José Gomes Ferreira também sabe mostrar compaixão

José Gomes Ferreira é um dos melhores jornalistas portugueses de sempre e para sempre. Ninguém melhor do que ele é capaz de explicar o mal que o PS tem feito ao País, sendo capaz de o demonstrar com o mesmo desembaraço tanto no plano da economia, como na dimensão policial e judicial, como na esfera metafísica. Para além de ter um excelente programa governativo de Portugal já devidamente impresso e encadernado desde 2013 para educação do povo e morigeração das elites, a sua coragem no combate sem quartel contra os socráticos corruptos (passe o pleonasmo) ficará lendária nas gerações seguintes.

O nosso herói esteve há dias a entrevistar Carlos Costa. Há quem diga que este Sr. Costa partilhou com Armando Vara não sei o quê na Caixa Geral de Depósitos. Ora, Gomes Ferreira é pago pelo mesmo patrão que paga a um conselheiro de Estado para dizer que Vara era o “todo-poderoso” na CGD, o mesmo patrão que paga à magnífica Manuela Moura Guedes para dizer que Vara é o culpado pela recapitalização da CGD em “quatro mil milhões”, entre outras desgraças a pedir o regresso da pena de morte. Seria de esperar que o aquilino e implacável jornalista não perdesse a oportunidade para finalmente revelar à Nação como é que as coisas é, ó Zé. Inevitavelmente, Carlos Costa sabe como foi possível roubar tantos milhões à frente de toda a gente, gente do PSD e do CDS na sua maioria, com responsabilidades na administração desse banco público. Será que Vara chegava mais cedo às reuniões e metia droga nos bules de café e jarros de água, provocando um estado de submissão e amnésia aos restantes administradores? Será que na noite anterior enviava fotos comprometedoras a cada um dos participantes nas comissões alargadas de crédito, ameaçando publicar os vídeos se eles não aprovassem a roubalheira? Ou será que ia para os conselhos de crédito com um colete de explosivos e ficava de pé junto à porta a ouvir instruções de Sócrates até o pessoal aprovar o que ele queria? Carlos Costa sabe e José Gomes Ferreira sabe que ele sabe, porque José Gomes Ferreira sabe tudo o que se deve saber.

Pois. Só que a entrevista chegou ao fim e ficámos na mesma. Na mesma não, sejamos justos. A fazer fé em Carlos Costa, nada de ilícito se passou na CGD, sendo que até teve tempo para lembrar que o banco era auditado por entidades externas que nunca viram aquilo que a gente séria que frequenta a Cofina, o Grupo Impresa e o Conselho de Estado jura ter visto, provado e comprovado. E o valente José Gomes Ferreira lá deixou o fulano ir embora sem o ter obrigado a responder a uma única pergunta sobre a colossal corrupção que Vara espalhava diariamente na CGD. Como explicar o fenómeno? Talvez recorrendo a uma declaração do estupendo e isento Carlos Costa, algo com que ele tem comprado a protecção da gente séria:

«Nós só temos a retoma que temos hoje porque tivemos um programa aplicado de forma rigorosa e com convicção»*

Carlos Costa, cúmplice principal de Passos e Cavaco no afundanço de Portugal em 2011

* Tradução:

Foi graças à entrada do FMI castigador dos estróinas e dos madraços lusitanos, e ao fanatismo de Passos Coelho na sua fúria para ir além da Troika custasse o que custasse, que hoje andam para aí uns socialistas armados ao pingarelho a gozar-se do tratamento que demos aos piegas instalados na sua zona de conforto nesses gloriosos anos da austeridade salvífica, 2011 a 2015.

5 thoughts on “José Gomes Ferreira também sabe mostrar compaixão”

  1. O José Gomes Ferreira é um mal intencionado, não há corruptos, nem ladrões banqueiros, ele tem pesadelos e acorda aos sobressaltos.
    Não vá ao psiquiatra, que ainda acaba num cilete de forças.

  2. Há muita gente de direita que preferiu e prefere ver o Governo do país dependendente do Partido Comunista do que entregue a uma entourage de oportunistas caluniadores sem vislumbre de patriotismo.

  3. Ele diz coisas mas eu fico deslumbrado e mal consigo ouvir. Olho e digo com assombro: é o Zé do BES, caraças!

  4. Não é o mesmo Gomes Ferreira que, durante a inauguração oficial das
    novas instalações do grupo Impresa, passou o tempo a dar pomada nos
    sapatos do Presidente Celinho? Se é, não há dúvidas é um mero estipên-
    diado com boca e conversa de palhaço!!!

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