Louçã merece todos os elogios que tem recebido. É, por conquista própria, uma figura que pertence ao património cívico e político da comunidade que somos. Há valor na sua pessoa, no seu trajecto profissional e na sua entrega à causa pública. Portanto, ainda bem que pudemos contar com ele e melhor para nós se pudermos continuar a ter o seu verbo e a sua energia.
Mas Louçã igualmente merece algumas das repreensões que calhe receber. Como eu, muitos votaram no PSR e no BE só por adesão à sua promessa de renovo da esquerda, estagnada pelo conservadorismo e sectarismo do PCP desde o 25 de Novembro. Muitos se emocionaram com as suas tentativas para entrar no Parlamento, onde o imaginávamos a concretizar a imagem do pauzinho na engrenagem. E muitos, durante a maioria socialista, viram nele uma via para puxar o PS mais para a esquerda, essa esquerda romântica e imobilista, em negação face ao tempo e seus ecossistemas globais. Uma esquerda, enfim, já esquecida de Marx, por isso sem defesas perante aqueles que garantiam consistir a luta pela protecção dos mais frágeis e dos remediados na permanente recusa de tornar o presente dialéctico. A migração de eleitores do PS para o BE, em 2009, tinha vários factores na sua origem, sendo a reacção corporativa dos professores um dos principais, todavia um e só um propósito: retirar a maioria a Sócrates e forçar um Governo de coligação ou um acordo parlamentar com o BE. Nenhum daqueles que ofereceu a Louçã a melhor noite da sua vida política, em que até se viu à frente do PCP, pretendia que o Bloco mandasse nisto, queriam era castigar Sócrates por este ter realmente ousado governar o País.
Louçã foi ficando cada vez mais demagógico em resposta à eficácia executiva do Governo de maioria PS, num exacto simétrico da estratégia da calúnia assumida pelo PSD e CDS face a igual impotência política para desenvolver projectos apelativos para o eleitorado. O conflito com Lurdes Rodrigues, e a inevitável pressão de ajustamento que Portugal teria de assumir por estar na União Europeia e na Zona Euro, deu-lhe uma legião de fanáticos para brincar aos generais. E ele brincou. Brincou e acreditou que era possível não mais largar o brinquedo. Imaginou-se o novel imperador de uma coisa a que chamou faraónicamente de “esquerda grande”, a qual não se sabe o que pretendia embora não houvesse dúvidas de que Louçã trataria de nos explicar quando nos considerasse preparados para a grande revelação. E o caminho era só um: partir o PS, continuar a partir, escavacar sem parar. Foi assim que o vimos a recusar qualquer diálogo com o Governo minoritário de Sócrates, a cooptar Alegre, com o desastroso resultado de inviabilizar outra candidatura presidencial no PS e de oferecer a Cavaco a reeleição, e a ser cúmplice de PSD e CDS no seu ataque às finanças públicas e ao Estado Social aquando da crise do PEC IV. Foi para este belo serviço que os eleitores socialistas de 2009 lhe deram o voto? Nas eleições de 2011 descobriu que não.
O seu acabrunhante fracasso, nascido da sua megalomania e já afectado por crescentes laivos paranóicos, mostra que Louçã ainda é um político dos séculos XX e anteriores, profundamente enraizado numa matriz escolástica onde se tenta compensar pela oratória sermonária o que o pensamento não tem para dar. No caso, o que esperávamos de quem tanto prometeu era que pensasse mais em nós do que em si. Não foi isso que fez, e hoje em dia talvez nem tenha já consciência do estéril e anafado narcisismo que entorpece o seu discurso. A esquerda, grande ou pequena, é outra coisa, caríssimo.
Subscrevo e, claro, gostaria de ter escrito, se para tanto não me faltasse “engenho e arte”.
Quem saiu caro foi quem enterrou o país; foi a troika que governa há 35 anos, o PS/PSD/CDS.
«No caso, o que esperávamos de quem tanto prometeu era que pensasse mais em nós do que em si»
don’t we all!
belo post
Nenhum daqueles que ofereceu a Louçã a melhor noite da sua vida política, em que até se viu à frente do PCP, pretendia que o Bloco mandasse nisto, queriam era castigar Sócrates por este ter realmente ousado governar o País.
Val: nesse sentiod, também podemos dizer que passos coelho está a governar realmente o pais, não achas?
“Foi assim que o vimos a recusar qualquer diálogo com o Governo minoritário de Sócrates, a cooptar Alegre, com o desastroso resultado de inviabilizar outra candidatura presidencial no PS e de oferecer a Cavaco a reeleição, e a ser cúmplice de PSD e CDS no seu ataque às finanças públicas e ao Estado Social aquando da crise do PEC IV. Foi para este belo serviço que os eleitores socialistas de 2009 lhe deram o voto? Nas eleições de 2011 descobriu qu”
Algumas perguntas: que garantias tens valupi, que sócrates quis negociar com louçã,o o governo da nação e o pec IV? 2ºpergunta: Porque é que tu valupi, gostas tão pouco de manuel alegre, não sendo ele comunista ou bloquista? Qual é o mal para ti valupi, alguém proclamar-se de esquerda?
PEC I, PEC II, PEC III, PEC IV … depois o V, o VI, o VII e outros. Como é possível continuar a defender um governo PS que tinha que tomar medidas de direita? Ou havia (há) outra saída, no momento que se viveu e vive? As medidas de direita devem ser tomadas por governos de direita. Se o PS é de direita, então Louçã e o BE cometeram uma heresia …
O PEC IV era a 4ª tomada de decisão contra o povo, em favor dos que tudo tem (PPPs, Banca, PT, GALP, TAP, BES, BPI e outros grandes grupos económicos). Quem começou a entrega dos cerca de 5.000 milhões de euros no BPN?
Duma vez por todos, registem isto: a saída do poder de Sócrates foi um determinismo e um bem para quem pode, hoje, afirmar-se como oposição a medidas de direita. Poderia fazê-lo se por lá estivessem, hoje por hoje? Não me parece!
Valupi: o que é para ti a esquerda, caríssimo?
ai ai , eu já paguei quota no be , eram simpáticos os do política xxi , o Ivan , o Boaventura. ainda não me dei de baixa , preguiça , mas deixei de pagar a quota há bué , quando o louçã deviu mais importante que o ivan.. adoro monges ,( os meus maristas , melhores gajos não há ) detesto padres. há toda uma dipherença.
(ph porque a letra de pharmacia está avariada no meu teclado :)))
não vais querer uma redacção maior , pois não? please ..poupa-me.
Val, picaram-se!
Um exercício interessante é trocar, neste texto, o nome de Francisco Louçã por José Sócrates. Façam-no, e terão a discrição quase exata da personalidade do dito cujo. Val, amigo, cure-se da “pecomania”. Recupere, e acorde para vida.
a esquerda é um artiphicio usado pelos gajos que nos governam à vez e que sabem desde o livro do Phitoussi que não há governo phora do mercado , logo essa divisão esquerda/ direita acabou há que tempos , mas continua a ser usada para comprarem phradulentamente o voto duns gajos que ainda vão no mito posto a circular pelo Churchill.
eu tenho liberdade política ? não tenho . não a posso exercer. tenho em teoria. na prática ? voto no programa que está votado ao incumprimento ou voto no outro com igual destino ? esquerda ? direita ? dá igual. o mercado é que manda , logo , raciocíonio lógico , à Aristóteles , voto sempre igual a cheque em branco ; assinar cheque em branco só ingénuos palermoides phazem , oh Churchill do tempo em que não todos os homens eram criados a ração e capados ; voto então nulo , que branco .. com tanto vigarista à solta ainda lá põem uma cruzinha onde não estava nada.
Quase, quase perfeito, e bastava pouco, era só qualquer coisa sobre pequena esquerda de Sócrates.
A esquerda e a direita, por inerência também o centro, são conceitos relativos, não absolutos. São relativos à História e às histórias dos seus protagonistas. Por exemplo, a designação de “liberal” pode nomear alguém tanto à esquerda como à direita, dependendo do século e geografia onde tal tenha uso.
Dito isto, informo que não sou de esquerda, sou do centro. A esquerda, seja lá ela o que for para cada qual, será sempre uma parte de um todo que a ultrapassa. O mesmo raciocínio para a direita.
E o que é o centro? Para mim, é o lugar da reunião das diferenças, do diálogo entre os diferentes, da procura daquela diferença decisiva e benéfica para o maior número.
Neste contexto, repetir que Sócrates executava políticas de direita, o mesmo Sócrates responsável pela primeira diminuição da pobreza em muitos e muitos anos e o mesmo Sócrates responsável por inúmeras medidas de desenvolvimento e protecção do Estado social e da igualdade de direitos entre os cidadãos, só pode vir da cegueira mais sectária. É essa mesma cegueira que põe reaças e comunas de braço dado, unidos contra um inimigo comum – precisamente aquele que tentava modernizar e autonomizar a sociedade.
Não há fuga possível para esta evidência: este Governo tenta destruir o que levou décadas a construir, um conjunto de estruturas que trouxeram o Portugal do Estado Novo para a civilização dos países plenamente democráticos. Quem permitiu que tal acontecesse são precisamente os mesmos que fizeram do PS o seu inimigo principal. E eis o resultado.
Ranhosos e imbecis, parabéns. Têm exactamente aquilo por que lutaram esganiçados.
oh vaitaphoder! se dá igual, abstém-te, não bebas.
já percebi , és do mercado. portanto , um vendilhão manhoso situasionista pró status . tás pheito , não descanso enquanto não te expulsar , a ti e aos teus colegas vendilhões do “centro ” do templo. olé , torito !!
“Não há fuga possível para esta evidência: este Governo tenta destruir o que levou décadas a construir, um conjunto de estruturas que trouxeram o Portugal do Estado Novo para a civilização dos países plenamente democráticos. Quem permitiu que tal acontecesse são precisamente os mesmos que fizeram do PS o seu inimigo principal. E eis o resultado.”
Oi? Deixo outro desafio: imagine que Portugal apenas tivesse na sua assembleia os seus correligonários ideológicos (os centristas do CDS, do PSD e do PS) desde o fim do Estado Novo ao Estado actual? Com certeza que tais conquistas que duraram décadas a construir ou não teriam existido (pelo menos nos mesmos termos dos atuais) ou estariam definitivamente comprometidas. Pense em que os defende acerrimamente e quem os põe em causa. Deixe o vinho.
é pá l , tu desculpa , mas lê lá o que escreveste. tanto cliché . estruturas , décadas !! até parece que phoram 500 anos , 50 décadas – é que só são 4 , no máximo- e que as estruturas não se resumem praticamente a estradas sem circulantes ( phonix , que as portagens estão pela hora da morte) . as escolinhas do botas phoram quase todas phechadas não phoi? aquelas do interior , de quando os lobos uivam , com poucos alunos? muito caras pró erário do centrão. e tão longe ? os militantes desempregados à espera da criação de um instituto ou de uma comissão de acompanhamento querem qualquer coisinha mais perto de casa , não é ?
e phaz- me imensa conphusão que intentes colar princípios de mediação a partidos. centrão não é igual a ” todos ganham” , por mais que enganosamente publicites que é.
Caro :)),
Estou contigo, como sempre.
Mas repara que, de facto, não ha (nem nunca houve, pelo menos desde o neolitico) governo fora do mercado. Porém, correlativamente, também não ha mercado sem governo…
Portanto, muito da teologia que por ai grassa é puro fogo de palha.
Agora que a teologia tem sido utilizada nos ultimos 30 anos em detrimento do trabalho, contrariamente ao que sucedeu nas décadas anteriores, e que isso se deve principalmente à lamentavel falta de discernimento, logo de pugnacidade, da esquerda, isso parece-me fora de duvida…
Boas
zé, tu não vives, nem nunca viveste, em Portugal, certo?
Zé, atão se não foram os “centristas” os autores das conquistas alcançadas, quem foram?
Quantas vezes o PCP e o BE estiveram no governo? Quantas vezes tiveram a maioria no parlamento? Quantas vezes estiveram a favor de politicas dos governos “centristas”, especialmente das do PS?
Atão se não governaram, se não apoiaram, se não conseguiram passar a esmagadora maioria das suas propostas de lei, que raio construíram?
Estão a perfilhar o bebé feito pelo vizinho, não estão?
” o que é o centro? Para mim, é o lugar da reunião das diferenças, do diálogo entre os diferentes, da procura daquela diferença decisiva e benéfica para o maior número”.
Val, e será mesmo possivel combinar visões diferente da economia? Em termos de austeridade, se estivesses no govenro que medidas que tomasses seriam o reflexo do teu centrismo? Pergunto-te: se o centrismo era esse ovo de colombo com que nos vendes, então porque é que o centrismo falhou em todos os paises como passou, como a inglaterra e a espanha? Porque é qu-e na alemanha, esse centrismo traduziu-se em medidas liberais que ultrapassaram a própria cdu?
Como é que podes acusar os “comunas” de andarem de braço dado com nos comunas, se tu próprio defendes que a esquerda dê a mão a esses reaças?
A voz do vazio centrista falou, e nem reparou que a «evidência» àcerca do governo actual, que apresentou no final do seu manifesto «politicamente correcto», «pós-ideológico» ou «pós-moderno», não é uma conclusão lógica ou digna de um centrista aberto ao diálogo e às diferenças.
Porque um tipo tão «aberto» e «dialogante» devia estar disponivel para aceitar a «destruição» das estruturas que os liberais, ou neoliberais, consideram ser prejudiciais ao bom funcionamento do «mercado livre». Um tipo tão «aberto» e «dialogante» nunca devia utilizar palavras como «destruição» para caracterizar o rumo social e económico do país, quando o que está em causa é apenas o reformismo (como o Pinto de Sousa tanto defendeu), ou a refundação (como disse ontem o Passos), do Estado e das suas funções. Um tipo tão «aberto» e «dialogante» e que assume o seu centrismo devia adaptar-se aos tempos que correm, e por isso devia acompanhar a deslocação para a direita que, supostamente, o «centro» sofreu, em vez de atacar irracionalmente o governo centrista actual. Até porque, se o próprio Pinto de Sousa representava (para quem não é «sectário») a «esquerda» moderna, um «centro» moderno à la Valupetas só pode passar por integrar as perspectivas neoliberais que há uns anos eram consideradas de direita ou reaccionárias (mas que hoje são de centro-direita, né?), e por aceitar as propostas do Passos para resolver os problemas de Portugal, nomeadamente aqueles que têm a sua raíz no preâmbulo da Constituição, esquerdista e pouco centrista, portuguesa.
Sim, esquerda e direita são conceitos relativos, mas a questão não é essa. A questão é que socialismo, social-democracia, liberalismo, etc, não são conceitos relativos (e nem os liberais dos EUA são exemplo que contrarie esta ideia), mas assentam em princípios bem determinados, que o Valupetas prefere ignorar. Mais: o que está em causa é que o Valupetas é ele próprio relativo, e nessa medida não defende nenhuma visão ideológica particular, mas apenas o diálogo e a convergência entre diferentes (como fica bem dizer a qualquer tipo politicamente correcto). Isto é, defende o diálogo entre os «diferentes» que partilham do mesmo pensamento dominante «centrista», e da mesma agenda politica (que na actualidade passa por fazer «reformas»). Porque o relativismo do valupetas conduz apenas a isso: em ser a voz do pensamento dominante, do centrão variável mas sempre dominante em determinada época ou em determinada geografia. É a voz do sistema e da situação. É actualmente a voz da Merkel, mas, como qualquer papagaio, parece que ainda não se apercebeu disso…
o mais ridículo é que certos comentadores, depois de toureados e bandarilhados, querem ver orelhas cortadas…desgraçados deles, e dos outros que de nada têm culpa..
Valupi, subscrevo o post a cem por cento. Como sempre aconteceu noutras circunstâncias, a satisfação pela convergência de ideias e pela forma exata da sua expressão não me levaria a dar disso pública notícia. Mas o teor de muitas das réplicas que o post, aliás mais concretamente o seu autor, recebeu deixa-me de tal forma enojado que não quero deixar de juntar o meu nome a outros alguns que o aplaudiram. Talvez o anime, se de tal precisa, a não desistir.
Sei que não tenho assinatura reconhecida, não a busco nem a mereço, mas sofro, na consciência e na pele, a mediocridade e a má-fé deste governo, e tive com Sócrates, se não as medidas sempre certas, pelo menos a clareza da intenção e uma fundada esperança.
Deixe os seus animados detratores continuarem o seu arrazoado de pacotilha, eles já não têm correção possível… o sofrimento e a má-sorte do povo nada lhes dizem. Gostavam, talvez, de trocar o experimentalismo do Gaspar pelas velhas receitas com que eles mesmos se lambuzam, mas que muito bem escondem.
anonimo, eu falo em diálogo e tu perguntas pelas minhas soluções. Tens de começar pelo princípio: “diálogo”. Só quando perceberes este vocábulo é que podes passar para o entendimento do que fazer com ele.
Diálogo foi o que Sócrates propôs após as eleições de 2009 e antes do chumbo do PEV IV. Há variadas declarações dele e de outras figuras de topo do PS a fazer esse apelo. Do lado da oposição o que se viu foi o desejo de terem um Governo minoritário, primeiro, e de irem para eleições, depois. Estes são os factos.
Caso a oposição quisesse, em Março de 2011, teria sido possível encontrar soluções que evitariam a vinda da Troika e do seu programa. Agora, sofram, mas não digam que não foram avisados.
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Armando, este blogue tem 7 anos. E o grau de hostilidade nos comentários, actualmente, é mínimo, uma brisa, comparado com o que foi no tempo em que a blogosfera tinha alguma importância sociológica. Pelo que agradeço o apoio mas vou entregá-lo a estes infelizes que por aqui passam para discursarem com o seu umbigo.
” eu falo em diálogo e tu perguntas pelas minhas soluções. Tens de começar pelo princípio: “diálogo”. Só quando perceberes este vocábulo é que podes passar para o entendimento do que fazer com ele.”
Muito bem, concordo com diálogo.Mas como combinar uma visão social-democrata com uma visão liberal-conservadora? E o actual governo não será por acaso um governo centrista?
“Diálogo foi o que Sócrates propôs após as eleições de 2009 e antes do chumbo do PEV IV. Há variadas declarações dele e de outras figuras de topo do PS a fazer esse apelo. Do lado da oposição o que se viu foi o desejo de terem um Governo minoritário, primeiro, e de irem para eleições, depois. Estes são os factos.
Caso a oposição quisesse, em Março de 2011, teria sido possível encontrar soluções que evitariam a vinda da Troika e do seu programa. Agora, sofram, mas não digam que não foram avisados.”
Posso estar enganado, mas sócrates apenas propôs diálogo ao psd e ao cds-pp, ou seja aos partidos da direita.Não será mais honesto dizeres que não foram o pcp e o be a desprezarem sócrates, mas sim sócrates e o ps a desprezarem a sua esquerda parlamentar?Falas muito de coligação negativa dos ranhosos de esquerda com os da direita,mas penso que é importante frisar-te que se houve algum partido compagnon de route da direita, vindo da esquerda na maior parte das votações tanto da 1º como na 2ºlegislatura, esse partido foi o ps.
Já que estás tão informado sobre esses assuntos, penso que podes esclarecer-me as seguintes duvidas: Alguma vez sócrates, vendo que a direita ia reprovar o pec IV, lembrou-se de chamar ao diálogo os partidos da esquerda, tendo em vista melhorar o conteúdo do pec IV, de forma a este ser menos doloroso para a classe média? Porque é que o pec IV continha medidas liberais e recessivas, em vez de medidas menos agressivas para as pessoas? Não achas que sendo “melhor” que o memorando, não seria possivel fazer algo melhor que as medidas do pec IV?
Acho importante isto ser esclarecido
O imbróglio do PEC IV foi intencional, antes de ser negociado já estava a ser carimbado em Bruxelas. Um excelente escape. Lembra-te, Sócrates demitiu-se. Repito, a não aprovação do PEC IV do PS não implicava a saída do governo: foi uma decisão do governo e do Sócrates em demitir-se. Não negociou, demitiu-se.
Zé, a tua visão da política é soviética, daí teres dificuldade em compreender a democracia. O PEC IV tinha de ser previamente negociado com os parceiros europeus, inerências de pertencermos à União Europeia. Mas seria sempre o Parlamento português a ter a última palavra. Por isso, após a formalização do apoio europeu, ocorrida a 12 de Março, o Governo passou as semanas seguintes a tentar desesperadamente que a oposição viabilizasse o acordo através da negociação das medidas. As declarações de Sócrates e outros ministros ao tempo não foram apagadas da Internet, estão à disposição de quem preferir factos a parvoeiras.
Obviamente, sendo o PCP contra a UE e o Bloco contra qualquer responsabilidade governativa, para mais ambos tendo o PS como alvo prioritário das suas estratégias, estar à espera que eles se unissem ao Governo para evitarem a vinda da Troika era o mesmo que estar à espera que o Oceano Atlântico se dividisse ao meio para construir uma auto-estrada até ao Brasil. Daí chamar-se “arco da governação” aos partidos dispostos a assumir o encargo de defender os portugueses no Governo e pela governação.
Dizes que o chumbo do PEC IV não implicava a queda do Governo. Como essa é uma ideia completamente absurda, gostava que a explicasses melhor para aferir do seu grau de imbecilidade. Conta lá, então: o Governo ficava impossibilitado de respeitar os seus compromissos europeus (o PEC é um instrumento obrigatório), impossibilitado de se defender do ataque dos mercados, impossibilitado de obter financiamento externo, e o que faria a seguir? Conta lá. Por favor, conta-nos.
De facto, a tua capacidade interpretativa é inversamente proporcional à tua facilidade em insultar. Posto isto, eu repito ” a não aprovação do PEC IV do PS não implicava a saída do governo: foi uma decisão do governo e do Sócrates em demitir-se. Não negociou, demitiu-se.”
Com signos para perceberes melhor: não era aprovado -> negociava -> aprovava -> não se demitia. Em suma: era repetir, com algumas diferenças, o sucesso negocial das versões I, II e III de um instrumento obrigatório e anual.
“o Governo passou as semanas seguintes a tentar desesperadamente que a oposição viabilizasse o acordo através da negociação das medidas.”
Ai, foi? Então o que falhou no IV que tinha resultado I, II, III (esta aqui é para aferir o teu grau de desnonestidade crónica)?
Zé, quem precisa de perceber o que escreve és tu. Aproveito para te convidar à leitura da versão que tem setinhas e negritos e tudo.
Também falas em sucesso negocial das versões anteriores, pretendendo equiparar os contextos e as agendas partidárias respectivas. Acho que tens de largar imediatamente a vinhaça.
No final, repetes o argumento que tinhas apresentado antes, o que faz de ti alguém que acumula o delírio com o aborrecimento.
Bom, mas cá vai: nada falhou no PEC IV, pois a direita conseguiu exactamente aquilo que queria após ter garantido a reeleição de Cavaco. E os imbecis fizeram a sua imprescindível parte, sem a qual o plano de Belém e da Lapa não resultaria.
Val, admiro a sua paciência. Publique-lhes os tristes comentários, mas para quê responder-lhes? Deixe-os a falar sozinhos que é isso que eles temem. E obrigado pela sua coerência, lucidez e firmeza.
Mas alguém está convencido, que na eventualidade do pec 4 tivesse passado, aquilo ainda sobreviveria. A coisa só se safava se Louçã, fosse capaz de ver para além do umbigo, e Sócrates do alto do 1,90m que não tinha, mas fazia de conta que sim.
Manojas, estas caixas de comentários são também para isto, estes exercícios de água mole em pedra dura ou de abanão.
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fernando f, não se trata de garantir que o PEC IV chegava, pois ninguém sabe o que seria necessário a seguir posto que a realidade é dinâmica e imprevisível. Trata-se de reconhecer que o PEC IV era milhares de milhões de vezes preferível à Troika.
Pois Val, mas isso era para gente, ‘veja-se o malabrismo do Rajoy para a evitar’, mas não para aqueles, em que ‘ela’ substituiu a revisão constitucional.
Pois, Valupi,
Milhares de milhões de vezes preferivel. O problema é que o PEC III também era milhares de milhões de vezes preferivel ao PEC IV, e o PEC II idem em relação ao PEC III…
Dito isto, concordo muito com o comentario do fernando f, sendo apenas que acho que a questão principal não se esgota nuns centimetros a mais ou a menos nos orgãos respectivos do Louçã e do Socrates (mas dizer isto neste blogue é um bocado como “mijar para dentro de um violino” conforme diz a bonita expressão francesa).
Boas
joão viegas, tu ainda não percebeste sequer o que seja o PEC, pois não? Tu achas que é assim um acto extraordinário, só cá para os indígenas à beira-mar plantados, que devia resolver os problemas todas à malta de repente, né? Confessa lá…
E aposto que para ti, a partir de 2008, também não existiu crise internacional nenhuma a trocar as contas ao Governo, nem a partir de 2009 existiu um Governo que foi deixado minoritário para poder ser constantemente boicotado, nem a partir de 2010 existiu uma crise das dívidas soberanas europeias e enterrar a Europa numa deriva austeritária que só tem agravado os problemas iniciais.
Mas ficas sempre feliz quando cagas a tua posta de pescada. E isso é bom, porque te faz sentir bem.
Mas, Valupi, repara que se eu, e mais a crise internacional, e mais os ranhosos de esquerda e de direita, não tivéssemos a raiva de insistir na nossa vaidosa e ingrata ignorância, não terias esta fantastica ocasião de seres o unico a escrever posts lucidos e sempre acertados para anunciar o proximo reino de Socrates…
Descansa que vem ai a redenção. Ja vejo nevoeiro…
Boas
qual nevoeiro qual caralho! tás mas é embaciado com a zurrapa do correio da manhã.
joão viegas, larga o tintol.
“A oposição derrubou o Governo por considerar que o PEC IV impunha intoleráveis sacrifícios aos cidadãos. Um ano depois, as sementes do documento deram fruto. Serviu de base ao memorando negociado com a troika, e muitas das suas medidas foram implementadas e, até, aumentadas pelo actual executivo.”
Resumo: o PEC IV tinha “as sementes” para o fruto recessivo que hoje nos alimenta. De destacar a lista de privatizações, a subida de impostos (consumo, etc.), a diminuição da massa salarial, os despedimentos mais baratos, o ataque à negociação colectiva, etc. Após o PEC IV, e o memorando, com a suas 5 revisões, apenas veio, na maioria dos pontos, aprofundar o que estava previsto no PEC IV. Quem defendia (defende) o PEC IV, e arrisca afirmar que era aquele documento de intenções que ia impedir o empréstimo da troika, defende as contra-producentes medidas que estavam lá inscritas. Mais: desvaloriza o contexto internacional da crise e acredita que é com políticas recessivas que se recupera as contas do Estado e a economia de um país.
Apontamento histórico: A Alemanha e a França não cumpriram os seus PEC e não foram penalizados. Consequências: aligeiraram as regras e condições do PEC. Continua a haver quem não o cumpre. Consequências: nenhuma. Conclusão: o PEC é uma valente treta e reflecte uma visão económica congruente apenas com uma ideologia económica que está em voga nesta Europa, e com as suas culpas no estado a que chegamos.
Lá anda a voz do vazio centrista a fazer de papagaio da Merkel. Agora acusa os outros de terem dificuldade em compreender a democracia, quando o tipo é que não aceita a vontade expressada pelo parlamento no sentido da não aprovação do PEC IV. Segundo o tipo, o PEC IV era uma coisa «porreiríssima, pá», pois até tinha recebido o apoio da Merkel (perdão, o apoio dos «parceiros europeus»), cabendo ao parlamento português viabilizar aquilo que foi cozinhado em Berlim (perdão, em Bruxelas). Numa democracia já não há, portanto, espaço para abstenções nem para votos contra, só sendo admissiveis os votos a favor, segundo o especialista em governação centrista e aberta às diferenças.
Depois faz-nos uma revelação «surpreendente»: o porreiríssimo PEC IV não era nenhum «acto extraordinário». Afinal, o porreiríssimo PEC IV era, como o nome indica, apenas a quarta parte de um plano económico mais amplo que interessa e é necessário aprofundar e dar continuidade. Afinal, o porreiríssimo PEC IV não pretendia evitar a aplicação de um programa troikista, mas era apenas um momento desse mesmo programa. Desse programa que anda a «destruir aquilo que levou décadas a construir», segundo a tal voz centrista que não se conforma com o facto do Pinto de Sousa não ser o homem responsável pela execução desse projecto «destruidor». Perdão… Desse projecto reformador e modernizador.
Zé, é provável que a tua dieta consista em baldes de merda que comes à colher, mas a defesa do PEC IV não é feita por ninguém que eu conheça com base no argumento de que as políticas recessivas são boas. Porém, se conheces, informa a malta, please.
A defesa do PEC IV é feita apenas por comparação com a situação actual, onde a Troika impõe o seu programa sem que Portugal tenha soberania suficiente para o recusar. Isto é aquilo que resultou objectivamente do chumbo no Parlamento contra a vontade do Governo e do PS.
Achas que ficaste a ganhar? BE e PCP garantiram que era o melhor, que o ideal era correr com Sócrates e ir para eleições. Se calhar, eles é que têm razão e o resto dos milhões de portugueses que viram a sua vida piorar muito, muito e muito mais é que estão enganados.
João viegas no aspirina anda gente que no 25 de abril já tinha responsabilidades familiares.Não é canalhada.Sabem o que passaram antes e depois de abril com os os adeptos que diziam que socialismo só havia um.Na união sovietica à bomba:ainda tenho presente as bombas na sede do Pc sovietico,na china foi por decreto.Qual é a tua alternativa a esta merda que gerou dois abortos que ainda exercem funçoes mesmo fora do prazo de validade,para desgosto dos nativos de cuba e coreia,onde os pecs já vão no lindo numero de 75600. sem direito a contestaçao nem a voto? ganha juizo meu rapaz,pois ainda vais a tempo.Por que surgiu o congresso das esquerdas? quem o promoveu? porque sentiram necessidade de o fazer? Resultados= Zero. Utilizo esta argumentaçao porque voçes já nos viram a governar.Tudo que cheira a abril foi proposto e votado maioritariamente e executado pelo ps.como voçês com 8 e 9 % não governam tenho que ir aos exemplos de paises que vos inspiraram e pelos vistos continuam.
O pec quatro era uma tentativa para não termos a troika .A espanha está a fazer o mesmo,já aplicou varios pecs para resistir ao pedido de resgate.O resto é conversa da treta dos adeptos do social-fascismo e do salazarismo.Os extremos mais uma vez se tocam!
@Val, de facto tens um problema em interpretar a realidade. Não podes defender uma política recessiva (PEC) com o argumento de adiar políticas recessivas (memorando). O que eu entendo da tua posição é que tudo é (era, foi) uma questão de grau (típico do centrismo): com um pacote recessivo moderado não teríamos um pacote recessivo extremo. Por favor. São as políticas que estavam lá inscritas que são erradas (mais uma vez, a realidade prova).
@nunoCM, dou-te a mesma resposta que dei ao “adiantado mental” do val. Mais: sobre os extremos: existe também um “extremismo do centro” (o nazi fascismo).
Zé, queres à força toda agarrar-te à evidência de que as políticas recessivas são prejudiciais – algo que ninguém aqui contesta ou contestou e algo que estava na base da recusa de Sócrates em entregar o País à Troika. Estás agarrado a essa bóia de salvação para não teres de pensar nas consequências do chumbo do PEC IV.
São assim os irresponsáveis, incapazes de olhar para o efeito dos seus actos.
Defendes incongruências, e não consegues argumentá-las logicamente. Um exercício, para ver se percebes a coisa: PEC I (consequência) -> PEC II (consequência) -> PEC III (consequência) -> PEC IV … bater na tecla de que a aprovação do PEC IV impediria a vinda da “troika” é, digamos, desonesto. Na essência partilham a mesma política recessiva e, vê lá, tanto pelo historial dos PEC (4 em um ano) como pela implementação do memorando, a realidade diz-nos que as políticas dos PEC e do memorando falharam e falham redondamente.
zé, também tu não fazes ideia do que seja um PEC. Mas podes estudar, não estás condenado à relvice.
Muito menos tu. portanto.
Ele há famílias…
“or isso, após a formalização do apoio europeu, ocorrida a 12 de Março, o Governo passou as semanas seguintes a tentar desesperadamente que a oposição viabilizasse o acordo através da negociação das medidas. As declarações de Sócrates e outros ministros ao tempo não foram apagadas da Internet, estão à disposição de quem preferir factos a parvoeiras.”
E isso quer dizer o que concretamente valupi? Que o sócrates estaria disposto pela primeira vez a negociar com o pcp e be, de forma a suavizar as medidas? É que se sim,pronto, até se aceita o teu ponto de vista.Mas se não havia hipótese de aprovar o pec , sem se negociar primeiro as medidas, então ai, a responsabilidade é do governo anterior
Anyway, nunca vi nenhuma declaração de sócrates a querer negociar com a esquerda(nem havia interesse de sócrates, isso não dizes ne?, mas sim com o psd e cds.
Caro Nuno CM,
Estas equivocado. Nem sou do BE (votei neles ocasionalmente, mas foram mais as vezes em que votei PS), nem o proposito dos meus comentarios é apontar o Socrates como grande responsavel de tudo o que nos acontece de mau.
O proposito dos meus comentarios é precisamente o oposto : dizer que estas guerras acerca das “culpas” não levam a lado nenhum, ou pelo menos a lado nenhum onde não tenhamos estado ja, sem grande proveito.
O que me interessa é saber o que fazer hoje.
Não vejo como responder à questão sem procurar o que estava errado na politica de correr atras do proximo PEC. Isso não iliba o BE, nem o PCP, nem a Europa, nem tão pouco a crise internacional, das famigeradas “culpas” que tanto obcecam os leitores deste blogue. Mas obriga a procurar um bocadito mais longe…
E ja agora, contrariamente ao Valupi, eu não pretendo deter verdades absolutas. Em nada. Portanto até admito, em hipotese, que se calhar o nosso anfitrião é que tem razão e que tudo não passa de uma questão de cow boys e de indios, na qual o que interessa é estar do lado do bom pistoleiro.
Julgo apenas, do alto da minha ignorância, que essa hipotese é um pouco menos provavel do que a contraria…
Boas
j.viegas,respondo agora,porque fui visitar os meus pais no interior,graças a socrates que me tirou 3 horas de trajeto.Joãoquando um dia nos encontrarmos com prazer conversarei contigo.Nesta casa, procuro não dar trunfos ao inimigos da democracia.
Zé, estás esquecido! nazi/ fascismo, foi o grande concluio dos comunistas na guerra civil de espanha! o rr,precisa de ir ir ao medico.Já só se lembra( mal) dos factos mais antigos. Sabes bem que Sócrates convidou tambem o pcp e bloco para darem sugestoes para ajudar à resoluçao dos problemas num quadro de governo minoritario.Assumir compromissos não é tarefa do agrado dos comunistas.Quando acontece roem a corda,como em frança com o pc. françês.
Zé tens razão o Val ´é efectivamente um adiantado mental.Outros há que são atrasados o que é bem pior como tu sabes.Não o conheço a nao ser daqui,mas vale a pena lê-lo mesmo que se discorde.é na minha modestissima opinião brilhante.Ontem ouvi os pros e contras,sobre a comunicaçao social. Pergunto:Quantos dos que lá estavam ,não gostariam de escrever como o val e muitos mais que frequentam os blogues.eu infelizmente sou filho de uma geraçao em que os filhos mais velhos (a trabalhar) ajudavam os pais a pagar aos irmaos mais novos a faculdade que eles não tiveram acesso por dificuldades economicas.Sinto-me feliz pela resposta positiva que eles deram.Para todos que estão nestas condiçoes(de qualquer credo politico) e aos outros ainda em pior situaçao como a que vivemos atualmente ,vai o meu abraço de amizade e solidariedade.
@nuno, o val é de certo um “adiantado mental” mas com uma falta de “tacto”, com uma má-educação crónica e um histeriónico de primeira com toneladas de arrogância. Quando ao “extremismo do centro” ele existe, sem dúvida.
Outra coisa, mas o que é isto: “nazi/ fascismo, foi o grande concluio dos comunistas na guerra civil de espanha!”? Quer dizer que o Franco era comunista? Por favor.
“Sabes bem que Sócrates convidou tambem o pcp e bloco para darem sugestoes para ajudar à resoluçao dos problemas num quadro de governo minoritario.Assumir compromissos não é tarefa do agrado dos comunistas.Quando acontece roem a corda,como em frança com o pc. françês.”
Ai é? Podes-me apresentar as provas ou a informação onde soubeste disso? Estranho não haver noticias E se fosse ao contrário achas mesmo que o ps/sócrates aceitaria colaborar com eles, se fosse o pcp ou o be no governo?
E sabias que vais ter de pagar nas proximas décadas essa autoestrada??