Miguel Poiares Maduro - [Rui Rio] critica aquilo, sim, que é infelizmente uma cultura política em Portugal, muito dominante, partilhada durante muito tempo por ambos os partidos mas mais pelo Partido Socialista do que pelo PSD, na verdade. Uma cultura de excessiva proximidade ao poder judicial, e muitas vezes tentativas de controle do poder judicial. E, nesse sentido, acho que seria mau para o PSD se o PSD abdicasse daquilo que é um activo seu, politicamente, que é aquele de ter sido um partido que mostrou muito mais capacidade de defender essa separação clara do poder político do poder judicial do que o Partido Socialista, na minha opinião, o fez.
Este Maduro passa por ser um dos melhores quadros sociais-democratas, supostamente trazendo intelectualidade cosmopolita para a terrinha, e sendo um legítimo candidato a presidente do PSD dentro de 10 anos. Promessa de renovo no laranjal? Nada disso, pá. Aqui o temos a cavalgar a estratégia da calúnia e a retórica do ódio, dizendo que os socialistas pretendem dominar as instituições judiciais para obter protecção e ganhos políticos, enquanto no PSD se defende a pureza da República e a integridade do Estado de direito, acrescenta.
Podemos saltar por cima da ausência no seu discurso de qualquer facto, sequer de meia vogal, donde pudéssemos extrair uma qualquer informação para ficarmos a saber do que fala. Porque ele não fala de nada que tenha relação com a realidade. A realidade é precisamente ao contrário, com a direita não só a usar a Justiça para fins políticos onde o PS é um alvo a criminalizar como a permitir-se perseguir os magistrados que resistam às golpadas – casos de Pinto Monteiro, Noronha do Nascimento e Ivo Rosa. O descoco e impudência é tão grande que vimos Cavaco Silva e Passos Coelho em campanha contra Marcelo e Costa por estes não aceitarem a duplicação do mandato da comissária política Joana Marques Vidal.
Mas se do Poiares Maduro nada há então a esperar que remeta para a decência e para os valores fundantes da Constituição, os problemas resultantes do que disse num canal de televisão estatal atingem a jornalista ao seu lado e o comentador à sua frente. Os quais ficaram calados depois de ouvirem a bojarda de ser o PS um partido antidemocrático, uma força de perversão gravíssima da vida em comunidade. A mensagem não foi explicitamente directa como a traduzo na frase anterior mas essa mesmíssima ideia fica indelevelmente implícita nas suas sonsas e trôpegas palavras. Não se pode negar, caso haja vestígios de honestidade intelectual na mioleira, que o fulano quis deixar uma imagem maniqueísta onde os socialistas eram demoníacos na sua relação com a Justiça e os sociais-democratas uns anjinhos. Que podemos concluir, relativamente à idoneidade da jornalista e à responsabilidade do comentador, face à sua ausência de reacção?
Contudo, o maior problema nem é o que os três indivíduos disseram ou deixaram por dizer na ocasião. O que se espalha profundamente corrosivo e tóxico com este episódio, por ser uma cópia de milhares de outros ao longo dos anos, é a normalização da impotência cívica. No fundo, Maduro e compadres que tais, o que estas figuras com exposição e influência mediática intentam quando caluniam em grau máximo o adversário é que ele apareça como inimigo. E aparecendo como inimigo passa a ser possível abusar de todos os poderes para o atacar pois, lá está, justifica-se recorrer a qualquer forma de defesa para eliminar o inimigo, o monstro, o Diabo. A audiência, que não tem forma de validar ou invalidar a acusação pois nada nela existe de tangível, entende pelo menos que está em curso uma guerra civil onde a própria Justiça é um campo de batalha. E, portanto, por sentir-se incapaz de participar na violência em curso, afasta-se da cidade esfomeando a sua inteligência, atrofiando a sua coragem e aprisionando a sua liberdade.
Folgam os pulhas, ocupando a ágora.
“A audiência, que não tem forma de validar ou invalidar a acusação pois nada nela existe de tangível, entende pelo menos que está em curso uma guerra civil onde a própria Justiça é um campo de batalha.”
Verdade, e o Ps está a perder a guerra!
Mais uma poia do maduro. E esta é bem fedorenta.
Maduro é modo de dizer. O gajo está mesmo é podre e quando abre a boca cheira mal.
“Verdade, e o PS está a perder a guerra”
Afirmação que vale o que vale, ou seja, não vale nada, se não revelar quais as vitórias e derrotas de cada um dos adversários.
não faço ideia quem é a jornalista e o comentador mas quem cala consente porque, neste caso, trabalham – ou folgam, está visto – na ágora para dizerem, não o que sentem ou pensam, para defenderem a isenção. li, um destes dias, não me lembro se foi hoje, que esse javardo incendeia o povo com a ideia de guerra civil e com a culpa do Costa. e é tão, tão, lamentável e triste. é como se tudo e nada fosse, e é, motivo de lenha para a fogueira. isto cansa. precisamos de nos livrar destas carraças.
Qual a admiração? O poias maduro não sabe dançar logo, como diz o povo;
– homem pequeno velhaco ou bailarino!!!
Com que então um “activo” do PSD? Simplesmente alucinante. O gajo deve andar a tomar uns chás de cogumelos bem esquisitos.
Eu já não tenho pachorra para ouvir tais madurezas. Mas é bom que se registem, se emoldurem e se ponham na parede. Mas cuidado, Val, vê lá se incorres em utilização indevida de declarações protegidas por direitos de autor…