"Science is the belief in the ignorance of experts."
Richard Feynman
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A partir de 15 de Setembro, André Macedo deverá ser o novo director do Diário de Notícias, caso nenhuma oposição interna apareça a perturbar ou impedir o processo. Oportunidade para dizer uns disparates acerca do papel cívico da imprensa. Tenho a vantagem, no que ao disparate diz respeito, de não ter qualquer informação a respeito do porquê e do para quê dessa escolha para além daquelas que foram tornadas públicas.
O ciclo do João Marcelino fica marcado pela constante erosão nas vendas e por ter deixado, ou ter querido, que o jornal se transformasse num órgão de apoio político faccioso e chunga. Conseguiu ser quanto ao fanatismo e à baixa política uma versão do Correio da Manhã, donde o próprio tinha vindo, sempre alinhado com os interesses de Passos Coelho ainda no tempo em que este andava a elogiar Sócrates só para indispor a Manela. Colhe esclarecer onde está aqui o problema: não no facto de um órgão de comunicação social ter uma agenda política, qualquer que ela seja desde que a Constituição o permita, mas no facto de essa agenda não ser assumida deontologicamente. Isso gera perversidades várias que se ligam directamente com o papel da imprensa num regime democrático e num país onde a iliteracia e o absentismo cívico são um flagelo que afecta toda a comunidade em todas as suas dimensões estruturantes e dinâmicas. Assim, Marcelino é um director do DN que se vê partir com alívio pois nada do que fez se aproveita civicamente, bem pelo contrário.
André Macedo, sendo uma escolha da casa, suscita toda a espécie de expectativas, sejam positivas ou negativas. Tanto poderá ser uma opção ditada pelo preço ou pelo tempo, indicando uma perspectiva economicista ou uma solução provisória, como poderá ser a intenção de abrir a direcção a uma nova geração para que se renove de cima a baixo o projecto editorial. É nesta última hipótese que aposto, esperando que o André continue a exibir a sua habilidade para explicitar as matérias económicas e que permaneça fiel ao espírito de decência que revela nos seus artigos de opinião. Se o “Dinheiro Vivo” servir de exemplo do que possa ser o futuro do DN, então veremos a promoção de uma outra inteligência no tratamento informativo, uma inteligência sintonizada com a parte mais dinâmica da economia e da sociedade.
Só que não chega. A imprensa escrita está sob ameaça de extinção em todo o Mundo dada a abundância de informação gratuita e ubíqua. Toda a gente antecipa o iminente desaparecimento dos jornais em papel, mas ninguém ainda descobriu como obter lucro com os jornais digitais. A situação poderá mudar à medida que os suportes tecnológicos mudam, e eles mudam incessantemente, mas a questão do financiamento é uma incógnita sem resposta na actualidade. Que fazer? Ir ao encontro das necessidades dos indivíduos, uma receita com milhares, ou milhares de milhões, de anos. Será que esses indivíduos, no que ao caso do DN diz respeito, precisam assim tanto de mais uns bacanos obsessivamente envolvidos numa caça a Sócrates e aos socráticos? Hum… enfim… é discutível. O que não oferece discussão, todavia, é o reconhecimento da necessidade de termos quem faça sínteses da crescente complexidade, e também do selvagem caos, que nos cerca. Para tal, uma nova geração de jornalistas, e de jornalismo, precisa de surgir. Características como a especialização académica, a interdisciplinaridade do trabalho de investigação e uma cultura política de serviço à comunidade farão a diferença no mercado. Ou isso ou o jornalismo desaparece por completo, o que será uma outra forma de resolver o problema.
Como lembra Feynman, a descoberta da verdade é realmente a descoberta da mentira, e chega para o gasto. Vale para a ciência e vale para a imprensa – essa arte de mostrar como nem todos os reis vão nus, alguns passeiam-se com umas ceroulas ridículas.
E o andré macedo é um desses que se passeia com ceroulas ridículas, mas transparentes assim como as antigas meias de nylon das mulheres que não só mostravam mais que tapavam como, salientava e apelava ao olhar do observador a nudez da carne.
Face à eminente derrocada do passismo os donos deram por concluída a missão do marcelino e preparam a nova época com rio ou outra medíocre estrela do actual stand-up político e macedo é o homem certo para o novo tempo que é preciso começar a preparar.
Porque macedo também faz leituras da situação podre a que chegámos e, desse modo, se tem posicionado para o futuro próximo atacando o poder actual com tiros para o ar, isto é, avisando sem nunca sair de dentro do apoio ao estado geral das coisas da governança e, desse ponto de vista, incarna na perfeição o novo modelo do fretista ideal para arregimentar uma remodelada célula interna, riista ou outra, de manipulação de casos e desinformação em apoio do novo poder surgente que depois irão servir nos gabinetes ministeriais, como se passou com passos.
Para economistas do pote os amanhãs que tilintam preparam-se com previsões de experts.
marcelino serviu os interesses da direita.cumpriu a sua função.paz à sua miseravel alma!agora escolhem para dirigir o jornal um economista. esta gente está formatada para criticar tudo que não dê dinheiro.um director de um jornal alem de serio intelectualmente deve ter uma vasta cultura principalmente politica. todos os jornais tratam de assuntos economicos, e para isso não é necessario ser diretor.os exemplos de cavaco silva manuel da costa director do economico, constantemente solicitado para defender as politicas de direita camilo lourenço e outros,diz-nos que esta gentalha com raras excepçoes como pedro guerreiro não presta.vejam quantos economistas são empresarios neste pais, e dirão que nada arriscam.na bolsa só vão às privatizaçoes,ou debitam palpites para favorecer os seus amos !
é +- comó neves diz, cheira-lhes a fim de ciclo e há que sincronizar com o novo poder antes de ser eleito para encaixar assessores e ter direito às grandes caixas, editais, publicidade e demais vantagens de ser porta-voz do regime. a imprensa vive disso e aposta nisso, às vezes espalham-se e lá ficam mais 4 anos a ver navios. o único burro que ainda não percebeu o fenómeno é o arquitecto do casaco cor de merda.
desses nada sei. mas sei que o título está excelente – assim como as linhas orientadoras do texto. fica a reflexão e outras coisas que não quero dizer. :-)
Foi o Marcelino que em 18 de Setembro de 2009 publicou o email do Alvarez para o Tolentino da Nóbrega, destapando o fedorento cozinhado que a panelinha Belém-Público estava a aprontar, pouco antes das eleições legislativas desse ano. Independentemente do restante perfil que se possa traçar do Marcelino, esse acto revelou independência e fez história, não podemos esquecê-lo. Contrastou abissalmente com o comportamento do Monteiro do Expresso, que recusou assim denunciar a inventona, socorrendo-se de falsos argumentos de honorabilidade e credibilidade jornalística, tentando safar o seu colega Fernandes do Público, que estava metido na merda até aos olhos. Podemos ainda discutir o real mérito do Marcelino neste caso, mas o facto insofismável é que foi o jornal por ele dirigido que desmascarou a inventona das escutas.
Júlio, sem dúvida. E, à época, e creio que ainda hoje, o Pacheco Pereira e quejandos viram nisso uma manobra ao serviço da oposição a Ferreira Leite – portanto, ao serviço de Passos, aquele que tinha mais a ganhar com uma derrota do PSD. Aliás, nem sequer da parte do PS socrático se entende qual era o sentido da sua passividade face à golpada que corria desabrida. É sempre penalizador atacar um Presidente da República, muito mais em cima das eleições, pelo que fica por explicar se o seu comportamento foi intencional ou fruto da desorientação após o ataque sofrido.
O Marcelino publicou a verdadeira história da tramóia, e que se seguiu? Acaso se levou até às últimas consequências essa investigação, se é que alguma existiu? Como é que um órgão de comunicação social dito de referência abandona aquele que é, no meu conhecimento, o maior escândalo de sempre em democracia a atingir a Presidência da República?
Pelo que esse episódio não me faz ter qualquer simpatia especial pelo Marcelino, até porque quem quis divulgar a história acabaria por encontrar um veículo para tal, como se prova pelo facto de ter tentado que fosse o Expresso a fazê-lo. Aquilo iria mesmo acabar por se tornar público, era uma oportunidade ao serviço de diferentes interesses.
O comentário do Ignatz é lapidar, descontando apenas não mencionar a autoria do frase “casaquinho cor de merda”.
Quanto ao resto, bem quanto ao resto e goste-se ao não do Marcelino foi ele que publicou o tal e-mail recusado por outros sob as mais variadas razões, sempre a bem da nação. Registe-se essa atitude a crédito da sua conta. Teria alguém tomado atitude idêntica dentro dos alegados jornalistas? Penso que não.
A conjuntura mudou e tendo a noção dessa mudança e do que ela pode vir a acarretar colocam-se novos serventuários nos locais mais importantes.
O pequeno Costa lá continua emitindo com ar doutoral sentenças sobre tudo e sobre nada, sobretudo sobre nada; o Ferreira de Carnaxide posiciona-se nos tacos de partida que a vida está dífcil e custa a todos; o Pacheco emite buzinadelas em dó sustenido porque já viu que nunca mais toca na bola; os serventuários económicos servem e servem-se; os especialistas em política arengam às massas em homilias de fim-de-semana. Por isso caro Valupi pouco se me dá que seja o Macedo ou o Trancredo, como diz esse filósofo do pontapé da bola oriundo da Porcalhota se não jogar o Joaquim, joga o Manel. É necessário é a estratégia estar bem montada e equipa saber ao que vem.
É fundamental, todavia, deixar uma palavra de simpatia e algum respeito oa Nicolau Santos e ao Pedro Guerreiro.
o jafonso,leva-me tambem a referir um homem como nicolau santos que por lapso de memoria ,não o mencionei no meu texto!
Vão e vêem mas não deixam de ser todos presstitutes .
Como dizia um escritor brasileiro imprensa é oposição sempre o resto é armazém de secos e molhados.
é só teorias da conspiração por aqui…
Como leitor do “DN” desde a extinção do “DP”, assisti
à passagens de vários diretores, dos mais fracos foi sem
dúvida o J. Marcelino porque de política nada percebia,
dado ter começado por ser um jornalista do futebol,
àrea em que estava à vontade!
Não soube ou quiz “controlar” a célula laranja que inva-
diu o jornal, consentiu colaborações que em nada ajuda-
ram a manutenção das tiragens, um jornal generalista e
sério não deve permitir escárnio e mal dizer sobre o dia
a dia! Muita gente o deixou de comprar por esta razão!!!
Val, subscrevo tudo o que o Júlio refere. Foi um ponto absolutamente essencial no desmascarar da trafulhice do merdas do “jornalista de referência” do Público!
Que tal revelação não correspondeu a mais do que um “golpe” de noticia ou que cobriu uma estratégia “anti-M.F.L” e a favor Passos Coelho, talvez, mas não lhe retira a importância da noticia naquelas vésperas de eleições! É verdade que o Marcelino tem dado cobertura a tudo o que este governo e esta maioria parlamentar têm feito, mas é por isso que o DN tem sofrido o castigo da razia das vendas – porque, apesar de tudo – o público do DN não era o do pasquim do C.M.
Actualmente, no Expresso só aprecio o Nicolau Santos e o Pedro Guerreiro, como jornalistas.