Pedido de ajuda interna

A direita seríssima queria Portugal de tal modo condicionado financeiramente que esse constrangimento levasse a uma perda de soberania. Foi para isso que trabalharam desde que a crise grega rebentou e a resposta da Europa foi a da austeridade. Achavam que só assim conseguiriam derrotar Sócrates, como esta notícia – a única que relata o episódio – revela:

O presidente da Comissão Europeia comunicou privadamente ao líder do PSD que discordava por completo da estratégia do partido depois de Passos Coelho ter anunciado que era intenção dos sociais-democratas chumbar as medidas de austeridade do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) IV, apresentado pelo executivo em Bruxelas em Março. Nos argumentos de Durão Barroso, o pedido de ajuda português era inevitável e devia ser accionado pelo governo de José Sócrates ainda antes do Verão, quando os empréstimos de Junho tivessem de ser pagos pela República. Para o presidente da Comissão Europeia, o PSD poderia abster-se no parlamento na votação do PEC, não se comprometendo com qualquer medida que vinculasse o partido para 2012 e 2013. O congelamento das pensões, por exemplo – o ponto mais controverso para Passos Coelho – só teria efeitos práticos a partir do próximo ano. Viabilizando o PEC e pré-anunciando um chumbo ao Orçamento de 2012, Passos Coelho conseguiria, na opinião de Barroso, evitar um crise política nesta fase, ganhar tempo para que fosse o actual governo a fazer o pedido de ajuda externa e conquistar capital político na opinião pública para precipitar posteriormente eleições.

“Mas Passos Coelho estava a ser pressionado internamente”, disse ao i fonte próxima do presidente da Comissão Europeia, “e respondeu que não havia garantias de que o governo fosse mesmo pedir ajuda”.

Barroso temia que a traição ao País acabasse por cair em cima dos traidores. Os traidores temiam que o Governo socialista se conseguisse aguentar sem ter de pedir o empréstimo de emergência – e contavam com a cumplicidade parlamentar do BE e PCP. O que se passou a seguir, onde se inclui a conivência da actual liderança do PS com o bombardeamento constante ao longo de dois anos contra Sócrates e quem com ele assumiu responsabilidades governativas, trouxe-nos para o dia de hoje. Um dia, mais um, onde Portas fez figura de capataz em nome de um grupo de mentirosos, incompetentes e lunáticos que sacrificaram milhões de concidadãos na sua ambição violenta e violentadora.

Mas nem esta história que alterou devastadoramente a História chega para abrir os olhos da legião de sectários e analfabrutos tão úteis à oligarquia.

10 thoughts on “Pedido de ajuda interna”

  1. Este texto importantíssimo só tem um calcanhar: falta um link para a notícia que desvenda a conspirata.

  2. A conivência do Seguro e pandilha perante as aleivosias,mentiras e provocações dos direitolas,orçou a covardia pura e simples;é assunto que jamais esquecerei porque me acentua a enorme desconfiança por gente cuja falta de carácter quase iguala a do laparotp alegado chefe do desgoverno.

  3. O Passos percebeu muito bem o recado da Merkel, mas não podia desiludir o tio Balsemão e o tio Salgado…
    Passos e Sócrates não representam os mesmos interessos, não são capatazes do mesmo partão, e estão muito longe de serem defensores dos interessos dos portugueses em geral. Nem tão pouco defendem os verdadeiros interesses económicos da firma Portugal S.A., que é como Portugal é visto pelos “mercados”.

  4. o most e o must é “e respondeu que não havia garantias de que o governo fosse mesmo pedir ajuda”. diz tudo sobre os arrivistas e o que queriam para o país.

  5. depois de ouvir o debate quinzenal, só me resta dizer, que o combate democratico a josé seguro tem que continuar, mas com mais força!o sec geral do ps é bom como cacique local (secçoes e federaçoes),mas como lider da oposiçao é uma de uma” pobreza franciscana” em todos os aspectos.estes debates são importantes,por que o tempo é curto para argumentar,e por ser uma ocasião rara para questionar o pm no parlamento .por isso, as intervençoes do lider da oposiçao têem que ser preparadas com muito rigor e se possivel por um colectivo de varias sensibilidades do partido, para nada ficar de fora nos argumentos. seguro, errou na estrategia oposicionista, e como tal,não está em condiçoes de liderar o ps, na luta pelos ideais do ps e para repor a verdade, para poder desmontar os argumentos de campanha como este: “vamos agora entregar o poder a quem nos levou à bancarrota?” só vejo uma soluçao:ou antonio costa,ou o regresso de socrates,para regastar o pais das mãos de um incompetente, que ainda tem o pessimo defeito de ser um mentiroso compulsivo!.

  6. que latosa,

    o psocialistas a acusar os outros partidos de fazer fretes à oligarquia tuga. que grandessíssima latosa!
    na denominada esquerda portuguesa, Val, os idiotas uteis são mesmo os psocialistas. E há mais de 30 anos, caso ainda não tenhas reparado…

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