Misericórdia para os bandalhos

Esta peça é maravilhosa, muito obrigado CMTV. Nela ficamos a saber que Santana é, ainda hoje e desde sempre, um grande amigo de Sócrates. Mais: é fã. E que Santana é um daqueles raros políticos que abominam as insinuações sobre a vida privada, que nunca mas nunca as fez na sua carreira. Porém, em 2005, viu-se obrigado a lançar um cartaz onde a JSD perguntava à população se sabia mesmo quem era Sócrates porque, como explica em 2013, ao tempo ainda ninguém conhecia aquele secretário-geral do PS, apenas um dos ex-ministros e ex-secretários de Estado com mais notoriedade dos Governos de Guterres. E quanto às campanhas negras, elas são obra dos próprios socialistas, mais especificamente dos soaristas, revela Santana agitando as provas na mão. No entanto, se elas foram lançadas é porque não há fumo sem fogo, logo cada um que tire as suas conclusões… né, pessoal?…

Talvez os momentos mais elucidativos não só do homem, não só do partido onde é uma figura grada e histórica, mas de uma oligárquica cultura de conquista do poder onde vale tudo, sejam os relativos ao Freeport. Aí, Santana explica que o “caso Freeport” não podia ter nascido por sua iniciativa em 2004 pois os factos remontavam a 2001 e 2002. Sim, exactamente. E contemple-se, ao minuto 23, o sorriso de satisfação, o impante ar de gozo, com que jura não ter dado ordens a ninguém, que ele não abriu a boca. É impossível não acreditar no que nos está a dizer e será 300% seguro pôr as mãos no fogo por esta declaração, um clássico da literacia televisiva. Contudo, como José Carlos Castro insistisse numa linha de argumentação socrática, perguntando se Santana não era o único e directo beneficiário do lançamento das suspeitas e calúnias sobre o Freeport, o nosso guerreiro menino despachou a coisa chamando estúpido ao jornalista e garantindo que o caso Freeport acabou por ajudar Sócrates a conquistar a maioria absoluta. Genial!

A Misericórdia poderá acolher os bandalhos que quiser, e colocá-los no topo da instituição onde até poderão ser úteis à sociedade, sabe-se lá. Na política devemos abdicar de qualquer laivo de misericórdia para com estes bandalhos que emporcalham a cidade. Se nos restar algum respeito próprio, óbvio.

14 thoughts on “Misericórdia para os bandalhos”

  1. Como só agora consegui ver o vídeo completo, volto para dizer que este tipo é tão, mas tão burro que nem se dá conta de que está a confessar tudo. Um documento notável. Asqueroso, mas digno de antologia.

  2. Vi quase todo o vídeo. Não todo, porque não tive paciência para aguentar a diarreia mental deste vendedor de banha da cobra.
    Agora, lembro-me bem de um publicitário brasileiro ter vindo a público declarar abertamente ser o autor do boato lançado na net, por encomenda dos adversários políticos de Sócrates. Falta confrontar estes ordinários com esta prova.

  3. Trata-de de um “chico esperto”oportunista e totalmente desprovido de escrúpulos e como tal está bem na vida e com assento assegurado à mesa do orçamento.São pulhas como este que quase me fazem suspirar por um interregno na democracia preenchido com um cheirinho “estalinista”e umas doses de purgas…

  4. “Aí, Santana explica que o “caso Freeport” não podia ter nascido por sua iniciativa em 2004 pois os factos remontavam a 2001 e 2002.” ahahahahahah. O Santana é mesmo um bandalho.

  5. Não quero fazer de advogado do diabo! Declaração prévia simpatizo com o Sporting!
    Na passada “quadratura do circulo” em que o prato forte foi o “enigma” Sócrates, para
    além dos fumos do Máquiavel da Marmeleira, dizia a certa altura o distinto Xavier que,
    a linguagem do Sócrates é inadmissível num ex P.Ministro e pior, destratar outro ex p.
    ministro santana lopes, pessoa com um curriculo académico incomparável com o desbo-
    cado, pessoa de uma elevada projeção quiçá, futuro candidato a presidente e blá-blá
    por aí adiante!?! Não há dúvidas esta gentalha considera-se o centro do mundo e de-
    tentores da verdade … o medo é tanto que eles não sabem o que dizer, abrem-se!!!

  6. Efetivamente o currículo academico do Santana e notável. Já alguém se deu ao trabalho de verificar quantas cadeiras do seu curso foram feitas com passagem administrativa? E não foi apenas ele. O Mr. Europa, Durão Barroso, também foi um dos felizes contemplados pelas decisões das RGAs e da associação de estudantes da época na Fac de Direito de Lisboa. Mas estas impolutas licenciaturas estão acima de qualquer suspeita! Apenas a do Sócrates e notícia …

  7. bandalho é pouco para um proxeneta público, arruaceiro político e cabrão privado. ora vão lá consultar as listas de tachos, broncas políticas e pares de cornos deste cabrão que passa a vida na tanga, com um copo na mão e rodeado de xungosas da linha.

  8. Particularmente interessante, a partir dos 10:30, a estupefacção pelo insólito de uma pessoa «que foi licenciada… enfim, nos termos que nós conhecemos… em engenharia» a escrever sobre a tortura, esse tema totalmente irrelevante à engenharia e à actualidade nacional e internacional…

    Aparentemente, o facto de se tratar de uma tese de mestrado em filosofia política é igualmente irrelevante. Relevante, isso sim, seria ter andado por aí a participar nos programas televisivos de futebol.

    Mais grave ainda — acrescento eu que o li ontem — o livro é interessante, bem construído, e revelador de uma mente lógica de boa qualidade aplicada à prática política e sua filosofia moral [*], coisa absolutamente intolerável no malandro que todo a assistência do histórico comício do PSD feminino ficou a saber anichado nos mais sórdidos colos que, de resto, «são lá da vida dele»…

    Absolutamente impagável, diga-se de passagem, a resposta, aos 4:50, à pergunta «o senhor insinuou que José Sócrates era homossexual?». Realmente só faltou o grito «QUEM, EU??!!», seguido de desmaio e tomada de sais…

    Aproveito para aqui registar, desde já, as minhas previsões sobre o novo candidato ao index bibliográfico: metade dos escandalizados vai alegar que o livro é tão mau que nem o vai ler; a outra metade que é tão bom que não foi o autor que o escreveu, limitando-se a copiar pontos de vista previamente existentes quando, como se sabe, uma tese universitária tem de constituir um novo e revolucionário paradigma científico totalmente isento de citações alheias.

    Sim, meus caros, confirma-se que o vigilantismo contra o torturador mascarado José Fantomas Sócrates, vulgo «o Napoleão do Crime», vai voltar. Há até quem diga que é ele que já anda por aí a empurrar as pessoas e a desaparecer sem deixar rasto:

    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=3499668

    «Sobre a ainda mulher, que o acusa de violência doméstica, o ex-ministro nega tudo. E contra-ataca: “É totalmente falso. Nunca houve violência. A Bárbara alcoolizada chocava com paredes, caiu na minha quinta, numa sebe de cinco metros e cortou-se toda e partiu o telefone. Há muitas autoagressões de uma bêbada. As únicas agressões de que ela se pode queixar são as autoagressões em situações de alcoolismo”.»

    Depressa, um mandato de captura antes que o bandido-filósofo empurre mais gente e escreva mais livros sobre os potros, polés e demais tratos espertos das suaves inquisições modernas com cheiro a alfazema!
    _____________

    [*] As principais críticas que me ocorrem são a ausência de menção do histórico «Cautio Criminalis» do jesuíta Friedrich Spee, e do papel do precursor científico (e psiquiatra-torcionário-pintor) inglês Harold Dearden, bem como das experiências nos campos especiais ingleses durante e após a 2ª Guerra Mundial (ela própria a mais mal contada estória da História). Mas, a meu ver, as virtudes do estudo e a qualidade da argumentação compensam largamente essas lacunas.

  9. José Sócrates mete MEDO a todos estes políticos vergonhosos que não sabem como se defenderem dele, nem sabem, como se vê, pelo que se esta a passar neste País corrupto, sem honestidade, sem compromissos, sem respeito pelo povo e desintegrado.

    Ele é um ESTADISTA e nada mais há a dizer.

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