No momento em que teclo, Biden vai à frente em mandatos e na probabilidade de chegar aos 270, mas não passa disso e o resultado final pode ainda demorar horas, dias ou até semanas. Para o Congresso, a desilusão e agonia é igual no lado do Partido Democrata, não apareceu uma vaga que consiga desbloquear o sistema. O que significa que, aconteça o que acontecer, Trump voltou a ganhar. Porque, mesmo que tenha de sair da Casa Branca, nunca irá reconhecer a derrota, irá lançar furiosas e maníacas teorias da conspiração, e deixa o caminho aberto para réplicas de si próprio – talvez logo dentro do seu clã – voltarem a meter o Partido Republicano no bolso.
A madrugada foi uma interminável e crescente experiência de humildade. Estes resultados de 2020 são muito mais surpreendentes do que os já inacreditáveis resultados de 2016. Porque 4 anos depois todo o eleitor americano sabe de ginjeira que Trump promove o racismo e grupos fascistas, que mente por sistema e orgulha-se de violar as leis, que despreza as mulheres e os mais fracos, que boicota a protecção climática do planeta e é responsável pelo aumento da epidemia de coronavírus no seu país e suas letais e socialmente devastadoras consequências. Como é que homens e mulheres, das mais diferentes idades, estilos de vida, regiões, conseguem ignorar este rol de misérias e dar-lhe o seu voto? Seja lá pelo que for, a democracia não é um concurso de argumentos ou motivações, é um simples cálculo de somar. E qualquer resultado é igualmente válido, eis a grandeza – e fragilidade – desta solução para se escolher quem vai governar numa dada comunidade.
Humilhação é outra palavra que se aplica à situação. Ver uma das mais desenvolvidas e historicamente fundamentais democracias a dividir-se para apoiar um tirano irresponsável e megalómano antecipa que a humanidade não deverá ser capaz de lidar com o crescente poder tecnológico que vai adquirindo. Quando a irracionalidade vence graças à democracia, ou ameaça voltar a vencer, as nossas crenças acerca da existência de uma preferência universal pela defesa dos direitos humanos fica irreversivelmente abalada, em queda.
Where is Roy Cohn …. logo, onde está a admiração ?
Em Portugal, Rui Rio anunciou, e cumpriu, não utilizar o Covid como arma de combate político. Nos EUA (e na Europa), a oposição a Trump agarrou-se desesperadamente ao tema Covid como tábua de salvação para tentar travar a sua reeleição. Apesar disso, neste momento, os números da pandemia são tão ou mais negativos em Portugal, e em muitos países europeus, do que na maior parte das regiões dos EUA e mesmo do que as médias nacionais. Depois Trump é que é um belzebu, mentiroso, demagógico, oportunista, fascista que ameaça a democracia. Acho um sinal de maturidade do eleitorado não embarcar facilmente em expiações simplistas de uma tragédia. Acho que Biden teria ganho mais votos se não se tivesse dedicado a esse jogo sujo.
Ai o Biden é que fez jogo sujo? Lê-se e não se acredita!
Quanto a Portugal, quem é que aqui – ou em qualquer parte da Europa – sabotou, como o Trump, a luta contra a pandemia? O cretino é que fez da sua iliteracia e do negacionismo do Covid uma triste política de combate, que teve a resposta que merecia. E vai perder as eleições pela atitude totalmente irresponsável e arrogante que exibiu.
Quanto aos belos resultados contra a pandemia na América, aí estão os números: em comparação com os EUA, Portugal tem metade dos casos de Covid e um terço das mortes por milhão de habitantes.
“Portugal tem metade dos casos de Covid e um terço das mortes por milhão de habitantes”
Tinha. Infelizmente, o ritmo agora é outro.
O povo alemão não era ignorante e elegeu Adolph Hitler democraticamente.
Pior, manteve-o no poder com o seu apoio. Basta ver as manifestações de apoio com as praças cheias de braço no ar.
Foi há 70 anos, na Europa. Deu no que deu, e parece que já toda a gente de se esqueceu.
Qual é a surpresa, mesmo ?
Ó Lucas Galuxo
Sinceramente! a COVID-19 nos EUA é uma carnificina. Uma vergonha para a superpotência mundial. Equiparados aos piores. Então da China leva uma coça épica. Haja noção.
Ó filho, “as nossas crenças (…) fica[m] irreversivelmente abalada[s], em queda”, a sério??
Que crençazinhas tão pífias…
Que seria de ti se tivesses vivido os anos trinta na Alemanha, ou na Itália (e já nem digo como Judeu…), e os anos quarenta, cinquenta e até sessenta em Portugal (e já nem digo como militante comunista…)???
Que seria de ti se tivesses nascido ugandês, centro-africano, ruandês, nicaraguense, chileno, sul-africano, cambodjano, sírio, iraquiano, húngaro, haitiano, checoslovaco, ou palestiniano????
Coragem, homem!
Haja respeito por quem sofreu e sofre na pele o que tu imaginas nas teclas.
Ora vamos lá aos realmentes.
Júlio: “Quanto a Portugal, quem é que aqui – ou em qualquer parte da Europa – sabotou, como o Trump, a luta contra a pandemia?”
Se a memória não me falha, a acusação mais grave que é feita à besta da Casa Preta, e com toda a razão, é a ligeireza e leviandade com que desvalorizou, durante muito tempo, o efeito positivo do uso de máscara. Se a memória não me falha também, foi essa, durante muito tempo, a exacta posição das nossas autoridades de saúde, nomeadamente da directora-geral da dita, Graça Freitas, que durante muito tempo não só desvalorizou como repetiu sistematicamente, com alguma ferocidade, que o uso de máscara era até contraproducente, quase chamando ignorantes e atrasados mentais aos que a usavam e/ou aconselhavam.
Júlio: “Quanto aos belos resultados contra a pandemia na América, aí estão os números: em comparação com os EUA, Portugal tem metade dos casos de Covid e um terço das mortes por milhão de habitantes.”
Se há coisa que me chateia é quando uma pessoa que respeito e quero continuar a respeitar perde o respeito por si própria.
É verdade, em termos relativos, que Portugal tem aproximadamente metade dos casos acumulados de covid dos EUA: 5253072 (161350 reais, vezes o factor de conversão 32,328, que é o número de americanos que existe para cada português), contra os 9919522 da América (dados de ontem, 5-11-2020).
É igualmente verdade, também em termos acumulados, que temos (um pouco mais de) “um terço das mortes por milhão de habitantes”: 269 tugas contra 726 cobóis.
Temos ainda, também em termos acumulados, aproximadamente metade dos casos por milhão de habitantes que os américas: 15840 contra 29907.
O que é lamentável, Júlio, dado que as nossas fontes são provavelmente as mesmas, é que não te tenha ocorrido referir os números que certamente viste tão bem como eu e nos permitem comparar a tendência mais recente de evolução da covid nos dois países (talvez de há duas ou três semanas para cá). Não te ocorreu a ti, mas ocorre-me a mim, portantes aqui vai:
Ontem, 5-11-2020, os EUA tiveram 118204 novos casos. Portugal teve 143576 (4410 x 32,557).
Também ontem, os EUA tiveram 1125 novas mortes. Portugal teve 1498 (46 x 32,557).
Isto, é claro, não é mérito do Trump, se acaso tens já essa acusação alinhavada, mas sim apesar do Trump.
Vamos agora ao Brasil, país que o Nobel da boçalidade Jair Bolsonaro atirou para uma situação absolutamente assustadora de (des)controlo da pandemia. A comparação dos números acumulados é, evidentemente, lisonjeira para nós. Já quanto à evolução mais recente, só não coramos de vergonha porque os nossos merdia de referência, sempre atentos, diligentes e obrigados, passam por ela como cão por vinha vindimada e tentam manter-nos numa caridosa ignorância. Aqui vão, sem caridade nenhuma, os números de ontem referentes ao “jogo” Brasil-Portugal:
Novos casos: Brasil 23317-Portugal 487698 (4410 x factor de conversão 20,916).
Novas mortes: Brasil 609-Portugal 962 (46 x 20,916).
Eureka! Somos campeões! Ou, em americano erudito: Aiô, Silver! Avante!
É claro que também isto não é mérito do jagunço Bolsonaro, mas apesar do Bolsonaro. O mérito é, por inteiro, dos profissionais de saúde brasileiros, que se têm esforçado por compreender o bicho e travar-lhe o passo.
Já que estou numa de generosidade pouco caridosa, aqui vão mais uns algarísmicos referentes a ontem, 5-11-2020:
NOVOS CASOS (COM CONVERSÃO TUGA):
Portugal 29441-Reino Unido 24141
Portugal 63186-Rússia 19404
Portugal 54699-Japão 938
Portugal 2165-Nova Zelândia 2
Portugal 11082-Austrália 12
Portugal 10315-Taiwan 1
Portugal 623107-China 28
NOVAS MORTES (COM CONVERSÃO TUGA):
Portugal 307-Reino Unido 378 (gloriosa excepção!)
Portugal 659-Rússia 292
Portugal 571-Japão 8
Portugal 23-Nova Zelândia 0
Portugal 116-Austrália 0
Portugal 108-Taiwan 0
Portugal 6500-China 0
CASOS POR MILHÃO:
Portugal 15840
Rússia 11735
Austrália 1709
Nova Zelândia 394
Japão 822
China 60
Taiwan 24
MORTES POR MILHÃO:
Portugal 269
Rússia 202
Austrália 35
Nova Zelândia 5
Japão 14
China 3
Taiwan 0,3
Vou ali preguntá ao Patilão, ao Estarilotes, ao Sacarotes, ao Ptalimeu, ao resto da equipa e ao treinador Jorge Jasus o ké kacham do milagre tuga no combate ao conadovírus (caralhodovírus, se preferirem) e dagente ligar o warp drive e pirar-ce-mos deste planeta, deste sistema solar, desta constelação e desta merda toda quanto antes! Se demorar, é pruke aproveitei para ir cagar. Despues, bueno, talvez hoder… talvez chonar.
Oremos ao senhor, ou à senhora, ao menino ou à menina, ao cão ou ao gato, ao canário ou ao periquito, tanto faz, crer é preciso! Resta saber em quê.
Coragem ! Não tremas!
Põe aí a comparação com a Espanha, França.Itália, Bélgica,etc.,etc..
Embirras com a dra. Graça,estás no teu direito. Porém a sra. dra. só repetia o que a OMS dizia ! Todos o sabemos.
Todos nadam ou bóiam, assunto novo e lá está a tentativa e o erro…
Aprendamos a nadar, companheiro, que a maré se está a levantar
Coragem?! Estás a falar de quê? Não ponho a comparação com Espanha, França, Itália e Bélgica PORQUE ESTÃO PIORES DO QUE NÓS, o que significa que têm sido ainda mais incompetentes do que nós. Tão simples como isso. Podia acrescentar-lhes muitos outros, mas isso não me interessa corno, não estamos num campeonato, seja ele de egos, de propaganda ou de outra merdice qualquer. Interessam-me os exemplos positivos, de países ou territórios, como Nova Zelândia, Austrália, China, Japão, Taiwan, Macau (já agora), Cuba e muitos outros. Interessa-me que as nossas autoridades de saúde estudem com atenção, quanto antes, o que fizeram eles de diferente e lhes permitiu resultados melhores do que os nossos. Interessa-me também saber o que, depois do descalabro dos primeiros meses, começaram os EUA e o Brasil a fazer de diferente e lhes permitiu uma melhoria relativa da situação.
Quanto à dra. Gracinha, não pertencendo ela à família dos psitacídeos e sim à espécie humana, devia, desde o início, ter-se portado como pessoa e não como papagaio, repetindo acriticamente todas as bojardas oriundas da OMS. O relativo bom desempenho do nosso país na fase inicial, por exemplo, deve-se ao facto de nós, portugueses, termos apanhado um cagaço tal, com as notícias que vinham de fora, que nos remetemos voluntariamente a um confinamento quase total ainda antes do confinamento oficial, tendo também muita gente começado a usar máscara quando a dra. Gracinha ainda ridicularizava quem o fazia. Eu, por exemplo, depois de tentativas infrutíferas de aquisição em farmácias, usei umas que me tinham sobrado de umas bricolages há uns 20 anos ou mais e comecei logo nessa altura a dar o devido desconto ao que saía da boca da senhora.
A dra. Gracinha tinha a obrigação de dar bom uso aos seus conhecimentos profissionais e ouvir o que a OMS dizia, sim senhor, mas usar também a cabecinha, trocar impressões, experiências e informações com homólogos e outras autoridades de saúde de outros países, manter o governo informado dessas diligências, decidir as medidas da sua competência, aconselhar as que ao governo cabiam, etc. Aposto o meu colhão esquerdo e metade do direito que China, Taiwan, Macau, Austrália, Nova Zelândia e Cuba, por exemplo, não se limitaram a seguir, como soldadinhos obedientes, as “directivas” da OMS, pois se o tivessem feito estariam na merda, como nós. Olha que é material que já usei em inúmeras apostas e continua tudo en su sítio, joguei lá a mão agorinha mesmo e confirmei.
Deixo-te aqui, como exemplo, as inqualificáveis declaracões da dra. Maria Van Kerkhove, da OMS, em 9 de Junho passado, dizendo que o contágio por assintomáticos era “muito raro”! Isto depois de a mesma OMS andar a dizer (e bem), havia meses, precisamente o contrário! Coisa fácil de perceber até para um leigo como eu, pois apenas assim se explicam, por exemplo, os surtos em lares, em que de repente, sem que antes alguém se aperceba de que está infectado, aparece o lar em peso contaminado. Ver aqui (principalmente a partir do minuto 1.13):
https://youtu.be/NQTBlbx1Xjs
A dra. Maria Van Kerkhove não é uma pessoa qualquer, está colocada no Health Emergencies Program da OMS e tem presentemente a chefia técnica da resposta à covid-19 por parte da dita OMS. Tinha a obrigação de saber o que anda a fazer, mas pelos vistos não sabe, e só estúpidos e/ou incompetentes seguem como borregos as directivas ou conselhos de gente assim. Podes ver o currículo dela aqui:
https://en.wikipedia.org/wiki/Maria_Van_Kerkhove?wprov=sfla1
Ver e ouvir a dra. Gracinha dizer que “não está provado” que andar nos transportes públicos implique risco de contágio, por exemplo, deixa-me com vontade de atirar a terrina da sopa à televisão. É irresponsável, é mesmo criminoso. Mas ela lá vai, de bojarda em bojarda, cantando e rindo, serpenteando graciosamente por entre entre os pingos da chuva. Fosse eu o António Costa e já lhe tinha posto uns patins. Há um médico infecciologista que tem aparecido nos noticiários da RTP, António Silva Graça, que tem dito coisas que me parecem acertadas e me parece uma pessoa conhecedora, responsável e ponderada, mas não conheço o homem de lado nenhum, haverá certamente muitos outros e outras, sou leigo, como te disse, quem tem acesso a mais informações que decida. O que posso desde já fazer é alinhar num crowdfunding para os patins da dra. Gracinha.
Dou-te outro exemplo de “competência”, que neste caso me afecta pessoalmente:
Há três anos apanhei praí um bicharoco qualquer que quase me levou ao peido final. Não sei se foi gripe, pneumonia, gripe das aves, peste suína ou um escarepe(*) esquizóide nos entrefolhos. Sei que tinha ataques de tosse em que quase sufocava, vi jeitos de me saírem pela boca pulmões, esófago, estômago, intestino grosso, talvez até o esfíncter anal.
Telefonei para o Saúde24, disseram-me para estar deitado com a cabeceira alta, para diminuir a tosse, e pouco mais. Se não melhorasse, marcar uma consulta. Muito simpática, a pessoa que me atendeu, mas de pouco me serviu. Como sou mula e detesto ir ao médico, o que, felizmente, raramente tenho precisado, só mesmo à beirinha do peido derradeiro, e a conselho de uma prima, telefonei para o ACP, que me enviou a casa uma médica, por sinal ucraniana, que me deixou uma óptima impressão. Examinou-me, passou-me receita para uns medicamentos, aconselhou-me e, em poucos dias, regressei à vida.
Com o cagaço que apanhei, no ano seguinte vacinei-me contra a gripe pela primeira vez, no Centro de Saúde da Alameda, em Lisboa. A sala de espera estava quase vazia, não me lembro bem mas julgo que estava apenas uma pessoa, talvez duas, e não eram para vacinas. Esperei quase uma hora e meia, já bufava por todos os lados, e ainda tive de ver uma tipa que chegou depois de mim, essa sim para uma injecção qualquer, entrar por aquela merda adentro como se fosse a dona e ser-me passada à frente. Aí explodi, reclamei, respondeu-me um idiota arrogante que a garina era “prioritária”. Perguntei porquê, recusou responder, mas pouco depois lá me deram a merda da injecção.
Para evitar a repetição da odisseia, no ano passado vacinei-me numa farmácia perto de casa. Não me lembro quanto paguei, julgo que foram cinco euros, mas despachei a coisa em pouco mais de cinco minutos. Este ano, prevendo um aumento na procura de vacinas contra a gripe provocado pelo cagaço do coronavírus, telefonei para a mesma farmácia logo em Junho, para reservar uma vacina. Disseram-me para telefonar de novo depois de 7 de Julho, pois só a partir daí começariam a fazer pré-reservas. Assim fiz, se não a 7, pelo menos logo a 8 ou 9.
Na primeira quinzena de Outubro, não recordo exactamente em que dia, telefonei para a farmácia, disse-lhes que estava inscrito e perguntei quando podia lá ir. Resposta: “No ano passado vacinámos aproximadamente 300 pessoas. Este ano, prevendo um aumento da procura provocado pela pandemia (ninguém quer juntar uma gripe a uma eventual covid-19), encomendámos 600 vacinas. Fomos informados de que vamos receber apenas cem, e em duas tranches de 50 cada, porque o Governo entendeu que os centros de saúde devem ter prioridade e sobrou pouca coisa para as farmácias. Além disso, temos situações prioritárias, como grávidas ou pessoas com cancro.” Perguntei se eu, com três quartos de século em cima dos cornos, era prioritário. Disseram-me que não.
Se isto se passasse no tempo do aldrabão de Massamá, seria tentado a acreditar num perverso desejo não assumido de aproveitar a boleia da “peste” do SARS-CoV-2 para acabar com (ou pelo menos reduzir) a famigerada “peste grisalha” e poupar dinheirinho ao erário público, reduzindo a fatia do dito que paga as reformas desses ociosos de merda que andam roçando a peida pelos bancos dos jardins ou vêm (comme moi) aqui prà chafarica do Aspirina despejar bitaites e lençóis. Espero bem que não seja essa a “estratégia” actual, mas a razia a que temos assistido nos lares de terceira idade mostra que, estratégia consciente ou não, o resultado tem sido precisamente esse.
Há uns 15 dias voltei a telefonar para a farmácia. Resposta: “Parece que o Governo concluiu que fez asneira e vai enviar para as farmácias algumas vacinas que, ao que parece, poderão sobrar nos centros de saúde, telefone prà semana. Assim fiz, mas ainda não chegou mais nada e não fazem ideia de quando, ou se, chegará. “Telefone de novo lá para o fim de Novembro”, disseram. Com sorte, talvez nessa altura já tenha apanhado o bicho (ou os dois bichos, o corona e o gripona) e esteja confortavelmente domiciliado no jardim das tabuletas, espero que haja lá cobertura de rede.
É óbvio que fazer todos os possíveis para adquirir, este ano, muito mais vacinas contra a gripe do que o habitual seria, da parte das autoridades de saúde, uma atitude tão inteligente e previdente como a da minha farmácia. Mas deveriam tê-lo feito por adição (encomendando mais aos fornecedores) e não engrossando o lote estatal à custa da subtracção de vacinas às farmácias.
Se há centenas ou milhares de pessoas, como eu, dispostas a pagar pela comodidade de conseguir a vacinação na farmácia mais perto de casa, implicando apenas uma curta deslocação a pé de 300 ou 400 metros, qual a racionalidade de, em vez disso, as obrigar a meterem-se em transportes públicos, muitas vezes apinhados de gente, para se deslocarem ao centro de saúde, onde de novo serão obrigadas a cruzar-se com outras pessoas e a aguentar sabe-se lá quanto tempo a sua vez na sala de espera, correndo o risco de sair de lá com bicharocos que não tinham quando entraram?
Nos últimos meses, têm sido constantes as intervenções do primeiro-ministro, ministra da Saúde, directora-geral da Saúde e outros agentes do SNS recomendando-nos a máxima restrição nas deslocações fora de casa e fora do concelho, que devemos evitar locais com aglomerados de pessoas, praticar o distanciamento social, etc. Tudo sugestões e conselhos que apoio sem reservas. Por isso, repetindo o que digo acima, pergunto: qual a lógica, a racionalidade, a inteligência de, em vez disso, nos forçar a uma deslocação ao centro de saúde, com os riscos que isso implica?
Quaisquer dois neurónios entendem, insisto, que quanto mais pessoas se vacinarem nas farmácias maior é a poupança para o Serviço Nacional de Saúde e menor é a afluência de gente, diminuindo a possibilidade de sobrecarga do SNS. Ficamos, assim, na dúvida sobre, se não a quantidade, pelo menos a qualidade e operacionalidade dos neurónios e ligações sinápticas das nossas autoridades de saúde.
(*) Escarepe: blenorragia, esquentamento, gonorreia.
Declarações posteriores da dra. Maria Van Kerkhove (no dia a seguir à bojarda) a tratar-nos a todos como estúpidos. “Eh pá, aquela gentinha é burra, nem dá por nada, deixa-me inventar aqui uma explicação esfarrapada qualquer, eles engolem qualquer coisa.”
https://youtu.be/Im0G7jb78jc
Camacho amigo:
Tenho um espanhol amigo que me costuma dizer : tienes razón,pero poca; e la poca que tienes no te va a servir de nadie…
Não respondo do mesmo modo. Os muitos erros cometidos tentando acertar são irrelevantes, de comuns. Nem por tal fenece a nossa confiança no método científico. E se o método científico demora…e o suor que faz escorrer. ..
Mais expedito e certeiro é o recurso a N. Sra. de Fátima ,para quem acredita. É como acender a luz,nada deixa sequelas, a solução perfeita!
Que pena o André Ventura não gostar do Papa Francisco ! Em maré de Alianças,fariam uma asa perfeita,no género : deixa,que eu chuto !
Chevy amigo, tienes razón. Pero tengo para ti una cuestión: “nadie” o “nada”? Solo una chiquita corrección, te pido perdón!