ai, ai, ai... Blá, blá, blá... Então a culpa é dos jornais!... Ó Senhor Presidente, eu mostro-lhe aqui vários artigos...
Presidente da República - Não, a culpa não é dos jornais...
Director-geral de Informação do Grupo Impresa - O Público e o Diário de Notícias estiveram sempre em cima deste caso, sempre.
Presidente da República - Eu sei, o Público e o Diário de Notícias foram a excepção.
Director-geral de informação do Grupo Impresa - Pronto! Não são pequenas excepções, não são...
???
“Impresa é o maior grupo de comunicação social português, atuando em três áreas de negócio — edição impressa, digital e televisão“, assim abre o artigo na Wikipédia a respeito do império criado pelo militante nº 1 do PSD. Curiosamente, e seguramente devido ao tempo diário que gasta a mandar “gifs” animados para o Bernardo Ferrão a insistência deste, o mano Costa ainda não teve oportunidade para ir à Wiki descobrir o que é, realmente, isso da IMPRESA e não sei quê. Pelo que foi para uma entrevista a uma pessoa muito conhecida da televisão, a qual acumula com um cargo qualquer no Estado e não sei quê, e deu por si a ter de defender a imprensa – isto é, aquela que realmente dá notícias e tenta formar opiniões. Ihor Homenyuk, um ucraniano que parece que morreu no aeroporto e não sei quê, teve sempre dois jornais a falarem dele, exclamou indignado o director-geral do grupo Impresa para a vedeta televisiva a fazer-se de parva à sua frente. É que se há assunto que o mano Costa domina é esse mesmo da comunicação social e não sei quê, tenham juizinho, pelo que não ia aceitar que lhe dissessem na cara que o não sei quantos de não sei donde foi esquecido pelos jornais, pelas televisões, pelas rádios e pelo digital. Não, isso é coisa para deixar o mano Costa à beira de um ataque de jornalismo.
Este diálogo é inacreditável, em sentido literal. Vemos, ouvimos, podemos ler a transcrição e continuamos a não acreditar no que os nossos neurónios repetidamente garantem ter sido dito. Ninguém nos preparou para termos um Presidente da República que regride moralmente para a idade dos 7 anos. Um Chefe de Estado que mente à descarada e justifica a sua antinomia culpando a assistência, dizendo que a culpa de não ter mostrado em público mais preocupação com o homicídio às mãos do SEF ou sequer enviado as condolências para a família de um ser humano cuja morte ocorre sob a responsabilidade do Estado português é, afinal, da comunidade que não lhe perguntou nada. Eis a doutrina marcelista da lógica da batota. E por mais que nos preparássemos, continuaria a ser impossível resistir a ficar banzo quando um bacano que tem centenas de jornalistas sob a sua alçada editorial, alguns com a responsabilidade agravada de serem pagos para preencher os conteúdos de um semanário outrora famoso por influenciar a sociedade, tem de dar exemplos da concorrência para salvar a honra dos titulares da carteira profissional disso do “relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade“. Contudo, talvez a origem da derrelicção exibida pelo brilhante director-geral da cena seja prosaica: ninguém ainda ter ido oferecer ao mano Costa vídeos fixes de interrogatórios à malandragem com o selo Ministério Publico TV ou lhe ter enviado relatórios das secretas inventados à maluca com avisos sobre a Turquia e a Ucrânia. E não sei quê.
Fernanda Câncio, Valentina Marcelino e Joana Gorjão Henriques foram justamente reconhecidas como jornalistas que, através dos seus artigos, elevaram a sua profissão ao estatuto de missão ao relatarem, destacarem e questionarem as autoridades, especialmente o Governo, sobre todas as questões policiais, humanas e políticas relativas ao que se ia conhecendo dos factos desde o final de Março. O silêncio que constatavam à sua volta, porém, não pode ser dissociado da circunstância de estar a decorrer uma investigação do Ministério Público e um inquérito do IGAI. Foram estes dois processos que acabaram por moldar o calendário da indignação e da exploração política, à medida que se iam consolidando e divulgando os resultados e demais parafernália de acções e reacções dos envolvidos – Isabel Moreira também poderá ter sido gatilho da explosão emocional de Dezembro ao sintetizar de forma lapidar o que estava em causa: “É o mais grave atentado ao Estado de direito no pós-25 de Abril.“
As declarações de má consciência de tanta gente respeitável e admirável com tribuna na comunicação social ficaram embrulhadas com exemplos de cínicos e sonsos acabados, como os três pavões citados acima, para mal dos nossos pecados. Pecados esses que não colocaria no plano do rasgar das vestes ou da ocupação das ruas, muito menos nos badalhocos pedidos de demissão do ministro que levou um soco no estômago, antes na constatação vexante de que a Assembleia da República não quer saber do que se passa nas cabeças dos agentes policiais e elementos militares que nos fazem mal.
Presidente da República é coisa excedentária (Alemanha, Itália, p. ex.). Quando é realmente instância de poder (EUA, França, p. ex.) então o cargo de 1o Ministro não existe ou é irrisório. Por azar, em Portugal dá-se importância ao Presidente da República e, para cúmulo do azar, em vez de um Presidente da República temos um Comentador da República.
Entretanto, o mano do mano Costa, inquestionável e belo e cujo nome não se pode mencionar, já em 2006 comia inquéritos do IGAI ao piqueno almoço.
https://www.dn.pt/arquivo/2006/amp/inspector-das-policias-critica-antonio-costa-647953.html?__twitter_impression=true
Portanto, isto já vem de longe, sempre do lado das corporações que a coragem não abunda. O “Á Justiça o que é da Justiça” tem várias declinações nos vários sectores de segurança do Estado, que se nunca foram democratizados o devem em parte a ministros como o Belo ente. A derradeira cedência será a delação premiada que não me admiraria muito que fosse aprovada nesta legislatura, basta aplicar aplicar a pressão certa que a gentil e doce alma recolhe-se.
Entretanto durante o fim de semana o correio da manhã fazia eco de mais uma agressão policial a um ucraniano numa esquadra em Vila do Conde.
A polícia diz que ele ia a conduzir em estado de embriaguez com as luzes apagadas. Ele diz que estava no carro parado. Mesmo admitindo que o ucraniano possa ter sido pouco cooperante quando a polícia decidiu levá-lo para a esquadra a versão policial parece pouco verosímil e nada justifica as agressões constatadas no instituto de Medicina Legal.
Á atenção do PR que durante o fim de semana apareceu a patrocinar a ideia de fusão do SEF com a PSP. Como se o currículo de respeito dos direitos humanos da PSP fosse qualquer coisa de recomendável, sobretudo desde que foi colonizada pelo Movimento Zero
Há muitas coisas que o tempo não resolve! O melhor exemplo será o corporativismo
que, os mais de quarenta anos de Democracia não conseguiu extinguir até, no PREC
se permitiu a criação de sindicatos de todos e mais alguns que, deveriam ter sido ex-
tintos com a entrada em vigor da CRP ! No caso, neste momento, em causa, durante
muito tempo o “porta voz” era um sindicalista que, reapareceu a criticar o poder polí-
tico defendendo a sua “dama”! Não fosse o tal corporativismo inimigo da ética e do
regular comportamento e, talvez o caso não chegasse onde chegou!
Todos estão a ficar mal na “foto”, desde o ministro que não agiu usando a sua autori-
dade, esperar 9 meses pela demissão da diretora do SEF é demais, as explicações são
trapalhosas! Já o P.Ministro ao segurar o amigo, não está a resolver o problema e,
acabará por levar com o ónus da situação, com reflexos na apreciação que os portu-
gueses fazem do PS! Também o PR fica mal pois, as desculpas avançadas não são
convincentes fazendo lembrar o tal “catavento” como alguém o definiu!!!
Algum dos comentadores acima viu,na íntegra, a sessão da inquirição ao Ministro Cabrita, na Assembleia da República,hoje, terça- feira, dia 15 de Dezembro de 2002 ?
Não viram, senão estariam aqui a rir-se,como eu,ao lembrar a maior tosa, coça, barba e cabelo que algum ministro deu aos seus críticos, de há muitos anos a esta parte…
Foi tão grande ou tão pequena a tareia que, a Inquirição prevista para ter duas partes ficou-se pela primeira. Por abandono dos deputados adversários,desorientados e de calças na mão,tamanha era a própria impreparação e indigência argumentativa…
Só visto e apreciado!!!
Que canalha se acoita por aqueles sítios ! Que pobreza !
Claro que os canais generalistas da TV observaram um quase silêncio sobre o assunto . Que corja !
Refiro-me à Inquirição de hoje, 15 / 12 / 2020 e não 2002 como,por lapso,escrevi.
As minhas desculpas.
Não é dignificante tratar a audição do ministro como um jogo de boxe ou luta livre entre o ministro e os seus críticos, quando na realidade o que está em questão é o seu dever de esclarecimento aos cidadãos, através dos seus representantes na AR. Aliás seria bom ter presente o seguinte:
– depois duma intervenção patética há alguns dias atrás o mínimo exigível ao ministro era que adoptasse uma postura mais digna e responsável
– o ministro reconheceu que as críticas feitos por vários deputados eram pertinentes chegando mesmo ao ponto de endossar as palavras da deputada Joacyne Moreira sobre a gravidade do que se passou
– muitas perguntas ficaram sem resposta, mesmo que algumas tivessem por objectivo iludir junto da opinião pública o oportunismo político de muitos deputados que só despertaram para o assunto porque viram aqui uma boa ocasião para “bater” no governo
A audiência serviu para demonstrar a literalidade com que o Cabrita exerce o cargo pois se é Ministro da Administração Interna, a sua função é gerir os processos administrativos das instituições à sua guarda “0 papel chegou nesta data, conforme se pode comprovar pelo carimbo, e transitou da secção x para a y, ficando a aguardar recurso…” ou seja a fita do tempo, conforme anunciado pelo (cada vez pior) Santos Silva, um álibi construído para consumo de entretenimento de viciados em séries de plataformas streaming.
A dimensão e o entendimento da noção de estado, serviço público e responsabilidade política, nepia. Alumni Marcello.
Caros Coix & Joe Strummer:
Os dois viram (e ouviram) na íntegra,a Inquirição ao Ministro Cabrita ?
Deveras que sim?
Valha-nos S. Carol Woittila !!!