Honestidade involuntária de um bronco

Nesta edição de O Outro Lado (6 de Setembro) podemos ouvir algo raríssimo: alguém à esquerda do PS a desmontar o discurso demente e porcalhão a que cavaquistas e passistas se agarraram desde 2008, e a que se continuam a agarrar por não terem neurónios para mais nem decência para menos. Ana Drago, a partir do minuto 26 e a propósito do populismo de Paulo Rangel, faz aquilo que até de dentro do PS é muito raro ouvir-se, iluminando a irracionalidade de se considerar o PS como uma ameaça para a democracia. Tal prova que a esquerda à esquerda do PS não tem dificuldades cognitivas para reduzir ao ridículo esses infelizes de uma direita que bateu no fundo – contudo, apenas por distracção (como aconteceu no programa) é que se permite usar a sua capacidade crítica em prol da salubridade do espaço público, pois tudo o que desgastar e macular os socialistas é para ela ganho.

José Eduardo Martins, usufruindo de notoriedade mediática misteriosa dado ser um peralvilho bronco e um bronco peralvilho, ficou tão perturbado com o tautau que respondeu com honestidade involuntária (a partir do minuto 36):

«Portugal é o país que se baixa a quem manda, e o PS manda há tempo demais!»

Eis o que o homem realmente pensa, e o que motiva andar nisto da “política”. Primeiro, a estupidez granítica de achar que Portugal não sei quê, quando na restante humanidade acontece exactamente o mesmo desde o nascimento da História e que tem por nome “comunidade”. Depois, o alguidar de bílis por não ser o PSD a mandar no tal país “que se baixa”, situação em que este melro estaria feliz da vida a tratar da sua militância partidária com muito maior segurança e conforto, quiçá feito secretário de Estado ou ministro para melhor desfrutar das baixezas do povinho.

Refaço a afirmação anterior: não há mistério na notoriedade mediática do bronco peralvilho e do peralvilho bronco, ele consegue ser do mais aceitável que a direita decadente tem para colocar na montra.

2 thoughts on “Honestidade involuntária de um bronco”

  1. Atrás da Bulgária, Romênia, Eslovênia, só depois do nosso amado Salazar infelizmente se ter finado…
    E viva o conhecimento da História !

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