Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
Não posso concordar mais que o Vega9000 é um espectáculo, E, claro, Edie somos todos espectadores.
:))))
Muito obrigado, Vega9000. Resta saber se podemos confiar na Internet.
Valupi,
Desculpa mas estas a ser injusto :
1/ A resposta à tua pergunta esta no teu proprio post.
2/ Presumi que o post fosse devido a acreditares, como eu, que a Internet não tem pernas para andar sozinha… E também que a tua curiosidade não radicava num anseio de colo !
3/ Eu gostei de ficar a saber, não so a resposta à pergunta, como também que posso pedir informações ao estimado Vega9000, e também ja agora que existe uma pequena diferença entre ir parvamente à Google e ler o Aspirina B…
Ou não ?
Não, não pode, daí o cauteloso “creio”. Mas é um bom ponto de partida para a descoberta.
No caso do Visconde de Cavalcanti, para além da Wikipedia, as fontes que descobri foram estas, que me parecem minimamente fiáveis:
A internet pode funcionar como uma extensão da memória onde o cérebro acede quando necessita. E hoje em dia acedes em qualquer lado, 24 sobre 24. Sem que déssemos por ela, somos ciborgues. :)
Tubazão, pá, deixa cá ver se aqui é sossegado: imagina do que nos livrámos, gosto muito da evolução. Mas nunca mais chego a colibri.
A Internet não tem tudo, longe disso, tem é muito do mesmo. Neste caso, e tomando como certa a informação relativa ao Visconde de Cavalcanti, não sabemos se se conservou esse registo. E, não se tendo conservado, voltamos à questão original: onde está a voz em língua portuguesa mais antiga?
dircurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha – Rio de Janeiro – e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co
tralarailarai.:-)
Bom, isto foi giro mas não pesquiso mais. Do que consegui descobrir, a história do Visconde, e outros da casa Real brasileira, parecem-me confirmados, aparecendo em várias referências e numa tese de mestrado com bibliografia. Não faço é ideia se ainda existem, mas julgo que não, não aparecem mencionados em nenhum museu, e uma curiosidade dessas estaria certamente divulgada.
Sendo assim, no Brasil, a gravação mais antiga é de 1902, o cantor chama-se Bahiano e foi o primeiro disco editado (julga-se, pelo número de série) pela Casa Edison, do pioneiro Fred Figner. pode ser ouvido aqui. E a história, espantosa, de como as matrizes antigas foram perdidas pode ser ouvida aqui.
Sendo assim, as primeiras vozes em Português que estão registadas devem ser as feitas em 1900 e que foram descobertas pelo José Moças, da Transom. Devem estar com ele. Resta saber se são ainda audíveis.
Por curiosidade, fica também o primeiro registo de sempre da voz humana, que não foi de Edison. Foi de um francês obscuro, Édouard-Léon Scott de Martinville, que no decorrer de experiências gravou, em 1860, 11 segundos de “Au Clair de la Lune”, e pode ser ouvido aqui, recuperado pela Universidade de Berkeley. Reportagem da descoberta aqui.
Trata-se de um problema para investigadores, não se resolve com a informação disponível. Nem sequer as datas apontadas oferecem segurança histórica. Ou seja, se algum registo fosse indiscutível quanto à anterioridade, já teria sido consagrado na cultura popular (na TV e cinema, jornalismo), creio. E, finalmente, nesta busca não estou à procura da expressão cantada, mas da falada em discurso natural (sem intento artístico) – o que ainda complicará mais a questão, a menos que a locução gravada diga respeito a eventos datáveis.
O caso do “Au Clair de la Lune” é diferente, tendo sido unanimemente reconhecido como o registo sonoro mais antigo que se conhece.
O problema não se resolve com a informação disponível? E ainda para mais tinha de ser registo de discurso natural? E só agora é que dizes?
(bom, sempre deu para conhecer umas coisas)
As datas são certas. Estão referenciadas, no caso do Visconde, em 3 livros diferentes, e no caso da música no acervo do Instituto Moreira Salles, no Brasil, que tem a colecção de Humberto Franceschi.
O resto, dizes bem, é para investigadores, ou para quem tenha paciência. Sobretudo essa da “fala natural”, que é diabólica. Mas descobri imensa coisa interessante que não sabia, e muito mais que nem disse para não vos maçar, numa parte da manhã e numa parte da tarde, só utilizando a internet. Só por isso já valeu a pena, e para um leigo na matéria, não está mal. Considero-me um “investigador do cú-sentadismo” :)
edie, mas a questão não é para ser resolvida pela Internet, antes pela investigação. Se bastasse uma simples pesquisa, nem existiria o problema. E, mesmo que nada se possa concluir com certeza suficiente, há esse desejo que vale por si. Não gostavas de poder ouvir a língua portuguesa tal e qual como se falava (em certos meios, óbvio, relativos à origem geográfica e social do registo) no século XIX ou no princípio do século XX? Será que notaríamos diferenças relevantes ou seria igual ao português falado nos filmes portugueses dos anos 30 e 40? Na impossibilidade dessa viagem no tempo, então satisfazer a curiosidade quanto à gravação mais antiga também é um trabalho de detective excitante.
Vega9000, as datas podem estar certas no caso do Visconde, claro e tendo em conta as fontes, mas não nos ajudam a encontrar a voz. Mas sinto que te arrastei, involuntariamente, para um fascinante passatempo. Espero que te lembres aqui dos pobres caso encontres algum tesouro para além daqueles que já partilhaste.
sei lá eu. mas quero ouvir desde que não seja voz de bagaço.:-)
Nope…
Não é o do Manoel de Oliveira?
O registo mais antigo creio que foi em 1889, no Brasil, pelo Visconde de Cavalcanti. Não sei onde está, se é que ainda existe.
Em Portugal, segue as pistas nesta notícia.
Vega9000: és um espectáculo.
Espetáculo, J.P., agora somos todos espetadores…
Não posso concordar mais que o Vega9000 é um espectáculo, E, claro, Edie somos todos espectadores.
:))))
Muito obrigado, Vega9000. Resta saber se podemos confiar na Internet.
Valupi,
Desculpa mas estas a ser injusto :
1/ A resposta à tua pergunta esta no teu proprio post.
2/ Presumi que o post fosse devido a acreditares, como eu, que a Internet não tem pernas para andar sozinha… E também que a tua curiosidade não radicava num anseio de colo !
3/ Eu gostei de ficar a saber, não so a resposta à pergunta, como também que posso pedir informações ao estimado Vega9000, e também ja agora que existe uma pequena diferença entre ir parvamente à Google e ler o Aspirina B…
Ou não ?
Não, não pode, daí o cauteloso “creio”. Mas é um bom ponto de partida para a descoberta.
No caso do Visconde de Cavalcanti, para além da Wikipedia, as fontes que descobri foram estas, que me parecem minimamente fiáveis:
http://audiolist.org/forum/viewtopic.php?t=531
http://www.almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5529:fonografo-falou-para-monarcas-e-republicanos&catid=14:ciencia&Itemid=133
E a bibliografia que poderá confirmar está no fim desta pequena biografia oficial:
http://www.aplpb.com.br/?page_id=19&id_acad=72
Quem quiser investigar, fica o ponto de partida.
L’Internet, c’est nous, caro primo Bonaparte.
A internet pode funcionar como uma extensão da memória onde o cérebro acede quando necessita. E hoje em dia acedes em qualquer lado, 24 sobre 24. Sem que déssemos por ela, somos ciborgues. :)
Tubazão, pá, deixa cá ver se aqui é sossegado: imagina do que nos livrámos, gosto muito da evolução. Mas nunca mais chego a colibri.
A Internet não tem tudo, longe disso, tem é muito do mesmo. Neste caso, e tomando como certa a informação relativa ao Visconde de Cavalcanti, não sabemos se se conservou esse registo. E, não se tendo conservado, voltamos à questão original: onde está a voz em língua portuguesa mais antiga?
dircurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha – Rio de Janeiro – e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co
tralarailarai.:-)
Bom, isto foi giro mas não pesquiso mais. Do que consegui descobrir, a história do Visconde, e outros da casa Real brasileira, parecem-me confirmados, aparecendo em várias referências e numa tese de mestrado com bibliografia. Não faço é ideia se ainda existem, mas julgo que não, não aparecem mencionados em nenhum museu, e uma curiosidade dessas estaria certamente divulgada.
Sendo assim, no Brasil, a gravação mais antiga é de 1902, o cantor chama-se Bahiano e foi o primeiro disco editado (julga-se, pelo número de série) pela Casa Edison, do pioneiro Fred Figner. pode ser ouvido aqui. E a história, espantosa, de como as matrizes antigas foram perdidas pode ser ouvida aqui.
Sendo assim, as primeiras vozes em Português que estão registadas devem ser as feitas em 1900 e que foram descobertas pelo José Moças, da Transom. Devem estar com ele. Resta saber se são ainda audíveis.
Por curiosidade, fica também o primeiro registo de sempre da voz humana, que não foi de Edison. Foi de um francês obscuro, Édouard-Léon Scott de Martinville, que no decorrer de experiências gravou, em 1860, 11 segundos de “Au Clair de la Lune”, e pode ser ouvido aqui, recuperado pela Universidade de Berkeley. Reportagem da descoberta aqui.
Trata-se de um problema para investigadores, não se resolve com a informação disponível. Nem sequer as datas apontadas oferecem segurança histórica. Ou seja, se algum registo fosse indiscutível quanto à anterioridade, já teria sido consagrado na cultura popular (na TV e cinema, jornalismo), creio. E, finalmente, nesta busca não estou à procura da expressão cantada, mas da falada em discurso natural (sem intento artístico) – o que ainda complicará mais a questão, a menos que a locução gravada diga respeito a eventos datáveis.
O caso do “Au Clair de la Lune” é diferente, tendo sido unanimemente reconhecido como o registo sonoro mais antigo que se conhece.
O problema não se resolve com a informação disponível? E ainda para mais tinha de ser registo de discurso natural? E só agora é que dizes?
(bom, sempre deu para conhecer umas coisas)
As datas são certas. Estão referenciadas, no caso do Visconde, em 3 livros diferentes, e no caso da música no acervo do Instituto Moreira Salles, no Brasil, que tem a colecção de Humberto Franceschi.
O resto, dizes bem, é para investigadores, ou para quem tenha paciência. Sobretudo essa da “fala natural”, que é diabólica. Mas descobri imensa coisa interessante que não sabia, e muito mais que nem disse para não vos maçar, numa parte da manhã e numa parte da tarde, só utilizando a internet. Só por isso já valeu a pena, e para um leigo na matéria, não está mal. Considero-me um “investigador do cú-sentadismo” :)
edie, mas a questão não é para ser resolvida pela Internet, antes pela investigação. Se bastasse uma simples pesquisa, nem existiria o problema. E, mesmo que nada se possa concluir com certeza suficiente, há esse desejo que vale por si. Não gostavas de poder ouvir a língua portuguesa tal e qual como se falava (em certos meios, óbvio, relativos à origem geográfica e social do registo) no século XIX ou no princípio do século XX? Será que notaríamos diferenças relevantes ou seria igual ao português falado nos filmes portugueses dos anos 30 e 40? Na impossibilidade dessa viagem no tempo, então satisfazer a curiosidade quanto à gravação mais antiga também é um trabalho de detective excitante.
Vega9000, as datas podem estar certas no caso do Visconde, claro e tendo em conta as fontes, mas não nos ajudam a encontrar a voz. Mas sinto que te arrastei, involuntariamente, para um fascinante passatempo. Espero que te lembres aqui dos pobres caso encontres algum tesouro para além daqueles que já partilhaste.
Gostava, Val. Gostava muito.