Na Visão fez-se uma correlação entre o custo do BPN para o Estado e as medidas de austeridade escolhidas pelo actual Governo – BPN: Os sacrifícios que nos podiam ter evitado. O artigo não contextualiza a nacionalização adentro das peripécias internas do banco nem no quadro político e económico ao tempo, tanto nacional como internacional, apenas cita um fragmento de uma declaração de Teixeira dos Santos relativa à bancarrota. A tipologia dos crimes cometidos, e por isso ter sido impossível naquela situação descobrir que os 700 milhões em falta eram apenas uma pequena parte do total, não são igualmente tidos em conta. O sentido do exercício fica assim sugerido: foi um colossal erro, que estamos a pagar com as medidas de austeridade, ter-se nacionalizado o BPN.
Hoje, até a minha vizinha do quarto andar, ou a começar logo por ela, se indigna por terem nacionalizado o BPN em vez de seguirem o heróico exemplo do liberal Pedro, o qual, num contexto que não tem qualquer ponta de comparação com o do BPN, jurou que nem um cêntimo dos contribuintes seria metido no BES (ah, espera… se calhar… hum… quer dizer… bom, fica assim… está dito, está dito!). A sanha anti-Estado fez o seu caminho com a cumplicidade da esquerda pura e verdadeira e seu sectarismo imbecil. Mas mais e mais extraordinário: esta direita decadente conseguiu apagar a sua responsabilidade sociológica, no mínimo, quiçá política, e seguramente ideológica, no escândalo do BPN, através da perseguição a Constâncio e da culpabilização sistemática de Sócrates. Como é que tal foi possível? Como é que um caso que envolve directa ou indirectamente Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Rui Machete, Joaquim Coimbra, Arlindo de Carvalho, Daniel Sanches, Duarte Lima, Amílcar Theias, Tavares Moreira e Cavaco Silva consegue ser abafado no que respeita a fugas ao segredo de justiça (e ainda bem, mas registe-se como sintoma num país onde se aceita que a Justiça forneça material selectivo para queimar na praça pública alvos selectos) e transformar-se ao longo destes anos em mais uma arma de arremesso contra o PS? A resposta tem de incluir inevitavelmente a comunicação social. É a prova provada de termos uma imprensa dependente de agendas políticas diversas mas unidas, por acção ou passividade, num alvo comum. Está para nascer um órgão de comunicação social que faça jornalismo independente.
Este é o charco infecto onde neste momento as lideranças do PS e do PSD chafurdam, atiçando as pulsões justiceiras contra os bodes expiatórios da sua predilecção – não por acaso, os mesmos. Eis o que o primeiro-ministro se permitiu dizer nos Algarves:
"Havia muitos privilégios, para não falar da falta de ética, de muita gente que vivia entre a política e os negócios", declarou o líder social-democrata, adiantando: "Não têm de ser os contribuintes a pagar a falta de ética, de escrúpulos de quem não tinha a ambição de combater os poderes fáticos que existiram no passado."
"Há muita gente na oposição que continua ligada a esse passado e que acredita que umas próximas eleições lhe permitem regressar ao poder, para que tudo volte ao que era dantes. Desiludam-se. Não acontecerá porque os portugueses não vão deixar."
Passos ataca PS e associa-o à falta de ética nos negócios
Não sabemos de que factos está a falar, e suspeitamos que nada seria capaz de provar, sequer identificar. Trata-se apenas do recurso à difamação e à calúnia propositadamente vaga, emporcalhando o espaço público sem culpa nem vergonha. Porquê? Porque resulta. Resulta junto do rei e do cidadão, é uma receita venenosa ancestral. Mas dá-se o caso de sabermos outras coisas. Sabemos que se há em Portugal um partido onde a política e os negócios sempre estiveram, e estão, intrinsecamente ligados, esse partido chama-se PSD. Sabemos que a elite do PSD é a última que poderá reclamar qualquer autoridade para dar lições de ética. Sabemos que a vinda da Troika foi indispensável e instrumental para algumas figuras gradas do PSD fazerem gigantescos negócios. Sabemos que o caso BES envolve conselhos de ministros por email, fugas de informação que deram milhões a ganhar e um Governador do Banco de Portugal muito amigo deste Governo que tem muito para explicar, e sabemos que a carreira de Passos Coelho é paradigmática da mistura indissolúvel entre a política e os negócios, alguns deles onde as temáticas dos “privilégios” e da “falta de ética” são do mais cristalino que se tem visto – tanto no que respeita à técnica como à forma.
Passos Coelho está cheio de confiança. Diz qualquer coisa que lhe passe pela cabeça sabendo que ninguém o irá obrigar a justificar as atoardas nem castigar pela baixa política. Passos Coelho, cuja ascensão na política foi feita de braço dado com o dr. Relvas, conhecido como o “doer” e assumido “facilitador de negócios”, cavalga o tigre populista com a irresponsabilidade dos deslumbrados. Passos Coelho, enfim, parece conhecer os portugueses de ginjeira.
a comunicação social faz parte da máquina política, Pedro – assim como a vizinha do quarto andar, e a vírgula torta, não faz parte dos deslumbrados. ouve bem: os portugueses podem ser imprevisíveis. :-)
Não são. Olinda; não são. Os portugueses não são imprevisíveis. Passos Coelho vende-lhes o peixe que eles querem comprar. Quando descobrirem que é peixe podre, será tarde demais. É previsivel que emigrem até ao absurdo, mas enfrentar o touro, não!
O medo que Passos e o seu séquito incutem nos incautos e desinformados, é a arma que os defende do Povo informado e acautelado. Por isso a vão distribuindo paulatinamente pela população.
Faltou citar o dono do BPN a famosa SLN hoje a Galilei !
Em certa altura foi noticiado que o promotor da urbani-
zação da Quinta da Coelha de nome Fantasia era devedor
de 100 milhões de euros no BPN e, ao que parece tambem
era acionista da SLN empresa vocacionada para grandes
negócios à sombra do Estado/governos PSD!
Detalhes microscópicos. É na bigger picture que tudo se decide: http://lishbuna.blogspot.pt/2014/08/blog-post_35.html
A verdade é que o que Passos disse é ipsis verbis o que diz o Seguro. Parecem irmãos gémeos.
os portugueses emigram, Maria Abril, por não terem como alimentar a família ou quem lhes deite a mão. ninguém consegue enfrentar touros com fome e sem ter onde dormir. garanto-te. e em boa verdade os ecos da oposição nem sequer se fazem sentir. e os que a fazem, existem políticos competentes, estão metidos em partidos misturados com nódoas que têm o peso todo. os bons profissionais da política têm de fazer mais e melhor – unirem-se e enfrentarem os touros, já que não têm de pensar em trabalhar como escravos para conseguirem sobreviver.
pois é o alcoólico anónimo,tem muita lucidez.o coelho aproveitou a boleia do discurso que o tótó seguro lhe deu.quanto ao bpn,para constatarmos o alivio dos portugueses o melhor é consultarem os jornais da altura.agora ate´a proposta do cadilhe,ou de um vale e azevedo qualquer é boa!
Concordo, Olinda. Só luta quem ainda pode lutar. Os professores lutaram bravamente contra a Maria de Lurdes porque tinham como respaldo e incentivo o enorme poder que agora tomou conta disto tudo. Assim se usa e deita fora o manso povo luso. Também oportunista, não-te-rales, interesseiro. A solidariedade fica para a “vida no mundo que há-de vir”. O sermão entranhou-se bem fundo nos neurónios…
maria abril,não percebi essa do “enorme respaldo e incentivo que tomou conta disto tudo”! que eu saiba o pcp /cgtp,ainda não manda nisto tudo.sonha com isso,mas nem utilizando a politica do porta a porta das testemunhas de jeová vão lá. a politica de defesa dos interesses dos trabalhadores, levou sempre a direita ao poder.as suas “conquistas” são meros rebuçados oferecidos pelo patronato e pelo poder seja ele qual for!
O PCP foi um joguete nas mãos dos que agora mandam nisto tudo.