«Como se, e esse é outro ponto, em tudo o que nos diz respeito, incluindo a propriedade e a gestão dos meios de comunicação, dos títulos em que trabalhamos, fosse melhor não mexer, não perguntar, não escrutinar.
Nunca percebi isso. Por que motivo os jornalistas dizem “não somos notícia”. Somos tão notícia como todos os outros, caso haja notícia no que somos ou no que estamos a passar. Nunca entendi por que é que os jornalistas acham que não devem escrever, reportar, sobre jornalismo e jornalistas. E nunca percebi por que motivo os jornais, como as rádios e as TV, quando têm problemas, sejam eles quais forem — deontológicos, laborais, económicos, o que seja, se inibem, evitam, fogem de falar deles.»
Crónica de uma jornalista sem salário
Este texto da Fernanda Câncio, na oportunidade relativo à situação salarial nos títulos da Global Media, é uma rara (única até agora?) reflexão sobre a endémica cobardia dos profissionais que constituem a dita “imprensa” em Portugal. Nas palavras acima citadas, vindas de uma praticante de verdadeiro jornalismo, fica o retrato de uma classe dúplice, conivente com abusos e deturpações dos seus patrões para não perder o emprego ou a carreira ambicionada. Daí não levantarem cabelo, não largarem um pio, não agitarem as águas paradas se na berlinda estiverem os chefes, os administradores, os sócios que pagam as contas e os salários.
O mal não se fica por aí, acrescento eu. Ao estarem dessa forma a violar a missão que supostamente fizeram sua ao obterem a carteira de jornalistas – a qual vem com direitos e deveres que o cidadão comum não tem – estes profissionais passam igualmente a ser coniventes com culturas editoriais de agendamento e engajamento políticos. Dou só um exemplo que ilustra na perfeição este modus operandi: Filipe Santos Costa. Enquanto esteve no Expresso, foi um leal servidor da propaganda pró-PSD e anti-PS disfarçada de jornalismo político. Assim que saiu e mudou de horizontes profissionais, por razões que ignoro mas que associo à hipótese de sentir que não era dos favoritos para também ir ocupar a cadeira de director do pasquim, passou a criticar abertamente a casa do antigo patrão. Igualmente o seu sectarismo contra o PS reduziu-se para um nível próximo do zero. Deixo de fora os casos dos pseudo-jornalistas, também directores, que passam a ter interesses accionistas, ou que se sentam na mesa da administração, e que transformam os órgãos de comunicação social em ostensivos projectos políticos ao serviço do patronato em causa.
Assim, não reconheço que exista imprensa em Portugal. Temos exemplos individuais de pessoas que realmente produzem jornalismo, não temos um único órgão onde o jornalismo como ideal seja a cultura editorial. Nem sequer na RTP, sem que isso escandalize alguém. Não admira, portanto, que o debate político em Portugal seja paupérrimo. Os profissionais que o cobrem e muitas vezes dirigem, que opinam sobre ele maníaca e febrilmente, são os primeiros a abjurar a deontologia jornalística.
Em Portugal não existe jornalismo, estes profissionais são correias de transmissão das ideias políticas e até no desporto dos seus patrões mas nos privados aianda é como o outro
mas, na RTP não existe essa necessidade visto ser paga com os nossos impostos e aí é inadmissível a cartilha de ataque ao governo em que o expoente máximo é o José Nunes dos Santos um pseudo jornalista e escritor falhado
onde não se respeita a deontologia da profissão e
agora até há quem fale em resgate da G.M.G.
se não têm quem compre jornais é porque trabalham mal com agendas dirigidas e o público não é parvo o mesmo se passa com as tvs com cada vez menos audiências não é por acaso que canais mais dirigidos a pessoas que estão fartas de canais generalistas e que têm mais audiências e onde noticicias para encher programas não têm lugar.
“fica o retrato de uma classe dúplice, conivente com abusos e deturpações dos seus patrões para não perder o emprego ou a carreira ambicionada”
teria de ver o contrato de trabalho assinado com os patrões. normalmente há uma cláusula sobre sigilo e “fidelidade” ou coisa parecida , que os impede de arejar na praça pública os problemas laborais. de todos modos , quem está mal , muda-se. despede-se e vai trabalhar onde se sinta valorizado e livre das amarras de um salário.
free lancer , por exemplo , sem patrão.
Luís, quis dizer José Rodrigues dos Santos, certo?
O caso da Global Média é outro drama em gente do espaco politico portugues. As regalias e perdoes fiscais
que favoreceram durante anos seguidos a familia Oliveira da OliveDesportos, abriram as portas a Proenca
de Carvalho que saiu anos depois quando os sonhos e o baú de provisöes financeiras e o património comecaram a diluir-se e a afectar a estrutura editorial de forma alucinante. A cadeia de responsabilidades
escondeu-se sempre do controlo do publico …e leitores. Os actores tecnicos e politicos do rampante e meticuloso descalabro conseguiram dois anos depois da entrada da gerência Galinha evitar censuras e sancöes na praca publica.. Até este momento, helàs.Prova de que a coisa foi cientificamente estruturada e protegida mesmo com fundos de investimento suicos e das Bermudas a desmarcarem-se em alta rotacäo.
a
Malabarismo”: Global Media acusada de violar o direito à greve para garantir que jornais de hoje chegavam às bancas”.
Tirando o caso da grífica, afinal quem fez os jornais ? Os jornalistas não estão TODOS, como dizem , em greve ?????
Ele há coisas….