Quando trabalhei no Chiado, via-o muitas vezes. Sempre sentado no mesmo sítio, sempre uma visão brutal, insuportável. E repetia para mim as perguntas comuns a milhares de outros que se confrontavam com a horrenda deformação: Que está aqui a fazer? Quem o poderá ajudar?
Afinal, estava ali – quer disso tivesse esperança ou não – para que aparecesse quem o podia salvar.
Basta uns segundos para se ter a mais brutal das visões e a dimensão de que tudo o resto é insignificante.
Nunca o tinha visto!
Leonor Costa Pinto
E eu recordo-me de o ver inúmeras vezes em Queluz, onde ele residia há alguns anos. Nunca mais o vi, mas nunca me esqueci da sua amargura, da sua tristeza. Finalmente terá oportunidade de viver a vida em pleno.
O meu desejo é que ele viva por muitos anos e, de preferência, sem sofrimento ligado a esse tumor.
Coitadinho. Que provação essa. Que passou e passou com excelência, como se fosse um exame. Fico muito feliz por ele, e é bom que estas notícias sejam dadas, para ver se nos pacificam o coração e despertam sentimentos que, não raro, apesar de existirem em cada um de nós, se escondem no meio de tanta revolta que nos é provocada pela realidade quotidiana, quase sempre tão virada para o nosso umbigo.
A imagem que tenho dele é das centenas de vezes que o vi sentado em frente ao Nicola de BI na mão, como quem diz, isto não é uma máscara. Felizmente havia solução!