Paulo Pedroso teve a generosidade, e amabilidade, de me responder, trazendo ao debate do futuro do PS a memória de Vítor Constâncio e António Guterres. Nada tenho a contrapor, pois nenhuma autoridade na matéria possuo visto não ser militante, nem sequer simpatizante, mas fica a certeza de que estas referências ajudam a entender o projecto da oposição interna no PS – ou, como o Paulo deixa em alusão, um dos projectos da oposição interna à esquerda, que até poderão ser variados em número e linhagem.
Nesse sentido, e neste momento, declaro já a minha preferência por Pedroso em vez de Seguro.
Despeço-me do Blogue por insolvência de ideias
bem, aproveito para subscrever a última frase. O Seguro faz-me lembrar o Gama.
Val,
“as polémicas mais nobres ficam para ti. A cada um, o seu lugar”.
Pretendi ser irónico, o acinte da tua resposta revela que sem êxito.
“Gostava que o Paulo indicasse uma Direcção do PS, anterior à presente, que tenha preparado, e permanentemente, a regeneração do partido; seja lá o que for que isso queira dizer”.
Se me é permitido, por ter participado e ter bem presente “todo o processo da transição Soares/Constâncio”, como um actor menor é certo, mas nunca distraído.
Afirmo que o facto mais relevante da gestão do Victor Constâncio como SG foi a venda do prédio da Rua da Emenda, e a sua eleição ser até hoje a que mais elevada percentagem obteve, (98 ou 99%) de votos “sim”.
Gama e companhia, chegaram a “negócio”, sem um único debate entre eles.
Quanto a António Guterres, o mínimo que se pode dizer é que tinha as costas bem quentes com Salgado Zenha, sem esse padrinho não ia longe. Soares nunca “esquece”.
O Pedroso, (que não conheço) sei que foi muito precioso, quer para o Sampaio como para o Guterres, não sabe e inventa neste domínio. Foi sob ameaça de acção judicial que o nosso grupo (não alinhado) apresentou um projecto de revisão dentro das normas propostas pelo Secretariado, quer dos Estatutos, quer da Declaração de Princípios.
Participámos à força e as nossas ideias ficaram plasmadas no documento final.
O Coordenador do processo foi o saudoso camarada Fausto Correia.
Ferro Rodrigues era de facto um bom amigo de esquerda, daria seguramente um bom Primeiro-ministro, mas essa história ainda não terminou.
Tenho por certo que não está em divida para com ninguém.
Quando a fruta tinha cheiro era um bom método de escolha.
Cumprimentos
pois é, o Ferro Rodrigues, eu ainda hoje, como português, tenho vergonha do que lhe fizeram, e nunca mais esqueço o grito que há-de ficar a ecoar sobre o segredo de justiça. A redenção ainda espera. A minha solidariedade de excomungado não vale grande coisa, mas está aí.
Val, quando tudo está em crise, como é o tempo presente, não será o melhor momento para lançar uma discussão “aberta” no seio do PS sobre “regeneração”. Ela terá de ocorrer, mas deixai o actual governo e, sobretudo, o PM governar, sem lhe acrescentar, aos furores da oposição partidária, das corporações profissionais e dos media, a abertura de naturais divergências de opinião internas. Tal só viria fragilizar a união do partido face à luta cada vez mais cerrada com os opositores.
E discussão interna acho que sempre existiu no PS, não acha?
De qualquer modo, eu continuo a passar por aqui, pois estas paragens aliviam-me a alma…E quanto a alguns comentários…só digo: “Chapéus há muitos…!”
armando ramalho, este teu comentário prova, e à saciedade, que não estamos no mesmo lugar. Tu és um militante importante do PS, e, por via do teu protagonismo político, figura pública, enquanto eu sou um merdas que não milito no PS, nem nele votei paras as Legislativas, e que não faço falta nos palcos mediáticos. Não sei onde é que vês o acinte.
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⅀, o Ferro foi bem ferrado. E, em certos aspectos, podemos ligar o caso Casa Pia ao Freeport.
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Maria da Guia, mas a questão do futuro do PS já está lançada, falarmos dela é natural e bom. De resto, isso em nada impede a unidade para aqueles que se querem unir. A democracia implica sempre esta habituação ao caos, aceitar a permanente instabilidade, e aprender a gostar de encontrar o equilíbrio. A vida é instável, ou não seria vida.
Tanto quanto creio saber, Paulo Pedroso não vai a votos.
Tanto quanto creio saber, a corrida há-de fazer-se entre António Costa e António J. Seguro.
José Seguro não me parece lá muito consistente, nem nas ideias, menos ainda na gestão do timing.
Fala quando não deve.
Cala-se quando era urgente afirmar-se.
Mas, no PS, não se ganha eleições assim ou por essas razões.
Quem maios ordena na agremiação socilaista são, sempre assim foi, os “sindicatos de voto”.
É por essa razão, e só por essa, que Sócrates decidiu remeter a “decisão” de apoiar Manuel Alegre para depois de uma “volta” de consultas às Federações e aos Presidentes de Câmara.
Depois de Mário Soares (Constâncio, Sampaio, Guterres, Ferro Rodrigues e Sócrates…) todos chegaram ao cargo de SG por que houve convergências de “vontades” e houve leituras “pragmáticas” de quem “controlava” o aparelho.
Observem algumas das eleições que ocorreram, recentemente, para as Comissões Concelhias dos socialistas e perceberão do que estamos a falar.
Quanto à “polémica” entre Valupi e Paulo Pedroso teve um mérito: sabemos que aquele não vai à bola com o Seguro.
Como disse em tempos o meu amigo, e jornalista, Rogério Rodrigues:- É bem provável que o Seguro tenha morrido de novo.
J.Albergaria
J. Albergaria, muito obrigado pelo teu conhecedor comentário. E aproveito para te perguntar: achas possível que um partido de vocação e dimensão governativa, também instalado no poder autárquico, não tenha sindicatos de voto? Pergunto porque, em contexto de crítica, se tende a utilizar a palavra “aparelho” com conotações pejorativas, como se algo de errado estivesse a acontecer pelo simples facto de uma organização partidária ser isso mesmo, uma organização, um conjunto de elementos distintos na substância ou função. Um aparelho, enfim.
Caríssimo,
Nada pejorativo.
Isto vale para o PSD (veja-se a cambalhota que deram, elegendo, faz pouco tempo, quem tinham rejeitado antes..), para o CDS, mesmo para o BE e, ainda assim, mas com liturgias diferentes, para o próprio PCP.
Os aparelhos (sem aspas) é o que faz funcionar as máquinas de conquista de poder e reproduzem as lógicas internas e em cada conjuntura.
Rapare-se no caso do PSD.
Elegeram a MFLeite, para um interlúdio e para “consolar” (salvo seja…) o Cavaco Silva.
Agora, que Sócrates está a ficar exausto e cheira a poder nas hostes sociais-democratas, avançam (com quase setenta por cento dos votos…) com o dinâmico, não comprometido, nem com o Cavaco, nem com o Durão, nem com o Santana, menos ainda com a MFLeite, Passos Coelho, que eu aprecio. De mãos limpas e de mãos livres.
O pragmatismo do aparelho em toda a sua plenitude.
No pós Sócrates resta saber quem será o líder transitório, para o interlúdio socialista (como o foi Ferro Rodrigues, que eu apreciei e gostaria de ver candidato a Belém…): ou Costa…ou Seguro.
Eis a questão
Caro Val,
não é de hoje ou de ontem a opinião que formei a teu respeito, tenho-te em elevada conta, quer queiras quer não queiras. Estou no meu direito ao pedir-te que não te desconsideres.
Cada um pode dar o seu livre contributo, e nunca serão de mais, para cultivar a liberdade individual ou colectiva.
Aqui chegados, devo dizer-te que apesar de todo o ordenamento jurídico ser bastante e mais do que suficiente, existem a ganância e o medo reverencial. E muitas moscas.
Cump.