Sabes quem é o José Reis? Se calhar sabes, se calhar nem precisas de ler isto: José Reis – Nota biográfica. Nesse caso, saberás que ele é um dos nossos melhores, pertence à elite académica e intelectual, tendo inclusive percorrido os corredores alcatifados do poder governativo. E, sabendo já tanta coisa, também sabes que é um dos principais subscritores do Manifesto 3D. Este intróito para acamar o seguinte naco da sua prosa:
Há consensos, mas não há compromissos. É esse o problema. E é esta situação que urge superar através de um compromisso exigente de ação política concreta, positiva, que construa uma solução e não se fique pela oposição. O compromisso é uma das artes mais difíceis da política e da democracia. Os compromissos, ainda por cima, nunca caem do céu. Têm de ser demonstrados, reclamados, exigidos com voz forte. É isso o que se faz no manifesto 3D (Dignidade, Democracia, Desenvolvimento) para Defender Portugal. Não é mais tolerável que a esquerda que tem burilado os seus programas, cuidado da resistência e detalhado a denúncia, se agarre aos seus pergaminhos apenas para se reafirmar a si mesma, sempre pronta a sublinhar as diferenças que existem entre si mas pouco capaz de assumir as responsabilidades de ser alternativa e de governar, coisa que só pode fazer em conjunto. Esta esquerda fragmentária tem estado demasiado fixada em hipotéticas vantagens que amealhará em futuros longínquos e irrealistas, e sempre depois de desgraças. E tem estado muito pouco atenta ao povo, que a direita – que nunca hesita perante o poder – vai fazendo sofrer. A paralisia da esquerda perante a governação é o grande favor prestado à situação e à alternância que não é alternativa. Por isso, a direita está sempre perto da governação, que monopoliza. Isso permite-lhe sonhar que, quando estiver em minoria, sempre pode ser parceira de um PS que a outra esquerda hostiliza e muitas vezes lança para campos que não podem ser os seus. Ao contrário, uma esquerda empenhada em governar e em identificar os compromissos que servem o povo é uma condição maior para responsabilizar o PS perante os seus deveres e perante si mesmo. Trata-se, pois, de assumir que toda a esquerda pode governar porque sabe estabelecer acordos entre si. É esta a principal prioridade da ação política alternativa, hoje.
A urgência da construção de uma alternativa
Estamos perante um parágrafo. E um parágrafo, recomenda a boa doutrina, deve ser um argumento; isto é, deve expor uma ideia num qualquer grau de integralidade. Neste parágrafo, o argumento sintetiza-se ligando as primeiras duas frases com as duas últimas: Há consensos, mas não há compromissos. É esse o problema. […] Trata-se, pois, de assumir que toda a esquerda pode governar porque sabe estabelecer acordos entre si. É esta a principal prioridade da ação política alternativa, hoje. Pois bem, de que acordos se fala? O texto não o revela, sintomática ironia. Bem ao contrário, o que resulta do encadeamento das frases, neste e nos restantes parágrafos, é o alimento do discurso ambíguo, omisso e sectário que, na aparência, se queria evitar e denunciar.
Vejamos, apenas recorrendo ao supracitado parágrafo:
– O termo “esquerda” é utilizado maioritariamente no sentido de representar aquelas forças que estão à esquerda do PS e que têm fugido das responsabilidades governativas.
– Declara-se que a direita tem o monopólio da governação, o que, portanto, faz do PS um partido de direita se estiver a governar.
– O PS é apresentado como um híbrido, ou um vácuo, não sendo de esquerda nem de direita.
– O PS é tomado como um partido sem carácter, volúvel e instrumental para a direita.
Coerentemente, o próprio Manifesto 3D declara não estar interessado em acordos com o PS. O convite é só para os mais puros, a esquerda verdadeiramente verdadeira. E só nessa franja, esse segmento, esse fio da navalha, já há desafios homéricos que cheguem e sobrem. Isto porque, como se constata pelo honesto esforço de um honesto José Reis, proclamar boas intenções é um bocadinho diferente de fazer alta política, a tal declarada arte do compromisso que o autor exalta. Mas donde virá a dificuldade? Que impede gente tão intelectual e vivencialmente capaz, talentosa e matura de cinzelar uma qualquer proposta que mereça o interesse e a discussão dos simples – ou, tão-só, que faça o milagre de reconstruir o espelho partido onde cada um dos narcisos se poderá mirar por toda a eternidade?
Seja lá o que for, é o mesmo que impede uma leitura objectiva da história recente. Recentemente, estes estupendos esquerdistas preferiram entregar o povo sofredor à tal direita “que nunca hesita perante o poder” em vez de “responsabilizar o PS perante os seus deveres e perante si mesmo“. Enquanto o estimável José Reis não for capaz de explicar por que desarranjo do destino tal aberração aconteceu, e fatalmente voltará a acontecer, ficará a manifestar-se unidimensionalmente.
“Do seu Curriculum Vitae faz parte ter sido… blábláblá… e candidato a Reitor da Universidade de Coimbra…”
Muito bem, Val. Estes pensadores só ganham “dimensão” quando a esquerda está no poder e não descansam enquanto não correm com ele da governação, mesmo sabendo que vão depositar o poder todo e absoluto (como aconteu recentemente) nas mãos desta gente que bem conheciam e sabiam ao que vinham. Apetece-me mandá-los a todos à bardamerda. Nunca como em 2011 a direita tinha manifestado a sua verdadeira face e intenção. O presidente Cavaco deu o tom exacto na tomada de posse, quando em 2009 já tinha mostrado ao país aquilo de que era capaz. Depois foi só alçar ao poder um fedelho irresponsável manipulável até ao absurdo. Todos os josé reis viram e tiveram tempo para meditar. Mas o ódio ao único partido de esquerda que sempre aceitou governar era tal que os cegou a todos. Pois vejam o trabalho que arranjaram para o povo para quem, efectivamente, parece que sempre se estiveram cagando. Agora é tarde para arrependimentos. Penso que as esquerdas, aqui e por esse mundo fora, foram ao tapete. Por demérito próprio. Claro que a direita não vir rir por último. Mas agora ri que se farta e ridiculariza as esquerdas.
percebe-se por que é que o ps – ainda que por culpa própria e principalmente devido ao facto de teimar em não tratar da prisão de ventre que mantém uns tais de brilhantes e seguros agarrados aos divertículos do aparelho – não consegue fazer acordos com essa gente vinda dos mais hediondos monturos de portugal. são piores do que a direita, nomeadamente por cheirarem mal, sendo que o cheiro é uma coisa importante, designadamente nas humanas relações entre as pessoas que não são dessa esquerda.
não sabia desse homem nem do manifesto. sei agora. e também sei o que são compromissos e do que precisam para o serem efectivamente: clareza absoluta das partes assim como ao que se propõem. e o senhor fala de compromisso sem, ao não clarificar, se querer comprometer. mas isso já está brilhantemente dito no texto.
Esta esquerda(?) tipo doença infantil repete o mesmo pensamento que a outra donde normalmente veio.
Apesar do socialismo real, de Allende, Fidel e outros casos semelhantes continuam pensando que se pode governar apenas e sempre à esquerda e como tal a qualquer revés duma medida esquerdista exigem nova dose de mais e maior esquerdismo e assim sucessivamente até chegarem, necessariamente, à ditadura totalitarista.
Porque o PS, tal como as pessoas têm dois pés e uma cabeça ao centro, os pássaros e os aviões duas asas e igualmente a cabeça ao centro, um comprimento tem um centro e dois lados, o PS dizia, para governar tem também de utilizar ora uma ora outra asa mantendo a cabeça centrada na frente. E porquê? Porque a classe média que representa tem precisamente essa composição e tem a cabeça no centro e é precisamente aquela que aceita a mudança para a esquerda quando temperada e adequada.
É por isso que o pcp vende a ideia que o PS é de esquerda ou direita conforme os casos para depois o apelidar de nem carne nem peixe ou de empata. Também esta esquerda infantil tipo bloco e 3d não percebe que o PS é como é porque a vida das pessoas que contam para transformar o mundo são da mesma natureza progressista que o PS.
À esquerda do PS todos querem viver apenas com a metade esquerda de um corpo que, naturalmente, para sobreviver precisa do corpo todo. E pior é que, não percebendo isso nem sequer querem reforçar para inclinar a caminhada mais vezes para a esquerda do que para a direita.
O pcp nem conta porque esse pensa que lhe basta a ponta da asa com um motor para voar sempre inclinado para o mesmo lado, logo a queda será sempre o seu destino.
julgo que o prof.josé reis,militou ou foi proximo do pcp.isto, talvez explique a sua linguagem sobre o ps .que se fundam, são os meus votos!