Não desistas, mesmo cansada

A Fernanda, que eu saiba, é a voz mais activa em Portugal na problemática. Sim, não se trata de uma causa, posto que diz respeito ao correcto uso da força policial. É antes uma problemática, onde cada caso exige investigação. O conjunto das ocorrências pede também reflexão estatística e comparativa, antes de se poder saltar para as conclusões.

Todavia, a radicalidade moral da posição da Fernanda é uma bênção política. Há aqui um absoluto a defender absolutamente, a vida humana. A formação dos agentes de autoridade que actuem com arma só terá a ganhar com a intransigência daqueles que exigem o fim deste tipo de mortes.

17 thoughts on “Não desistas, mesmo cansada”

  1. valupi, não é uma questão sequer de radicalidae moral. a lei não permite disparar sobre pessoas — e disparar sobre um carro com pessoas lá dentro é disparar sobre pessoas — nas circunstâncias em q este disparo ocorreu. este é um daqueles casos em q não é mm preciso investigar para saber q está completamente errado.

  2. Não vou, por agora, comentar o teor do post da Fernanda, que daria uma discussão interessantíssima. mas mais interessante ainda foi observar a autêntica avalanche de comentários, muitos deles violentos, mas que espelham bem o sentimento e a percepção da generalidade da população em relação ao funcionamento da justiça, dos agentes da justiça, e sobretudo de quem define o que é essa justiça. Não faço ideia quantas pessoas lêem o Jugular regularmente, e como leitor habitual já lá vi passar muitos Trolls, mas nada como o que vi hoje, pelo que suponho que muita gente se estreou hoje graças ao destaque dado pelo Sapo. E aconteceram duas coisas: a incredulidade da generalidade da população perante a opinião da Fernanda, a quem brindaram com toda a espécie de mimos, o menor dos quais foi acusarem de não viver no mesmo país que eles, e a incredulidade dos autores e leitores habituais do Jugular perante a opinião da grande maioria dos comentadores, que parece que descobriram que realmente não viviam. Sinceramente, pareciam estar a olhar a besta nos olhos pela primeira vez. Vi dois países hoje, e não andam a comunicar bem um com o outro.

  3. ahahahah. Eu, se fosse a f. fechava já os comentários, porque uma discussão épica daquelas merece ser terminada com o comentário #465. Parabéns ao reaction man.

  4. Fernanda, poderá ser neste caso, e em muitos outros, mas parto do princípio que os agentes em causa são também inocentes até serem considerados culpados. Creio que a relevância da tua posição ultrapassa as situações óbvias. Num outro plano, aquilo que não testemunhámos não pode ser considerado óbvio, digam terceiros o que disserem.

  5. Vega9000, e ainda bem que a Fernanda permitiu a avalanche. Há ali muito material para sociólogos, antropólogos, psicólogos, politólogos e adeptos do Benfica.

  6. É, a marca de um blogger corajoso é permitir comentários não moderados (já nem falo dos que não permitem sequer comentários). Mas acho que tens de ter algum cuidado nessa análise, para não cair na posição paternalista de “vamos lá estudar os selvagens”. Aquela raiva existe por alguma coisa, e nem toda é ilegítima.
    Quanto ao Benfica, sem comentários. Respeito o teu luto.

  7. Eu sei que ninguém é perfeito, mas como justifica o Val chamar o Benfica par o assunto? Eu, que gosto de futebol e sou benfiquista, mas que detesto os facciosos de qualquer cor, e por isso já só vejo os jogos na TV, mas não os comentadores, treinadores, dirigentes que ,lá aparecem, não compreendo o seu à parte. Para quê a provocação?

  8. Qual provocação, Manuel Loureiro? Repare no que o Val escreve: “Há ali muito material para sociólogos, antropólogos, psicólogos, politólogos e adeptos do Benfica.” – está a reconhecer que os adeptos do Benfica estão no geral ao mesmo nível intelectual que muitas das elites deste país. A mim, parece-me um claro elogio…

  9. Manuel Loureiro, a referência ao Benfica nasce do comentário do Vega9000, e o seu sentido esgota-se na resposta que lhe dirijo. É que ele remete para o comentário do reaction man no Jugular, o qual fala no Benfica.

    Não há qualquer outra intenção.

  10. Todos perdemos, mas mesmo todos. Os que comentam para enxovalhar só pelo facto de ser Fernanda Câncio. Se fosse outra aplaudiam e usavam rasgados elogios. Não se pode ter uma opinião que vem logo impor a lei da rolha. “Deves estar calada porque tudo o que dizes é em defesa do Governo”.
    O sindicato pela defesa sem nexo do seu associado: não se compreende que um polícia venha para a rua sem saber manejar uma pistola. É de bradar aos céus tais declarações. É um atestado de incompetência que passa a todos os instrutores, chefias e subchefias. Não compreendo que em nove meses (julgo que é o tempo de duração do curso) não dêem instruções de todo o tipo de armamento.
    Fui para guarda prisional, tínhamos menos meios, mas aí aprendemos a lidar com todo o tipo de armamento que nos estava distribuído.
    Mais tarde com a criação da Escola de Formação de guardas e nos cursos para subchefe éramos obrigados a montar e desmontar todo o material: espingarda G3, pistola-metralhadora HKMP3, pistolas Valter, Brauning e Star. Tinha-se que se saber de fio a pavio o seu manuseamento quem não o soubesse chumbava nos testes. Se a esta inaptidão se critica é se logo vexado.
    Não querem compreender que há excesso de zelo. Se repararem nos acontecimentos de ontem em Alvalade. Se, se fosse usar os mesmos termos, quantas mortes não havia. Havia mais razões pelo facto de ali a polícia estar a ser atacada. Não me apercebi de haver um único tiro, nem com balas de borracha. Como em tudo os meios devem ser proporcionais. Numa desobediência (fuga) nunca por nunca se deve usar esse meio (não havia perigo de vida de nenhum ser humano) mais tarde dava-se solução. Quem anda sempre a fugir qualquer dia é apanhado.
    De uma coisa estou certo, tanto fugitivo como o polícia, se lhes fosse dada nova hipótese, nenhum tomava a mesma solução. Por isso lamento a sorte dos dois, mais a do morto. Não queria estar a passar pelo que o polícia está a passar. Sobre o artigo de opinião de Fernanda Câncio faço votos para não esmorecer, pode ser criticada, pode ser enxovalhada, mas é destas vozes que o País precisa. Das trevas nasce a luz.

  11. Pois eu identifico-me totalmente com a serenidade e a lucidez deste texto do Valupi, que defende sem ambiguidades a intervenção crítica e firme da Fernanda Câncio, mas sem cometer o pecado de carregar mais na sua “tecla”. É que um carro não vive só do acelerador, se é que me consigo fazer entender bem desta forma tão dietética, tornada indispensável depois de tanta incontinência comentarística…

  12. Val, remeto para o comentário do reaction man porque achei piada, depois de uma discussão tão inflamada e feia, surgir um comentário daqueles. Acho tipicamente português este tipo de encerrar de discussão quando não há consenso, mas ninguém quer ficar chateado. That’s it, não tinha nenhum outro sentido.

  13. OK, estava a ver que tinha sido mal entendido. Também me apetecia discutir essa do “valor absoluto da vida humana”, mas fica para depois.

  14. É natural haver equívocos nas conversas, especialmente estas apenas por escrito e fragmentadas, Manuel Loureiro. Estamos todos sujeitos a esse fenómeno.

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