A recusa do PCP e do BE em serem parte de uma qualquer solução democrática para a governança do País – invariavelmente exigindo ao PS que abdique da sua história, ideário e eleitorado e se submeta à cartilha radical de comunistas e bloquistas – explica sem surpresa a constante atitude de despeito e ofensas à dignidade dos governantes com que preenchem os discursos. Falam dos políticos eleitos como se eles não tivessem legitimidade para aplicar os seus programas, alimentam frenéticos as suspeições quanto à honestidade intelectual de qualquer um que aceite trabalhar com o Executivo e alinham com entusiasmo nas campanhas de assassinato de carácter que tenham como alvo socialistas. PCP e BE têm sido isto, porque isto lhes garante a manutenção dos nichos eleitorais que continuam a defender um Portugal pré-25 de Novembro e a preferir o consolo das utopias literárias à criação do homem novo em comunhão com a Humanidade envelhecida e constantemente infantilizada.
Ao mesmo tempo, lançam soluções que implicam alterações monumentais na lógica com que a sociedade tem estabelecido os seus modos produtivos e de regulação estatal. Se calhar serão as melhores saídas para esta e todas as crises, se calhar bloquistas e comunistas possuem uma inteligência superior, uma bondade muito superior, e por isso estão mais próximos da verdade última, ou mesmo já lá chegaram porque só eles é que conhecem as leis da História. Mas, então, em vez de a sua legião de fanáticos perder tanto tempo nas disputas teológicas acerca da superioridade das variadíssimas seitas marxistas, seria de esperar que conseguissem demonstrar a viabilidade, oportunidade e urgência daquilo que propõem. Por exemplo, o PCP que faça uns folhetos onde consigamos perceber como é que exactamente vai funcionar essa ideia catita do aumento da produção nacional. Aposto que não há um único empresário que queira ficar de fora desse grandioso plano. E o BE vá à TV dizer como é que vamos conseguir roubar aos ricos para dar aos pobres e não ficarmos mais pobres com esse assalto passado pouco tempo, pois terá 9 milhões de almas que não irão querer perder pitada da lição.
O bloqueio à esquerda tem um sentido unívoco: aumentar a pressão sobre as fragilidades do regime democrático, as suas inevitáveis disfunções, de modo a aumentar o capital de revolta. Isto é de manual e transpira por todos os poros dos sectários, por isso eles estão sempre em combate numa luta sem fim nem tréguas. Por um lado, dependem do dinheiro recebido em eleições e demais actividades financiadoras que o regime lhes concede, servindo-se de todos os direitos consagrados constitucionalmente para espalharem as suas mensagens. Por outro lado, boicotam o próprio modelo onde subsistem, esperando que ele continue a servir os seus interesses ou que seja substituído por outra coisa onde comunistas e bloquistas se tornem no poder dominante e a democracia tal como a conhecemos seja uma fase ultrapassada no caminho da felicidade por decreto.
Esta esquerda pura e verdadeira, sem qualquer espanto, foi a aliada perfeita desta direita boçal e revolucionária. A política faz estranhos companheiros de cama, mas neste caso a estranheza é nenhuma pois são as duas faces da decadência portuguesa.
É mesmo isso quanto ao PC. Quando se trata de religião, a heresia é execrada e a apostasia dramátíca.
Quanto ao BE (no qual votei pela primeira vez nas últimas eleições, sem grandes problemas), presumo que a corrente representada pela aliança bolchevique (trotsko-stalinista) mantenha também a rígida observância das testemunhas de jeová.
Perfeito
“Esta esquerda pura e verdadeira, sem qualquer espanto, foi a aliada perfeita desta direita boçal”….E no meio ficou a virtude! tadinha da virtude, que destes 38 anos mais de 20 foi ela que nos desvirtuou.
Ui, tanto paleio primário e sectário do valupetas para nos transmitir apenas uma coisa: que o tipo ficou todo cagadinho com a última sondagem. A tal sondagem que foi feita no mesmo fim-de-semana em que «se exibiu a força dos eleitores do centro» (segundo o mesmo valupetas).
Olha, Valupetas, a «esquerda pura e verdadeira» não exige que o PS abdique do seu «ideário», porque o próprio PS já se encarregou de fazer isso. Desde que aderiu ao «modernismo», ou ao «centrismo» (como tu preferes chamar a esse «ideário»), que o PS abdicou dos princípios de esquerda. Alguns PSs, agora que estão na oposição, já reconhecem isso, e não estou a falar da velha guarda que boicotou a governação do grande Pinto de Sousa (como tu gostas de repetir). Reconhecem que se cedeu à orientação neoliberal da economia, mas tu preferes recorrer ao típico paleio da direita que alerta para o perigo para a democracia que é ter «radicais esquerdistas» a subir tanto nas sondagens. Como já confessaste, tu gostas é dos Amados da nossa praça.
Enquanto o teu discurso se limitar a repetir essa velha cassete, não vais conseguir pensar nem questionar o rumo neoliberal que se está a impôr à sociedade. E, nessa medida, tu e os que te papagueiam é que vão continuar a ser os grandes aliados da direita. Até porque, valupetas, a direita que está no poder é a direita que segue as ordens da Merkel, e não estarei a dizer nenhuma mentira se afirmar que a Merkel é, de acordo com o teu «ideário», uma «centrista» e uma democrata.
O Val deve ter visto a sondagem da Católica e deu-lhe um chilique.
Val: quais sãos as tuas diferenças reais em relação á nossa direita politica economicamente?Que eu saiba, quem se situa á direita na maior parte das matérias és tu.E quem é que votou os pecs com o ps? Foi a direita não foi? Então qual é a tua moral para criticares o pcp e o be?
Até porque tu no geral apoias as medidas deste governo, por mais que tentes disfarçar isso
oh rústico! não te esqueças que nesses 20 anos as sopeiras e os motoristas da direita andaram na rua a bater tachos e a apregoar moções de censura. a co-responsabilização dos governos é deve ser em função da percentagem de votos que os elegeu, salvo maioria absoluta.
ee, vou abrir uma excepção para te voltar a explicar algo que já te expliquei quando assinavas como rr. Relê este meu comentário:
https://aspirinab.com/valupi/toma-cuidado-amado/#comment-130075
Tens aí tudo o que tenho para te dizer agora e no futuro. Se não perceberes o que lês, acredita que acharei normalíssimo.
Isto, quando a manifestação foi só de indignação; olha se fosse a sério…
oh emigrante nos países baixos! cadê o syriza holandês e as tuas profecias de retumbantes vitórias dos galos que cantam o prato de amahã é arroz de cabidela?
Pois é Val, a sua análise retrata fielmente o que se passa no panorama nacional da “esquerda verdadeira”.
Não vejo jeito de se formar uma convergência da esquerda com gente que confunde o seu interesse com o do país.
já li, e não desmentiste nada do que eu tinha dito nessa altura.:D
Ds,quando falares em esquerda, tem um pouco de pudor! Desde quando o social- fascismo é uma politica de esquerda?
Olha o homem ds todo contente por o PCP ter subido uns pontos nas sondagens. Afinal o seu paleio-rectórico-sofista é, mesmo, para esconder o seu “socialimo real(m-l ou m-e)?”.
Realmente, tanto quanto o ds esconde por entre o seu paleio retórico a cassete do PCP, também é quanto destapa a sua filosofia política partidária remetendo todos os “outros” como os “mesmos” ou os “iguais”.
Mas isso, essa mistificação que querem fazer passar de que são todos iguais à excepção deles, não os impede de fazer alianças com a extrema direita como o fizeram no derrube do governo anterior: essa é a sua história desde o pacto germano-soviético, faz parte da táctica(m-l) assim como o quanto pior melhor.
O contentamento dos ds face à recente sondagem, é sintoma claro de seu contentamento face às medidas do governo actual. O conduzir a classe média para a miséria é, pensam os ds, é ganhá-los para a sua causa política. Reduzir ao mínimo ou acabar com a classe esclarecida que aceita mudanças e reformas mas em liberdade sem rupturas sociais utópicas, pensam os ds, é abrir caminho aos objectivos do PCP.
É por isso que os ds, fazem um farfalhudo banzé de boca mas um organizado, enquadrado, sossegado e controlado repúdio nas ruas pelas políticas actuais, colaborando objectivamente no desmantelamento pelo empobrecimento da classe média; aquela que é o maior travão ao “socialismo real”. Daqui, o seu ódio ao PS, representante e defensor político deste sector sociológico fulcral para a manutenção da democracia, da liberdade e fonte do avanço civilizacional em todas as frentes.
Os homens ds falam e falam e falam que “é preciso outras políticas”; é a actual cassete na sua línguagem-slogan. Contudo, como diz o Valupi, jamais se atrevem a descrever e explicar ao povo, em pormenor, em que consiste essa “outra política” e como e com quém ou contra quém querem e podem aplicar essa “outra política”.
Passos Coelho quer aplicar “outra política”, para o empobrecimento, apenas com a Merkel e, tudo indica, o PCP, pelas suas posições contra a Europa-América e quase todo o mundo, quererá impor “outra política”, para a miséria, orgulhosamente só?
Os homens ds sonham, não com uma mudança radical para o empobrecimento à Gaspar mas, com uma ruptura brutal e abrupta a qual só pode provocar uma descontinuidade social-civilizacional que a tradição, a existência e a consciência dos povos rejeitam necesariamente.
Todas as tentativas práticas de rupturas utópicas falharam e acabaram em tragédia ou mantêm-se sob uma farsa-trágica. Mas os homens ds pensam que, com eles não falhará: pois, explicar a vida no futuro é sempre mais fácil que viver a vida no presente.
E pronto, como seria de esperar, lá apareceram o béu béu a salivar com o «social-fascismo», e o rapazola Neves a papaguear, uma vez mais, a cassete direitola do Valupetas.
O rapazola Neves andava eufórico com a manifestação de 15 de Setembro, porque, dizia o «perspicaz», só os ceguinhos é que não percebiam que quem saiu à rua foi a «classe média» centrista (papagueando, lá está, o que o valupetas tinha escrito). Agora caiu na realidade, e a realidade é que a manif mostrou um descontentamento e um protesto contra os «mesmos» que a sondagem veio confirmar. Como a memória da governação do «grande Pinto de Sousa» ainda está fresca (porque aquela é curta, mas nem tanto), a tal «classe média» «centrista» mostrou que não quer o Passos, mas que também não quer voltar aos tempos do seu irmão gémeo. Quer uma viragem à esquerda (e não «centrista» ou «reformista» ou «moderna»), coisa que os apoiantes do Pinto de Sousa têm dificuldades em perceber, e por isso insistem nas «teses» que desresponsabilizam o Pinto de Sousa, e que afirmam que o «grande», que o «Senhor», foi alvo de campanhas caluniosas e de boicotes. Paleio valupetista…
E rapazola, aqui ninguém esconde nada, tu é que tens dificuldades em compreender os outros (como mostras uma vez mais), assim como em ler os sinais da realidade. Como eu te disse, antes de te aventurares a fazer análises àcerca de manifs, ideologias, ou daquilo que os outros dizem, tens que reaprender a ler e tens que deixar de papaguear o que os Valupetas ou as Hienas dos Matos dizem. Depois pode ser que acordes…
Não sei porquê, mas quase que aposto que o Valupetas, daqui a pouco, vai dizer: «muito bem, josé neves». É que o tipo adora ouvir-se a si mesmo e aos seus ecos…
Ó homem ds, estás tão feliz com a manif que juntou “algo” que deu algum peso às tuas hostes, e agora com a subida de uns pontos na sondagem, que só te falta ir ao baú da ARA levantar a artilharia.
Tu, o único que entendes e sabe ler os sinais e a realidade, e provavelmente estás convencido que a tua memória única também já recorda o futuro, conta-nos lá pá como seria, ou como vai governar a tua esquerda não centrista, nem reformista, nem moderna nem… PS? Desvenda-nos um pouco desse mistério porque, como os teus pais político-filosóficos governaram e como acabaram, nós já vimos e sabemos.
O rapazola Neves não tem o teu dom mas já tem alguma vida e uma razoável biblioteca, o que lhe dá física e metafísica clássica e moderna que baste, para pensar pela sua cabeça. Ao contrário do homem ds que ainda pensa pela cartilha de 1848.
E penso da seguinte forma, homem ds:
Os homens ds já puseram no poder este governo.
Os homens ds ainda vão por no poder um Pinochet.
Cheguei um dia a este Blogue, e até achei interessante, mas depois de ler tudo isto, que desilusão, é só Partidarite, no fundo o sistema a que chamam democracia e que tanto nos tem lixado em favor de uns quantos oportunistas ladrões de quem trabalha, não quero deixar de referir em ar de gracejo, que os comentários escritos me fez lembrar as varinas na Ribeira, a lavarem roupa
Mas quais minhas hostes, ò rapazola Neves? Vamos lá ver se percebes uma coisa fundamental: ao contrário de ti, eu não vivo cegamente, ou caninamente, para um determinado partido ou para um determinado «querido líder». Agora, tenho determinadas convicções politicas e ideológicas, e, realmente, é sempre bom saber quem foram os «pais» destas e o que estes defenderam e criticaram, por forma a não aceitar acriticamente o que um qualquer «moderno» vendedor da banha da cobra diz àcerca do que é a «esquerda», àcerca do que é o «modernismo» ou àcerca do que é o «centrismo». Ora, como tens uma biblioteca recheada de metafisica e política clássica e moderna, sabes perfeitamente quem são e o que disseram o Platão, o Aristóteles, o Tomás de Aquino, o Maquiavel, o Thomas More, o Espinosa, o Hobbes, o Locke, o Montesquieu, o Rosseau, o Kant, o Hegel, o tipo da «cartilha de 1848», o Tocqueville, o Bakunin, o Proudhon, o Kautsky, o Bernstein, o Marcuse, o Popper, o Rawls, o Habermas, o Hayek, e por aí fora. E como sabes isto tudo deves conseguir relacionar as ideias destes gajos todos com as «ideias» do Pinto de Sousa, e concluirás, de seguida e facilmente, que «centrismo», «modernismo» ou «reformismo» são meras palavras pós-modernas, vazias de conteúdo, e que apenas escondem a agenda e o pensamento neoliberal em acção. Até porque este paleio não foi inventado pelo Pinto de Sousa, mas já se ouvia à direita antes dele, e continua-se a ouvir à direita depois dele.
Tu não pensas pela «cartilha de 1848», nem por qualquer «cartilha», porque és um «rapazola livre», um rapazola liberto de «arcaismos» e «anacronismos», provenham estes da «metafísica clássica» ou da «moderna» anteriores a 1848. Tu pensas pela publicidade televisiva pós-moderna e consumista, e daí o grande sucesso que o «ídolo pop» Pinto de Sousa teve para os teus lados. Mas, como acontece a qualquer «ídolo pop», a histeria e a euforia à sua volta tão depressa apareceu como desapareceu. Ainda restam uns socretinos fanáticos, como o Valupetas. Mas o que está a dar agora é Justin Bieber, pá!
agora o que está a dar é chulage, o pop já passou a clássico, mas como cristalizaram no jurássico nem dão por isso. venham caminetas de velhos prás manifs dos 300 já que a jónette e o banco dos famélicos vos roubaram os pobres de estimação.
http://cgtp.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=2847&Itemid=1
“Todas as tentativas práticas de rupturas utópicas falharam e acabaram em tragédia ou mantêm-se sob uma farsa-trágica. Mas os homens ds pensam que, com eles não falhará: pois, explicar a vida no futuro é sempre mais fácil que viver a vida no presente.”
Isto é tudo muito bonito mas o que aconteceu foi que o PS falhou miseravelmente.