A primeira leitura vai muito bem com a segunda.
«“Os miúdos que nascem agora estão tão longe do 25 de Abril como nós estávamos da 1ª Guerra Mundial.”
Quem me disse isto nasceu em 1968, a exatos 50 anos do final do final da dita guerra - uma guerra que conhecemos nos livros e em alguns filmes, narrativa tão distante e onírica como o faroeste americano ou as invasões francesas. Foi a primeira vez que percebi, em vertigem de desalento e estupor, como é possível aquilo que me parece impossível: que haja, nas gerações mais novas, quem ache que uma ditadura não é uma coisa assim tão má, e que uma democracia não é uma coisa assim tão estimável. É que não fazem qualquer ideia da diferença; todas as suas vidas e referências estão imersas, ensopadas, no sistema democrático.
Não passamos a vida a louvar haver esgotos, água nas torneiras, eletricidade, hospitais, escolas, estradas - coisas que há 50 anos, ao contrário do que se passava na maioria dos países da Europa ocidental, estavam muito longe de garantidas para uma parte considerável da população.
Não passamos a vida a louvar haver uma sólida rede de apoio estatal para permitir aos cidadãos enfrentar o desemprego, a doença, a velhice, a pobreza. Não nos passa pela cabeça lembrarmo-nos de que coisas como subsídio de desemprego, pensões para todos - mesmo para quem, por esta ou aquela razão, por responsabilidade própria ou azares da vida, não fez descontos - e subsídio de parentalidade são conquistas da democracia.
Não passamos a vida a reparar que vivemos num dos países mais seguros e pacíficos do mundo e com uns dos serviços nacionais de saúde mais eficazes (sim, um dos mais eficazes). Aliás, pelo contrário: se há coisa em que passamos a vida a reparar é naquilo que falha.»
“Saudades da ditadura” — Fernanda Câncio
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«Sou um politico, e com razão, taxado de optimista, o que é uma nota discordante no meio do pessimismo, que é hoje muito vulgar. Tendo uma vida já longa, e tendo me sempre interessado no movimento politico, vejo que conquistámos a liberdade e a egualdade civil, que, ha sessenta annos, era ainda, em grande parte, um desideratum, e para muitos uma utopia. A geração de agora dá pouca importância a esta vantagem, porque não viveu nos tempos em que ella não existia. Os costumes públicos teem melhorado e progredido consideravelmente; a tolerância, esta virtude essencialmente moderna, tem augmentado; a applicação da justiça tem-se aperfeiçoado; e até a criminalidade, apesar dos recentes attentados do anarchismo, que é uma loucura occasional, tem diminuído. Á questão propriamente politica succede agora a questão chamada social. Está esta nos seus princípios, mas ha de afinal, depois das inevitáveis luctas, resolver-se, como, successivamente, todas as questões se resolvem n'um período mais ou menos largo. Em quanto aos progressos da sciencia, teem elles sido de tal ordem no nosso tempo, que esta só circumstancia é uma nota agradável na vida moderna, para os que pensam. Eis porque sou optimista.»
António de Serpa Pimentel apud Bulhão Pato, Memórias — Tomo II, 1894
Hoje, estive quase, quase, para fazer sobre esta prosa da “grande repórter” do pasquim falido um video. Depois, refleti e achei que a fulana, ex-amásia arrependida de Sócrates, não merecia. Gostei das últimas frases do textozito da virgem ofendida: “a democracia pode (se pode) ser destruída e só resistirá na medida em que estejamos dispostos a lutar por ela. É bom que nos aprontemos.”, Quanto ao quê, não percebi o que a senhora queria dizer com isso, por mim, subliminarmente, o seu “nos aprontemos” parece uma chamada às armas, ergo, à violência contra os que pensam de forma diferente dela. Propunha-me, pois, a desmontar o seu paleio sobre as virtudes da atual “democracia” em que ela diz que nos queixamos em demasia das “conquistas” e trata com um desdém absurdo a inteligência dos jovens. Não o fiz, porque esta pessoa não está ao nível do meu podcast. Agradeço ao aspirina ter facilitado o meu trabalho, apresentado em contraponto um texto similar de um zé ninguém que foi primeiro ministro numa altura em que democracia, talvez como agora, ou pior ainda, não passava de uma miragem vendida como maná e usfruida apenas por meia dúzia de priveligiados. Bom despedimento.
Carlos Pimentel, larga o vinho.
“jornalista Fernanda Câncio escreve esta segunda-feira um artigo de opinião no Diário de Notícias, onde procura justificar que não estava a par de nenhuma prática ilegal cometida pelo então primeiro-ministro nem antes nem depois de ter cessado funções porque, diz, Sócrates mentiu sempre — quer ao partido e ao país, quer aos que lhe eram mais próximos. “Independentemente de qualquer responsabilidade criminal alguém que age assim tem de ser persona non grata”, diz.”
ora , com um faro jornalístico destes, não me parece que tenha quaisquer qualidades para “lutar” pela democracia. tinha começado por denunciar o namorado e já tinha ganho uma batalha democrática.
Olha Valupi, antes que me esqueça, diz-me uma coisa: tu foste “lá” antes ou depois do senhor engenheiro? Eu recordo, ainda dos tempos do Jugular, de tu e ela terem trocado uns mimos, qualquer coisa sobre tu seres misógino, mas a coisa parecia, a coisa parecia pessoal, passional… Quanto ao vinho, eu sei que os alcóolicos têm tendência a quererem guardar o vinho todo para si próprios. Ainda assim, a tua boquinha era desnecesssária, bebe o vinho todo à tua vontade, meu caro rapaz, talvez que te possa consolar duma eventual dor de corno.
Carlos Pimentel, parabéns pelo magnífico comentário. Vê-se que és alguém muito superior à média.
Por falar em democracia, vejam lá se não é muito bonito viver numa, (acho que bebeu o vinho todo):
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/other/se-s%C3%B3crates-escapar-%C3%A0-justi%C3%A7a-andr%C3%A9-ventura-ter%C3%A1-mais-vota%C3%A7%C3%A3o-que-o-psd-quinta-feira-%C3%A9-um-dia-muito-complicado-para-o-regime/vi-BB1h9D6K?rc=1&ocid=winp1taskbar&cvid=17f7140525504270b34d1220c6893058&ei=20
“… e com uns dos serviços nacionais de saúde mais eficazes (sim, um dos mais eficazes). ”
A Sr.ª jornalista não é com certeza utente do hospital da sua terra natal, e arrisco que de nenhum dos equipamentos de saúde publica do pais. É que se é, só pode ser cega ou fundamentalista do PS.
Um sns onde na urgência de um centro de saúde se pede a um familiar de um idoso, em tratamento de uma queda, que vá comprar gaze gorda à farmácia porque o centro de saúde não tem (com os pobres enfermeiros incrédulos, a pedirem desculpa) e ao regressar com o bem inexistente lhe dizem que foi pena, mas só durante o tratamento repararam que também não havia rede protetora para o tamanho da cabeça do Senhor (só tamanho criança), é para esta jornalista dos mais eficazes do mundo. E depois populismo é não sei o quê!
Senhor Miguel Elias, este seu último comentário sobre o SNS revela que urge cuidar do seu bestunto. Zelar por uma cidadania sã e não tipo cão de fila atiçado sabe-se lá por quem….. O SNS é a maior dádiva da democracia portuguesa. Não tem noção do que fala e do que diz. S’avergonhe.
as pessoas de agora estão longe , muito longe , das circunstâncias ou contexto politico , que levaram a salazar e ao Estado Novo…. rebaldaria igualzinho a hoje.
ó jp , qual é a dúvida que será assim ?
Nenhuma burrinha, começando por ti!
os responsáveis pela degradação do serviço nacional de saúde são os que lá trabalham que não querem fazer um corno de manhã e serem esfolados à tarde e noite no privado, são representados pelas ordens e sindicatos fomentam o caos em proveito próprio e ao serviço da direita ppd/chega/bloco, têm nomes: miguel guimarães, carlos cortes, roque da cunha, joana bordalo sá, uma esgroviada do hospital de penafiel que afirmou ter de morrer muita gente enquanto não lhes aumentassem os ordenados, a cabra que se demitiu do santa maria depois de tentar abafar o caso das gémeas brasileiras e endossar as culpas para o ministério da saúde e a vaca cantora da ordem das enfermeiras pornhub que decretou greves durante a pandemia. nas próximas legislativas procurem nas listas de candidatos da oposição sindical unida e mandem-nos foder, já que não podem votar nas listas sindicais ou das respectivas ordens profissionais.
comparando com o periodo 2011 / 2015 o SNS está excelente apesar das patifarias que uns/umas filho(a)s de uma noite de borga no antigo intendente tem feito para o avacalhar e até mesmo amputar.
a “rebaldaria igualzinho a hoje” foi e é criada pelos infiltrados que como tú que não respeitam os contribuintes que lhes matam a fome e os doentes que são a verdadeira razão do SNS.
Sr. Fernando, atiçado por 11€ de gaze gorda, 6€ de rede elástica, pelos idosos (e não idosos) que não tendo seguro de saúde (40% de portugueses com seguro de saude – é certamente prova da eficácia do SNS) caem que nem tordos na vossa dádiva (sim, que aposto que se sente do bando dos benévolos doadores), pelos bebés que agora estão a 50 anos do 25 de abril, pelos jovens (30%) que cá não estão porque não têm cá como ganhar a vida, e sim, Cão de Fila dos Açores para com os mujahid do PS como você (a morder-lhe abaixo dos curvilhões, para não lhe danificar o ubere), que não é capaz de perceber o estado a que chegou o Elefante que a democracia lhe doou e está disposto a viver cego, com toda a porcaria que o Largo do Rato conseguir parir. Para si cidadania sã é só o PS no poder, você zela lá por alguma coisa além do partido.
Já agora, que você sabe o que diz, a gaze gorda, está onde? Quem sabe guardada dentro de livros!
Sr. Fernando, só mais uma achega ao curvilhão, que você não é fácil de levar à ordenha portátil: no mesmo centro de saúde, com muito pouco tempo de intervalo (os dois episódios 2023), de urgência, após uma fratura óssea, à esposa do idoso com a cabeça partida foi-lhe perguntado:
– A senhora tem quem vá consigo para o hospital distrital, é que o RX aqui do centro não funciona e eu tenho que a mandar de ambulância.
– Tenho sim Sr.ª Dr.ª, mas eu tenho seguro de saúde.
– Ó minha senhora então não vá para o hospital distrital. Fazem-lhe o RX, confirmam a fratura ou fraturas, como só há especialidade de ortopedia de urgência 1 dia por semana – e não é hoje – mandam-na para o hospital nacional e de lá de novo para o distrital porque lhe dirão que a responsabilidade é do distrital.
– Muito obrigado Sr.ª Dr.ª, eu Graças a Deus tenho quem me leve para onde é preciso.
Na viagem para o hospital privado onde a senhora se tratou e curou, entre gemidos e dores ainda arranjou força para um desabafo: “Tu já viste quem não tem esta possibilidade, no que está metido!?”
Só por curiosidade, o Sr. Fernando é utilizador dos equipamentos do SNS:
– sempre
– nunca
– quando não tem outro remédio
(escolher opção).
(a morder-lhe abaixo dos curvilhões, para não lhe danificar o ubere) tás muito enleado no gado aqui fala-se de gente, das suas necessidades e felicidades calhando é melhor voltares ó curral.
Ó pró quintal, ter-lhe-ia ficado bem ir ver quem foi apelidado de cão de fila, mas está distraído.
E eu tenho estado a falar de gente, que vocês tratam como gado.
Senhor Miguel Elias,
Na minha infância, lá na localidade onde vivia, a 6 kms da vila, as pessoas morriam com familiares derredor, sem um médico e sem um enfermeiro perto de si; o delegado de saúde aparecia horas depois, às vezes no outro dia de manhã se o falecimento se desse durante a noite, para confirmar o óbito. Em frente à tasca do meu pai, onde se jogava chinquilho, às vezes um bailarico improvisado abrilhantado pelo meu pai que tocava bem bandolim, numa das frequentes brigas, um indivíduo apunhalou o cunhado e feriu-o. Ficou ali estirado. O Cabo de Ordens (o meu pai) montou a pasteleira e foi à vila avisar a polícia. A coisa ocorreu por volta das cinco/seis da tarde e a polícia e o médico (ou delegado de saúde) apareceram umas duas horas depois para as devidas formalidades. Já estava morto. Foi um problema de contas de construção de açudes. Um dia, eu era puto, entornou-se uma panela de água a ferver sobre o meu braço esquerdo. Meu pai sentou-me no quadro da bicicleta e levou-me ao hospital na vila. Fizeram o que tinham a fazer, mas sei que nunca mais lá fui.
O artigo citado no post não diz que está tudo bem no SNS. Ela evidencia o que não havia e o que há hoje. O nosso país, comparado com aquele passado – é verdade! – está irreconhecível. Uma maravilha.
Porque é que, no seu comentário, fugiu à questáo principal do artigo citado?
SNS, eu?
Sempre! Eu, a minha Senhora e os meus três filhos. Sempre!
(Nem imagina a quantidade de horas que ao longo da minha vida passei nas salas de espera dos centros de saúde e nas urgências dos hospitais. É preciso melhorar. E fui sempre tratado com muita categoria)
Senhor Miguel, pense como um cidadão reto e solidário na sociedade em que tem o privilégio de viver. Se precisar mais da minha ajuda….
bem , então se compararmos com a idade média estamos como reis…
confundir melhorias que vieram com o tempo em todos , todos , os países , com sistemas políticos ? santa paciência.
vá lá ver como era na saúde em frança ou inglaterra ou alemanha na mesma época.
e não se esqueça que ainda hoje frequenta os hospitais construídos por salazar , sr. Fernando .
Sra. yo, sim, já frequentei o Santa Maria criado durante o Estado Novo. Julgo que mais nenhum. Não tenho os dados, mas assim de repente, depois de ver o meu Benfica ser eliminado, apercebo-me que esteja a exagerar. Vejamos alguns exemplos.
Hospital Estefânia – fundado em 1877
Hospital Santana – fundado em 1904
Hospital S.F. Xavier – fundado 1987
Hospital Padre Américo (Penafiel) – fundado 2001
Hospital de Braga – fundado 2011
Quanto aos restantes deixo o link de uma abordagem, não exaustiva, sobre o assunto.
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/32526/1/Hospitais_portugueses.pdf
De quantas vezes as pessoas são enviadas para o publico porque os privados não têm capacidade para tratar as pessoas, e eu também tenho seguro de saúde para estou para defender o SNS
Senhor Fernando.
“O artigo citado no post não diz que está tudo bem no SNS.” Pois não, apenas o classifica como um dos sistemas nacionais de saúde mais eficazes do mundo. E eu digo-lhe, a ser do tempo dos Cabos de Ordem, será uma fatalidade temporal ter que ir lá bater com os costados. Tenho apresso pela sua compreensão e pela sua bondade quando me refere “a quantidade de horas que ao longo da minha vida passei nas salas de espera dos centros de saúde e nas urgências dos hospitais”, mas um cidadão reto e solidário quer o melhor para si e para todos os outros e tem a obrigação de, pelo menos, lhe pedir que, se gosta de viver enganado, não queira arrastar os outros para esse engodo. Em Janeiro de 2024, nos 50 anos de abril, morre-se esquecido em macas, nos corredores das urgências do sns, sendo o sintoma evidente de algumas mortes o rigor mortis que se evidencia após cerca de 4 a 8 horas. Eu desejo-lhe sinceramente que não tenha saudades do tempo do seu pai.
“Em Janeiro de 2024, nos 50 anos de abril, morre-se esquecido em macas, nos corredores das urgências do sns, sendo o sintoma evidente de algumas mortes o rigor mortis que se evidencia após cerca de 4 a 8 horas.”
. 1 – faz parte da estratégia sindical dos médicos para valorizarem a profissão, trabalhar menos e receber mais.
. 2 – é um sítio adequado para morrer, tem todas as condições e serviços para esse fim.
. 3 – não somos eternos.
portantes não vejo quais os motivos para espanto e indignação dum gajo alinhado com as críticas da oposição veiculadas pelos orgãos de comunicação social que dormem em sacos cama, em noites de chuva, à porta dos hospitais, com a finalidade supimpa de nos manterem informados sobre o número de mortes.
Ó Sr.ª Empresária a gente sabe que não vê, está dessensibilizada pelo cartão. Mas fica aqui o striptease.
Sr. Fernando, repare aqui na exemplar Empresária e perceba lá porque é que homens com aparente bom fundo, como parece ser o seu caso, deveriam abrir os olhos e não acreditar no que esta pandilha lhe encucou como sendo zelar por uma convivência sã, ainda mais com a falacia de que o salvaram dos tempos das trevas para o trazerem para o paraíso. Mesmo quando não lhe conseguem a “salvação” é porque há um alinhamento diabólico para o impedir.
Para a sua algoz Empresária a culpa é sempre de outrem, mesmo se se morre por abandono desde que no “sitio adequado” e, amigo Fernando, está cada vez mais perto de não ser eterno. Liberte-se amigo Fernando, o 25 de abril faz 50 anos.
Segundo o CEO do sns, em junho estava em curso a maior reforma do sns desde sempre, em dezembro o acesso aos cuidados de saúde “é um problema real”. Terá o homem estado a dormir em sacos cama, á chuva, para se manter informado?
Mal do comum dos portugueses quando não tivermos SNS ,hospitais privados são para alguns e mesmo esses quando é algo mais grave
são recambiados para o SNS ,e é preciso não ter memória curta o que seria na pandemia se não fosse o SNS ? É preciso lembrar que nessa altura houve pelos um hospital que fechou o do SAMS , falam de seguros de saúde mas esquecem que agora durante a fase mais aguda
da gripe ir a hospital privado.diziam para ligar estava lá o atendedor automático a dizer isso é que é verdade e não o querem inpingir as televisões e já repararam que nunca há uma equipa de reportagem à porta dos privados e porque será?