O comentador-mor da Nação

«Suponho que é a primeira vez, no sistema político-constitucional de 1976, que um Presidente da República faz saber publicamente que entende que um ministro deve ser demitido e que, depois, vem anunciar oficialmente que discorda da opção do Primeiro-Ministro de recusar o pedido de demissão entretanto apresentado pelo próprio Ministro em causa.»

Vital Moreira

Um Presidente que tem no seu currículo de exímio jurisconsulto a publicação de uma Constituição anotada, pelo que talvez nem seja por ignorância que se permite enxovalhar duas das principais instituições da República, o Governo e a própria Presidência que lhe foi confiada sob juramento.

Na comunicação em que recusou a demissão do ministro das Infraestruturas, António Costa frisou por mais de uma vez, mais de duas, que nunca violou o sigilo das conversas privadas tidas entre Presidente da República e primeiro-ministro. Tal respeito e lealdade não têm correspondência por parte do seu interlocutor. A jornalista Ângela Silva, no império Balsemão, funciona como espalha-intrigas e lança-ameaças gizadas pelos crânios na Casa Civil que se imaginam a liderar as falanges do Bem contra a horda do Mal. Logo após a conferência de imprensa de Galamba no sábado, onde este ofereceu ainda mais munição ao inimigo, Belém entrou em modo “Guerra dos Tronos” e os homens do Presidente urraram ter de se fazer sangue. Um dos alvos mais suculentos no Governo havia assinado a sua sentença de execução, faltava só que Marcelo despachasse a ordem. Ocasião imperdível para mostrar ao povo quem era o rei. Seguiu-se o tal telefonema com esse ultimato.

Pelos vistos, Costa terá dito a Marcelo que ia pensar no caso, e no seu caso. Quando chegasse a Portugal tomaria uma decisão. Marcelo passou o domingo com ar fúnebre, já em luto por causa do ministro executado. O PS igualmente entrou no processo de embalsamento de mais um titular da pasta das Infraestruturas, até revelando alívio com a notícia do óbito. Nisto, as declarações do regressado ao Observador e no aeroporto, na segunda-feira, espalharam o pânico na marcelagem. Não carecia ter fundas noções de hermenêutica para perceber que a demissão do Galamba ainda não estava no papo. Vai daí, em minutos, decidiu-se pôr a Ângela e o mano Costa a funcionar e o Expresso publicou uma chantagem na forma de mais uma violação da privacidade entre duas das três figuras cimeiras do Estado. No caso, o teor era obscenamente aviltante da separação de poderes desenhada na Constituição. A escrita retratava o responso presidencial que desautorizava o primeiro-ministro e lhe anulava o espaço de manobra. O facto estava consumado, proclamava esse “jornal de referência”: Galamba não podia ser um Lázaro, Costa que não ousasse ser um Capitão de Maio.

Veio uma terça-feira de peripécias, trincherazos e chicuelinas. No meio do cataclismo de estar a ver Costa sem medo dos abusos presidenciais e do cerco mediático, sem medo inclusive do Partido Socialista, o Presidente da República nem esperou que o primeiro-ministro acabasse de responder aos jornalistas. Foi logo a correr, como se estivéssemos em noite eleitoral, publicar uma nota na página da Presidência onde se declara agastado com isto de termos o responsável máximo pelo Governo a governar de acordo com a Lei e com a sua consciência.

Essa nota, justificada com a salvaguarda do “prestígio das instituições” (no que fica para a História como burlesca ironia), é indigna do mandato de quem jurou defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Expõe a indelével fraqueza política do titular. Não é um acto conforme ao estatuto de um Presidente, é antes a pulsão infrene do comentador.

Aposto que sentiu vontade de lá meter a sugestão de um ou dois livros muito bons, de que ele gostou muito.

30 thoughts on “O comentador-mor da Nação”

  1. que vareja de gajo, já mete nojo, que coscuvilheira de soalheiro. isto começa a ser um caso também de negligência familiar – está demente e não o recolhem da vida pública. levem-no a banhos e metam-no a corar em sal e sol para sempre nas berlengas.

  2. Costa esteve muito bem, pôs cada macaco no seu galho. Podia ter sido uma vitória assinalável mas não vai ser porque o fez numa má causa. Os profissionais do bota abaixo subitamente ficaram sem material para trabalhar mas Galamba no ativo vai devolver-lhes essa oportunidade.

  3. Está a passar-se algo que julgava que julgava impossível.

    Este gajo faz-me sentir saudades do algarvio do Poço do Boliqueime!!!!

  4. Ele vai consumar o Golpe de Estado que venho anunciando – com aquelas caraterísticas que não caraterizei. A alternativa seria demitir-se. Aposto 10% do orçamento que uma clínica dentária me apresentou hoje para tratar dos meus dentes.

  5. a malta que acha que em 2014 não houve nenhum golpe de estado na ucrânia agora diz que o marcelo vai consumar um golpe de estado.
    já eu acho que eles não sabem o significado da expressão “golpe de estado” e que quase que aposto que a comunicação do presidente vai ser sobre o estatuto dos açores

  6. Teste, Marcelo é assim: ligeirinho, ligeirinho, tal como o ambiente vivido no país, ao nível dos fazedores de opinião e do espetáculo. Quando as coisas se tornam mais densas, lá se vai a coragem! Esperemos que Costa, que tão bem esteve na situação, arrepie caminho e procure outras vias.

  7. ja,

    não partilho das tuas esperanças, costa é uma cobra traiçoeira e nesse sentido ele e marcelo (que lhe está a preparar uma “estrangeirinha” daquelas – calão de jogo de cartas, conheces?) estão bem um para o outro.
    ou ainda não percebeste a tristeza que por aqui vai por não ter feito cair o governo e o obrigar a marinar na pantanosa maionese dos próximos meses? presta atenção!
    durante todo o tempo que costa esteve no governo atraiçoou a esquerda inumeras vezes, todas as oportunidades que teve, apesar de praticamente lhes dever ter chegado algum dia a chefe de governo.
    mas se ele abrir os cordões à bolsa para a malta, venho aqui dar-te razão e agradecer-te a vidência!
    fica prometido! podes cobrar

  8. Caro Teste,

    Em primeiro lugar, não tenho, nem procuro, poderes divinatórios, por isso não lhe vou cobrar nada, em qualquer circunstância. Ponhamos, pois, as coisas no mero plano da discussão política .

    Assim,
    Sobre o primeiro parágrafo, não me parece que seja útil analisar as questões com recurso a adjectivação duvidosa, no mínimo. Fazer equivaler, politicamente, Costa a Marcelo, além de não corresponder à verdade, não ajuda a agregar as forças da esquerda, na procura de novas saídas para o país. Contrariamente a si, entendo que Marcelo saiu mortalmente ferido da contenda e dificilmente recuperará. Pela primeira vez, foi confrontado com uma situação difícil e acuou: na minha leitura, revelou a sua verdadeira natureza de homem sem pulso para as funções que desempenha; deu um passo maior que a perna, acabando por deixar toda a direita, que vivia à sua custa, sem rumo. E isso é positivo, clarificador. Ora, nesse sentido a atitude de Costa já teve um efeito benéfico. Se juntarmos a isso, o facto do governo e o PS não terem alinhado na histeria anti Lula, pelas posições que este assumiu na questão da procura da paz como modo de resolução da guerra na Ucrânia, parece-me legítimo acreditar que podem estar a acontecer mudanças ainda imperceptíveis. Não esqueçamos que a guerra vai continuar a fazer os seus estragos, independentemente das narrativas que se tentem impor.

    No que respeita ao segundo parágrafo, não percebo, mesmo, em quem você vê tristeza, por Marcelo não “…ter feito cair o governo…”. Nem Marcelo, nem a comunicação social, com os seus comentadores profissionais que por aí pululam, nem a própria oposição, com excepção do Chega, queriam tal queda. Todos eles bastavam-se, por agora, com o cenário da “pantanosa maionese”. E foi esse pântano, espero eu, que Costa terá afastado. O que se vai seguir, veremos!
    Por agora, para meu desgosto, não vejo que a oposição à esquerda do PS esteja aberta a aprender alguma coisa com o que está a acontecer, mais uma vez e, com isto, respondo ao seu último parágrafo.
    Os tempos são difíceis e não colherá ser sectário!

  9. JA,

    “Sobre o primeiro parágrafo, não me parece que seja útil analisar as questões com recurso a adjectivação duvidosa, no mínimo. Fazer equivaler, politicamente, Costa a Marcelo, além de não corresponder à verdade, não ajuda a agregar as forças da esquerda, na procura de novas saídas para o país.”

    se quiseres exemplos de malta atraiçoada pelo costa, diz. e quanto à agregação das forças de esquerda, não a espero de marcelo mas esperava-a de costa. e não vi nenhuma força de esquerda a pedir que costa não aceitasse a demissão de galamba. .

    “Contrariamente a si, entendo que Marcelo saiu mortalmente ferido da contenda e dificilmente recuperará. Pela primeira vez, foi confrontado com uma situação difícil e acuou: na minha leitura, revelou a sua verdadeira natureza de homem sem pulso para as funções que desempenha; deu um passo maior que a perna, acabando por deixar toda a direita, que vivia à sua custa, sem rumo.”

    obviamente que saiu fragilizado, e te digo dificilmente terá sido a primeira vez, mas esse é certamente o lado para que marcelo dorme melhor uma vez que não tem reeleição co que se preocupar, e creio que o objectivo dele não passará por lhe agradar a si pessoalmente.
    entretanto, como não ouvi nenhuma senhora gorda a cantar para mim isso significa que a história ainda não acabou. se tu achas que isto fica por aqui, tudo bem, será opinião divinatoria, mas também já me disseste que essa não é a tua especialidade, e por isso vale o que vale.

    “Todos eles bastavam-se, por agora, com o cenário da “pantanosa maionese”. E foi esse pântano, espero eu, que Costa terá afastado. O que se vai seguir, veremos!”

    ai, afinal concorda comigo, caríssimo! isto ainda não acabou mesmo, e tirando os maluquinhos que acham que a NATO é uma organização defensiva e coisas do género, ninguém inlcuindo marcelo queria usar da “bomba atómica” da politica portuguesa, preferindo o desgate do partido do governo em situações que se prevêm muito complicadas nos meses que se avizinham. ora, como o JA intuiu antes e muito bem, marcelo defende e pretende unir é a direita! se possivel afastando qualquer espectro de uma geringonç no futuro, e nisso está a ser extremamente bem sucedido. como é que costa, ao afrontar marcelo publicamente e sem justificação atendível pelo resto da população, e passando assim a governar com a espada de damocles sobre o pescoço afastou esse pantano é que não consigo perceber. mas o JA vai-me explicar, estou certo.

    “Por agora, para meu desgosto, não vejo que a oposição à esquerda do PS esteja aberta a aprender alguma coisa com o que está a acontecer, mais uma vez e, com isto, respondo ao seu último parágrafo.”

    ui, agora já começamos a confundir-me. assumi que todas as mensagens do JA pediam, exigiam uma convergência à esquerda, tanto para beneficiar o país com essas politicas, como para resistir ao ataque da direita ao poder comandado por marcelo. mas afinal não, e não só JA se coloca fora da àrea politica à esquerda do PS, como está tão pessimista quanto eu e também considera que será dificil fazer qualquer tipo de acordo com os putinistas e os defensores de agressões contra as mulheres (creio que o adjunto veio do BE, se não estou em erro), e como ontem até o rui tavares afirmou que esta crise é da inteira responsabilidade do governo, afinal acha que o PS fica completamente isolado à esquerda? então espera mais uma maioria absoluta de costa quando a espada cair NA PIOR ALTURA? assim duas seguidas sem tirar fora?
    depois disto tudo que escreveu fiquei sem saber o que significa para si não ser sectário. pessoalmente acho que numa altura em que o primeiro ministro coloca tudo em causa em nome da sua consciência, eu também não devo abdicar da minha. terá sido costa sectário?
    na minha humilde opinião, se o costa a partir de hoje começar a governar à esquerda em vez de dar bónus aos grandes grupos da distribuição e da energia saídos do nosso bolso, e passar a apostar na escola publica e no sns, em vez de se recusar a taxar os lucros extraordinários, aposto que isto fica esquecido num instante.
    sempre achei que a esquerda tem tudo a ganhar e ser pragmática!

  10. Caro Teste,

    Para mim é muito difícil discutir, seja o que for, com base em amálgamas. Estando aberto à criatividade, evito deixar, e detesto, “atacar” pontas soltas. Admito que seja um defeito meu, mas gosto de delimitar os problemas e conseguir a síntese. Aceitando que fui eu que dei azo às suas dúvidas, passo a clarificar:
    1. tenho um programa de vida que se resume a:
    – garantir o pão, no sentido de bem estar material;
    – procurar o amor, no âmbito espiritual e físico e,
    – perseguir o sonho, que sei só poder alcançar em liberdade.
    2. Como humano, se me proponho tal, que não será pouco, imagino que os meus iguais, de um modo ou doutro, procurarão o mesmo, sem pretensões totalitárias..
    3. É nestas circunstâncias que entendo a necessidade da organização social e política , como forma de regular os conflitos que sempre surgiram e surgirão, por força, que mais não seja, de interpretações diversas sobre a forma de cada um atingir os seus objectivos.
    4. Ora, o meu “programa político”, afirmado em 1, só pode ser realizado à esquerda, no meu modesto entender.
    5. Mas, se a minha ambição máxima se consubstancia no dito “programa”, sei bem que atingi-lo exige diversos passos, comporta avanços e recuos.
    6. Ou como dizia o outro, aqui citado sem rigor, ninguém tem medo de deglutir uma copiosa refeição, mas ninguém a engole de uma só garfada.
    7. Ou, dito de outro modo, reportando-me aos primórdios de ABRIL , não vale a pena responder a todos os problemas e dificuldades com a palavra de ordem “Revolução socialista!” foi chão que não deu uvas sãs; na falta de pão que apoquenta o faminto, não há apenas a caridade como alternativa; podemos ser solidários e matar-lhe a fome, embora com a consciência de que aquele problema continuará na refeição seguinte e a sua solução exige outras medidas!
    8. Aqui chegados, não sendo militante partidário, é na mundividência do PS que melhor enquadro as minhas aspirações, mas sem qualquer cedência quanto a à minha liberdade de pensamento e acção.
    9. O único dogma que me imponho é a intransigência na defesa do 25 DE ABRIL: nem podia ser de outro modo, dado que me considero um beneficiário líquido desse luminoso dia, mas não mais do que a maioria do povo português, mesmo que o não pressinta, digo eu.
    10. Estou a escrever este texto, sobre a resenha mental que fiz, enquanto amanhava a terra em que semearei os legumes, que hei-de consumir com a minha família e amigos, mesmo que ocasionais. Sofri o calor do sol e suei, mas soube-me bem: afinal, sofria, mas ao mesmo tempo laborava nesta troca de ideias!
    11. Tem este apontamento o único propósito de confrontar a minha actual realidade com outros modos de agir e pensar, como sejam:
    – quem vê televisão e ajuíza o país só pelo que aí se passa, há-de pensar que não há frio nem calor, nem vento nem chuva, tudo está climatizado; no entanto houve trabalhadores, provavelmente imigrantes, que sofreram as agruras do tempo, para proporcionarem tal conforto.
    – habitamos casas que alguém, erigiu, talvez imigrantes, com muito trabalho e pouco salário.
    – consumimos produtos da terra, ou outros, que alguém, cá, provavelmente imigrantes, ou no longínquo terceiro mundo, o da selva, produziu com esforço e pouco proveito.
    12. Achamos que os professores, os médicos, os enfermeiros e similares , com todas as razões que possam ter, e eu não desconsidero, são os mais prejudicados na distribuição do rendimento nacional, esquecendo todos aqueles que, hoje, não têm qualquer capacidade reivindicativa!,
    Ameaçando transformar tais lutas numa mera questão corporativa, egoísta, sem qualquer enquadramento com o interesse colectivo, dissolvendo todo o conceito de coesão social, sem percebermos que isso interessa, especialmente, aqueles que ganham com a divisão dos trabalhadores.
    13. A título de exemplo, habituámo-nos a tudo isto e até achamos normal que um meteorologista nos diga que amanhã fará “mau” tempo, só porque choverá, mesmo que estejamos a atravessar uma seca prolongada! Até a linguagem nos estorva!
    14. Sob esta visão, não admira que tenhamos achado normal o abandono das actividades produtivas do país, secundando a moda vinda do ocidente “evoluído”, trocando-a pela terceirização da economia que, essa sim, era moderna e levar-nos-ia ao paraíso.
    15. E, agora, que a guerra rebentou, nem percebemos que o mundo está a mudar de forma vertiginosa: parece que os países pobres, aqueles que têm alimentado o bem estar ocidental, os tais que são a selva, estão a perceber que podem caminhar pelos próprios pés, sem ter que pagar qualquer tributo aos velhos colonizadores; querem ser tratados de igual para igual.
    16. E, tal mudança já nem dependerá de nós, cabendo-nos tão só corrigir os erros em que caímos, evitar a continuação da escalada da guerra e trazer à nova ordem mundial o que de melhor temos: o convívio em liberdade.
    Deste modo, é dentro deste conjunto de ideias que deve ser entendido o texto que criticou. Julgo-me, por isso, dispensado de responder pontualmente às questões que suscitou.

  11. JA,

    sem duvida que estás dispensado. pela parte que me toca, considero que foste claríssimo e felicito-te pelo conjunto de ideias que elencaste, não sem alguma inveja devido à minha incapacidade em por vezes o fazer de igual forma. digo-o sem ponta de ironia.
    ainda assim, não posso deixar de partilhar esta noticia que entretanto encontrei durante a tarde e de que me sirvo apenas para tentar mostrar-te que, na minha humilde opinião, baseada claro na minha também humilde e limitada experiência de vida, existem vários PS’s dentro do PS.

    https://www.jornaldenegocios.pt/economia/politica/detalhe/apoio-de-costa-a-marcelo-faz-ana-gomes-refletir-sobre-candidatura-a-belem

    um abraço e bem hajas

  12. Caro Teste,

    Agradeço as suas palavras e retribuo o abraço. Se a minha resposta lhe trouxe algo de útil, fico contente. Pela minha parte, vale sempre a pena ter uma boa discussão; do meu ponto de vista, aprende-se muito mais na divergência, e uma boa conversa é sempre muito estimulante, contanto que se esteja de boa-fé e sem ideias pré-concebidas.
    Claro que há muitos PS’s dentro do PS e, embora isso não seja da minha conta, não me parece que tal seja negativo, bem pelo contrário. Espanto para mim, foi ver toda essa gente, a que tem direito à palavra pública, unida no dogma do apoio à guerra!
    Quanto ao link que juntou, nada tenho a comentar, pois não votei em Marcelo, nem na personagem que subjaz à notícia.
    Cada vez mais, estou com o Zeca Afonso, especialmente, quando canta que “o que faz falta é avisar a malta…”

  13. Em tempo, por ser justo, e porque hoje vi uma referência à censura que Valupi imporá ao blog, quero expressar o meu agradecimento ao “dono da casa”, por disponibilizar este espaço de livre discussão. É isto que a minha experiência, aqui, dita.

  14. Ao JA: abençoados os que pensam, duplamente abençoados os que pensam bem.
    Ao teste: abençoados os que sabem ouvir.

  15. ja,

    inspirado no seu conselho para não deixar “pontas soltas”, permita-me em jeito de resposta aos pontos que fez nesses 2 ultimos comentários acrescentar a esta conversa que :

    1) concordo evidentemente que não será automaticamente negativo existirem vários PS’s dentro do PS, mas que o poderá ser assumirmos que esses PS’s defendem todos as mesmas politicas e futuro para o país, e que é nessa medida que creio deverem ser avaliados e que o tento fazer, não só mas também na postura relativa à guerra na ucrânia que ao JA espanta;

    2) a noticia que coloquei não pretendia tentar demonstrar nada acerca do JA pessoal e politicamente e sim que o PS que neste momento domina o PS sempre apoiou Marcelo na sua recandidatura a PR e que por isso dificilmente se pode agora queixar dele como se se tivesse tornado num animal politico diferente daquele que sempre foi;

    3) que as politicas e posturas assumidas pelo PS que neste momento manda no PS não podem ser dissociadas do seu líder, pelo que tive e tenho alguma dificuldade em entender o seu apoio inequívoco a costa neste momento e foi isso que lhe tentei atabalhoadamente transmitir no comentário inicial;

    3) que a “censura” que refere ter visto o valupi a ser acusado de poder vir a impor é factual e já está em vigor há bastante tempo, como o colega camacho que entretanto se juntou à conversa poderá muito facilmente confirmar pois já dela por várias vezes se queixou. acrescentar ainda, para sua informação e para ser justo, pois fica evidente do seu comentário que nunca dela foi alvo, que a explicação do valupi para a mesma atira a responsabilidade, não sem alguma razão, para “o algoritmo” que rege os comentários do blogue, mas que essa responsabilidade, tal como no caso do ministério das infraestrutras, em ultima análise de nada o iliba pois esse “algoritmo” está sob seu controlo;

    para acabar, e já que ele nos está a prestar atenção, deixar a seguinte questão ao camacho: abençoados por quem exactamente?

    cumprimentos madrugadores!

  16. *”essa atribuição” em vez de “essa responsabilidade”

    *4) em vez do segundo 3)

    *penitenciar-me novamente por alguma amálgama criativa da qual me ache responsável e clarificar que é defeito de feitio este meu gosto por comentar “à tangente” e fazer quem me lê e ouve chegar a alguma conclusão sobre o que digo pelos seus próprios meios e não levado pela minha mão. obviamente, estarei sempre disponível para quaisquer esclarecimentos que me sejam requisitados desde que, como diz e muito bem “se esteja de boa-fé e sem ideias pré-concebidas.”, o que nestes tempos que vivemos e em conversas “anónimas” na internet – não posso deixar de lho fazer notar – é sempre de desconfiar à partida.

  17. é ver os putinistas, putinistas em lato sentido, mansos e acagaçados com uma simples possibilidade que lancei sem sequer considerar que chegue aos céus. porque quem não deve não teme, e não existe heterodoxia nisto de valores humanistas universais: não há diálogo para a luz com aquele que considera gratuidade em matar, violar, excluír, discriminar, caluniar, perseguir, aterrorizar; há, isso sim, um desacrescento à civilização e à civilidade, civilidade entendida como cidadania de quem bem em si se forma para respeitar os outros; há a frustração de viver para experienciar que os putinistas descarregam as bombas aqui como lá, imperialismo megalómano do abuso como forma de expressão, como se as ideias – mercadorias carregadas pela palavra – pudessem ser, e tantas vezes são, desvirtuadas. porque ser putinista não é uma característica – é uma doença infecto-contagiosa que é preciso ser prevenida e controlada e travada. pandemia sem cura à vista, a não ser por iniciativa induvidual, faço um apelo à higienização das cabeças e das bocas e da consciência. ide-vos tratar mansos, em vossa casa nem água bebéis; no vosso emprego piais finos e no café sois expulsos se o vinho falar mais alto. e é no Aspirina, ou no estádio, confessionário etéro, capuz preto e corpo irrelevante no meio da multidão, que a vossa bocarra imunda se descose em plena liberdade. sois grãos de gente. mas ainda ides a tempo: e então ficarei contente.

  18. Teste, abençoados pelos deuses, pelos ventos, por tudo o que, existindo ou não, tenha (ou não) capacidade para abençoar. Na realidade, porém, abstraindo do devaneio poético-teológico, abençoados pela capacidade de utilização útil das sinapses, enriquecida por uma costela empática caída em desuso, até mesmo ridicularizada e substituída por clichés bem-pensantes previamente pensados por outros e papagueados pelos simples, os borregos belicistas que marcham alegremente para o fim (Viva la muerte!), arrastando-nos a todos com eles.

  19. Caro Teste, eu não venho aqui para dar conselhos, seja a quem for! Era o que mais faltava. Sobre as questões que levanta, não vejo em que considerações minhas apoia a sua conclusão do meu apoio inequívoco a AC. Achava eu que dos meus escritos era claro que a questão da guerra não me permitia, actualmente, qualquer apoio ao Governo e ao PS! Sempre manifestei a opinião de que a procura da paz era a pedra de toque á volta da qual toda a acção política deveria ser desenvolvida. Por, isso, não entendo a sua objecção. Sobre a censura no blog, não posso dizer o contrário daquilo que afirmei. Se alguma vez tiver razão de queixa, divulga-lo-ei.

  20. Olá JA,

    devo ter ficado com essa impressão de que apoiavas costa inequivocamente relativamente às politicas que segue quando escreveste isto:

    “Sobre o primeiro parágrafo, não me parece que seja útil analisar as questões com recurso a adjectivação duvidosa, no mínimo. Fazer equivaler, politicamente, Costa a Marcelo, além de não corresponder à verdade, não ajuda a agregar as forças da esquerda, na procura de novas saídas para o país.”

    e isto

    “E foi esse pântano, espero eu, que Costa terá afastado. O que se vai seguir, veremos!
    Por agora, para meu desgosto, não vejo que a oposição à esquerda do PS esteja aberta a aprender alguma coisa com o que está a acontecer, mais uma vez e, com isto, respondo ao seu último parágrafo.”

    que era este

    “mas se ele abrir os cordões à bolsa para a malta, venho aqui dar-te razão e agradecer-te a vidência!
    fica prometido! podes cobrar”

    também a referência sectária mo terá dado a entender, visto ser arma apontada à esquerda pelo PS em que te enquadras desde há muitissimos anos, mas entretanto nunca mais a isso te referiste, por isso devia ter pouca imprtância para o que argumentavas.
    por fim, concordamos em absoluto relativamente à liberdade de expressão neste blog: também não posso dizer outra coisa daquela que disse visto ser verdade, facilmente comprovável e reproduzido por outros. Pessoalmente, acho imprtante não nos fecharmos na nossa propria experiência, pois isso leva muito facilmente ao sectarismo!
    1 abraço

  21. Caro Teste, o direcção das minhas palavras, daquelas que cita, não comportam o sentido que lhe atribuiu, ou, pelo menos, não foi esse que eu lhe quis dar. Veja: se eu propugno um entendimento á esquerda, por exemplo, isso não significa que isso só seja possível com a dissolução das ideias dos integrantes do mesmo; pretender isso seria buscar um totalitarismo qualquer! Se eu divirjo visceralmente da posição do PS quanto á questão da guerra, isso não significa que não veja virtudes noutras actuações do mesmo. Ao mesmo tempo, aceitar tais virtudes não quer dizer que não lhe sinalize outros defeitos para lá daquele inicial, o apoio á guerra. Digo isto do PS, mas a mesma argumentação servirá para qualquer força de esquerda. A diferença é que, no meu entender, O PS é o partido que, na actualidade, realiza melhor o meu ideal político. Finalmente, um ponto em que, por certo, não estarei de acordo consigo diz respeito ao “abrir os cordões á bolsa”, decisão que a ser tomada pelo governo, pode nada ter a ver com qualquer posição de esquerda, mas esta é uma questão de difícil discussão neste fórum. E, se não se importa, passemos á frente, que já esgotamos este tópico. Abraço.

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