O triunfo do namoro homossexual

Aconteceu na última sexta-feira. Aconteceu num semáforo. Elas teriam uma frescura qualquer entre os 15 e os 25 anos. Elas lá, eu cá. Olhei para a mais gira. A mais gira ficou a olhar para mim. A outra topou o meu olhar e o sorriso da companheira. De imediato a puxou e começou a beijar. Beijou-a até ao fim do encarnado, sôfrega de posse. Pelo meio iam verificando se eu continuava a olhar. Sim, mas também a olhar para mim e a desolhar delas. Até que o alcatrão ficou verde. Avançamos, umas contra o outro. A mais gira parece meio envergonhada, baixa a cabeça. E concentro-me, fogoso, na mandona. Esticamos dois sorrisos como lanças afiadas. Passamos em galope elegante. A estocada é certeira, os nossos olhos ferem-se de ternura. Ela orgulhosa da exibição de poder. Eu grato do poder da exibição.

29 thoughts on “O triunfo do namoro homossexual”

  1. Esse teu jeito de fotografar, num semáfora, por acaso, a vida que corre. Lindo, Valupi. Ajuda a desanuviar e a esquecer, por algum tempo, o cheiro nauseabundo dos justiceiros.

  2. O pior de tudo, Manolo Herédia, é que um clone de ti dá outro Manolo igual. Ou quase. Além do mais, mulher com mulher não dá filho que se veja. Muito menos filho jacaré. O sol do Verão de São Martinho feste mal aos miolos.

  3. ARREBATADOR…! Val, gosto muito do que escreve, mas – ou estou mal informada (?) – este dom da escrita e da poética não lhe vêm de uma avó poetisa e de origem italiana?

  4. bem , deve ser lixado ter a humanidade inteira como possível rival. sempre é mais sossegado preocuparmo-nos só com metade.

  5. Erros de interpretação da minha parte, pois sei dessa “Maria”, por conversas com o Liberto Cruz, e imaginei que o Val seria seu familiar… Aliás, tal como ela, o Val assina sempre Valupi – pelo menos neste blogue, claro…!

  6. Valupi, eu acho que eram simplesmente duas gajas a gozar contigo. As tipas são tramadas e não lhes custa nada darem chochos umas nas outras, ao contrário dos homens.

  7. olha, pedro (que nome tão giro), há tipas com tripas para tudo.

    (mas nota-se bem se é ou não trama. eu noto – e o val, para escrever um texto assim, também notou o gozo, verdadeiro, delas – tu não?) :-)

  8. pois eu acho isto assim tudo mais divertido. Que outra coisa melhor temos para trocar por aí senão chispas de amor? Fica é tudo mais desespautabilizado, eu é tramado. Amanhã dzup, mas venho cá despedir-me. Também é pouco tempo.

  9. Deus, ora Val mais uma vez estives-te imenso, tenro, sublime, libertario,
    Viva o amor e a liberdade comtra as ferrugens de olhadas tortas.

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