Se neste processo for substituído o director-geral é gato escondido com corpo todo de fora e trata-se simplesmente de uma intervenção do Governo num órgão de comunicação social que, como ele [José Sócrates] disse várias vezes, lhe era incómodo.
Ferreira Leite a 24 de Junho de 2009
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Muito mentem os mentirosos que produziram e trouxeram até nós a Política de Verdade. De toda a verrina que a Manela despejou na comissão de inquérito, o cúmulo da falta de vergonha é ter dito que Sócrates fez mal em ter impedido um bom negócio. Havendo um prémio Nobel da Lata (e de lata) era teu, Manecas.
Estávamos a dois meses das Legislativas. O Presidente da República fez da possibilidade do negócio um caso político da maior gravidade, não havendo memória de tamanha intromissão Presidencial num acordo entre privados. A oposição em peso saltou com os dentes afiados e o cheiro a sangue. E a presidente do PSD dá uma entrevista onde garante saber que o Primeiro-Ministro mente e pretende afastar Moniz por vingança e para alívio. Conclusão: estavam todos a influenciar o negócio menos Sócrates.
Usando o lendário poder de raciocínio de Ferreira Leite, que tão desopilantes momentos proporcionou durante o período em que liderou os socias-democratas, podíamos também pensar que a última situação que interessava a Sócrates, e ao PS, era a notícia daquele negócio naquela altura. O aproveitamento feito veio legitimar a estratégia do PSD e de Cavaco, a qual apostava nos ataques de carácter como forma de descredibilizar Sócrates e Governo. Assim, havendo conhecimento prévio e poder de influência, pareceria mais inteligente que Sócrates tivesse impedido o episódio. A mesma lógica para o fim do Jornal de Sexta, já agora, que só prejudicou o PS e reforçou a máquina das suspeições.
Já se sabia, e ficou provado para além de qualquer dúvida, que nem Sócrates nem Governo tinham qualquer plano para dominar meios de comunicação e afastar pessoas. Contudo, alguns membros do Gabinete do engenheiro poderão ter sonhado com isso. Como a Judiciária, por carência orçamental, ainda não se equipou com aquelas maquinetas que permitem gravar sonhos alheios, o PSD – da dupla mais funesta da política portuguesa nos últimos 20 anos, Manela e Pacheco – mobiliza o Parlamento para apanhar o Primeiro-Ministro por causa do que outros imaginam a seu respeito, não pelo que factualmente fez.
Este vale tudo, nascido e alimentado no ódio, é lã a mais para a democracia.
Eu cá como continuo sem perceber nada, vou-me deixando estar sem perceber nada: o costume.
Já agora não seria de recuperar o impagável «jornal de sexta» dos bonecos? Aquele em que aparece o falso Vasco Correia Guedes a enterrar-se na cadeira e a gaguejar? E o porquinho chamado babe? E a «jornalista» em Londres a mostrar o envelope do Freeport? Não se podia colocar esse boneco como comment?
Na Assembleia não é preciso provar o que se diz ou que se bolsa ?
Então, presidente da comissão e dos números imperfeitos, olhe que assim vai para o inferno que é aquele lugar muito quente para onde, outrora, os tais padres mandavam os pecadores.
Jnascimento
é incrível, não é? Mesmo sabendo-se que em Política comem-se vivos, ainda assim o desplante,
corrijo: política.
De manhã cedo, Rui Pedro Soares pede a Paulo Penedos que fale com Américo Thomati (quadro da PT e presidente da Comissão Executiva do Taguspark, por indicação de Rui Pedro Soares), e com João Carlos Silva (ex-presidente da RTP nomeado por Vara, advogado e actual administrador executivo do Taguspark), para saber se «o assunto que falaram há uma semana está tratado» (referindo-se ao Taguspark e Luís Figo). Às 11 horas, Penedos telefona a Thomati:
PAULO PENEDOS – Olha uma questãozinha: vocês estão em condições desta quinta-feira nós fecharmos os contratos do Mourinho e do Figo?
AMÉRICO THOMATI – Eh pá, mas eu precisava levar… O João Carlos Silva ficou de me fazer um papel que é para ele apresentar como plano comercial, porque ele é que tem a área comercial e foi isso que ficou. Portanto, se ele trouxer na quinta-feira, acerto isto na comissão executiva e podemos acertar! Mas vamos lá ver, isto foi falado quarta-feira da semana passada, não é?
P.P. – É.
A.T. – Eh pá, portanto, tenho de falar com o João Carlos Silva, que é fundamental ele trazer o papel, não é?
P.P. – Ok, está bem. Desde que ele tenha o papel, nós as minutas do contrato já temos, se ele tiver o papel… para a rentabilização comercial…
A. T. – Era simpático, em primeiro lugar, passarem isso para eu ver o que vem no contrato porque esses contratos depois terão que ser parcelares aqui para casa. Por isso é fundamental eu ver os contratos antes de ir para a Comissão Executiva, não é? Não pode, não é? Temos de ver os contratos. Ver os contratos na parte que me cabe.
P. P. – Sim,sim,sim…
A. T. – Na parte que me cabe, o resto não preciso ver.
Duas horas depois de falar com Américo Thomati, Paulo Penedos fala com João Carlos Silva, pormenorizadamente, sobre os contratos em causa:
PAULO PENEDOS – O Rui quer levar na próxima quinta-feira as minutas dos contratos do Luís Figo e do… do Mourinho à Comissão Executiva do Taguspark.
JOÃO CARLOS SILVA – Eh pá, não conseguimos levar na quinta à Comissão Executiva…
P.P. – Quer dizer, as minutas dos contratos.
J.C.S. – Podemos levar à Comissão Executiva é o projecto de…
P.P. – De rentabilização comercial.
J.C.S. – Tás a perceber? Porque levar já os contratos, aquilo era levar já a merda toda cozinhada e isto não dá dinheiro… A gente tem de cozinhar isto de maneira a isto dar dinheiro… A gente tem de cozinhar isto de maneira a tapar os olhos dos outros, tás a perceber?
P.P. – Ah…
J.C.S. – E eu, como amanhã vou estar com o Isaltino [presidente da Câmara de Oeiras, accionista do Taguspark], mas como o objectivo da minha conversa é precisamente benzer… não dizendo quais são os objectivos últimos mas os objectivos da Taguspark. Não é?
P.P. – Sim, sim, sim…
J.C.S – É preciso dizer a estratégia disto, não é? Agora, o que nós podemos fazer é o que estava combinado, era aprovar isto na Comissão Executiva e depois os contratos somos nós que os fazemos. Não é preciso a Comissão Executiva dar poderes para negociar nos contratos.
P.P. – Então, aprovavas o plano comercial na quinta-feira.
J.C.S. – Aprovamos o plano de promoção.
P.P. – E depois entras tu na dança… com… com os representantes legais do Figo e do…
J.C.S. – Eu até tenho já uma reunião marcada com ele, com o gajo representante do Figo.
P.P. – O Macedo?
J.C.S. – Sim, está marcada. Ora deixa-me cá ver: eu acho que é para quinta… exactamente, quinta, às três e meia.
P.P. – Pronto, e a vossa Comissão Executiva é a que horas?
J.C.S. – Será, em princípio, de manhã.
P.P. – Está bem.
J.C.S. – Portanto, tenho a reunião marcada com o representante do Figo. Amanhã vou ao Isaltino. Entretanto, amanhã de manhã, porque nós também para aproveitarmos isso vamos ter que gastar dinheiro, vamos ter que fazer um filmezinho…
P.P. – Espera aí, diz-me lá uma coisa. E o representante do Mourinho e os gajos da Gestifute [empresa de agenciamento de jogadores e treinadores de futebol, entre os quais José Mourinho], também tens o telefone deles?
J.C.S. – Não, não tenho.
P.P.– Então vou pedir à Milu que depois te dê os contactos deles
J.C.S. – Ok.
P.P. – Mas espera para ver se estamos de acordo. Eu vou transmitir ao Rui, então, que, aprovado o plano comercial na quinta-feira, tu, ainda a propósito de quinta, desencadeias as negociações contratuais com os representantes legais dum e doutro…
J.C.S. – Exactamente.
P.P. – … em termos que a assinatura dos contratos propriamente ditos não ultrapassará a outra quinta feira.
J.C.S. – Pois…Quer dizer, nem é preciso na outra quinta porque nós… eu faria isto de uma maneira que depois não preciso levar o contrato para aprovar na Comissão Executiva. E mas sim para rabiscar, para tomar conhecimento.
P.P. – Por fim, quando estiverem fechados, tu assinas…
J.C.S. – Eu e o Thomati, agora tratamos disso os dois.
P.P. – Tá bem, vou transmitir isso.
J.C.S. – Podes dizer ao Rui o seguinte: que eu, entretanto, com o Figo, até já tinha marcado para quinta-feira às três e meia e que nós na reunião da Comissão Executiva é que vamos aprovar o plano promocional e o respectivo orçamento, não é? E o valor de custo, etc., e então um mandato a mim e ao Thomati para fazer os contratos, para desenvolver os contratos da maneira que melhor entendermos, não é… que proteja os interesses da empresa! Portanto, a seguir a essas reuniões, a gente na semana seguinte já consegue ter os contratos prontos, feitos e assinados. E depois, à Comissão Executiva o que levamos é a ratificação dos contratos. E eu entretanto, amanhã, já estou com o Isaltino a… criar cama para isso.
P. P. – Sim senhor.
J.C.S. – Porque nós amanhã, amanhã vamos reunir com os gajos da parte da execução propriamente dito, para os spots promocionais. Porque nós, se o Mourinho está disponível para entrar num vídeo institucional, nós vamos ter é que preparar, vamos ter que gastar um bocado de dinheiro nessas merdas…
P.P. – Tá bem… Olha, depois o contrato do Mourinho tem que ter uma cláusula… mas depois tu quando estiveres a redigir dás-me um toque. Que uma das actividades, ou um dos compromissos que ele tem que assumir, e apoiar a título de naming write.
J.C.S. – A título de quê, de quê?
P.P. – Direitos de nome, naming write, tem que apoiar a Faculdade de Motricidade Humana, que é aquela que o doutorou, a que o doutorou.
J.C.S. – Está bem, está bem.
P.P. – Tem que dar o nome a um pavilhão que lá vai ser feito.
J.C.S. – E esse pavilhão vai ser feito na Faculdade de Motricidade Humana?
P.P. – Sim, sim.
J.C.S. – Que é no Jamor, não é?
P.P. – Isso não sei.
J.C.S. – Acho que é no Jamor.
P.P. – E a título… É por isso que no contrato ele tem que ficar já obrigado a permitir a utilização do seu nome nesse pavilhão.
J.C.S. – Pois, agora a questão é como a gente justifica o nosso interesse nisso. Talvez seja melhor fazer através de uma side letter.
P.P. – Ok.
J.C.S. – Uma carta lateral em que ele diz que associado a esse contrato assume essa responsabilidade.
DN
Versão integral do documento de Júdice
22 Abril 2010
Algumas ideias para a negociação no assunto Tagus
1. Com a maior urgência e, se possível antes de quaisquer contactos externos, deverá ser assinado um Acordo entre todos os investidores interessados em vincular-se ao projecto
2. Deverá ser realizada, se possível ainda na primeira quinzena de Outubro, uma reunião de pré-negociação não vinculativa, em Lisboa, com o administrador delegado Manuel Polanco, que deverá pelo nosso lado ser liderada pelo project leader do Cliente (dr. Rui Pedro Soares), acompanhado pelos consultores financeiro e jurídico.
3. Nessa reunião, a coberto do dever de sigilo absoluto assumido pelas partes devido aos deveres de comunicação imediata de informação privilegiada, deverão definir-se as linhas gerais a negociar entre as partes com vista a alcançar o acordo pretendido:
a) Aceitação de princípio da venda de 30% do capital da holding portuguesa do Grupo, por um preço a definir sujeito a Due diligence;
b) Definição do calendário da negociação dos contratos, da DD, e da formalização do acordo de venda, tendo presente os constrangimentos legais decorrentes do regime regulatório, concorrêncial e de mercado de capitais aplicável à operação.
c) Aceitação de que o acordo de venda preveja uma put e uma call, por valores diferentes e em datas distintas, que permitirá ao Cliente a eventual aquisição de mais 40% do capital da holding portuguesa;
d) Aceitação do princípio de um direito de preferência a favor do minoritário na venda de quaisquer acções pelo maioritário até ao momento do exercício dos direitos previstos na alínea anterior;
e) Aceitação do princípio do tag along para a hipótese de o Cliente não pretender exercer direito de preferência;
f) Acordo de princípio quanto à composição do Conselho de Administração por comum acordo, quanto ao princípio de que o minoritário deverá indicar membros para o CA, de que o Presidente do CA deve ser personalidade prestigiada que seja aceite por ambas as parte e quanto aos critérios da escolha do presidente da Comissão Executiva para as duas hipóteses previstas de ser maioritário ou monoritário.
g) Acordo de princípio de que haverá distribuição de pelouros entre administradores executivos indicados por cada uma das partes, que será definido o conteúdo dos poderes delegados em cada Administrador antes da aquisição e quanto à forma de substituição dos administradores.
h) Acordo de princípio quanto à resolução – antes da aquisição – de todos os casos concretos em que se acorde ser necessário reestruturar executivos e chefias;
i) Acordo de princípio quanto à suspensão de quaisquer decisões de carácter estratégico, reestruturação (incluindo qualquer extensão ou redução) de empresas/unidades de negócio do grupo em Portugal.
4. Assumindo-se que na reunião de pré-negociação se alcance um acordo genérico no sentido de que os pontos supra-mencionados constituem a base de negociação dos head of terms a acordar no futuro entre as partes (envolvendo os respectivos representantes com poderes para as vincular) deverá ter uma reunião da equipa do Cliente acima mencionada com a estrutura directiva ao mais alto nível do Grupo Prisa para:
a) Confirmar, clarificar, detalhar e aprofundar as linhas gerais de um futuro acordo, tal como definidas em Portugal.
b) Definir o calendário de negociação e o processo de DD.
5. Esta reunião, a realizar em Madrid, deverá ter lugar até ao final do mês de Outubro, se possível.
6. Assumindo-se o resultado positivo desta reunião em Madrid, deve iniciar-se de imediato o processo de negociação a concretizar pela equipa técnica financeira e jurídica, com eventual presença do dr. Américo Thomati, tendo em vista a ultimar uma minuta de acordo para aprovação pelas administrações das duas partes, dentro de um prazo pré-definido.
7. Seguir-se-á, também em prazo pré-definido, uma fase de DD sujeita aos constrangimentos legais aplicáveis em virtude do regime de mercado de capitais.
8. Na sequência de uma satisfatória DD, será assinado o contrato de venda e o acordo parassocial, eventualmente sujeitos às condições suspensivas necessárias em virtude do regime aplicável à transacção.
9. Na sequência da assinatura do contrato de venda e do referido acordo parassocial, será de imediato lançada OPA e serão cumpridos os deveres de informação ao mercado Português e Espanhol.
Americo Thomati disse ontem na CIP que quanto muito o TagusPark teria capacidade para adquirir 1% do capital da TVI. Isto prova claramente que este documento Judice e completamente falso pois seria impossivel a TagusPark comprar a maioria do capital da TVI para poder alterar os seus orgaos sociais. Isto nem o Genio de Carvalhal conseguiria fazer. Eca de Queroz foi injustamente esquecido pela SAD do Sporting .Ele poderia comprar os 22 jogadores que o clube necessita para a proxima epoca investindo apenas 1% dos seus passes. Genio de Queroz como diria Val.