Imbecilidades da esquerda imbecil

Transformar Salazar, Estado Novo e PIDE num tabu foi uma das maiores imbecilidades que os comunas fizeram contra as promessas democráticas do 25 de Abril. Ainda continuamos a pagar por esse silenciamento que perpetuou o atrofio cívico do anterior regime. Para o PCP, organizado para a clandestinidade, não havia qualquer interesse em regenerar a comunidade como um todo, antes importava segurar o monopólio da revolução e manter erguidas as barricadas.

Onde há interditos, há sectarismo, acefalia, culto. Fica bem numa pseudo-religião, não tem lugar na cidade livre.

30 thoughts on “Imbecilidades da esquerda imbecil”

  1. Pois é Val, dizes, e dizes bem. Durante mais de trinta anos estivemos sem contraditório. Só um lado vincava posições e mandava ventarolas. E, entretanto, o mundo foi mudando e com ele as novas gerações foram também tomando consciência do grau e dimensão da estupidez dos palermas que para aí batem no peito a gritar que são de esquerda, mas, ainda, de uma esquerda derrotada com a queda do muro, como, aliás, reza a história. Hoje, o historiador Rui Ramos permite-se, e bem, a reescrever a história do “Estado Novo” e de Salazar, a reabilitá-los como II República e como governante com aspectos de governação positivos. E esse livro vende, vende, e vende tanto, que já vai na 4.ª edição, apesar de custar 40 euros.

  2. Isto, vindo do critico de cajado sofista, estóico até a medula como ficará provado quando se fizer a autópsia rescaldona, grande Sabu Tabu, que não escreveu neste blogo uma única linha sobre o livro “Salazar, o Maçon”, nem sequer como notícia com bolinhas – e daí pouco competente para proferir leituras sobre visitas a oráculos que nunca o aconselharam bem – irá causar, mais uma vez, as mesmas e eternas interrogações mudas sobre o o seu autor: quem é este fulano, qual o seu tipo de sangue, foi à ou com a tropa, ainda usa bril-crime, quem lhe teria tirado os três vintens, etc.

  3. como é que é? vê-se uma palha no olho do vizinho e não se vê um tronco no nosso ? qualquer coisa assim , acho.
    blog mais sectário , acéfalo e cultor da divindade pinócrates que o aspirina b não há. ficava bem numa pseudo religião de querido líder , numa sociedade de esclarecidos é que não …é assim um bocadinho pró anedota.

  4. Palberico, exacto. Temos de conhecer para ajuizar. Durante muito tempo, e ainda hoje, os “proprietários do 25 de Abril” impuseram que se julgasse sem conhecer mais do que a sua versão onde são os heróis e os herdeiros da liberdade. Há que furar esse cerco, como, aliás, tem vindo a acontecer.
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    GiróFlé, larga o vinho.
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    uma qualquer, e achas muito bem. Se continuares a achar, ainda ficas rica.

  5. “Estou a usar “cidade” no sentido de “polis”. Também referência a cidadania, cívico, etc.”

    e eu estou a sorrir porque quando li o post imaginei que haveria quem lesse cidade como uma superfície com muitos prédios.

    Coisas, não é?

    :))))

  6. Val, mas que simpático. “Entonces” e o contexto (do uso da palavra) acrescenta um sentido particular à dita cuja…

    :)))

  7. Querido Val,

    Fiquei tão surpreendida com este teu texto.

    Sugiro que se revisite a história contemporânea e que se faça justiça. Os tabus, a terem existido, em torno de Salazar, Estado Novo e mesmo a PIDE, ocorrem num espaço temporal bastante afastado da esfera de influência político social do PCP.

    Há que não ser incorrecto. A atrofia do povo português deve-se à sua falta de esclarecimento, e este texto que aqui colocaste, com toda a legitimidade, afinal o blogue é teu, contribui com mais uns pontos para essa (in)cultura.

    Mas está claro que o passado fica sempre connosco. Aos filhos de ex-dirigentes do CDS haverá sempre lugar à frivolidade.

  8. Carmen, a esfera de influência política e social do PCP ficou como estigma que produz uma imediata reacção emocional de ódio visceral sempre que se tenta olhar para o Estado Novo com um olhar ideologicamente neutro, ou ausente. E o PCP, mas não só, contribuiu para a menoridade cívica pois não lhe interessa promover a democracia, apenas o controlo do partido sobre a sociedade. O BE faz o mesmo, repetindo o histerismo, embora com menos boçalidade. Fiquei foi sem perceber a relação entre o texto e as consequências que apontas: falas de que incultura?

    Entretanto, tenho uma má notícia para te dar, a qual ameaça a tua frequência deste blogue: eu não sou o Jacinto Lucas Pires. Esse boato foi criado algures no ano passado, e chegou a invadir a página do dito na Wikipédia. Pelos vistos, ele não a costuma ler, ou não liga nenhuma, pois ainda lá continua a referência. Mas não sou, lamento desiludir-te – nem nunca deixei (nem deixarei) crescer a barba, aproveito para informar.

  9. Onde é que aprendeste estas coisas, pá? Terá sido na Universidade Católica e nos colégios católicos para meninos-bem por onde passaste, e que te livraram das «lavagens cerebrais vermelhuscas»? Se não foi, parece, pois este discurso é decalcado do discurso que se costuma ouvir à direita, e que nos diz que ainda andamos a pagar pelos tempos do PREC. Só é ideologicamente neutro em cabeças que repetem a ideologia do momento e dominante, a cassete dominante e do momento. É que quem ler o que estes gajos dizem até pode ficar convencido que a nossa situação económica, cultural e social actuais se devem mais a um ano e meio de PREC do que a 48 de ditadura e/ou 35 de governação do bloco central. Um gajo que lê estes tipos até pode ficar convencido que o Cunhal é que é considerado como o «pai da democracia». O Soares que se ponha a pau…
    Está visto que para não se pertencer à «esquerda imbecil» se tem que adoptar a «inteligência» da direita… «Esquerda inteligente» é, pois, a «esquerda» que adopta como seu o discurso ouvido à direita, segundo o Valupetas. Nada de novo, portanto, por estes lados onde se tomam aspirinas anestesiantes… Anestesiantes, pois é sabido que este discurso, que encontra no PREC as raízes dos nossos males, está na base dos diversos ataques aos direitos (perdão, privilégios, segundo a mesma cassete) conquistados com o 25 de Abril. Aliás, estes gajos já andam a preparar uma nova revisão das leis laborais, ainda há pouco liberalizadas pelo Pinto de Sousa.

  10. Eu não subscrevo apagamentos do passado, como não acredito em reabilitações do mesmo, nem, por outro lado e a talhe de foice, em desculpas pelo passado. Venho de um país em que o passado está muito aberto, muito culpabilizado, muito presente e sempre muito falado. Mas não percebo o que se entende por “esse silenciamento que perpetuou o atrofio cívico do anterior regime. Para o PCP, organizado para a clandestinidade, não havia qualquer interesse em regenerar a comunidade como um todo”.
    O PCP, já se sabe, e eu afirmo o preconceito (o meu pelo menos), é uma “coisa” muito anti-democrática. “Tabuizar” o passado é ridículo, imoral, anti-democrático, claro. Agora também não sei se se pode regenerar assim tão facilmente a comunidade como um todo ou, até, se isso não será antes outra forma de apagar o passado. Acho que neste tipo de discurso não há linearidade possível. A neutralidade que se deveria sentir pelo passado é, afinal, uma impossibilidade da pólis.

  11. Caro Valupi,
    Fiz link deste post num texto que publiquei no A Nossa Candeia… infelizmente!!!!… porque vim a descobrir que a informação em que assentavam os meus pressupostos não correspondia à realidade… de qualquer modo, não retirei o post mas acrescentei, em itálico e negrito, a correcção possível… Um grande abraço :)

  12. Vamos por partes:

    O Estado Novo surge em que contexto politico e social ???

    É possível analisar o Estado Novo e as suas politicas neutralmente e não é possível analisar a clandestinidade do PCP neutralmente ???

  13. Blonde, tens razão, embora não a razão toda (como qualquer um de nós, nunca esquecer). E, para atalhar, e até fazendo alusão ao caso da Alemanha (se é daí que vens), a regeneração passava por aceitar que muitos dos que foram cúmplices, por actos ou omissões, com o salazarismo não tinham outra possibilidade. Foram levados na enxurrada da História, tal como milhões e milhões de alemães nos anos 30 e 40.

    Por cá, nestes 36 anos de democracia, a produção de estudos e obras de arte que nos iluminem os “48 anos de fascismo” tem andado a duas velocidades, devagar e devagarinho. Claro que cada vez há mais, mas isso porque se vem de um mínimo. Como a universidade ficou ocupada por académicos simpatizantes da retórica silenciadora, uma visão objectiva acerca de Salazar e sua máquina de poder tem sido penosa e melindrosa. Acima de tudo, como as questões de fundo ficaram abafadas pelo triunfalismo do PCP e pragmatismo dos restantes partidos, fomos avançando com reaccionários subitamente convertidos à democracia parlamentar e ex-Pides a maldizer as liberdades entre dentes enquanto beberricavam o café na esplanada.

    Mas concordo muito contigo na dimensão da responsabilidade individual, tanto para os agentes do passado como para os do presente. Assim, ir ao encontro da História obriga a assumir que se vai ao encontro de uma parte apenas, aquela que conseguimos ver. Porém, e precisamente por isso, há que falar do Estado Novo sem a retórica da esquerda imbecil, a qual continua a usar os espantalhos de antanho para o culto de poder antidemocrático.

  14. é sempre bom aproveitar as costas quentes do PCP, especialmente se for para descontextualizar a realidade.

    esse “tabu” de que falas foi alimentado por toda a sociedade democrática, especialmente por quem foi vitima do Estado Novo, inclusive muitos socialistas, como o Mário Soares.

    se em Espanha ainda há tantos “tabus” em relação à Guerra Civil, realizada há mais de setenta anos, é normal que o mesmo acontece em relação à Revolução de Abril e ao Estado Novo.

    se queres falar que o PCP ainda cultiva hábitos dos tempos da “clandestinidade” na sua própria organização, tudo bem, mas isso não têm muito a ver com os “tabus” que falas.

  15. Provavelmente já conheces, mas no museu do neo-realismo podes encontrar um acervo muito interessante de obras nascidas no estado novo.

    Depois, também não te podes esquecer que grande parte dos artistas com dimensão, abandonaram Portugal e regressaram na época do 25 Abril. Mas tens também o museu da Vieira da Silva, onde encontras um conjunto muito interessante de obras plásticas, realizadas por uma portuguesa durante o exílio.

  16. Ana Paula Fitas, não tem mal nenhum. Acontece a quem escreve fiando-se no jornalismo dito de referência.
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    Carmen, mas qual é a tua tese? Quem é que não analisa neutralmente a clandestinidade do PCP?
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    luis eme, concordo, o tabu tem outros coadjuvantes, mas porque esses eram os tempos. Aliás, também esse período até ao 25 de Novembro é fascinante e desconhecido enquanto narrativa consensual (ou estabilizada), por ainda estarem muitos protagonistas vivos, paradoxalmente.

  17. E, depois, o que tem piada neste gajo, saído dos bancos dos colégios para meninos-bem e com professores como o César das Neves, o Espada, e outros que tais ( cuja «neutralidade ideológica» é fácil de adivinhar) , é ele elogiar, enaltecer e defender a religião quando os cientistas-positivistas-anti-clericais a atacam, mas depois dar-lhes razão (directa ou indirectamente) ao classificar de «acéfalos», «sectários» e «idólatras» os partidos que se comportem como «pseudo-religiões» (para usar as palavras do Valupetas). Basta isto para perceber que o seu discurso tem pouco ou nada de neutral e muito ou tudo de desonestidade intelectual…

  18. In DN 09-06-10

    Quanto ao escritor Jacinto Lucas Pires, filho do ex-líder do CDS Francisco Lucas Pires, vai ser o mandatário para a Juventude

  19. Carmen, mas não há mal nenhum em expressarmos opiniões não neutrais, era só o que faltava (para além de ser impossível, pois somos sempre uma subjectividade única). Por “neutral”, uma vez que o conceito entrou na conversa, pressuponho a visão científica, filosófica ou literária que não está refém de um quadro ideológico mitificante. Trata-se, apenas, de ter liberdade para descobrir, pensar e voltar a descobrir. Ora, para estas vozes que fazem de Salazar uma figura inumana, diabolizando tudo e todos que com ele tenham relação, já não há nada para descobrir, apenas para julgar.

    Quanto ao Jacinto Lucas Pires, qual a razão para trazeres essa informação?

  20. Desculpa, desculpa!…

    Noticia o DN que é mandatário da Campanha de Alegre.

    Toda a liberdade para descobrir, mas mesmo toda. Agora o conceito tem de ser válido para ambos os lados, certo ???

  21. Ó Carmen perece-me que esse Jacinto Lucas Pires, seja ele quem for, tem que ser filho de alguém para ser alguma coisa :-D

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