Não, pá, esquece os botões

«O livro de Chamayou encerra com um capítulo que avança com uma hipótese sinistra: a de que os drones passarão a ser telecomandados nos laboratórios de investigação militar por robots. Esta “robótica letal autónoma” não é ficção científica, é o resultado de todo o conhecimento e energia despendidos para que “já não exista o sujeito”, como previu Adorno. Os drones accionados e telecomandados por robots não requerem a presença do humano em nenhum momento da operação, nem acima dela. São as máquinas que tomam a decisão de matar, já não há ninguém a carregar no botão.»

Crimes de guerra

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Santa ingenuidade, ou epistemológica cegueira, de um dos nossos melhores cronistas. Alguém que lhe explique o que é um algoritmo. E que os algoritmos têm autor, dependem de uma ou vária autoridade e limitam-se na sua autonomia.

O semáforo, o motor do avião, a chama no bico do gás, “não requerem a presença do humano em nenhum momento da operação” – desde que os ponham a funcionar. Mas expressam a natureza humana em todos os instantes do seu funcionamento.

Antropomorfizar as máquinas é útil para escrever ficção científica batida ou despachar serviço num jornal, não contribui é para a inteligência das coisas.

18 thoughts on “Não, pá, esquece os botões”

  1. não percebi exactamente a tua critica à crónica, estás a dizer que o algoritmo que controla um semáforo serve para reger a decisão de matar?
    É que quando falamos sabemos o que estamos a dizer mas não sabemos porque o estamos a dizer. Só conseguimos testemunhar que algo foi dito por nós, sem que o tivéssemos previsto ou aprovado. Falar é sempre um exercício de improviso, o resultado de a nossa identidade ser uma manta de retalhos sensoriais, um caleidoscópio neuronal.

  2. desresponsabilizar, ou melhor, naturalizar e neutralizar o crime por conta do metal e do latão articulado e telecomandado? então mas não há a acção do homem por detrás da máquina? está tolinho e a querer encobrir a obscenidade maior: a do homem que não faz o sangue pelas próprias mãos e antes cria uma máquina para fazer o trabalho sujo por si.

    !ah! o que ele está a dizer é que um email, por não ter sido o carteiro a tocar e a deixar, não é uma carta e não valida o remetente.

  3. ou então , o programador das máquina , segundo o post. os generais é que não. o progresso é fantástico.

  4. !ai! se eu não tivesse o tacho ao lume. yo, muda-se o canal, a quelha, mas não se mudam as vontades nem as responsabilidades

  5. “!ah! o que ele está a dizer é que um email, por não ter sido o carteiro a tocar e a deixar, não é uma carta e não valida o remetente.”

    hehehehe foda-se, ca burra!

  6. a responsabilidade , racistolinda , é de quem inventa essas porcarias . começou tudo com einstein , um dos tais.

  7. a minha duvida acerca deste post é quem é que estava a tentar antropomorfizar as máquinas no artigo em causa? é que o cronista não era. estava precisamente a alertar para essa desumanização da guerra, quer dizer….

  8. !viva! a ucrânia, !abaixo! as máquinas da poesia de putin; !abaixo! os putinistas amantes das máquinas de putin; !viva! o meu riso

  9. isso, racistinda.
    não se esqueça de favoritar esses endereços todos no navegador porque tenho a impressão que lhe vão ser muito uteis muito em breve.
    quanto aos saldos, não se preocupe. aposto que tem direito a apoio da segurança social devido à sua extrema pobreza.

  10. Acontece o mesmo com a “inteligência artificial” que a toda a hora muita gente, ilustrada nesta nova ciência obscura que é o artificialismo digital, nos quer impingir para desresponsabilizar o autor dos factos; especialmente dos factos de contornos desumanos.
    Antes, o jornalista vulgar, nem precisava ser um conceituado intelectual, como neste caso, em determinados crimes sabia distinguir o “mandante” do “homem de mão”: o autor moral e o autor factual como era o tratamento nos tribunais.
    É exemplar o caso da morte de Trotsky que, praticamente, ninguém sabe quem foi o autor de facto mas todos sabemos quem mandou matar.
    Agora, os laboratórios de cientistas digitais criam os algoritmos mais inconcebíveis capazes de tomar decisões anos-luz mais rápido que o cérebro humano e depois querem vender-nos a ideia que tais artifícios algorítmicos não têm paternidade. Ao contrário, no caso de laboratórios farmaceuticos, por exemplo, fazem guerra entre eles acerca da paternidade das descobertas que salvam o mundo de doenças.
    Para matar, ou para o mal, os autores de tais artifícios querem ficar na impunidade do anonimado que outros ilustres autores literários, jornalistas comentadores encartados e académicos divulgadores do mundo tratam de divulgar como sendo ciência filha de pais incógnitos.
    Basta perguntar-mo-nos a nós próprios, como qualquer criança espevitada faz; e quem foi que criou a inteligência artificial?
    E depois pensar que se não houver “pais” que dominem e controlem a inteligência artificial, deixando esta em roda livre, que males impensáveis podem advir para a humanidade.

  11. de espírito, não posso concordar mais consigo: a impressão social breve não me preocupa. !ai! que riso

  12. e por isso é que a olinda não tem vergonha de ser racista.
    o mário machado diz a mesma coisa acerca da impressão social breve.

  13. thr long game, não posso concordar mais consigo: a Olinda não tem vergonha de ser. por isso, breve machado em si. !ai! que riso

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