Marcelo do catano

A intempestiva pseudo-demissão de Lima poderá ter resultado do que disse Marcelo na noite anterior, quando exigiu uma radical mudança de estratégia na Casa Civil? É a melhor explicação para a sequência absurda que liga o adiamento para depois das eleições de nova jogada nesse tabuleiro e um movimento brusco que levou à perda da rainha. Mas a ter sido assim, seria condizente com o desnorte que a Presidência sempre exibiu desde o caso dos Açores, publicamente, e desde Abril de 2008, secretamente. Tal cenário também estaria de acordo com as sequentes manobras de Sol e Expresso, no fim-de-semana eleitoral, a recuperarem a conspiração das escutas, a baralharem o caso Lima e a prepararem um cenário passível de se adequar a diferentes resultados eleitorais.

Vendo-os ao longe, não os ouvindo, podemos cair num preconceito positivo: imaginar que os maiores responsáveis pela política nacional, governantes e dirigentes, sejam igualmente responsáveis maiores perante a comunidade e si próprios. Tal crença não resiste a uma 4ª Classe bem feita, mas no ricochete não devemos enfiar a cabeça no pólo oposto, assim deixando o cinismo e a decadência vencerem. Pelo que Cavaco tem direito a ter dúvidas e a enganar-se com cada vez maior frequência, sim senhor. Felizmente, também tem amigos como o senador Marcelo, o qual se esforça para salvar o que ainda restar para salvamento. Quando pediu um puxão de orelhas para a fonte do Público, ficou clara a sua reprovação pelo berbicacho onde Belém se tinha metido. Havia até um consolo sobranceiro na admoestação, como se ele tivesse anteriormente avisado para não irem por aí e agora estivesse a cobrar com juros o despeito de não lhe terem acatado o conselho. Esta possibilidade de um conjunto de humanos demasiado humanos andarem a brincar aos Estados é tão verosímil como a que pretendeu fazer de Sócrates o imbecil que chegava ao SIS e encomendava uma dúzia de microfones no Palácio de Belém.

Ontem, Marcelo e Vitorino tiveram mais uma ronda de negociações. O assustado rosto de Marcelo era a bandeira branca, o sinal da rendição completa. Ele só pedia uma coisa: deixem que o meu General conserve alguma dignidade. Nada de algemas nem de julgamentos. Passemos directamente para a prisão domiciliária, com ocasionais passeios no jardim. Marcelo garantia a Vitorino que Cavaco se iria portar bem. Bastava que todos fingíssemos acreditar naquela estouvada explicação do ultimato à portuguesa, e que não mais tocássemos na rocambolesca tramóia das escutas e vigilâncias.

Lá está, Agosto é um mês muito propício a acidentes com cadeiras.

19 thoughts on “Marcelo do catano”

  1. Estes tristes episódios de escutas, assessores a espiar visitas oficiais, asfixias várias, revelam bem o respeito que têm pela nossa inteligência. A ideia não era só fazer de Sócrates um imbecil, era fazer de nós todos. Quem é que acreditou que íamos comer estas histórias tão mal amanhadas? A verdade é que os políticos que tentaram tirar proveito disto, nem sequer conhecem o povo que querem governar, não é a fazer umas arruadas que nos ficam a conhecer. Agora, ainda nos pedem para pôr uma pedra no assunto. É um bocadinho chato, mas não estamos esclarecidos.

  2. Ainda bem o DN publicou os mails porque assim já se percebeu um bocadinho. Agora falta saber se o tal «Lima» vai limar algumas arestas e aquilo foi tudo a fingir. Safa!

  3. este marcellu,
    brilhante predisgitador domésticu

    vem agora numa missão de controlo de danos

    convencer -nos que o que se passou,
    não se passou,

    foi uma mera insolação de verão…

    Ele tem consciencia, tem sim senhorrr
    de que ja só parte de seu povo do ppd
    ainda o leva a serio
    nestas suas varias diatribes comico apalhaçadas…

    mas ele insiste, insinua-se
    ferra MFL
    trinca cavacu

    intromete-se nos intersticios dos dois

    mira a direcção do ppd
    mas tambem, preferencialmente, a Presidencia

    é importante ser desmascarado já e sempre
    sem paninhos quentes

    que este homem não respeita quaisquer seus donos…

    a ele, nem um palmo de terra
    em qualquer disputa o envolva

    ele está em todas…

    coirões não podem nunca ter razão

    abraço

  4. pois eu se fosse o Cavaco não queria ter um amigo como o Marcello. De alguém que sempre sonhou com a sala dourada deve-se desconfiar.

  5. Nutro por este trafulha-pulha do PSD, tanto nojo como pelo Pacheco. Todos moldados nos moldes cavaquistas, mas estes consideram-se os criadores, “lá-em-cima”, dos próprios moldes, os intelectuais-pulhas-trafulhas que tentaram, em vão, dar uma base “superior” ao cavaquistão… tudo a ruir, como era inevitável, com tais “arquitectos” !?!?!?

  6. Finalmente vimos o Vitorino a falar com um pouco mais de dureza, a Judite Seara é que não deixou o homem alongar-se um pouco mais, não fosse o dito criar alguns embaraços à laranja mais azeda que alguma vez o Algarve produziu, ali para os lados do Poço (só um tonto é que muda o nome da sua terra porque não é “fino”) de Boliqueime.

  7. e é, por isso, que a arquitectura de prevenção é maravilhosa: com rodas, que é sempre a andar, e sem desníveis, a coisa anda e nem em setembro pára. :-D

  8. o ppd que resta visível é só sacanice, mixórdia, e casos. Espero que o flopes leve uma abada em Lisboa que vá parar ao colo … da tia?

    carapau,

    Não esquecer que o flopes só foi pm porque foi eleito presidente da CMC e que tal aconteceu porque a candidatura do bloco tirou votos ao ps e não elegeu ninguém. São contingências da democracia mas não deixa de ser verdade. Espero que a Ana Gomes vença em Sintra e que em Cascais se anunciem novos ventos também.

  9. (pessoal: também temos de comemorar Portugal poeta do Mundo, caramba!, tratado de Lisboa, olimpíadas no Rio, até ando com os olhos piscos,

    Viva a língua portuguesa, nossa pátria. Vivam os nossos amigos brazucas.

  10. parabens pelo de Lisboa, e ainda me congratulo mais pela vitoria de Río, entre o mundial de futebol e os jogos, vaise a ouvir moito portuguës no mundo.

  11. Caro VAL,

    Em relação aos mais recentes episódios do famigerado caso das “pseudo-escutas” (ou Belém-gate, a não ser que alguém saiba o nome do “café discreto da Avenida de Roma” para podermos baptizar este caso como deve ser…) e adoptando, então, uma perspectiva racional em que, por mais absurdo que pareça, tudo há-de ter uma explicação (ou uma postura pragmática, como diria, mais prosaicamente, o Gabriel Alves…), procuraria percorrer o caminho para “a política da verdade”, iluminando-o através das seguintes “luzes filosóficas” (esta simbologia é um bocado maçónica, mas para o caso também está bem…):

    – Será que o DN (e os outros meios de comunicação social) tem na sua posse, não apenas o e-mail que publicou, mas um conjunto de outros e-mails respeitantes a este caso (João Marcelino na dia da publicação do e-mail fatal já o deu a entender – “O que contamos está evidenciado nesses documentos e a autenticidade daquele que é o mais relevante foi-nos confirmada por um dos destinatários”)?

    – Será que entre esses outros eventuais e-mails consta algum (ou alguns) com origem ou enviado com conhecimento a Lima – já nem equaciono a possibilidade de alguém ter dado CC ou BCC ao “SENHOR” (relembro que, na altura, o e-mail da PR era, pelos vistos, considerado seguro, pois no e-mail de Luciano Alvarez de 23/4/2009 refere-se explicitamente no ponto 11 que “O Lima sugeriu-me que tratasse com ele (Lima) desta história por e-mail porque estão com medo das escutas”)?

    – Será que foi receando (ou percebendo) que esses eventuais outros e-mails poderiam estar na posse do DN (ou doutros orgão de comunicação social) que o PR decidiu, para antecipar o controlo de danos, afastar Lima das suas actuais funções, conservando-o, no entanto, em Belém para: (Hipótese 1) poder existir algum peão protector a sacrificar no caso desses eventuais outros e-mails problemáticos virem a ser publicados?; (Hipótese 2) não correr o risco de hostilizar excessivamente alguém como Lima que sabe certamente demais sobre este e outros casos?

    – Será que foi antecipando, também de forma preventiva, a futura publicação desses eventuais outros e-mails que o PR criou o alarido em torno da suposta vulnerabilidade informática dos e-mails de Belém?

    Enfim, não sou muito dado a prognósticos, mas se esta “limonada” amarga entornar, prevejo que o PR, qual filósofo “socrático” recém-convertido, repetirá muitas vezes aos seus apóstolos a velha máxima do “só sei que nada sei”…

  12. E os nossos irmãos galegos, também, Reis.

    Em relação ao ppd que anda por aí, ferrugenta, cavaco, fernandes, marcelos & cia, não se esqueçam as palavras-chave são: opus dei e buracos nos bancos.

    Dantes eu não ligava muito a isso da opus dei, agora percebi que é uma trave fundamental da direita portuguesa.

  13. obrigado z, saudos galegos .
    interesso-me moito pela tua ultima frase. Concordo. E a trave da que não se fala, e a que explica moitas coisas.
    Marcelo, é do opus?. num jornal da minha cidade, nom importante, um articulista que vive em Lisboa, crego, antigo secretario do bispo, escreve a miudo relatorios sobor de Portugal ( político-relixioso ou social). Está moito Preocupado pola união do centro-direita português .
    adicou recentemente um artigo a Marcelo Rebelo como persoeiro de frande futuro e sobor dos seus valores relixiosos, pondo em destaque por parte dele como esprime em público e na sua actividade política o seu sentido relixioso. Que é moito corajoso na defensa dos valores cristians em público. Recordava que os católicos espanhois não se atravem a fazer tal.
    Aquí poucos se atrevem a fazer tal coisa para que nom se confuda con nazonal-catolicismo das datas franquistas.

  14. obrigado reis, saudações daqui também,

    eu não conheço a opus dei. aliás aquilo é meio secreto, só te posso dizer que, visto de fora, a probabilidade de o Marcello ser de lá é muito elevada. São terríveis esses gajos – Deus não permita que alcancem mais poder são os meus votos.

  15. concordo, caro, esperemos que Deus não seja do opus, e que não permita tal coisa, Deus está bem no ceio.

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